Instituto Pró-Saber / FINOM – Faculdade do Noroeste de Minas

 

As competências e as transformações educacionais

Elineusa Protázio Bomfim Pinto[1]

 

RESUMO:

 

Este artigo procura mostrar que há um novo paradigma diante de uma sociedade que busca novas respostas, pois as transformações científico-educacionais ocorrem de forma acelerada e exige das pessoas uma nova visão da aprendizagem. As novas tecnologias em educação vêm adquirindo mais espaço no contexto educacional, de forma que uma reflexão a respeito das práticas que permeiam nosso cotidiano de educadores torna-se necessária. Precisa-se manter aceso o desejo de se aprimorar como profissionais e, por conseguinte, de estabelecer estratégias que possibilitem o desenvolvimento de novas competências. O professor-educador deve assumir a responsabilidade ética de ser um agente de mudanças, visando à construção de uma nova consciência ética e solidária. Deve-se buscar uma educação holística, pois ela promove no indivíduo um sentido de responsabilidade consigo mesmo, com os demais e com o planeta. Urge neste contexto um trabalho em grupo, onde todos possam participar da administração escolar de forma coletiva e os alunos se envolvam desenvolvendo competências e habilidades que favoreçam sua integridade social. Portanto, espera-se que a escola cumpra um papel social de humanização e emancipação, onde o aluno possa crescer como pessoa e como cidadão para interagir com o mundo, em uma cultura de paz permeada por valores humanos.                

 

Palavras-chave: Educação. Competências. Transformações. Educadores.

INTRODUÇÃO

O início deste milênio aponta um panorama educacional que apresenta grandes mudanças, pois as reformas atuais confrontam os professores com dois desafios de envergadura: reinventar sua escola enquanto local de trabalho e a si próprios enquanto pessoas e membros de uma profissão. A maioria deles será obrigada a viver agora em condições de trabalho e em contextos profissionais totalmente novos, bem como a assumir desafios intelectuais e emocionais muito diversos daqueles que caracterizam o contexto escolar no qual aprenderam seu ofício. Há um novo paradigma diante de uma sociedade que busca novas respostas; entretanto, a “velha ordem” permanece impregnada em cada pessoa, em cada educador.

Logo, percebe-se a necessidade de estabelecer uma prática pedagógica mais reflexiva, inclusive com um enfoque psicopedagógico – pois a psicopedagogia abarca as questões técnico-científicas tanto sob o ponto de vista da pedagogia quanto da psicologia – que qualifique o profissional da educação, possibilitando o rompimento com o antigo modelo educacional tradicional, segundo o qual o processo de aprendizagem ocorria de maneira fragmentada e reducionista.

Portanto, nota-se que as transformações científico-educacionais ocorrem de forma acelerada e exige das pessoas uma nova visão da aprendizagem, pois durante anos nossa educação se concentrou a ensinar, deixando em segundo plano o aprender. É preciso agora que a escola-família e o professor se disponham a olhar o processo de outra maneira, pois a formação de um indivíduo se dá quando sua agressividade natural vai aos poucos se modificando, dando condições a mesma de criar, tornar-se autônoma, de inventar, ou seja, ser determinada por dentro e não orientada por fora (medo, influência, pressão, etc).

EDUCAÇÃO: UM RUMO AO APRENDER A SER

Devido aos desafios que a nova educação impõe, a UNESCO criou uma comissão com a incumbência de refletir sobre o “educar-aprender” para o século XXI. Esta comissão, formada por quatorze personalidades de todas as regiões do mundo, sob a presidência de Jacques Delors, tinha o objetivo de efetuar um trabalho de estudos e reflexões sobre os desafios a enfrentar pela educação e apresentar sugestões e recomendações em forma de relatório. “A comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI”, parte do pressuposto de que a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, afirmando “que não é mais suficiente, com efeito, que cada indivíduo acumule no inicio de sua vida um estoque de conhecimento, onde poderia indefinidamente buscar suporte para suas realizações”. É preciso, sobretudo que ele esteja em condições de aproveitar e explorar do começo ao fim de sua existência todas as oportunidades para se atualizar, aprofundar, enriquecer os conhecimentos já adquiridos e, principalmente, se adaptar a um mundo em transformações constante. (EDUCAÇÃO: um tesouro a descobrir, UNESCO, São Paulo, 1998, p.99).

Gradativamente, as novas tecnologias em educação vêm adquirindo mais espaço no contexto educacional, de forma que uma reflexão a respeito das práticas que permeiam nosso cotidiano de educadores torna-se necessária. Precisa-se manter aceso o desejo de se aprimorar como profissionais e, por conseguinte, de estabelecer estratégias que possibilitem o desenvolvimento de novas competências. É dessa maneira que se pode suscitar em nossos alunos o desejo de aprender e contribuir para o desenvolvimento de suas competências e habilidades. Diante de tais questões, observa-se que os tempos mudaram e que nos encontramos diante de um modelo revolucionário de projeto educacional, seja na dimensão pessoal, seja na dimensão institucional.

O “Relatório Jacques Delors” indicou entre outras questões, as quatro aprendizagens fundamentais que serão pilares da educação nas próximas décadas: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Aprender a conhecer, que pressupõe saber selecionar, acessar e integrar os elementos de uma cultura geral, suficientemente extensa e básica, com o trabalho em profundidade de alguns assuntos, com espírito investigativo e visão crítica; em resumo, significa ser capaz de aprender a aprender ao longo de toda a vida.

Aprender a fazer, que pressupõe adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.

Aprender a conviver, que consiste em desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, na realização de projetos comuns, preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo sua identidade e respeitando valores de pluralismo, de compreensão mútua e de busca da paz.

Aprender a ser significa formar-se integralmente para melhor desenvolver sua personalidade e poder agir com autonomia, expressando opiniões e assumindo as responsabilidades pessoais.


APRENDIZAGEM: BUSCA CONTÍNUA DO CRESCIMENTO INTELECTUAL E SOCIAL

 

Segundo Perrenoud, trabalhar com aprendizagem envolve um contínuo movimento de reflexão, um reajuste cotidiano de nossos próprios processos. É necessário o desenvolvimento de uma prática psicopedagógica que viabilize a inserção educacional daqueles alunos que requerem cuidados especiais como parte desse movimento atual, pois a inclusão, hoje, é uma realidade com a qual convivemos. Em todas as áreas do conhecimento e atuação humana, existe uma busca contínua pelo aperfeiçoamento, e a educação deve atuar de forma prospectiva objetivando a qualificação, o crescimento intelectual e a inserção dos envolvidos no processo educacional.

A atuação do professor deve acontecer no sentido da construção de uma nova consciência, consolidando uma cidadania ética e solidária. Nessa perspectiva, os valores humanos re-encontram um espaço fundamental no desenvolvimento dessa consciência, direcionando a conduta cooperativa a ser construída por cada pessoa envolvida no contexto.

Nesta perspectiva, conhecer e considerar as necessidades afetivas do ser humano tornou-se necessário para desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania.  

De acordo com Edgar Morin, o conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução. Se não houver, por exemplo, a contextualização dos conhecimentos históricos e geográficos, cada vez que aparecer um acontecimento novo que nos fizer descobrir uma região desconhecida, como o Kosovo, o Timor ou a Serra Leoa, não entenderemos nada. Portanto, o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede a capacidade natural que o espírito tem de contextualizar. E é essa capacidade que deve ser estimulada e desenvolvida pelo ensino, a de ligar as partes ao todo e o todo às partes. O conhecimento, atualmente, deve se referir ao global, onde se perpetue a aprendizagem coletiva.

Conforme o Relatório da UNESCO, o processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Neste sentido, liga-se cada vez mais à experiência do trabalho, à medida que este se torna menos rotineiro. A educação primária pode ser considerada bem sucedida se conseguir transmitir às pessoas o impulso e as bases que façam com que continuem a aprender ao longo de toda a vida, no trabalho, mas também fora dele.  

E partindo do atual contexto da humanidade, o saber banalizado, onde os valores materiais, consumistas e egoístas têm sufocado os valores morais e afetivos; a família vem se deteriorando e falar em sentimentos torna-se quase um “tabu”. Urge, portanto, no educador para aprender a “ensinar a ser” uma mudança de paradigmas que vai da razão aos sentimentos. Essa proposta traz em sua essência o resgate da afetividade como sendo o principal instrumento para o encaminhamento do aprender a ser. A afetividade, no entanto, se traduzem valorização e geração de oportunidades para que o “ser” desenvolva toda sua potencialidade.

No entanto vive-se em uma sociedade individualista, que favorece o sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, e que consequentemente, alimenta a autojustificação e a rejeição ao próximo. Por isso, é importante desenvolver a concepção de que é necessário compreender não só os outros como a si mesmo, pois o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, que é o câncer do relacionamento e da destruição entre os seres humanos.

Segundo Rafael Yus, acredita-se que a experiência e o desenvolvimento ético e espiritual manifestam uma profunda conexão consigo mesmo e com os demais, um sentido de significado e de propósito na vida diária, uma experiência de globalidade e de interdependência da vida, um alívio para a atividade frenética, para a pressão e a superestimulação da vida contemporânea, a plenitude da experiência criativa e um profundo respeito com os mistérios ignominiosos da vida. A parte mais importante e valiosa da pessoa é seu interior, sua vida subjetiva ou sua alma, logo deve-se valorizar esta busca.

A ausência da dimensão ética e espiritual é um fator crucial no comportamento autodestrutivo. O abuso de drogas e do álcool, a sexualidade vazia, o crime e a ruptura familiar, tudo é fonte de uma busca errada da conexão, do mistério e do significado, e uma fuga devido ao pânico de não ter uma fonte autêntica de plenitude. Portanto, a educação deve nutrir o crescimento sadio da vida, não violentá-la por meio da avaliação e da competição constantes. Uma das funções da educação é ajudar os indivíduos a se tornarem conscientes da conectividade de toda forma de vida. É fundamental para essa consciência de globalidade e de conexão a ética expressada em todas as tradições do mundo: “Não fazer aos outros o que não quero que façam a mim”.

Assim, estimulando um sentido profundo de ligação com os demais e com a Terra em todas as suas dimensões, deve-se buscar uma educação holística, pois ela promove no indivíduo um sentido de responsabilidade consigo mesmo, com os demais e com o planeta. Dentro dessa conexão a responsabilidade individual, grupal e global se desenvolve fomentando a compaixão que causam os indivíduos que querem aliviar o sofrimento dos demais, instalando a convicção de que a mudança é possível, e oferecendo as ferramentas para tornar essas modificações viáveis.

Quanto aos educadores de casa, ”os pais”, precisam além de aprender a ouvir os filhos, deixar que concluam seus pensamentos e falas, aprender a aprender com os filhos e exercitar o amor. O amor é o ambiente no qual vingam e crescem atitudes e atos, que assumem os contornos das dimensões para sua sobrevivência nos grupos humanos e esse amor resiste ao conhecimento do comportamento do outro. É no amor entre ambos que se criam os laços de aprendizagem. “A educação com vistas à formação do caráter, da auto-estima e da personalidade da criança ainda é na maior parte, responsabilidade dos pais”. (Quem ama educa! Içami Tiba, Ed. Gente, 2002,p.180).

Quando se adentra no campo educacional, depara-se com séculos de denúncia de uma escola desvinculada da vida, abstrata, formalista, autoritarista, passiva, etc., e, no entanto, numa observação mais atenta, dá-se conta que a prática, no seu conjunto, pouco tem mudado... O desinteresse dos alunos, os elevadíssimos índices de reprovação e evasão escolar, a baixa qualidade da aprendizagem, o desgaste do professor, a insatisfação de pais, as queixas do mercado de trabalho em relação ao perfil do profissional saído da escola, estes são alguns sinais desta triste realidade. Urge neste panorama a necessidade do trabalho em grupo, onde todos possam participar da administração escolar de forma coletiva, envolvendo família, escola e alunos no processo educacional, onde os alunos se envolvam desenvolvendo aprendizagens necessárias para adquirir competências e habilidades que favoreçam sua integridade social.

Diante dessa evidência, a escola não pode continuar restrita ao texto verbal, embora ele seja imprescindível. É urgente que os novos recursos tecnológicos estejam presentes dentro do ambiente educacional, pois o uso das mídias na sala de aula transcende a prática metodológica do ensinar e reproduzir, possibilitando mudanças na forma de aprender, na maneira de conceber o conhecimento, alterando a forma de pensar para uma lógica mais interativa.  A probabilidade de interação entre as pessoas, sem a necessidade da presença física proporcionada pelas TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação), ampliou as possibilidades de desenvolver novos processos de ensino-aprendizagem, de cumprir novas linguagens comunicacionais e de vencer os limites do tempo e espaço que se vivencia na educação presencial, levando o educador a projetar processos educativos com características inovadoras e capazes de ultrapassar as fronteiras geográficas da cidade, do bairro ou da sala de aula, podendo interagir com um número ilimitado de pessoas, mesmo estando em diferentes lugares ao mesmo tempo.

No entanto, é preciso que o educador busque se capacitar para adquirir as habilidades necessárias para interagir junto com seus educandos nesse novo mundo tecnológico, pois a sociedade exige pessoas dinâmicas e atualizadas para construir uma educação baseada nas inovações.  O professor-educador deve assumir a responsabilidade ética de ser um agente de mudanças em seu ambiente de trabalho, transformando-se em multiplicador de novas idéias. Entende-se a educação como a possibilidade de oferecer ao outro qualidade e condições de desenvolvimento.

Segundo Edgar Morin, existe hoje um referencial que identifica várias competências cruciais na profissão de educador, pois o orientador, formador de consciências deve ser capaz de organizar e estimular situações de aprendizagem, gerar a progressão das aprendizagens, conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam, envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho, trabalhar em equipe, participar da gestão da escola, informar e envolver os pais, utilizar as novas tecnologias, enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão e gerar sua própria formação contínua.

Logo, espera-se uma maior eficácia dos sistemas educativos, pois ao mesmo tempo em que os orçamentos diminuem e as condições de trabalho se tornam precárias, os públicos tornam-se mais difíceis. A escola não tem mais direito ao fracasso, não pode mais rejeitar os que "não querem estudar". Não é mais suficiente fazer progredir os que se destacam e compreendem de forma espontânea o sentido desse investimento; é preciso aderir à causa da instrução dos alunos para os quais "a vida está em outro lugar".

Por isso, as novas competências exigidas estão relacionadas tanto a didáticas pontuais, baseadas nas ciências cognitivas, quanto a enfoques transversais que aliam a psicanálise e a sociologia, que visam a criar ou a manter o desejo de aprender, o sentido dos saberes, o envolvimento do sujeito na relação pedagógica e na construção do conhecimento.

A ação educativa desenvolvida e os meios utilizados (metodologia, técnicas, conteúdos, relacionamentos) podem ajudar as pessoas a irem se libertando de tudo que as escraviza interior e exteriormente, mas pode também ser de natureza tal que mantenha as pessoas e os grupos em situação de dependência, manipulando-os como objetos e sujeitando-os às estruturas injustas. Sendo assim, cabe a instituição educacional desenvolver um planejamento de ensino que esteja vinculado com a realidade vivenciada pelo aluno, potenciando o desenvolvimento do educador..

Segundo Saviani (1984, p.9), a escola existe “para propiciar aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado, bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber”. Os conteúdos que formam esse saber elaborado não poderão ser visto de maneira estática e acabado, uma vez que são conteúdos dinâmicos, articulados dialeticamente com a realidade histórica. Desse modo, além de transmitir a cultura acumulada, ajuda na elaboração de novos conhecimentos.

A concepção de produzir conhecimentos significa refletir constantemente sobre os conteúdos aprendidos, procurando analisá-lo por diversos ângulos, para desenvolver a curiosidade científica de investigação da realidade. Portanto, o planejamento do ensino não poderá ser visto de forma mecânica, separada das relações entre escola e realidade histórica. Sendo assim, os conteúdos trabalhados precisam estar relacionados com a experiência de vida dos alunos. Esta relação torna-se condição necessária para que ocorra a transmissão de conhecimentos e sua reelaboração, visando à produção de inovações intelectuais, cuja finalidade é aplicar os conhecimentos aprendidos sobre a realidade vivenciada com o objetivo de transformá-la.

Todavia, o educador deve ser crítico e reflexivo, pois è através da reflexão que se constroem conhecimentos íntegros, os quais, com certeza, são reinvestidos na ação pedagógica. Um profissional reflexivo não se limita ao que aprendeu no período de formação inicial, nem ao que descobriu em seus primeiros anos de prática. Ele reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências e seus saberes. Ele ingressa em um ciclo permanente de aperfeiçoamento, já que teoriza sua própria prática, seja consigo mesmo, seja com uma equipe pedagógica.

O educador deve ser formador de profissionais reflexivos, portanto, é preciso aceitar algumas perdas, renunciar à atitude de sobrecarregar o currículo da formação inicial de saberes disciplinares e metodológicos, reservar tempo e espaço para realizar um procedimento clínico, com resolução de problemas, que permitam ajudar na construção de seres íntegros capazes de construir sua própria história.

Segundo Freire, o professor tem que construir uma identidade que vai além dos muros da escola e essa construção tem que partir do princípio que, como seres humanos somos inacabados, não é possível existir sem assumir o direito e o dever de optar, de decidir, de lutar, de fazer política e cooperar. A educação é uma forma de intervenção no mundo e mais importante que transmitir conteúdos é ter consciência de que a educação é ideologia, por isso, tem que estar atento ao poder do seu discurso.

 É necessário que haja oportunidades significativas para a escolha real em todos os estágios do processo de aprendizado. A educação genuína somente pode ocorrer em um clima de liberdade. A liberdade de pesquisa, de expressão e de crescimento pessoal é plenamente exigida. Em geral, os alunos deveriam poder realizar escolhas autênticas sobre sua aprendizagem. Eles deveriam ter uma voz significativa na determinação do currículo e dos procedimentos disciplinares, de acordo com sua habilidade para assumir tal responsabilidade.

No entanto, a educação ainda não permite essa abertura, mas espera-se que a escola cumpra um papel social de humanização e emancipação, onde o aluno possa desabrochar, crescer como pessoa e como cidadão, e onde o professor tenha um trabalho menos alienado e alienante, que possa repensar sua prática, refletir sobre ela, re-significá-la e buscar novas alternativas de crescimento.

Vale como reflexão olhar as culturas antigas onde todo mundo é professor – os pais, os tios, os avós permeando afeto em culturas orais complexas e conscientes, cuja aprendizagem povoa a natureza humana para sempre. Muito mais que conhecimento e informação o ser humano tem de transcender, superar as dificuldades e incertezas da humanidade, pois tudo que dá dimensão ao homem tem de ser eivado de valores, que o transforme em um ser, em um homem amável, afetuoso, sociável e flexível. Será cada vez mais assim, se as pessoas se preocuparem em fazer acontecer o despertar de uma nova consciência, baseada nos princípios da cooperação: humanismo, igualdade, solidariedade, racionalidade e liberdade.

Estes avanços e recuos devem ocupar um lugar cada vez mais importante na sociedade. A educação ao longo de toda a vida torna-se assim, o meio de chegar a um equilíbrio mais perfeito entre trabalho-aprendizagem, afetividade e formação contínua, bem como ao exercício de uma cidadania ativa, cujo objetivo é a realização plena na construção de um ser integral, centrado e lapidado para interagir com o mundo global, segundo um alinhamento ético, em uma cultura de paz permeada por valores humanos.                

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERREIRA, A. B. H. Mini dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

GONTIJO, Angélica Cristina Moreira. Módulo II: Psicopedagogia Institucional. Instituto Pró Saber. Feira de Santana: Editora Prominas, 2001.

 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.

 PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

 __________. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002.

 __________. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

 UNESCO. EDUCAÇÃO: um tesouro a descobrir. São Paulo, 1998, p.99.

 VASCONCELOS, Celso dos Santos. Projeto de Ensino - Aprendizagem e Projeto Político – Pedagógico. 7ª ed. São Paulo: Libertad, 2000.

 YUS, Rafael.Educação integral:uma educação holística para o século XXI.Trad. Daisy Vaz de Moraes. 1ª edição. Porto Alegre: Artmed,



[1] E-mail: [email protected]. Graduada em Letras / Inglês – Faculdade de Tecnologia e Ciências / EaD Aluna do curso de pós-graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional da FINOM. Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Artes no Ensino Fundamental e Médio da rede particular e pública.