Palavras Chaves: docência universitária, metodologia, didática.

Abstract: This work analyses the posture of the professors of Law at Unasp ? EC in relation to the methodology of teaching used by them to minister their classes. It is of great importance because it proposes to clarify the methodological reality of the classes of the Law Course, as well as to analyze the reaction of the students. As a problem it brings the didactics and the teaching methodology used by the professors taking into account their professional experience outside the classroom. The objective of the research is to verify if the professors of Law at Unasp ? EC use proper teaching methodologies to minister their classes or only the knowledge of their work outside the college, as well as to analyze how the students of Law react to the teaching methodology used by the professors who have been analyzed. The methodology of this paper is bibliographical research and work field and the hypothesis is that there is a need of methodological improvement of some of the professors of Law.

Keywords: University teaching, methodology, didactics

Introdução

A Universidade é o espaço apropriado para a construção do conhecimento e, onde o professor assume a posição de incentivador, orientador e moderador na formação do intelectual crítico do aluno.
Nesta nova etapa da formação do individuo espera-se do professor uma postura que motive o acadêmico a abandonar a tradicional posição passiva no processo de aquisição de conhecimento. Espera-se que o professor não se limite a mostrar o caminho, mas incentive a busca por alternativas através da crítica.
A docência universitária está ligada a formação de professores formadores, professores que se preocupam em produzir reflexão nos seus alunos. Não se trata de uma reflexão que se encerra em si, mas que seja capaz de motivar o seu sujeito ? o discente - à ação e é neste contexto que se pretende analisar a prática didática dos professores do curso de Direito do Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro Coelho.
A docência universitária nos cursos de Direito em geral, não raro, é exercida por operadores dessa magnífica ciência. É comum encontrar no rol do corpo docente, profissionais tais como advogados, juízes, promotores. Todos com grande conhecimento técnico e específico. Em contra partida, são raros os docentes acadêmicos, ou seja, aqueles com dedicação em período integral à universidade, os chamados professores teóricos.
O Direito é dinâmico, sempre está se aperfeiçoando para melhor servir à sua função social, qual seja resolução de conflitos. À medida que seu objeto ? a vida coletiva ? vai se transformando no decorrer do tempo, vê-se a necessidade de acompanhar tais mudanças para melhor adequar a dinâmica do direito à realidade.
Por esse motivo, é importante que o docente do curso de direito se pergunte sempre: qual a função do ensino do direito? Sim, porque como bem salienta José Garcez Ghirardi, coordenador da Direito GV de São Paulo, o que se ensina hoje, daqui alguns anos, estará mudado. Aí está, então, a importância do professor que leciona nesse curso estar atento e comprometido em desenvolver no seu corpo discente o pensamento crítico, a reflexão, o debate, a participação, o estudo de casos, o raciocínio. É fundamental que o estudante seja sujeito do seu próprio aprendizado. Como? Participando ativamente das aulas, contribuindo com os debates com os temas de estudo. Por outro lado, para que essa dinâmica seja possível, o professor deverá fazer sua parte nesse aspecto. Evitar que suas aulas sejam expositivas somente, de tal modo que dormir no "fundão" da sala seja algo desconfortável para o aluno porque há um debate caloroso acontecendo! Agindo dessa forma - despertando interesse e senso crítico ? o docente contribuirá e muito para que seus alunos, por si só, tenham capacidade de perceber a constante mudança na sociedade e, conseqüentemente, como o direito, uma vez ciência, deverá se adequar a ela. Esta postura acaba de uma vez com o ensino vulgarmente chamado de "marmita", ou seja, aquele que já vem pronto e sem necessidade de pensar para construir.
Despertar no aluno o interesse genuíno pela leitura, busca de conhecimento e conteúdo, bem como senso crítico, não é tarefa das mais simples, porém, a boa notícia é que não se trata de tarefa impossível.
O professor será tido como ícone a ser seguido se ele, particularmente, sentir o mesmo interesse pela constante busca de conhecimento ao mesmo tempo em que demonstra sua satisfação por tal busca.
Sendo o professor a "lâmpada" para seus alunos, ele próprio deverá considerar sempre que tipo de luz está a irradiar. Trata-se de uma "luz" que poderá ser benéfica ou, ao contrário, de pouca abrangência sendo que tudo dependerá da postura que o ele próprio adotará ao ministrar sua aula.
Ocorre também que, infelizmente, encontram-se nos bancos universitários alunos desmotivados por estarem nesses bancos a pedido dos pais ou por obrigação do mercado de trabalho ou ainda, por falta de opção. Todavia, quando esses alunos encontram professores com potencial técnico e também pedagógico poderão ser despertados pela motivação uma vez que o professor capacitado para a docência universitária saberá identificar cada caso de falta de motivação e, portanto, trabalhar em cima dessa deficiência. Professores com potencial docente são sensíveis à tais questões e se preocupam com elas. Trabalham ao mesmo tempo a construção de conhecimento e a motivação.
Esse trabalho discorrerá sobre qual é o perfil do corpo docente da Faculdade de Direito do Unasp-EC no que diz respeito ao conhecimento pedagógico de docência universitária e analisará os reflexos de tal no corpo discente.

O conhecimento técnico e específico da área de Direito

É sabido que conhecimento técnico e específico na área de atuação é o mínimo que se espera do professor que leciona matérias no curso de direito ou em qualquer outro curso. Entendemos ser incompleto o docente que pensa ser essa sua única obrigação. Isso porque a formação dos profissionais em nosso tempo passa a exigir um docente no ensino superior com outras atitudes, outras posturas e outras competências. (Masetto, 2009)
Como dito anteriormente, o direito é uma ciência que está em constante mudança e, por isso, mister despertar o senso crítico do aluno que ali está.
Atrelado ao conhecimento técnico específico deve estar o conhecimento pedagógico, ou seja, aquele que vai orientar o docente sobre a melhor maneira de transmitir o conteúdo da matéria lecionada para o aluno. Se os dois saberes - específicos e pedagógicos ? não andarem de "mãos dadas", o domínio específico e técnico apenas poderá ser facilmente questionado.
De fato o saber específico, como já foi dito, é de suma importância, mas, todavia, é o mínimo que se espera. Não há que falar em docente de determinada matéria que não tenha conhecimento dela. Todavia, o conhecimento pedagógico é que vai oferecer ao docente a capacidade de mediar, de orientar e facilitar aos alunos a aprendizagem na disciplina que leciona.
Perrenoud (2000) apresenta as competências dos professores, ou seja, habilidade que devem fazer parte da realidade do professor na prática de sua profissão. São elas:

? Organizar e estimular situações de aprendizagem;
? Gerar a progressão das aprendizagens;
? Conceder e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam;
? Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho;
? Trabalhar em equipe
? Participar da gestão da escola;
? Informar e envolver os pais;
? Utilizar as novas tecnologias;
? Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
? Gerar sua própria formação continuada.

Ao depararmos com essa lista de competência do professor é possível entender porque o conhecimento técnico e específico deve estar atrelado ao conhecimento pedagógico.
Pode observar que essa competências só podem serem trabalhadas quando o docente possui saber pedagógico.
Se pensarmos educação e transmissão de conhecimento como algo que não se encerra em si mesmo, mas como um meio para buscar novos conhecimentos, para desenvolver a reflexão e para novos questionamentos, entenderemos a importância do docente se qualificar não só na sua área de atuação (fora da universidade), mas também como docente em sua excelência.
Não podemos desconsiderar o papel do professor no que diz respeito à sua função social, responsabilidade esta que supera os limites da sala de aula.
Não pretende-se aqui colocar toda a responsabilidade da aprendizagem no docente de forma a desonerar o discente. Este último tem sua responsabilidade intrínseca. Todavia, é o docente que deve dominar a técnica e a ferramenta que irá despertar no aluno o interesse, o questionamento, a reflexão como já dito acima.
Durante a elaboração desse trabalho entrevistou-se alunos do referido curso em estudo. No questionário aplicado à eles perguntou-se, dentre outras coisas, sobre a metodologia utilizada pelos professores.
Na grande maioria as respostas foram no sentido de que, não obstante os professores terem total conhecimento específico, poucos foram os que apresentaram conhecimento pedagógico. Observou-se que muitos utilizaram de ferramentas como seminários e exposição de trabalhos mais para "desafogar" suas tarefas e, na linguagem dos entrevistados, para "cumprir tabela" do que desenvolver a discussão e os questionamentos como podemos observar no relato de um entrevistado transcrito abaixo:

No que diz respeito à metodologia, os Professores, de uma forma geral, usam mais de aulas expositivas e seminários. Nas aulas, alguns professores demonstram além do conhecimento da matéria um planejamento que permite tornar as aulas mais atrativas e interessantes, enquanto que noutros fica claro o improviso, com o agravante de existir professor que monta seus "slides " em plena sala de aula baseando-se para tal apenas no Google. Quanto aos seminários o que se percebe é que tornaram-se uma forma de fazer o tempo passar e aliviar o professor do fardo de preparar e dar aula. Os seminários dificilmente proporcionaram discussões próprias do ambiente universitário. (grifo nosso)

"Acho que alguns professores são poucos dinâmicos. Se demoram em ler slides e isso torna a aula muito cansativa. Eu gostaria que houvesse mais estudo de casos do que aulas simplesmente expositivas."

A resposta desse aluno exemplifica o que José Garcez Ghirardi, coordenador da Direito GV de São Paulo, nos relata em sua entrevista sobre o ensino jurídico no país onde se lê:

"..Por isso que o professor tem de ser acadêmico. Não pode ser alguém que chega, dá sua aula decorada e vai embora. Não pode pegar um sujeito que está sem fazer nada e colocar em sala de aula. Não se pode pegar um sujeito que tem compromissos e que não consegue refletir sobre o direito e colocar em sala de aula."

Por outro lado, algumas exceções foram mencionadas com grande reconhecimento por parte dos alunos entrevistados. Nessas exceções pode-se observar que o ponto forte destacado pelos alunos foi justamente domínio de classe e bom planejamento prévio por parte do docente. Destacou-se que conhecimento específico e técnico da matéria esteve atrelado com domínio na explanação do conteúdo da matéria. Se não vejamos:

Defino como positivos:

1- Aulas expositivas baseadas num bom planejamento. Ex: aulas do Prof. XXXX
2- Seminários com discussão real dos temas e preparação apurada e cuidadosa, como ocorreu na matéria de Ética com o professor XXX.
3- Prova oral, como estimulo para o estudo.

(Trecho de entrevista realizada durante a construção desse artigo e que teve como interlocutor aluno do curso em estudo e que respondeu a seguinte pergunta: Que aspectos você define como negativo e quais define como positivo na forma utilizada pelos professores do curso de Direito do Unasp ? EC para ministrar suas aulas?)(suprimiU-se os nomes citados pelo entrevistado para preservar suas identidades e também dos profissionais )

Podemos observar que os docentes que apresentaram pontos positivos na avaliação dos alunos são aqueles que encararam a docência não apenas como um uma fonte a mais em sua renda, mas sim um trabalho importante na transmissão de conhecimento e na formação de valores e bons profissionais no futuro.
Veja o comentário de outro aluno entrevistado. O que nos chamou a atenção foi o que ele disse a respeito de professor "severo" (enteda: comprometido):

"Há professores que são legais e de fácil trato. Professores com quem se tem boa relação em sala de aula. Mas, entendo que nem sempre professor legal é o melhor professor. Tenho um professor que é mais severo e exigente com sua matéria. Apesar dele ser também agradável e acessível isso não significa que ele deixa a sala solta. As provas dele são bem elaboradas, daquelas que temos que pensar mesmo. Mesmo que haja consulta não quer dizer que vamos tirar nota boa porque ele exige raciocínio. Isso me agrada. Há professores, porém, que além de usarem muito slides e enrolar na aula, dão prova de consulta sem nenhum grau de dificuldade. Aí a sala fica desestimulada." (Trecho de entrevista realizada durante a construção desse artigo e que teve como interlocutor aluno do curso em estudo e que respondeu a seguinte pergunta: : Com relação a questão metodológica, como você avalia a postura do professor do curso de direito do Unasp ? EC para ministrar suas aulas?)

Esses docentes comprometido com o "sacerdócio" do magistério procuraram se aperfeiçoar e conseguiram identificar a necessidade de cada turma de modo a trabalhar a unidade na diversidade.
Observou-se também que tais professores ? os que dominam saber técnico e pedagógico ? apesar de serem os que mais "exigiram" de seus alunos são também os que foram lembrados com mais reconhecimento e respeito por parte deles durante as entrevistas.
Diante de tais fatos não se pode negar que o professor possui um papel extremamente importante na vida de seus alunos. O professor comprometido tende a ser imitado uma vez que gera no aluno certa veneração e, conseqüentemente, respeito, como já dito. Nesse sentido é a resposta de aluna entrevistada:

O professor XZ por exemplo é super e organizado e isso me inspira confiança. Quando ele entra na sala de aula cumprimenta à todos, é amável e sem qualquer esforço impõe respeito. Eu acho que o fato dele ser organizado com seu material, estar em dia com a matéria e ter total domínio do assunto nos faz ver o quanto ele está comprometido com o que faz e automaticamente a gente o respeita por isso."


Metodologia

A pesquisa realizada foi de cunho teórico bibliográfico e pesquisa de campo de natureza qualitativa, sendo que a mesma apóia-se ainda em análise de pesquisa de campo no último capítulo, com perguntas que permitam um conjunto de respostas sobre o grau de satisfação dos alunos em relação ao corpo docente do curso de Direito do Unasp-EC.
A pesquisa adota esta fenomenologia porque permite que por meio do resultado a ser colhido possamos analisar os discursos apresentados pelos participantes da pesquisa de campo.
Os dados da pesquisa bibliográfica foram organizados de modo a se dialogarem, buscando contribuições acadêmicas à pesquisadora e futuros leitores dessa pesquisa.
A pesquisa de campo foi organizada em forma de texto e inserida no trabalho de forma a dialogar com este.

Considerações finais

Durante a realização desse trabalho procurou-se identificar a postura do corpo docente do curso de Direito do Unasp-EC diante do desafio de lecionar matérias jurídicas bem como conhecer o envolvimento desses profissionais com a formação de um corpo discente crítico e preparado para a vida após a universidade.
Consideramos que o grande "facilitador" durante todo o transcurso do trabalho foi a aplicação de uma metodologia adequada que permitiu finalizar o trabalho.
Podemos concluir que, não obstante a dedicação demonstrada pelo objeto de estudo ? corpo docente - , ainda existe deficiência no que diz respeito ao comprometimento do desenvolvimento critico e de pesquisa dos alunos.
Observou-se que o professor que não se dedica apenas à docência (advogados, promotores, juízes, etc) apesar de possuir um rico cabedal de conhecimento, deixa a desejar no que diz respeito ao planejamento e tempo disponível para debates em classe. Esses professores lançam mão de recursos tecnológicos que apesar de serem uma ótima ferramenta em sala de aula para a formação de conhecimento, acabam por deixar a aula maçante de forma a desestimular o aprendizado.
Por outra banda, na pesquisa empenhada para conhecer a opinião dos alunos, esses citaram exemplos de aulas que consideram interessante do ponto de vista pedagógico e, pode-se observar nesses exemplos que os professores dessas aulas são justamente os professores que dedicam mais tempo à carreira acadêmica tendo esta como profissão principal.
Concluiu-se, portanto, que a técnica e o conhecimento devem estar atrelados para o bom funcionamento da docência universitária no curso de Direito do Unasp-EC.
O comprometimento com o aprimoramento pedagógico e da docência universitária dos professores do curso de direito oferecida em treinamentos e workshop ministrados por especialistas em docência universitária e organizados pelo Unasp-EC em parceria com a coordenadoria do referido curso seria, a nosso ver, uma maneira de começar suprir essa deficiência do corpo docente.


Referências bibliográficas

MASETTO, MARCOS TARCISO - Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração ? ISSN 1984-5294 ? Edição Especial - Vol. 1, n. 2, p.04-25, Julho/2009

GHIRARDI, JOSÉ GARCEZ . Ensina-te a ti mesmo. Revista Visão Jurídica. São Paulo, Edição 39, 2009.

MUCHIELLI, ROGER, A formação de adulto; tradução Jeanne Marie Claire Pucheu; revisão Estela dos Santos Abreu; São Paulo: Martins Fontes, 1980.

PERRENOUD, P Construindo Competências. Disponível em http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_31.html

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto alegre: artes Médicas Sul, 2000.


FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática da autonomia. 15a.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

BORUCHOVITCH, E. e BZUNECK, J.A., A motivação do Aluno ? Contribuições Contemporâneas . Petrópolis: Editora Vozes, 2001.