UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA ? LICENCIATURA - EAD

Município: Chui
Estado: R. S.
Turma: 4374
Pólo: Escola Estadual Marechal Soares de Andrea
Tutora: Maria Geneci Gonçalves Cabreira
Semestre: 6º /Ano: 2009

A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA COMUM.
Artigo apresentado na Disciplina de Estágio Curricular IV ao Curso de Graduação em Pedagogia ? Licenciatura ? EAD, da Universidade Luterana do Brasil, como requisito parcial para conclusão de Curso

Dinamara Pizarro Nieves

Zaira Teixeira de Albernaz

RESUMO

Esse estudo tem por objetivo conhecer e discutir o processo de inserção de uma criança com síndrome de down na escola comum e de que forma o acesso destes deficientes contribui ou não para o processo de desenvolvimento humano neste grupo sócio-cultural. O estudo esclarece ainda o significado de síndrome de down e o contraste que a inclusão educacional sofre entre a lei e a prática da atualidade.

Palavras-chave: Deficiência. Aprendizagem. Inclusão.

1. INTRODUÇÃO
Durante nosso estudo fomos nos apaixonando e buscando conhecer mais. Chegamos à conclusão que não podemos tratar o assunto inclusão como um problema, mas sim como um desafio e, se um dia tivermos um aluno down, em primeiro lugar devemos buscar compreender o seu universo, sem esperar soluções mágicas ou fórmulas prontas fazendo a diferença na vida dele. É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança.
Quem nunca ouviu falar em Beethoveen, o compositor da Nona Sinfonia, ou do físico britânico Steven Hawking, ou ainda de Steve Wonder e Ray Charles músicos de grande trajetória .
Além do sucesso que cada um deles conquistou, eles ainda têm em comum algo que para muitas pessoas seria o fim da vida. Todos eles são portadores de algum tipo de deficiência, mas as superaram através do desenvolvimento das suas demais habilidades.
No estudo a seguir veremos como portadores de deficiência, mais especificamente os portadores da Síndrome de Down, estão sendo inseridos à nova LDB que estabelece a igualdade e condições para o acesso e permanência na escola onde também adota nova modalidade de educação para educandos com necessidades especiais.
Veremos ainda o conceito da Síndrome de Down e o papel da escola em relação à inclusão social.

2. CONCEITO DE SÍNDROME DE DOWN
A Síndrome de Down é uma alteração genética. É uma das muitas anomalias causada por aberrações cromossômicas.
Cada uma de nossas células possui 46 cromossomos que são iguais dois a dois formando 23 pares. O portador da Síndrome de Down possui um cromossomo a mais no par 21. Em vez de dois, possui três.
Apesar de ser uma alteração genética, a Síndrome de Down também recebe fatores ambientais que têm importância fundamental no desenvolvimento e no progresso de cada indivíduo assim como ocorre com crianças sem a síndrome.
Atualmente a Síndrome de Down é a deficiência intelectual mais freqüente em nosso país.
É sabido, há muito tempo, que o risco de ter uma criança com trissomia do 21 aumenta com a idade materna. Em geral, a freqüência da Síndrome de Down é de 1 para cada 650 a 1000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos ocorre em mães com menos de 35 anos de idade.
Algumas das características físicas das crianças com Síndrome de Down são:
Os portadores de Síndrome de Down possuem seus olhos com uma inclinação lateral para cima e uma prega na qual a pálpebra superior é deslocada para o canto interno, semelhante aos orientais. Suas orelhas são pequenas e de implantação baixa, a borda superior da orelha é muitas vezes dobrada e possui sua estrutura ocasionalmente alterada. Os canais do ouvido são estreitos. A boca é pequena, sendo que algumas crianças mantêm a boca aberta e a língua pode projetar-se um pouco.
As mãos e os pés tendem a ser pequenos e grossos, dedos dos pés geralmente curtos e o quinto dedo muitas vezes levemente curvado para dentro. Falta de uma falange no dedo mínimo das mãos e também prega única nas palmas.
As pessoas com Síndrome de Down costumam ser menores e ter um desenvolvimento físico e mental mais lento que as pessoas sem a síndrome. A maior parte dessas pessoas tem retardo mental de leve a moderado; algumas não apresentam retardo e se situam entre as faixas limítrofes e médias baixa, outras ainda podem ter retardo mental severo.

3. IGUALDADE ATRAVÉS DAS DIFERENÇAS
Crianças com Síndrome de Down possuem um desenvolvimento mais lento do que as crianças da mesma faixa etária sem a deficiência.
As crianças com a Síndrome de Down costumam alcançar as etapas do desenvolvimento, porém, a diferença entre o seu desenvolvimento e do indivíduo sem a síndrome aumenta conforme o tempo passa, conforme a idade aumenta.
A partir da lei 9394\96, a inclusão no ensino vem rendendo discussões tanto no meio acadêmico quanto na própria sociedade.
O trabalho em grupo entre crianças com ou sem síndrome de down é fundamental. Para Vygotsky (1984);
A relação interpessoal é o recurso básico do desenvolvimento da criança pequena.
Dessa forma, a concepção de aprendizagem é tida como um processo que sempre inclui relações entre indivíduos, pois a interação do sujeito com o mundo se dá pela mediação feita por outros sujeitos.

O autor propõe que, na análise do desenvolvimento infantil, se leve em consideração à diferença que existe entre o que a criança a cada momento é capaz de fazer sozinha e o que pode fazer e aprender com a ajuda de outras pessoas mais experientes, sejam elas adultas ou outras crianças, conforme vai observando-as, imitando-as, ouvindo suas explicações, seguindo suas instruções ou contrapondo-se a elas. É neste espaço, denominado "zona de desenvolvimento proximal", que a ação educativa deve realizar-se. Vygotsky dá também muita ênfase ao papel da linguagem como meio para que o sujeito se aproprie da experiência. Á medida que a criança se apropria deste saber construído pela cultura, modifica-se concomitantemente, respondendo não apenas a suas necessidades como organismo biológico, mas as necessidades psicosociais, que são históricas. Neste sentido, o planejamento de atividades entre crianças "diferentes", deve ser proporcionado, com o objetivo de ampliar as possibilidades de aprendizagem, expressando e organizando o pensamento da criança visto que isso aprimorará sua comunicação.
Na escola é fundamental que cada criança seja tratada como pessoa única, respeitando-a em sua singularidade. Em ações concretas, significa garantir o direito ao carinho, bem como o respeito aos ritmos filosóficos, individuais e aos momentos de privacidade.
Não há como negar que ao ingressar em uma escola comum a criança portadora da síndrome de down será beneficiada em interagir com colegas com o desenvolvimento típico. Geralmente a criança portadora desta deficiência costuma seguir o modelo de comportamento de seus coleguinhas, o que os motiva a aprender.
A criança com síndrome de down necessita de maior apoio do educador pois encontra dificuldades em aprender inicialmente. Elas levam mais tempo do que seus colegas, sem a síndrome, para aprender as regras.
É responsabilidade do educador, criar estratégias de apoio e de incentivo a turma que adere ao sistema de inclusão.
Na escola inclusiva o educador deve ser visto pelos seus alunos, portador de síndrome de down ou não, como um orientador de toda a classe, auxiliando todas as crianças da classe que precisarem, e não como propriedade da criança com a síndrome. Deixar a criança com a síndrome de down de lado ou dar-lhe maior importância do que aos demais colegas, não é tarefa de uma escola inclusiva.
É importante salientar também que o portador da síndrome de down é capaz de compreender suas limitações e conviver com suas dificuldades. A maioria deles possuem autonomia para tomar iniciativas, não necessitando que seus responsáveis os auxiliem a todo o momento, por esta razão possuem a necessidade de participar e interferir em um mundo cheio de diferenças como o nosso mundo.
É tarefa da escola, acolher o sistema de inclusão e não "forçar" o aluno com deficiência a adequar-se à escola que deve antes de tudo ser uma escola para todos e não apenas de alguns como podemos perceber na atualidade. Para o pesquisador e escritor Schwartzman (1999, p. 253) ;
"... atualmente, no ensino regular, a criança deve adequar-se à estrutura da escola para ser integrada com sucesso. O correto seria mudar o sistema, mas não a criança. No ensino escolar é que se deve ajustar as necessidades de todos favorecendo a integração e o desenvolvimento todos."

Para desenvolver todo seu potencial, a pessoa com Síndrome de Down (S.D.) necessita de um trabalho de estimulação desde seu nascimento . Ela faz parte do universo da diversidade humana e tem muito a contribuir com sua forma de ser e sentir para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.
É fundamental, pois, a compreensão de que a inclusão e integração de qualquer cidadão, com necessidades especiais ou não, são condicionadas pelo seu contexto de vida, ou seja, dependem das condições sociais, econômicas e culturais da família, da escola e da sociedade. Dependem, pois, da ação de cada um e de todos nós.
As diferenças não podem ser obstáculos nas nossas relações sociais e temos que saber respeitá-las. Mas também, não podemos deixar de reconhecer a sua existência. Só não podemos dar-lhes uma carga de importância que não têm. Tendo a sabedoria para ouvirmos o que o outro tem a dizer sobre o que pensa e acredita, perceberemos enfim que existem coisas maiores e melhores do que as diferenças, pois estas são só meros detalhes.
Entendemos que a escola inclusiva é benéfica não somente para aquelas crianças que têm necessidades educacionais especiais, mas, sim para todas as crianças. A diversidade existe na sociedade que é composta por seres de inúmeras raças, crenças, ideologias. Na medida que a escola proporciona a todos seus alunos a oportunidade de conviver com a diversidade e com as diferenças, está preparando os alunos para a vida em sociedade.
Sabemos que, não adianta simplesmente "aceitar" o aluno na escola e deixa-lo no cantinho da sala. É preciso que sejam criadas condições físicas e pedagógicas para que o aluno sinta-se parte integrante da comunidade escolar.

4. CONCLUSÃO
Concluí-se, então, que o sistema de ensino inclusivo deve ser reavaliado.
Reconhece-se que trabalhar com classes heterogêneas, que "abraçam" todas as diferenças, trás inúmeros benefícios ao desenvolvimento das crianças portadoras da síndrome de down e também às não deficientes, portanto, estas têm a oportunidade de vivenciar a importância do valor da troca e da cooperação nas interações humanas. Assim, para que as diferenças sejam respeitadas e se aprenda a viver na diversidade, é necessário uma nova concepção de escola, de aluno, de ensinar e de aprender.
A formação continuada dos educadores, a preparação específica deles para enfrentar a inclusão, as estruturas das escolas, do currículo, dos métodos e os recursos que cada escola possui, são fatores determinantes para a segurança do portador de deficiência em escolas comuns.
Porém, entre todos os fatores, o principal é a figura do educador, uma vez que ele é o comandante desta embarcação, é dele que parte as expectativas de sucesso e\ou frustrações de seus alunos com a deficiência e também de seus familiares em meio a este mundo que deveria ser para todos.
Concluí-se ainda que através da inclusão a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor independente das diferenças.
A importância dos estágios contribuiu para o desenvolvimento deste trabalho, nos fazendo refletir sobre ele como elemento essencial para a nossa formação, em conclusão que é na convivência com outros e com o meio ambiente que as necessidades de qualquer ser humano se apresentam. Em razão disso, é importante questionar os critérios que têm sido utilizados para distinguir as necessidades especiais das necessidades comuns e vice-versa, em particular no contexto escolar. Sabemos, de há muito, que o homem se distingue de tudo o mais no mundo pela palavra e pela ação.

5. REFERÊNCIAS

SCHWARTZAN, J. S. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.
VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Antídoto, 1984.
www.abcdasaude.com
www.coladaweb.com/medicina/down