A DIDÁTICA NA AÇÃO PEDAGÓGICA DE LÍNGUA PORTUGUESA

AMANDA GONÇALVES BENTO¹

RESUMO

Este artigo relata conceitos sobre o ensino na sala de aula referente a disciplina de Língua Portuguesa. Busca através dos conceitos teóricos e práticos motivados pela Didática, analisar a prática pedagógica dos professores, focalizando o processo de ensino e aprendizagem para a construção do conhecimento do aluno, este que futuramente se torna alguém ativo, comunicativo e crítico. Além disso, situar a importância da Didática na ação pedagógica, somado aos aspectos atribuídos ao professor de Língua Portuguesa, sendo este um motivador na construção do conhecimento de seus alunos.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Ensino e Aprendizagem, Didática na Ação Pedagógica.

 

ABSTRACT

This article reports concepts about teaching in the classroom regarding the discipline of Portuguese Language. Search through the theoretical and practical concepts motivated by didactics; analyze the pedagogical practices of teachers, focusing on the process of teaching and learning to build the student's knowledge, that this future becomes someone active, communicative and critical. Also, place the importance of Teaching in the pedagogical action, added to the aspects assigned to a professor of Portuguese Language, which is a motivating the construction of knowledge of their students.

Keywords: Portuguese Language Teaching and Learning, Teaching in Educational Action.

_________________________                                                                                                                        * Acadêmica do Curso Licenciatura Plena em Letras, V Período, Faculdade de Itaituba.

INTRODUÇÃO

 

            A Didática como metodologia de ensino suscita sempre a investigação das atividades educativas para que haja uma melhor abordagem de temas dentro de ambientes de integração social, como por exemplo, a escola. Temos como iniciativa, neste trabalho, trazer a problemática das Práticas de Ensino na sala de aula e ensino da Língua Portuguesa, ou seja, de que forma são realizadas com o propósito de garantir o aproveitamento dos conteúdos por parte dos alunos.

O ensino da gramática baseado na didática teórica é uma relação de conhecimentos compartilhados entre aluno-professor. Nos dias atuais os docentes deixam a desejar no que se refere ao alcance dos objetivos educacionais deste componente curricular. Tais docentes, muitas vezes, não dispõem dos recursos necessários para o estímulo de ensino da disciplina dentro do ambiente escolar e, consequentemente, não conseguem atrair a atenção dos seus alunos.

Outras situações presentes nas aulas de Língua Portuguesa é que muitos professores não se atentam a falta do reconhecimento e significado que o seu trabalho desenvolvido em sala de aula têm na vida do aluno. A Didática dá condições que possibilitem ao aluno ampliar os seus conhecimentos muito além do que lhe é apresentado em sala de aula, como ressalta Martins (1997): “Inseridos no contexto em que vivemos e na realidade manifesta em nosso país, devemos criar condições para que os alunos se tornem cidadãos que pensem e atuem por si mesmos”.

Este tema é de grande importância para o leitor, professores que buscam criar e desenvolver melhores alternativas que proporcionem aos nossos alunos um ensino de qualidade, voltado não só para a construção do conhecimento, mas também para a formação de cidadãos críticos. Portanto, trataremos de teorias e prática para o ensino de Língua Portuguesa e da utilização de recursos que prendam a atenção dos alunos garantindo o seu aprendizado.

 

HISTÓRIA DA DIDÁTICA

 

No início do século XX a Educação e da Didática trataram da problematização do esvaziamento teórico político da Didática nos cursos de formação de professores e da superação da Didática instrumental rumo à construção de uma Didática fundamental de acordo com Candau (1997).

A escola se apresenta como o espaço legítimo que vai proporcionar a construção de conhecimentos e promover o desenvolvimento e a formação dos indivíduos. Nesse contexto educacional, as relações de ensino e aprendizagem passam a ser sistematizadas e, nessas condições, requerem uma abordagem filosófica e científica.

            Antigamente nas práticas escolares o sistema de ensino - aprendizagem era passivo e receptivo. Nesse tipo de aprendizagem, a compreensão desempenhava um papel muito reduzido.  João Amos Comenius (1592−1670), deixou−nos como legado sua obra Didática Magna (1632), revolucionária para a época e que exerceu grande influência sobre a prática docente.

Segundo Haydt (2006, p.17), os procedimentos a serem adotados pelo professor na visão de Comenius são: Apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando;  mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na vida diária; fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas causas; explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes; passar para o assunto ou tópico seguinte do conteúdo apenas quando o aluno tiver compreendido o anterior.

 

O PAPEL DO PROFESSOR: O SABER TEÓRICO E PRÁTICO COM A DIDÁTICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

            A sala de aula possui diversos fatores (internos e externos, cognitivos e afetivos, humanos e materiais) que interferem nas ações do professor e que dele uma constante reflexão acerca de sua prática pedagógica, para que seja avaliada sua adequação aos objetivos de ensino−aprendizagem por ele pretendidos.

O comportamento ou ação do professor não pode se basear em técnicas improvisadas, pois toda ação pedagógica demanda de uma reflexão prévia no sentido de como determinado assunto será trabalho e os possíveis resultados positivos que se quer atingir.

A rotina da vida do professor o tem afastado tanto de seu papel de estudioso e de pesquisador, quanto de uma ação planejadora, aqui entendida em sua acepção didático−pedagógica mais ampla. Isso leva o ocasiona a ser alguém sistemático para cumprir o seu dever no tempo estabelecido.

No conhecimento teórico, todo professor de língua portuguesa deve ser proficiente em leitura e escrita, saber ler e até mesmo interpretar diferentes textos, identificar os sentidos implícitos nos enunciados, saber avaliar criticamente a natureza de uma obra, discutir sobre um texto acadêmico, enfim, exercer os seus diferentes papéis de leitor.

 O mesmo deve ser dito em relação às práticas de escrita. Não podemos conceber alguém que esteja à frente de orientar, desenvolver e analisar a produção de textos de alunos e não domine as práticas sociais de escrita. O conhecimento Didático é que implica o domínio de uma metodologia que o permite o docente desenvolver eficientemente suas atividades de ensino.

É através da Didática que o professor desenvolve metodologias que requer um planejamento sistemático, decorrente dos conteúdos trabalhados, dos objetivos elencados e do conhecimento das capacidades de aprendizagem dos alunos. Nesse planejamento sistemático está incluso o plano de curso, plano de aula, elaboração de projetos nas quais a pesquisa ocupa um lugar central.

            Somado à isto, têm se também a definição de critérios de avaliação tendo em vista os diferentes conteúdo do programa, a diversificação de atividades e procedimentos, em conformidade com as diferentes competências e conteúdos explorados e principalmente o conhecimento da dinâmica das relações interpessoais presentes em sala de aula.

            Todos esses princípios que não são limitados, está relacionado ao domínio de conhecimentos teóricos ou ao desenvolvimento de atividades cuja viabilidade é decorrente do saber teórico e prático na Didática. Isso nos leva a crer que teoria e prática é um fenômeno influenciador que uma depende totalmente da outra (Didática Teórica e Didática Prática).

            É aconselhável que o professor, durante as suas aulas, proporcione condições viáveis para que os alunos participem, façam perguntas, exponham seus conhecimentos prévios, contestem, enfim, de acordo com a perspectiva de que o conhecimento vai sendo construído na interação professor− alunos.

            Outro aspecto a ser destacado diz respeito à diversidade das atividades de ensino. Sabemos da grande variedade de conteúdos em língua portuguesa a serem ensinados, portanto, há possibilidades de explorá−los de diferentes maneiras, tendo em vista a especificidade de cada conteúdo: a exposição clássica, a exposição dialogada, os trabalhos em grupos, a pesquisa individual, a dramatização, os jogos etc.

O perfil de um professor que exerce uma boa exposição teórica e prática na sala de aula, possui: um perfeito domínio e segurança do conhecimento que é objeto da exposição; exatidão e objetividade dos dados apresentados; discriminação clara entre o que é essencial ou básico e o que é acidental ou secundário; organicidade, ou seja, boa concatenação das partes e subordinação dos itens de cada parte; domínio e sabedoria para a correção, clareza e sobriedade do estilo empregado; linguagem clara, correta e expressiva; e conclusões, aplicações ou arremate definido.

 

A DIDÁTICA NA LEITURA, ESCRITA E ANÁLISE LINGUÍSTICA

A proposta de elaboração de sequências didáticas voltadas para o trabalho com os gêneros orais e escritos na escola teve uma grande repercussão na nossa realidade por duas razões: em primeiro lugar, por ter conseguido posicionar os gêneros textuais como elemento norteador das práticas de linguagem em sua dimensão linguística, cognitiva e sociodiscursiva; em segundo lugar, por ter firmado a natureza processual das atividades de elaboração de textos orais e escritos.

A princípio é preciso que se tenha o controle das atividades de leitura e de produção de textos em que os alunos serão mais cobrados a corresponder aos objetivos de aprendizagem previstos para os diferentes ciclos.

Os escritores Schneuwly e Dolz defendem que a elaboração do procedimento se guia por escolhas pedagógicas, psicológicas e linguísticas e suas principais finalidades visadas, as quais serão descritas a seguir:

1)        Escolhas pedagógicas

•          Inclui possibilidade de avaliação formativa;

•          Insere−se em um projeto que motiva os alunos a escrever ou tomar a palavra.

•          Proporciona diversidade de atividades e de exercícios, atendendo às exigências de diferenciação do ensino.

2)        Escolhas psicológicas

•          A atividade de produção de textos é trabalhada em toda sua complexidade;

•          O procedimento proporciona ao aluno uma consciência mais ampla de seu comportamento de linguagem em todos os níveis;

•          A transformação no modo de falar e de escrever é possível porque diferentes instrumentos de linguagem são propostos aos alunos.

3)        Escolhas linguísticas

•          A atividade de linguagem produz textos e discursos

•          A linguagem não é abordada como objeto único, mas algo que se adapta às situações de comunicação;

•          O objeto do procedimento são os gêneros textuais.

4)        Finalidades Gerais

•          Preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana;

•          Desenvolver no aluno uma relação consciente e voluntária com seu comportamento de linguagem;

•          Construir nos alunos uma representação da atividade referentes à escrita e a fala em situações complexas.

 

RESULTADOS QUE SE ESPERA QUANTO A DIDÁTICA NA DISCIPLINA PORTUGUÊS

A perspectiva de se fazer uma análise linguística com os alunos ocorre na elaboração de textos, lugar privilegiado para refletir sobre o funcionamento da língua. Ao professor cabe, então, ajustar−se a uma prática condizente com essa nova realidade. Para estar em conformidade com essas demandas, não podemos considerar as aulas de língua portuguesa em uma perspectiva tradicional, nos moldes do que já foi exposto aqui anteriormente.

 Com base nessa realidade descrita neste artigo, é indicado a a execução de projetos temáticos como uma das alternativas didático− pedagógicas que o professor precisa realizar. A elaboração e planejamento de projetos de cunho interdisciplinar envolvem tanto os professores como os alunos no desenvolvimento de práticas sociais de linguagem que extrapolam os limites do que seja ensinar e aprender porque todos estão envolvidos no processo de construção e de elaboração de um objeto único.

 

CONCLUSÃO

A Didática é a disciplina que estuda o processo de ensino tomado em seu conjunto, isto é, os objetivos educativos e os objetivos de ensino, os conteúdos científicos, os métodos e as formas de organização do ensino, as condições e meios que mobilizam o aluno para o estudo ativo e seu desenvolvimento intelectual. Os conhecimentos teóricos e metodológicos, assim como as atividades elaboradas pelo professor, a Didática orienta o docente a exercer um trabalho mais seguro e eficiente.

Dentro das teorias descritas, ficou entendido que as atividades devem assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos científicos; criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento; orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida real.

 

REFERÊNCIAS

 

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