AFETIVIDADE E AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA:

CAMINHOS PARA APRENDIZAGEM NOS 6º E 9º ANOS, DA ESCOLA MUNICIPAL DESEMBARGADOR FERNANDO LIMA SOUZA.

 

Emiliana de França Farias1

[email protected]2

 

RESUMO

 

Aumenta a cada dia, o número de pesquisadores interessados em entender o processo humanitário na aprendizagem e ligá-lo as relações afetivas em sala de aula. Trazendo para discussão os temas: motivação, autoconfiança e ansiedade. Fatores que podem interferir diretamente na aquisição de uma segunda língua – L2, implicando no aumento ou diminuição dos resultados positivos para a sua internalização. Este artigo busca encontrar na educação, como um de seus princípios, a valorização do desenvolvimento intelectual, social e cultural do ser, visando um melhor desempenho, verificando-se que o educando passa por diversas mudanças em seu processo educativo. Em meio a tais mudanças, deparamo-nos com vários questionamentos de qual deve ser a melhor forma de contribuir para tais aptidões, necessárias ao processo evolutivo do aluno e permiti-lhes a necessária criticidade e uma melhor interação com o meio.

 

Palavras-chave: Afetividade; motivação; aprendizado.



1. INTRODUÇÃO

 

Levando em consideração as dificuldades com as quais os alunos deparam-se a cada dia dentro da sala de aula e a importância que os fatos, as situações vividas pelas pessoas causam-lhes sentimentos diferentes. Além do tipo e da intensidade das reações, imaginamos que estas serão proporcionais ao significado que os fatos têm para cada uma delas.

A criança quando promovida ao 6º Ano, ainda carrega consigo todas as lembranças dos anos iniciais, o ritmo de aula, o aconchego da sala, de sua (o) único professor, a tia do 5º ano, o recreio e tantas outras coisas que lhe marcaram a mente por tantos anos seguidos. E no ano seguinte tudo muda colegas novos, uns novos horários a seguir, vários professores adentrando a cada hora em sala de aula, muitos até deixando logo de cara combinados dentre os quais listam de primeira mão, entre esses o mais questionado: não sou seu tio (a). E o que dizer daquela criança de 10 ou 11 anos, que criou um conceito em educação, carregado de amizade, de incentivos e afetividade e agora está posta em outro universo social, bastante distinto do de outrora?

Qual o sentido desta última? Que influência tem no meio educacional? Constantino (2010, p. 1), nos traz um pensamento acerca deste sentimento tão visionado nas relações humanas.

A afetividade é responsável por valorizar tudo em nossa vida e fora de nós, tanto os fatos passados como as perspectivas futuras. [...] É como os óculos que necessitam ser ajustados de vez em quando. Ela é como o alicerce da vida humana do qual depende a atuação das pessoas como seres sociais, garantindo-lhes força, expressão, vitalidade, motivação.



Esta garantia se faz necessária especialmente ao aluno do ensino fundamental II, onde as mudanças em sua vida escolar serão decisivas para o bom ou não desempenho desse alunado nos anos futuros. E a maneira em que a escola recebe esse aluno, mais especificamente o professor, fará toda diferença nesse processo de aquisição de novas responsabilidades e acessibilidade comunicativa. Sendo que estes detalhes muitas vezes ignorados por muitos profissionais é a ponte que trará um sentimento indispensável para que o processo de aprendizado seja garantido, a confiança. É importante que educadores, sintam a necessidade de entender o valor de manter uma relação deste tão valioso ingrediente como nos lembra Brust.

Os resultados positivos de uma relação movida pela afetividade opõem-se àqueles apresentados em situações em que existe carência desse componente. Assim, num ambiente afetivo, seguro, os alunos mostram-se calmos e tranquilos, constroem uma auto-imagem positiva, participam efetivamente das atividades propostas e contribuem para o atendimento dos objetivos educativos. No caso contrário, o aluno rejeita o professor e a disciplina por ele ministrada, perde o interesse em frequentar a escola, contribuindo para o seu fracasso escolar. O professor que possui a competência efetiva é humano, percebe seu aluno em suas múltiplas dimensões, complexidade e totalidade (BRUST, 2009, p.30 apud RIBEIRO e JUTRAS, 2006).



Encontramos nos órgãos dos sentidos os veículos para que esta conquista aconteça, dentre eles gostaríamos de chamar como referência maior: a visão e audição, pois através destes podemos encontrar aspectos definitivos para a boa relação entre aquele que conquista ou o que deverá serconquistado. O primeiro olhar pode determinar o sucesso ou insucesso de uma história. Ideias são formadas, sementes são plantadas nas mentes de seres ainda indefesos diante da selva que se chama sala de aula, onde inúmeras cabecinhas dividem um mesmo espaço e anseiam pelo mesmo objetivo: O sucesso. Quantos profissionais com anos de carreira lembram com carinho de algum professor que marcaram suas vidas positivamente. O modo de vestir, de falar, de ouvir, de incentivar e ou corrigir. Até do visto no caderno que era tantas vezes esperando cheio de expectativas. Da mesma maneira e muitas vezes com maior intensidade, encontramos profissionais secos, feridos por terem sido marcados com o contrário. E isso poderá fazer a diferença entre os bons e maus educadores que vieram e virão a existir.Por meio da visão serão arquivadas para sempre na memória expressões decisivas na formação de uma ideia de caráter ou aceitação por parte dos alunos, estes conseguem observar cada detalhe naqueles que são o centro das atenções, expressões faciais que podem indicar nervosismo, aceitação, segurança, aprovação, verdades, mentiras. A maneira de vestir, sorrir entre tantos outros aspectos podem construir conceitos, muitas vezes formulados através de um único olhar.

Não menos importante é a audição, por meio dela o aluno pode encontrar na intensidade ou no timbre de voz do professor a segurança que precisa para assimilar a mensagem recebida. Fator imprescindível para o desenvolvimento psíquico e cognitivo de qualquer ser, independente da idade ou fator social. A falta de uma relação agradável e segura no âmbito escolar promoverá uma relação de via única, onde o professor passa a ser apenas depositante de informações, onde na verdade, deveria ser aquele a quem o aluno admira e de quem certamente guardará os melhores exemplos para sua vida profissional futura. Segundo o pensamento de Freire (1996, p.96 apud SILVA, 2010, p. 2).

O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca.



O professor é aquele que faz de sua aula um momento onde a comunicação possa fluir de maneira a contribuir no processo de cidadania do aluno. O professor deve ser aquele que se preocupa não apenas com a absorção de conteúdos, mas também com o processo aquisitivo de autonomia e criticidade de seu alunado. Fato que muitas vezes perdem-se quando o aluno ingressa no 6º ano, pois na medida em que as mudanças ocorrem, os medos e inseguranças são características fortes nessa idade escolar e dependem de alguém que possa orientá-los a seguir e a criar seus próprios caminhos. Ainda segundo Freire (1996, p. 96 apud SILVA, 2005, p. 2).

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.



Tal atitude profissional propicia uma intimidade que implicará em resultados favoráveis ao aprendizado, pois na medida em que o aluno encontra em seu professor um amigo em quem pode depositar suas expectativas, consegue assimilar de forma satisfatória e quase que inconsciente não apenas um conteúdo, mas a mensagem central que se propõe a refletir. Muitos professores passam a maior parte do tempo tentando cortar a dependência do aluno para consigo, sem perceber que poderiam transformar tal dependência em uma oportunidade de desenvolver o processo de autocriticidade, ou seja, enquanto o aluno aparentemente não consegue criar suas próprias idéias, o professor amigo, passa a ser o promotor dessa autonomia, mostrando a esse jovem seu potencial e assim encorajar-lhe a produzir, interferir e internalizar o processo de aprendizagem. Almeida (2008, p.1) nos traz uma reflexão a respeito da importância da relação afetiva em sala de aula,

A relação afetiva professor-aluno reflete bons resultados na aprendizagem, pois aquele aluno que vê, em seu professor, um amigo, um companheiro, um colaborador, evita causar-lhe desgostos, quer ser como ele, o tem como alguém da família e, assim, adota, quase que inconscientemente, uma conduta de respeito, cooperação e atenção nas suas aulas, frutificando uma assimilação mais rápida e consistente do conteúdo por ele ministrado.



Partindo desse princípio, encontramos nas relações afetivas dentro do âmbito escolar a motivação necessária ao desenvolvimento intelectual, cognitivo e psíquico desse aluno.

Sendo assim, o professor passa a ser a peça principal para esse aprendizado, não no sentido de ser o detentor do saber, mas, trazendo ao aluno a condição de compreender que o processo educativo deve ser construído e produzido a partir da interação deste com o educando, e reconhece seu espaço nesse processo.

2. O PROFESSOR COMO MEDIADOR DO PROCESSO DE MOTIVAÇÃO PARA A AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA

 

 

Trazendo tal questionamento para a realidade da sala de aula de língua estrangeira, encontramos certa resistência no aluno em permitir o acesso e internalização da língua. Muitos são os entraves encontrados: a sala de aula repleta de alunos, o medo de ser exposto a uma língua nunca antes vista em sala de aula como disciplina curricular, além de uma realidade onde as condições sociais muitas vezes impedem a esse aluno o acesso a essa língua. O professor que chega a sala esbanjando “sabedoria”, despejando informações soltas sobre gramática, ditando regras e construindo uma parede emocional entre ele e seus alunos, entres outros pontos negativos, impede quase que instantaneamente uma futura relação amigável com sua turma. O aluno passa a ligar a real necessidade de se entender a disciplina a sua realidade sociocultural e questiona-se ao primeiro desafio: Para que me servirá isso afinal? O mesmo não é ao menos convidada a rebuscar o inglês em simples momentos de sua vida, seja em algum produto disponível no comércio perto de sua casa, ou no Orkut tão conhecido no mundo jovem, ou quem sabe simplesmente na novela da tarde. Seja como for, na maioria das vezes é dado pouca ênfase a LE, dando maior distanciamento ao que deveria ser apresentado como uma realidade possível. Almeida Filho (1993, p. 32) nos traz sua visão do ideal para uma aula de LE:

A aula de língua estrangeira ou segunda língua tem características singulares em parte devido à natureza especifica do que representa aprender outra língua. Não se trata de um mero exercício consciente de aprender formas codificadas numa seqüência lógica [...] a aprendizagem de uma língua estrangeira se dá sempre num contexto político-cultural de contato com o da língua materna, sendo freqüentes as manifestações de conflito ideológico em forma de rejeição inconsciente. Uma atitude madura, crítica e segura do professor pode ser um elemento aclarador e minimizador desse fenômeno em sala de aula.



É nesse momento que percebemos como a afetividade pode transformar qualquer ambiente em um lugar aonde as informações venham não apenas do professor, do ditador de regras e o retentor da sabedoria, mas também da realidade do aluno, através da comunicação que abre meios ao conhecimento. Comunicação essa oferecida pelo mediador de conceitos e informações, ou aquele que está disposto também a ouvir e elogiar, a opinar em vez de corrigir. Esse personagem ganha o título de professor amigo, e seus alunos começam a identificar em suas aulas, conceitos éticos que lhe servirão de base para um vida de sucesso. O aluno precisa enxergar em seu professor, alguém que teve experiências parecidas com as quais estão passando, ou que passarão. Precisa saber que ele mesmo, sofreu as inseguranças e dificuldades por qual todo aluno em processo de aprendizagem deve passar, enxergar isso como normal, não de maneira que venham sentir-se inferior a qualquer outro ser. Atitudes como essas, certamente trarão ao aluno o fascínio por seu professor, como nos diz Cury (2003, p. 64 apud SILVA 2010, p. 2).

Os bons professores possuem metodologias, mas que os professores que fascinam, são aqueles que por ter maior sensibilidade, passam a contribuir com mais eficácia para o desenvolvimento do corpo discente, nos seguintes fatores: - autoestima; estabilidade; tranqüilidade; capacidade de contemplação do belo, de perdoar; de fazer amigos e de socializar.



Desta forma o aluno ganha o direito de conhecer os sentimentos de insegurança, como ansiedade e medo, sendo instigados a lutar contra eles e valorizar o que há de melhor em si mesmo. Ocorre então a desmistificação da idéia do professor sem sentimentos e emoções e começa a nascer o significado para o termo humanização, (ALMEIDA, 2008). E é através deste comportamento que o professor abre caminhos para um aprendizado promissor, pois instiga ao aluno a conviver de forma segura com o meio social, elevando inclusive a autoestima desse cidadão.

A linguagem torna-se o meio para que este desenvolvimento mental e social aconteça, para tal é necessário que haja comunicação. Segundo o dicionário Priberam (2010), encontramos em linguagem o conceito de “expressão do pensamento pela palavra, pela escrita ou por meio de sinais”. Já para comunicação, encontramos ainda o conceito de “informação; participação; ligação, entre outras”. O que os permite destacar situações onde se usa a linguagem, mas não se contempla a comunicação. Este fato interfere no mundo social, casamentos são desfeitos, filhos se distanciam dos pais, contas deixam de ser pagas, remédios são tomados de forma errada e tantas outras situações onde um emissor profere apenas palavras sem sentido, que não conseguem chegar ao receptor, a falta de entonação, firmeza e significação interferem no processo de comunicação, ou seja, de entendimento daquilo que se é dito. No âmbito escolar, quando o professor apenas transmite conhecimentos pode tornar-se um emissor vazio e distante. Faz-se necessária uma reavaliação de conceitos sobre aprendizado, comunicação e interação. De acordo com o pensamento de Jung (1981, p. 59 apud FERREIRA 2008, p. 1) acerca do papel do professor, “sua tarefa não consiste apenas em meter na cabeça das crianças certa quantidade de ensinamentos, mas também em influir sobre as crianças em favor de sua personalidade total”. Tal pensamento oferece ao educador, mais que um papel de reprodutor de informações, mas também um mediador de idealizações. E para que isso aconteça é preciso que o professor tente ao menos no primeiro momento esquecer sua disciplina, sua caderneta, seu currículo e permita-se conhecer sua turma, suas dificuldades, expectativas e realidade, oferecendo ao aluno o direito de expor esses dados de alguma forma, promovendo assim, a interatividade que vem através da exposição de idéias e situações, fatores que contribuirão para uma futura autonomia, como nos diz Zozzoli (1999, p. 20 apud LAMEIRAS, 2006, p.35).

Antes de pensar em qualquer mudança nas ações pedagógicas, é preciso salientar que essas transformações não ocorrem sem que o próprio professor, revendo sua prática, aceite abrir mão de um poder antigo de transmitir conteúdos, para abrir espaço para o aluno na sua prática, não apenas lhe dando o direito de resposta [...] dando-lhe real direito à autonomia.

 

Em um ambiente aonde as informações chegam junto à amizade e satisfação o espaço escolar passa a ser um ambiente promotor do saber significativo. Para tal, será preciso uma reavaliação contínua por parte do professor, um olhar constante em sua prática pedagógica.

Todo professor deveria ser, em primeiro lugar, um especialista em gente”. Depois um educador. Em terceiro lugar, um professor. E por último um professor da disciplina “x” ou de alunos da série “y”, (MEIER, 2008, p. 34). Desta forma Meier incita-nos a tentar antes de cumprir qualquer requisito para a escola, resgatar nossa posição de formador de opiniões, conquistando o alunado o professor passa a ser um ideal de vida profissional, um exemplo a ser seguido. Isso porque ganha dos alunos o respeito que é devido não aos que impõem medo, mas aos que promovem um espaço onde a humanização acontece.

Percebe-se que a maior insegurança encontrada pela maioria dos jovens em aprender uma segunda língua, se dá pelo medo de interagir com a aula de línguas, isso porque muitas crianças não foram devidamente estimuladas a falar, nem em sua própria língua. Tudo lhe é muito pincelado, há um conteúdo a se seguir, desde os anos iniciais, as crianças necessitam aprender muitos conteúdos diferentes, nome das cores, quantidades, lugares, regras gramaticais, mas o que mais nos chama atenção é que, por poucas vezes se questiona com essa criança o porquê de tudo isso. Em que momentos de sua vida essas informações lhe serão úteis. Como nos diz Almeida Filho (1993, p. 15).

 

Aprender uma língua nessa perspectiva é aprender a significar nessa nova língua e isso implica entrar em relações com outros numa busca de experiências profundas, válidas, pessoalmente relevantes, capacitadoras de novas compreensões e mobilizadora para ações subseqüentes. Aprender LE assim é crescer numa matriz de relações interativas na língua-alvo que gradualmente se desestrangeiriza para quem a aprende.

 

Daí a necessidade de desenvolver no sujeito em idade escolar o conceito de internalização de sua própria identidade sociocultural, ou seja, viabilizar o processo de conhecimento sobre o mundo que o cerca, sua língua, seus costumes, seu conceito de mundo de tal forma que a idéia de se conhecer e aprender outra estrutura seja de língua ou de qualquer outro aspecto humano lhe seja no mínimo, prazeroso. E para tal, encontramos no professor-mediador segundo o conceito de Moles (2010, p. 3), alguém que oferece a esse aluno um ambiente agradável e consequentemente produtivo:

 

Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é somente transferir conhecimentos de uma cabeça a outra, não é somente comunicar. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a criar novos hábitos de pensamento e de ação. [...] colocar-se no lugar do aluno e, com ele, problematizar o mundo para que, ao mesmo tempo que aprende novos conteúdos, desenvolva seu máximo tesouro: sua habilidade de pensar.

 

 

Não seria possível um nível tão elevado na educação se não pensássemos desta forma, educar vai muito mais além das informações repassadas em sala de aula. É promover no indivíduo criticidade e maturidade intelectual, permitir ao educando o direito de escolher um caminho a seguir, oferecer condições para que este aprenda a discernir entre o que é necessário ou não para sua formação sem dispensar os conteúdos programados pela comunidade escolar. Para tal este aluno deverá exercer a confiança na equipe e no currículo escolar, o que poderá ser viabilizado pela principal porta de entrada da educação: o professor. A escola deixou de ser um processador de dados para ser um espaço onde permeia o conhecimento de forma acolhedora e gradual.

Encontramos nos PCNs (1998, p.7) objetivos concernentes a liberdade de expressão responsável, e a garantia de que a escola seja um ambiente promotor da cidadania, e das relações interpessoais, além de fortalecer as relações afetivas dentro e fora da sala de aula:

Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, físicas, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania.



Desta forma o professor ganha a oportunidade de repensar sua prática, seus ideais, sua postura pessoal e profissional, caso queira, poderá ser alguém que promova a “comunicação” entre seus alunos, e abram-lhes os olhos para o processo humanizador não apenas no âmbito escolar, mas na vida sem perder a autonomia ou respeito de suas turmas. Um comportamento amigável ajudará ao aluno a enfrentar suas dúvidas e anseios, a considerar seu valor ante a sociedade ao qual se prepara a cada dia para contribuir positivamente. Este profissional deixa de ser o professor da disciplina chata ou complicada para ser um exemplo de superação, de motivação e de amizade, além de um profissional exemplar, passa a ser um ser humanizado, realizado e totalmente integrado a sociedade. Tal pensamento acerca da importância do exemplo nos é transmitido por Antunes (2000, p. 121).

Se as experiências emocionais constituem a base das capacidades intelectuais, da criatividade e do senso moral, é para essas experiências que devemos conceder a mais alta prioridade em nosso projeto de educação. A plena liberdade que esta teoria propõe exige o esforço de nossas mentes para que possamos construir, dentro de casa ou da escola, um primeiro passo para a humanidade integral. Basta querer.



Aprender passa a ser algo prazeroso à medida que reconheço nesse aprendizado minhas expectativas de vida, meus sonhos, minha história, seja no aprendizado de minha própria língua ou numa segunda. O desestrangeirismo acontecerá de forma gradual e sem sofrimentos ou constrangimentos, se o aluno encontrar segurança no âmbito escolar, se encontrar em sua sala de aula motivação para vencer.

Chamamos ainda atenção para o espaço ideal de aprendizado, a escola deve cumprir alguns requisitos segundo os PCNs (1997, p.79).

A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a qualidade do ensino é condição necessária à formação moral de seus alunos. Se não promover um ensino de boa qualidade, a escola condena seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida [...].

 

Sendo assim, a partir do momento em que abraçamos o sonho de ajudar na formação de uma sociedade justa e participativa, tornaremos a escola um lugar aprazível aos olhos daqueles que são a razão maior de sua existência, os alunos. Passaremos a executar nossas funções educativas, sociais e humanizadoras, tornaremos o espaço escolar em um ambiente responsável pela construção nas diferentes situações sociais. E nos utilizaremos da comunicação como forma de mediar conflitos e instruir para a conscientização do poder democrático (PCNS, 1998). Além de sentirmos a satisfação de trabalhar em um ambiente acolhedor onde é respeitado o tempo individual de cada aluno, sem atropelos, sem delimitações de tempo para que o aprendizado de fato aconteça.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Adquirir uma LE pode certamente ser um processo prazeroso e uma experiência de sucessos, desde que cada aluno seja devidamente estimulado a isso. Desde que cada professor contribua tornando-se um incentivador deste ideal. Desde que ele faça com que o aluno acredite que através de sua força de vontade associada a uma disciplina de estudos, seu ideal de tornar-se bilíngue é perfeitamente possível. Diante disso, é importante que cada educador reavalie sua postura diante de cada aluno em especial, valorizando em si mesmo o que há de melhor, além de entender que como ele próprio cada um destes tem um jeito peculiar de aprender, de crescer e que sua atitude será o diferencial para que este crescimento realmente aconteça de forma segura e positiva. E que só depois disto, os conteúdos programados terão valor significativo e servirão para os futuros empreendimentos de seus alunos.

O ato de ensinar ganha então um novo conceito, passa a sermuito mais que repassarconhecimentos, vai, além disso. Ensinar passa a ser dividir experiências, aproximar pessoas, quebrar barreiras, eliminar inseguranças. É mostrar além de toda grade curricular e estratégias de ensino deve-se oportunizar momentos de real construção de laços de confiabilidade, respeito e amor. Esses sentimentos acompanharão vencedores em toda sua jornada.



REFERÊNCIAS

 

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Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1998.

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TAVARES, Roseanne Rocha (org.). Ensino de língua x cultura: em busca de um aprendiz artesão, autônomo e cidadão. In: Língua, cultura e ensino. Maceió, EDUFAL, 2003.

1Trabalho apresentado ao Centro de Estudos Superior Arcanjo Mikael de Arapiraca – CESAMA, em parceria com a Central de Ensino e Aprendizado de Alagoas – CEAP, como requisito final para obtenção do título de especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Orientado por:

2Graduada em Letras Inglês e suas respectivas Literaturas-UNEAL 2010