A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO

DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Marcela Rezende Franco

 

RESUMO

No complexo processo que envolve a aprendizagem na educação infantil, este trabalho visa o papel da família no processo de desenvolvimento de aprendizagem da criança, bem como conhecer a história da família e sua participação na vida escolar de seus filhos. Através de pesquisa bibliográfica em livros teóricos clássicos e contemporâneos que trabalham com a questão da influência da família no processo de aprendizagem da criança, foram identificados os principais resultados trazidos pela participação dos pais na escola, os quais são sempre positivos quando se tem a parceria efetiva da instituição família com a instituição escola. A necessidade de apoio da família para se alcançar um bom resultado na aprendizagem da educação infantil é de extrema importância, segundo o estudo desenvolvido. A criança desenvolve na escola a sua aprendizagem bem como finaliza a formação de seu caráter, uma vez iniciado no seu ambiente familiar.

Para que ocorra o desenvolvimento global do educando, é importante que escola e pais trabalhem em harmonia. A escola deve promover esta parceria e a família deve sempre estar aberta a interagir, acreditar e participar da vida escolar da criança. A família não deve atribuir à escola funções que não a pertence. Ela deve atuar na formação do caráter da criança e acompanhar o desenvolvimento da mesma no ambiente escolar, contribuindo com informações e intervenções quando pedidas pela escola, a qual solicitará o que estiver dentro da realidade da família. Esta parceria, quando atingida, gera impactos positivos da aprendizagem do aluno e de todo seu entorno.

 

Palavras-chave: educação infantil, criança, família, escola, aprendizagem.

 

1       INTRODUÇÃO

O tema trabalhado neste artigo é o papel da família no processo de aprendizagem na educação infantil no contexto atual da sociedade.

Segundo Andrade (1998):

A família é o primeiro núcleo social que abriga o homem. É ela quem vai dar condições à criança de construir seus modelos, de aprender e aprender. A família coloca-se como filtro que capta o colorido social, modificando-o, integrando-o ao seu próprio espectro e nesse movimento vai contribuindo para a individuação da criança que abriga no seu ventre.

É neste processo de individuação que a escola trabalha em parceria com a família, na formação de um indivíduo diferente de outros elementos do mundo, único. Mas para que esta transformação aconteça, é necessária a contribuição do núcleo familiar em que a criança está inserida.

A LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) traz o conceito de educação como sendo além da educação formal, pois, acredita que é na família que a criança forma seus principais valores, os quais a acompanharão ao longo da vida, incluindo o processo de socialização. Por isso a importância de se aproximar a família da criança à escola, possibilitando um maior estreitamento da relação permitindo assim conhecer o ambiente sócio cultural em que o aluno está inserido.

A partir deste conhecimento se torna mais fácil acompanhar o desenvolvimento da criança, visualizando a mesma como única, com todas suas características pessoais e familiares que refletem no processo de aprendizagem.  

A família, presente em todas as sociedades, é um dos primeiros ambientes de socialização do indivíduo, atuando como mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais (Amazonas, Damasceno, Terto & Silva, 2003; Kreppner, 1992, 2000).

Haja vista que a família constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social, ela será uma parceira a mais na busca pelo cumprimento da função social e ajudará nas atividades escolares, de modo que o aluno possa se desenvolver em todos os aspectos da vida pessoal, profissional e ter sucesso.

A família possui um papel primordial tanto no sucesso quanto na derrota escolar, por isso é necessária a colaboração escola / família. Quando os pais participam da vida escolar de seus filhos, principalmente na educação infantil, estes aprendem mais e melhor e iniciando o processo de individuação.

A partir do nascimento da criança, a família inicia sua socialização, impondo padrões de comportamento, hábitos, costumes, padrão de linguagem, maneiras de pensar, agir e expressar. Este processo de socialização é aprimorado e lapidado na escola, a qual é considerada uma agência social que complementa essa formação familiar.

Por isso a escola deve se esforçar para unir o saber científico à experiência familiar, ampliando assim os horizontes dos alunos, possibilitando um melhor desempenho acadêmico e maior afetividade e envolvimento familiar.

Porém segundo Fernandez (1991):

Na sociedade moderna, e mais precisamente, em uma estrutura como a da família conjugal, limitada a um só casal e seus filhos, o isolamento é um dos estigmas, assim como o campo para formas específicas de insegurança. Isto explica a influência de certas características sociais na gestação de determinados problemas de aprendizagem. Nessa transição da sociedade perdeu-se o que no funcionamento da classe dos pais talvez funcionasse, o controle sobre os filhos.

Por isso deve-se ficar atento às mudanças da sociedade em que a escola / aluno está inserido, sendo importante observar segundo Chizzotti (1991) “que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”.

O aspecto afetivo é um elemento a ser considerado no momento de compreensão do processo de aprendizagem da criança, pois a afetividade é um influente neste processo de aquisição de conhecimento.

Desta forma, este trabalho visa avaliar como devem ser propiciadas à criança, por sua família, condições para um desempenho escolar adequado na educação infantil.

Na metodologia optou-se por um estudo bibliográfico.

A pesquisa bibliográfica foi feita em livros teóricos clássicos e contemporâneos que trabalham com a questão da influência da família no processo de aprendizagem na educação infantil, buscando obter o máximo de informações e esclarecimentos que contribuíssem para a resolução dos problemas aqui apresentados. Os principais autores da área utilizados neste estudo foram Sisto (2007), Fernández (1991), Andrade (1998) e Amazonas (2003).

A pesquisa está organizada em Fundamentação Teórica e Considerações finais, apontando assim os aspectos relevantes para a compreensão do tema proposto.

2       Conceito e evolução da família

A palavra família deriva do latino “famulus” que significa doméstico, servidores ou escravos. Segundo a sociologia, família é conceituada como um conjunto de pessoas unidas por um laço de parentesco, por afinidade ou consanguíneos.

Já na Declaração dos Direitos Humanos, “a família é o elemento natural da sociedade e tem direito à proteção da própria sociedade e do Estado”.

A família representa o espaço de socialização, de busca coletiva de estratégias de sobrevivência, local para o exercício da cidadania, possibilidade para o desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independentemente dos arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando. Sua dinâmica é própria, afetada tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas políticas econômicas e sociais (Carter & McGoldrick, 1995; Ferrari &Kaloustian, 2004).

Ela é um dos principais contextos de socialização dos indivíduos e, portanto, possui um papel fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano, que por sua vez é um processo em constante transformação, sendo multideterminado por fatores do próprio indivíduo e por aspectos mais amplos do contexto social no qual estão inseridos (Dessen & Braz, 2005).

Porém, com o decorrer dos anos, a concepção de família foi se alterando. O sistema familiar mudou à medida que a sociedade mudou, e todos os seus membros foram afetados por pressões internas e externas. Antigamente não se imaginava separação e divórcio entre o casal, bem como a formação de uma nova família por estas pessoas. A família era vista como inabalável e única, com pais e filhos.

Mas esta visão de família já não existe mais, pois seu conceito de família sofreu algumas alterações, principalmente nos últimos cinquenta anos, onde não existem mais um só tipo de família e sim vários tipos, com diferentes formas.

A história do núcleo familiar brasileiro mostra que o mesmo sofreu muitas transformações importantes no contexto sócio-político-econômico do país - casamentos que visavam apenas interesses econômicos e aqueles em que as mulheres eram vistas apenas como reprodutoras deixaram de existir.

Várias mudanças que aconteceram, interferiram na dinâmica da estrutura familiar, causando assim mudanças em seu padrão tradicional de organização.

A família brasileira sofreu grande alteração na sua composição e estrutura nas décadas de 60, 70 e 80, quando a Ditadura Militar dilacerou a família e a principal norma era quebrar as regras impostas pelos militares.

Muitas coisas foram conquistadas neste período, porém houve uma mudança de comportamento e inversão de valores. O que era regra familiar tornou-se retrógrado. Alguns limites que antes existiam dentro da família, hoje, com o avanço da tecnologia e o acúmulo de atividades exercidas pelos pais, fazem com os filhos fiquem sem tutelas e a mercê da troca de atenção por objetos e dinheiro.

Hoje as famílias nem sempre são compostas por pai, mãe e filhos. A mulher, depois de adquirir seu espaço no mercado de trabalho, passou a ser mais independente e com isso as separações vieram à tona e elas passaram a desempenhar o papel de chefe de família e a trabalhar muito mais, ficando abalada a questão do afeto e educação que antes desempenhado por ela. As crianças passaram a ficar mais tempo com pessoas que não são necessariamente integrantes da sua família e isto vem causando uma perda de identidade das mesmas.

A adoção se tornou mais frequente bem como a união homossexual e com isso o conceito de família teve que ser reelaborado e os métodos de interferências escolares também.

No ambiente escolar parece estar cada vez mais longe e com maior problema de aprendizagem, e a escola passa a assumir funções educativas que historicamente pertenciam aos pais. Por isso fica claro a importância desta ligação entre escola e família, já que estas duas instituições são essenciais para o sucesso do educando. Todas estas mudanças podem se ajustar quando há o interesse para o sucesso citado acima. Elas não são problemas e sim novos contextos que quando entendidos e explorados podem se transformar em pontos positivos para esta parceria escola / família.

2.1      Família e aprendizagem na educação infantil

Atualmente educação dos filhos é um desafio de bases culturais. Os pais são restringidos emocionalmente e com isso as crises familiares são inevitáveis e muitas vezes constantes.

Algumas atitudes errôneas dos pais quanto à postura a ser tomada frente à educação dos seus filhos somadas ao medo de serem taxados de antiquados levam muitos a abrirem mãos da sua autoridade e deixarem que seus filhos tracem seus próprios destinos.

Na educação dos filhos, o grande desafio é aprender a focar nos problemas, sem agredir a essência da criança, equilibrando tomada de decisões e firmeza. Comportamentos indevidos devem ser reprimidos, porém as emoções não podem ser anuladas. Equilibrar afeto e limite parece ser um dos desafios mais difíceis de ser alcançado. O comportamento e postura da família quanto ao afeto e limite trazem consequências muito importantes na educação e formação do caráter dos filhos.

Içami Tiba, psiquiatra e psicodramatista, fala sobre a importância de se educar uma criança para a vida, de deixar nesta a marca da educação recebida no berço familiar:

A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos pra singrar os mares. Por maior segurança, sentimento de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos pais, os filhos nasceram para singrar os mares da vida, onde vão encontrar aventuras e riscos, terras, culturas e pessoas diferentes. Para lá levarão seus conhecimentos e de lá trarão novidades e outros costumes, ou, se gostarem dali, poderão permanecer, porque levam dentro de si um pouco dos pais e de seu país. (TIBA, 2002, p.23)

Por isso a educação no contexto familiar é tão importante e fundamental na formação da conduta e no comportamento do indivíduo. Esta educação é a que marca e permanece com a criança durante toda a sua caminhada até a vida adulta.

A escola é um ambiente no qual a família não está presente e nela o aluno apresenta os costumes e hábitos vivenciados e aprendidos dentro da sua casa. Com isso, o acompanhamento e a relação desta família são indispensáveis para que o aluno se insira no ambiente escolar sem problemas de comportamento e aprendizagem.

Segundo Tiba (2002, p.180) “[...] percebo que as crianças têm dificuldade de estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente quando os próprios pais delegam à escola a educação dos filhos [...]”.

Com toda esta dificuldade na educação destas crianças, atualmente a família está terceirizando a educação destes pequenos, deixando para a escola / professora a responsabilidade de educá-los por completo.

A família e a escola têm um papel muito importante no desenvolvimento mental, psicomotor, social e afetivo do ser humano. Criança recebe uma boa educação obviamente será bem sucedida e vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando adulto. Por isso a família é a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter do cidadão.

Para Tiba (1996, p. 178) “É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social [...]”.

A educação familiar é um fator de extrema importância na construção da personalidade da criança, pois desenvolve a sua criticidade, ética e cidadania refletindo de maneira indireta na comunidade escolar.

Com este estudo vemos que a organização familiar não é:

[...] somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social... A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. (GOKHALE, 1980, p.33)

Outro autor afirma que:

[...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento, como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja um relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47)

Há um fato importante a ser lembrado em relação a este conflito existente entre família e escola. A escola é uma instituição de ensino que visa o enriquecimento intelectual do indivíduo, mas não perpetua por toda a vida do mesmo como a sua família, que com seus hábitos, costumes e crenças perduram e acompanham o indivíduo por toda uma vida.  

Por isso é inaceitável que os pais atribuam à escola a primeira educação de seus filhos, conforme diz Tiba (2002):

 [...] Para a escola, os alunos são apenas transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com certeza, um dia vão embora. Mas, família não se escolhe e não há como mudar de sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos [...]. 

3       FAMÍLIA E ESCOLA: INSTITUIÇÕES RESPONSÁVEIS pela FORMAÇÃO DA CRIANÇA

No Brasil há uma lei a qual permite a participação da família no processo de ensino de seus filhos. Mas o que ocorre é que esta nem sempre dispõe de interesse em participar. A importância da presença da família no processo de escolaridade é reconhecida na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação.

Por isso que a construção de parceria entre a escola e família visa o melhor para a criança, pois esta aproximação faz com que a escola detecte problemas, anseios e características específicas, podendo assim trabalhar com o objetivo certo, agindo positivamente na aprendizagem da criança.

Porém este interesse na parceria deve ser mútuo, para que a solução possa ser alcançada. A participação da família é fundamental na intervenção, caso isto não ocorra, tudo que foi detectado torna-se nulo, não sendo possível alcançar o sucesso do educando.

Nesta combinação, escola / família, um sujeito sempre coloca suas expectativas sobre outro. Para se ter o sucesso deve haver uma relação de diálogo entre ambos, com muita compreensão, flexibilidade, evitando sempre atitudes de preconceito e desinteresse, pois isto reflete de maneira negativa em todo o trabalho desenvolvido para o educando.

A construção de uma parceria entre a escola e a família se dá a partir da identificação daquela como instituição educadora, a qual detém de importantes saberes a serem transmitidos para a criança. Porém, cada lado tem suas competências e atualmente as famílias estão delegando às escolas a educação dos filhos desde pequenos, do ensino de disciplinas até os valores, caráter e afetivo, que não recebem em casa.

Por isso é importante destacar que a escola tem a função específica de estimular a construção do conhecimento do saber considerada essencial para o processo de formação dos alunos, desresponsabilizando a família desta função. Em contrapartida não cabe ao professor suprir responsabilidades inerentes à família da criança. Deve somente despertar os bons valores e um caráter digno nos alunos, visto que este profissional é membro de uma sociedade e não da família do aluno. Quando a escola assume funções específicas da família, em determinado momento, ela não suporta tais atribuições. Por isso a necessidade da parceria, de ambas caminharem juntas rumo ao mesmo objetivo, cada uma respeitando sua função.

A escola sempre deve despertar na família a importância desta parceria, pois em muitos casos os membros acreditam que não podem contribuir em nada no ambiente escolar. Deve-se despertar o lado ativo destas famílias, atribuindo funções nestas parcerias visando sempre à contribuição na aprendizagem das crianças a fim de se acentuar os hábitos desenvolvidos na escola, em casa.

Existem escolas que não facilitam este entrosamento, muito menos incentivam esta parceria, pois acreditam serem detentoras de todo o saber pedagógico. Também temos escolas que acreditam totalmente na família, respeitando e considerando sentimentos, sem interferir, nem mesmo quando necessário.

Mas o que funciona são escolas em que há a união com a família, onde ambas acreditam no papel desempenhado pela outra parte e estão abertas às críticas construtivas que visam sempre o desenvolvimento da criança, tomando decisões em conjunto.

É importante destacar que não é necessário a escola nem a família modificar sua organização, basta simplesmente que estejam abertos à troca de experiências mediante uma parceria verdadeira que visa sempre à educação da criança. A escola não funciona sozinha e isolada, faz-se necessário que cada um, dentro da sua função, trabalhe buscando atingir uma construção coletiva, contribuindo-se assim, para a melhoria do desempenho escolar das crianças. (SOUZA, 2009).

 O que se nota atualmente é,

[...] a mudança do conceito da família o qual o ambiente escolar deve se interar para saber lidar com as novas alterações e arranjos que a mesma se encontra. Hoje a redução da taxa de fecundidade resulta em famílias menores, houve um aumento do crescimento de separações e divórcios, o aumento das mulheres no mercado de trabalho e de famílias chefiadas por mulheres, famílias ampliadas e recompostas onde o homem e/ou a mulher tem um filho de outra união,  casais de gays e lésbicas que vivem juntos e contribuem para o surgimento de novas configurações domésticas e homens que conseguem a guarda de seus filhos e vive com eles. (OLIVEIRA, VIEIRA E BARROS, 2010, p.34)

Por isso se torna claro que hoje não temos somente um tipo de família e sim vários tipos de famílias organizadas de modos distintos e que estas organizações devem ser estudadas e analisadas sem nenhum preconceito, pois o conhecimento de sua composição é primordial para uma boa relação entre elas e a escola. Algumas vezes este rótulo colocado nas famílias são formas de não buscar esta aproximação entre família e escola, o que provoca sim uma exclusão deste aluno bem como da família do ambiente escolar, refletindo no processo de aprendizagem da criança.

Nas famílias, independente de suas formações, o que importa são os valores e laços transmitidos à criança, mesmo que esta esteja inserida em um modelo de família diferente do tradicional.  

Nota-se que é cada vez mais a importante da atuação de profissionais como psicólogos, psicopedagogos e outros agentes educacionais cujo propósito é orientar a família e os profissionais da escola em relação às diferenças e problemas encontrados tanto no ambiente familiar, escolar, como na criança, visando assim o sucesso escolar do indivíduo e até quem sabe reforçar a dimensão afetiva das relações entre filhos e pais.

Contudo, a família deve participar da educação de seus filhos, principalmente na educação infantil, com compromisso e responsabilidade, se envolvendo na tomada de decisões, participando no dia a dia da escola.

Cada escola deve encontrar formas de relacionamento com os pais, estreitando este laço de maneira compatível com a realidade escolar e das famílias, tendo sempre como objetivo final o crescimento e desenvolvimento da criança em todos os segmentos da sua vida.

Participar mais das atividades escolares da criança não se resume apenas a ir às reuniões quando convocados. A escola deve despertar nos pais o interesse pelo desenvolvimento educacional dos seus filhos através de encontros que não se destinam a falar de notas ou fazer reclamações, mas para promover a troca de informações e a conscientização de que esta relação escola / família deve ser contínua.

4       CONSIDERAÇÕES FINAIS

A necessidade de apoio da família para se alcançar um bom resultado na aprendizagem da educação infantil é de extrema importância segundo o estudo desenvolvido.

A criança desenvolve na escola a sua aprendizagem bem como finaliza a formação de seu caráter uma vez iniciado no seu ambiente familiar. Por isso a importância da parceria escola / família, pois assim ambos trabalharão seguindo o mesmo objetivo, ou seja, buscarão o sucesso da aprendizagem desde a educação infantil até sua vida adulta.

Estas duas instituições devem interagir e buscar o mesmo objetivo, comungando pelo sucesso e amparo neste caminho a se percorrer na educação infantil, onde a criança está em processo de formação do intelecto. Para isto é preciso que a família e a escola acreditem umas nas outras e que as mesmas estimulem a criança sempre a avançar no seu caminho escolar.

A escola é o ambiente em que a criança mais permanece depois de sua casa, por isso a importância desta parceria. Os pais devem acreditar no seu potencial e assim participar mais ativamente da vida escolar de seus filhos.

A instituição escolar deve promover sempre esta interação, chamando os pais para um maior envolvimento na vida escolar de seus filhos. Na educação infantil isso é de grande importância devido à proximidade da data de ruptura da criança com o ambiente familiar e a sua inserção ao mundo escolar. Para que este processo seja feito com maior cuidado e menor trauma, a participação dos responsáveis no dia a dia escolar se faz necessário.

Ressalta-se, em conclusão, que a escola não é a única responsável pela educação de uma criança. Tal processo deve ser compartilhado com a família e não se transferindo esta responsabilidade somente para a escola, pois assim não haverá triunfo no processo de aprendizagem. 

5       REFERÊNCIAS

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ANDRADE, Marcia Siqueira de. Psicopedagogia Clínica Manual de aplicação Prática para Diagnóstico do Aprendizado. 1ª edição. São Paulo: Póluss Editorial, 1998.

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CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

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FERRARI, Mário; KALOUSTIAN, Silvio M. Introdução. In: KALOUSTIAN, Silvio M. (org.) Família brasileira, a base de tudo. 6ª edição. São Paulo: Cortez; Brasília, DF, UNICEF, p. 11-15, 2004.

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GOKHALE, S.D. A Família Desaparecerá? In Revista Debates Sociais nº

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TIBA, Içami. Disciplina, Limite na medida certa. 41ª ed. São Paulo: Gente, 1996. 240p.

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WEIL, P. G. A Criança, o lar e a escola – guia prático de relações humanas e psicológicas para pais e professores. Petrópolis: Vozes, 1984.