A IMPORTÂNCIA DE LIBRAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Marinalva Lisboa Nascimento¹

RESUMO

Este artigo é de cunho bibliográfico e vem fortalecer o desejo de aprender Libras para entender um mundo antes não conhecido, o mundo dos surdos. Estudar a Língua Brasileira de Sinais tem sido um desafio para professores e interessados em colaborar com o ensino e aprendizagem dessas pessoas surdas. A preocupação com a formação inicial de professores em Libras tem sido uma constante no âmbito educacional, visto que o projeto governamental é justamente inserir esses alunos especiais em salas mistas. Diante dessa necessidade de buscar e aprimorar o conhecimento para ajudar na educação especial e formação desses indivíduos, verificou-se a necessidade de que estes profissionais estejam capacitando-se, para atender esses alunos dentro de suas salas de aula. Acredita-se então, que a problemática dessa questão está relacionada à falta de ofertas e oportunidades de cursos de aperfeiçoamento para estes, lacuna essa, que precisa ser revista e priorizada, pois o sistema cobra do professor o aperfeiçoamento, enquanto tem deixado de oferecê-lo.

Palavras Chave: Educação. Formação de Professor. Libras. Língua.

¹Graduado(a) em Letras Vernáculas pela Faculdade de Itaituba (FAI). Pós graduando(a) em Libras pela Faculdade Rio Sono.

1 INTRODUÇÃO

Por se tratar de uma nova língua, a LIBRAS (Língua Brasileira dos Sinais), vem facilitar o desenvolvimento das pessoas surdas e sua interação no meio comunicativo. Com isso, surge a necessidade de que pessoas comprometidas com o desenvolvimento humano se dediquem a aprender e ensiná-la.

Reconhecendo que as dificuldades enfrentadas no Sistema de Ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las. A educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão.

A organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola, visando assim uma educação de qualidade para todos os alunos.  Ressaltando com isso, a importância do professor como meio principal nesse papel de inclusão e desenvolvimento.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Equipe da Secretaria de Educação Especial/MEC, a educação especial tem se organizado tradicionalmente com Atendimento Educacional Especializado, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de Instituições Especializadas, escolas especiais e classes especiais.

Essa organização, fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento específico para esses alunos com deficiência. Contudo, têm-se visto constantemente que este quadro vem sendo ampliado, pois cada vez mais a quantidade de alunos especiais tem aumentado em salas tradicionais.

Essa atitude tem provado ser possível e proveitoso o envolvimento e desenvolvimento desses alunos, pois as próprias crianças ajudam-se e aprendem consequentemente com cada nova oportunidade, permitindo dessa forma, visualizar-se a necessidade de constantes formações para professores, na área da Educação Especial, principalmente em Libras.                 

2 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO E INCLUSIVO

O tema abordado encontra-se fundamentado na importância da Comunicação para o ser humano. Alguns teóricos discutem a questão da linguagem que auxilia na compreensão dessa relação para a pessoa surda.

Destacam-se aqui especialmente, as contribuições de Saussure, Vygotsky e Bakhtin. Saussure diz que a linguagem é formada pela língua e pela fala, servindo basicamente ao processo de comunicação. A língua, para ele é o aspecto social da linguagem, já que é algo compartilhado por todos de uma determinada comunidade, enquanto a fala é o aspecto individual da linguagem, portanto com características pessoais.

Para Vygotsky, ao contrário, a linguagem não é apenas uma forma de comunicação, mas é através dela que se constitui o pensamento, logo, o indivíduo. A linguagem para o autor é tudo que envolve significação e está presente no sujeito mesmo quando ele não se comunica. (In: GOLDFELD, 2002).

Como Vygotsky, o sociolinguista Bakhtin, também identifica o papel da linguagem nos processos mentais e salienta o seu aspecto contextual e social. Para ele a língua e a fala não podem ser pensadas separadamente como pensava Saussure, pois estão indissoluvelmente ligadas.

Com isso, quando se considera que o atraso da linguagem que o surdo experimenta causa danos sociais, emocionais e cognitivos é possível acreditar que a linguagem não possui apenas a função comunicativa como diz Saussure, mas também a função de organização do pensamento, assumindo um papel essencial no desenvolvimento cognitivo dos surdos, conforme Vygotsky e Bakhtin.

De maneira que é possível entender que não é apenas a fala o único meio que o surdo possui para criar significados, mas, toda e qualquer forma que envolve significação. Pois, é dessa possibilidade de dar significação ao mundo que o rodeia que o surdo precisa, sendo que isso não está condicionado ao desenvolvimento da linguagem oral, mas, a qualquer meio, seja ele visual, auditivo ou outro.

Dessa forma, é necessário considerar tais questões, para que se possa desenvolver uma metodologia de trabalho adequada às necessidades dos surdos.

O surdo não é responsável por todas as dificuldades que geralmente apresenta, pois “possui as capacidades orgânicas necessárias para constituir-se enquanto um indivíduo no sentido social dessa palavra”, no entanto, a sociedade não tem possibilitado ao surdo a utilização da sua forma mais peculiar de significar o mundo; não estimula e não entende a língua de sinais e sua importância para a comunidade surda. (GOLDFELD, 2002, p. 53).

Vygotsky ainda ressalta que: “tudo depende de quais exigências fazemos da educação das crianças surdas e quais objetivos que esta educação persegue”. Também questiona quanto à situação desses alunos, se tem bastado ver os surdos frequentarem os bancos escolares, sem participar das atividades desenvolvidas em sala; olharem a boca do professor sem entender o que ele diz, esperando os movimentos dos colegas para descobrirem o que deverá ser feito, reproduzir o que vai ao quadro, sem compreender o significado. (VYGOTSKY, 1988, p.191).

Com base nessas afirmações é que nos deparamos com a necessidade urgente de se ter profissionais capacitados para atuarem nessa área de ensino. Pois a Língua de Sinais, hoje é reconhecida com condições e características próprias, com tal transparência que mesmo a criança não conhecendo é capaz de compreendê-la mesmo superficialmente, sendo sua inserção no currículo institucional de suma importância para o desenvolvimento das práticas que visam à inclusão social das pessoas surdas.

Dessa maneira, chama-se a atenção desses profissionais para que compreenda e transforme sua concepção a respeito dessas pessoas que necessitam de apoio e educação.

Através desse estudo realizado, percebe-se que apesar das dificuldades encontradas por esses professores, existem aqueles que buscam por alternativas, se atualizando frente a essas dificuldades. Esses professores comprometidos com o projeto da pedagogia da diferença têm por objetivo abrir base material e discursiva, de maneira específica a produzir significados e representar a diferença surda nos seus projetos pedagógicos.

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