UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

COLÉGIO DE APLICAÇÃO

 

 

 

Autoria: PÉTIRA MARIA FERREIRA DOS SANTOS

Coautor: TIAGO CARDOSO DA SILVA

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BOA VISTA – RR

2012

 

RESUMO

Este artigo é sobre as experiências em artes visuais no ensino fundamental. O objetivo das práticas metodológicas de ensino da arte é estimular a criatividade natural do aluno, onde a produção artística leve-o a questionar, para que desenvolva seu espírito crítico permitindo buscar e experimentar diferentes técnicas e fontes de informações, recursos didáticos e o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

No cotidiano escolar as artes visuais debatem e analisam temas de grande relevância social e cultural, com temas em evidência.

 

Palavras – chave: Ensino de artes - Ensino Fundamental - práticas pedagógicas.

 

 

 

ABSTRACT

This article is about the experiences in visual arts in elementary education. The objective of the methodological practices of art education is to stimulate the student's natural creativity where artistic production lead him to question, to develop their critical enabling search and try different techniques and sources of information, educational resources and process development teaching and learning.

In everyday school visual arts discuss and analyze issues of great social and cultural relevance, with themes in evidence.

 

Keywords: Teaching Arts - Elementary School - teaching practices.

 

 

  1. INTRODUÇÃO

O ensino da arte ocupa um papel importante desde os primórdios da civilização. As práticas metodológicas trabalhadas nos conteúdos do ensino da arte são de acordo com os PCNS, possibilitando a integração do aluno.

O ensino da arte estimula a criatividade natural dos alunos, interage com material, instrumentos e procedimentos variados, constrói uma relação de autoconfiança com produção artística pessoal, respeitando a própria criação dos alunos. Compreende e identifica como fato histórico contextualizado as diversas culturas da humanidade.

A arte sempre esteve presente em todas as formações culturais. O ensino e a aprendizagem da arte estão de acordo com normas e valores estabelecidos em cada ambiente cultural do conhecimento que envolve a produção em todos os tempos. No entanto, a área que trata a educação escolar em artes tem um percurso relativamente recente e com as transformações educacionais que caracterizam o século XXI.

Os resultados das práticas, reconhecendo na própria experiência do processo do ensino e aprendizagem buscando e organizando informações.

Não se pode esquecer que a arte revela os ensinos do homem, frente ao mundo que o rodeia, através da realização da sua obra, visando formar os cidadãos capazes de agir transformar nossa sociedade. Nesse contexto, contribui, sensivelmente para melhoria do ensino e no desenvolvimento do senso criativo e critico do aluno.

 

  1. O SIGNIFICADO DAS ARTES VISUAIS

Abrange qualquer forma de representação visual, ou seja, cor e forma. Outras formas visuais dramáticas costumam ser incluídas em outras categorias, como teatro, música ou ópera, apesar de não existir fronteira rígida.

Como disciplina do conhecimento humano, a arte contribui para compreensão do novo, inédito, irracional, e propõe mudanças nas bases teóricas do conhecimento e nas técnicas pedagógicas aplicadas. Através dessas práticas as aulas de arte acontecem no laboratório de artes na própria escola, onde as experiências mostram que não cria apenas produtos artísticos, mas também os aprecia, examina e avalia. O processo de ensino-aprendizagem da arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, considerando que a arte é algo “universal”. O processo é importante para a formação enquanto o sujeito social.

Segundo o PCN Arte (1997) a educação em Arte deve propiciar essencialmente o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética do aluno, pois desenvolve a sensibilidade, a percepção e a imaginação, no que diz respeito às diversas formas artísticas quanto com relação à maneira de apreciar e conhecer as produções e diferentes culturas da humanidade.

 

3. TRABALHOS PRÁTICOS

O olhar do aluno pelos trabalhos práticos realizados em sala de aula é atentamente observado. É importante saber do aluno que transformações artísticas acontecem quando trabalham a releitura de obras, que contexto cultural influencia suas escolhas, e em que momento da história a obra foi criada.

Segundo a LDB 9394/96, no seu artigo 26, parágrafo 2º, pressupõe-se que o ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

Aprender arte envolve basicamente a apreciação e a reflexão sobre elas, as formas da natureza e as produções artísticas individuais e coletivas de varias culturas e épocas, além de ser uma atividade prazerosa, levam os alunos a descobrirem, criarem, saberem compartilhar experiências e trabalhar a imaginação em realizar diferentes atividades no ensino fundamental.

Vygotsky (1999), fala da importância da Arte não só como expressão de sentimentos; diz que “a arte surge inicialmente como o mais forte instrumento na luta pela existência, e não se pode admitir nem a idéia de que o seu papel se reduza a comunicar sentimentos e que ela não implique nenhum poder sobre esse sentimento” (p.310).

Cabe ao professor entender, estimular e criar um ambiente que possibilite observar cada atividade. E sobre as suas intervenções, é importante a clareza dos objetivos, tanto nas atividades livres que os alunos escolhem os materiais e temas, quanto às fechadas que o professor propõe os temas e estratégias.


4. METODOLOGIAS APLICADAS NA DISCIPLINA DE ARTE

Despertar no aluno atividades que o leve a pensar em todas as possibilidades de uso dos materiais, experimentando, explorando, criando e sugerindo novas descobertas entre teoria e prática. A disciplina de arte é vista pelos alunos como prazerosa. Ministramos aulas para 8 turmas de 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da UFRR. As práticas pedagógicas são desenvolvidas desde 1997, onde os alunos buscam experiências inovadoras. Os professores juntamente com os alunos trabalham com os PCNs, onde as atividades permitem ao aluno ver outras experiências como: conhecer o conceito e a história da arte, documentários, seminários, visitas culturais, projetos artísticos em diferentes áreas de conhecimento, ação de documentários utilizando a DVDteca do programa Arte na Escola, publicação de livros, criação de poesias, letras de músicas, pasta de leitura de imagens, eventos culturais, como também oficinas de artes visuais, música, dança e teatro.

Martins (1998), também, diz que “o processo de ensino-aprendizagem em arte envolve ações implícitas nas várias categorias do aprender/ensinar, como objetivos a serem alcançados quanto à aprendizagem de fatos, conceitos, procedimentos, valores, atitudes e normas” (p. 139-140).

As atividades estão intimamente ligadas aos objetivos que se pretende alcançar e servem de ferramenta para sua concretização. A prática metodológica prevê o uso de diversos materiais, respeitando a idade do aluno para que suas experiências sejam diversificadas. Quanto ao domínio das técnicas e dos conteúdos abordados os alunos não tiveram dificuldade em aprender, porque a escola possui uma sala ampla de artes.

Em cada bimestre é trabalhado um conteúdo novo, no qual se desenvolve a metodologia no processo de criação utilizando varias técnicas. Primeiramente iniciamos as aulas com dinâmicas, depois pedimos que os alunos deem seu conceito de arte. A aprendizagem desse processo de decodificação e de interligação traz benefícios quando o aluno encaminha a leitura visual de mundo como uma crítica social, é sempre uma experimentação, uma tentativa, uma grande satisfação entender algo, isto é, sentir que sabe sentir alfabetizado visualmente.

O professor de arte, ao orientar a leitura de uma obra ou imagem, deve está atento às inúmeras possibilidades de exercitar o pode de argumentação, de crítica e de reflexão. Conforme Gonçalves (2002), a partir de seu entendimento do processo de criação, surgiram soluções para a orientação do processo dos alunos, ou seja, baseada no seu processo de aprendizagem, sem que reproduzam o seu modo de ensinar e aprender, mas que, “descobrissem jeitos ousados de aprender e ensinar, como quando se cria.” (2002, p.52). Deve ter como propósito incentivar várias abordagens, fornecendo argumentos para novas interpretações e possíveis criações, onde cada aluno vai escrever o que entendeu. Depois de pronto cada aluno irá ler para a turma e o professor vai colocando no quadro a opinião de cada um. Depois que todos leram o professor fala que acabaram de criar um texto, dar o conceito de arte, e que o objetivo desejado eles atingiram. O próximo passo é instigar a criatividade através da proposta de criação de desenhos livres. Na aula seguinte cada aluno descreve para a turma o que ele desenhou e os trabalhos são colocados em exposição. Chama-se a atenção do aluno para que o mesmo desenvolva um senso critico e estético necessário para leitura de imagens.

Nesse enfoque salienta-se, também, Ferraz & Fusari (1999, p.20) quando dizem que é indispensável que o plano de estudos em Artes Visuais tenha noções a respeito da Arte produzida e em produção pela humanidade, incluindo artistas, obras, espectadores, comunicação dos mesmos e a própria autoria artística e estética de cada aluno com relação a formas visuais, sonoras, verbais, corporais, cênicas, audiovisuais.

É importante o professor trabalhar a arte e seu período histórico, onde o aluno irá adequar suas atividades e o repertório cultural que ele trás à escola. É indispensável interagir com o material, instrumentos e procedimentos variados, onde o aluno tem a capacidade para relacionar artistas, obras, estilos, movimentos estéticos, características formais e temáticas, situando os cronologicamente por eles demostradas nas aulas: observando, analisando, representando graficamente objetos, compreendendo as relações espaciais e de proporcionalidade com uso e compreensão dos elementos da linguagem visual, despertando a criatividade e organização do espaço proposto. Depois do texto debatido e lido com a turma foi trabalhado o processo de criação através de oficinas, documentários criados por eles, elaboração de projetos, seminários distribuídos em grupos, visitas as espaços culturais da nossa região para que eles possam observar e sentir o que é arte, além disso, ao chegar do passeio, na aula seguinte eles começam a fazer experiências no laboratório, com técnicas como: pintura, dobradura, desenho, criação de produção de texto, confecção de jogos didáticos referentes ao conteúdo, criação de fantoches para fazerem suas dramatizações, produção e criação de histórias em quadrinhos, modelagem, criação de slide, confecção de maquetes, criação de jornal escolar contendo noticia sobre a arte.

Após todas as técnicas trabalhadas os alunos passaram por um rodizio de técnicas aplicadas, eles estudaram primeiro o conceito de música, importância e todo o contexto histórico. Toda a produção inclui atividades de canto e execução instrumental para inovar os trabalhos de produção em sala de aula.

Os professores solicitaram aos alunos que, primeiramente, pesquisem sobre o estilo musical, suas características, suas variações, os locais em que são mais executados, seus instrumentos de acompanhamento. Em seguida o professor divide a turma em equipes, solicitando que cada uma delas crie uma estrofe de música, analisem suas rimas e no final criem letras, paródias, para experimentar os princípios de composição desse estilo musical. Por último é interessante que os alunos apresentem à turma e aos convidados suas produções. Após o término das apresentações o professor cria uma série de questões e atividades de produção musical com várias músicas de diversos cantores. Depois das apresentações os alunos passaram a trabalhar com dança, conceito, ritmo, criação de coreografias, onde cada grupo escolhido cria uma coreografia sobre o conteúdo abordado em sala, onde tem 3 aulas para se apresentarem com auxilio do professor.

Depois de todo esse processo foi trabalhado a iniciação teatral, com cada turma, onde eles refletiram com seus colegas a liberdade de criação. Ao lerem textos teatrais, tendo a visão de conceitos, sua importância, experimentando a criação teatral, com vontade de se soltar, de criar, de vivenciar um processo que não tem regras preestabelecidas, nem mesmo tem resultados do ponto de vista racional.

O teatro está inserido no universo das artes, portanto é uma atividade que mistura artesanato e sofisticação entre teoria e prática, espontaneidade e construção estética, racionalidade e irracionalidade, criatividade e técnica. Sabemos que o teatro é uma arte que mescla palavras, imagens, sons, ações, luz, poesia e dramaticidade. É importante que seja uma arte aberta e dinâmica que sempre esteja inserida no currículo escolar, onde as peças de teatro estejam sendo sempre reinventadas, e que os alunos tenham o desejo que os permitam a sonhar, criar e vivenciar os acontecimentos e as ações vivenciadas no tempo e no espaço da nossa história, explanando história de pessoas que tiveram trajetórias de vida que se assemelham a história do nosso país. Após toda essa explanação será trabalhado passo-a-passo a aula de teatro em sua cidade. Os alunos analisarão nos espetáculos de sua cidade quais são as semelhanças e as diferenças entre a sociedade retratada na peça e a sociedade e que eles vivem e como poderiam adaptar a história para os dias atuais com personagens baseadas em pessoas reais.

Após esse processo, os alunos analisaram as manifestações artísticas existentes na cidade de Boa Vista e na sua região, e a relação que essa localidade mantem com essa arte. As histórias e mitos foram passando de geração a geração e, portanto quando encenadas tem sentido para a plateia. A importância dos objetivos é essencial para o aluno, por exemplo: um trabalho de ator que lhe impressionou ao assistir a peça de teatro. É importante que o professor crie práticas com seus alunos na qual é utilizada a improvisação, caracterizando com o tempo das apresentações artísticas e culturais. Ser diferente para cada um de nós depende do dia em que cada um vive suas emoções. Eles veem conceitos, importância, objetivos, passo a passo de como montar uma peça de teatro. Após a explanação do professor em cada aula, eles iniciam a criação de textos para encenação.

Cada processo de criação na disciplina de artes tem uma auto-avaliação no final de cada atividade executada, pois é essencial que todo educador faça isso com os alunos. Depois das peças ensaiadas marcam os dia das apresentações em sala, para que os outros alunos deem sua opinião e melhorem cada vez mais.

Gauthier (1998, p.133) nos diz que “os professores são atores que recebem o mandato de exercer, na escola, as funções de educar e instruir. Eles ocupam um espaço específico na escola, à sala de aula, onde transmite certo número de valores e de conteúdos culturais aos jovens e crianças”, o que corrobora a especificidade do professor docente, que legitima e justifica as práticas pedagógicas que possibilitem a exploração e construção de conhecimentos de forma reflexiva ou reiterativa.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final de todas essas experiências pedagógicas ocorreu uma exposição no colégio, aonde pais e comunidades vieram prestigiar todo trabalho executado por eles. Para finalizar os alunos resolveram criar um jornal de arte envolvendo notícias de todo o processo elaborado e criado.

Foi de grande relevância o caminho percorrido pela arte cujas origens se entrelaçaram e buscam resgatar a importância da expressão artística do aluno. Esse caminho os levou a ter um olhar de livre expressão. Estes foram pontos fundamentais ao ensino-aprendizagem: produzir, apreciar e contextualizar.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394. República Federativa do Brasil, 20 de dezembro de 1996.

 

_______. Ministério de Educação e Cultura. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte. Brasília: MEC, 1997.

 

FERRAZ, Maria Heloisa C. e FUSARI, Maria F. de R. Metodologia do Ensino da Arte. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1999.

 

FUSARI, Maria F. de R. e FERRAZ, Maria Heloisa C. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 1993.

 

GAUTHIER, Clermont (et al.). Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Trad. Francisco Pereira. Ijuí: Ed. Unijuí, 1998.

 

GONÇALVES, Eduarda. Artista-professor: uma operação poética. In: Revista da FUNDARTE. Montenegro, v.2, n.4, jul. / dez. 2002.

 

MARTINS, Miriam Celeste Ferreira Dias. Didática do Ensino da Arte: a língua do mundo: poetizar, fluir e conhecer a arte. São Paulo: FTD, 1998.

 

VIGOTSKY, L. S. Psicologia da Arte. Trad. Paulo Bezerra. SP: Martins Fontes, 1999.