A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

                                         ROSICLEY APARECIDA ROQUE ALVES

 

INTRODUÇÃO

Durante o estagio III Gestão Escolar na EJA, realizado na Escola Municipal Daniel Titton. Notei que os alunos EJA estavam cansados, desmotivados e com baixa auto-estima para vir para escola após um longo dia de trabalho.

Pois os alunos de EJA são geralmente indivíduos vindos de famílias de baixa renda, filhos de pais que também tampouco estudaram. Há também, aqueles que desistiram dos estudos por necessidade de trabalho para auxiliar em casa, ou até por vontade própria, não querendo permanecer nas aulas em época certa. Procuram recuperar sua identidade humana e cultural, em busca de sua auto-estima, transformando-se em sujeitos de suas ações por necessidade de se sentir “bom” em alguma coisa. A auto-estima e a afetividade,assim como o conhecimento,se constroem através da vivencia diária. Também a escola e os educadores têm a tarefa de levar o educando descobrir suas potencialidades emocionais, ou seja, dos sentimentos. 

DESENVOLVIMENTO

1. QUEM SÃO OS ALUNOS DA EJA?

Os alunos da EJA são geralmente indivíduos vindos de famílias de baixa renda, filhos de pais que também tampouco estudaram. Há também, aqueles que desistiram dos estudos por necessidade de trabalho para auxiliar em casa, ou até por vontade própria, não querendo permanecer nas aulas em época certa. Procuram recuperar sua identidade humana e cultural, em busca de sua auto-estima, transformando-se em sujeitos de suas ações por necessidade de se sentir “bom” em alguma coisa.

Esse aluno, que como defini anteriormente, já se encontra inserido no mundo do trabalho, possui uma idade avançada em relação à série que está cursado é, em grande parte das vezes, já constitui família e é dela o principal provedor. O mesmo chega à escola com uma expectativa imediatista, em outras palavras, esse aluno visualiza na escola a possibilidade de melhor sua condição financeira com base na obtenção de um certificado de curso fundamental ou médio. Nesse sentido, o que esse aluno busca na escola é a possibilidade de, pela escolarização, melhorar sua condição empregatícia e, conseguintemente, sua situação socioeconômica.

2. TRABALHANDO AUTO-ESTIMA NA EJA

Durante o estagio III Gestão Escolar realizado na EJA, notamos que a auto-estima influencia na motivação dos alunos da EJA em todas as atividades propostas, pois seus comportamentos estão de acordo com as crenças que possuem sobre si mesmos. Diante disso, escolhei o tema Quebrando a Rotina, através deste quero proporcionar aos educando da EJA momentos em que possam relaxar descontrair, trocar experiências vividas uns com os outros, sentir-se valorizado como cidadão integrante da sociedade na qual esta inserida e também se sinta capaz de realizar as coisas mais simples da vida ate mesmo a mais difícil.

O objetivo da EJA é a valorização do aluno como ser humano, que busca o resgate da auto-estima e a inserção social. E esse resgate somente a escola pode oferecer e oportunizar. É por meio dela que se vislumbram os desenvolvimentos sociais, político, cultural e econômico, mas, acima de tudo, a construção da cidadania.

Diante disso, percebem que se faz necessário os conhecimentos trazidos pelos alunos da EJA, pois esses conhecimentos já adquiridos no decorrer da vida são de grande valia para seu desenvolvimento pedagógico. A auto-estima deve ser trabalhada diariamente em sala, é de fundamental importância para a permanência destes alunos que, timidamente, retornam aos bancos escolares, com a garra e a vontade de se formarem para “ser alguém na vida”. Pois o fracasso escolar está intimamente ligado à desmotivação, por parte dos alunos, no que se refere à continuidade dos estudos

As atividades oferecidas aos alunos da EJA devem dirigir-se aos interesses e possibilidades de cada um, a fim de que os momentos vividos durante as atividades sejam de prazer, havendo assim um bom retorno em relação a sua auto-estima

O ponto de partida de qualquer trabalho pedagógico deve ser a emoção. Como vimos, a emoção do aprendente apropria-se do que será apreendido e, desta forma, o afeto atua no início do processo de aprendizagem para canalizar a atenção e no final para ajudar a memória no resgate das informações. (CUNHA, 2008, p. 44).

Neste sentido durante todo estagio busquei aplicar atividades que proporcionasse aos educando momentos de descontração, relaxamento e que elevasse sua auto-estima, para que os mesmos saíssem da rotina na qual se encontravam naquele momento. Utilizei jogos em forma de gincana, como por exemplo, a corrida da carriola, estourar o balão, qual é a música, entre outros jogos. Realizei esta atividade com o propósito de motivar, descontrair, quebrar a rotina de só ficar em sala de aula e reforçar os laços de amizades entres eles. Como disse Paulo Freire, o ser humano motivado supera seus limites, vai além. E esse “ir além”, esse desejo de ser mais, faz parte da essência do ser humano, uma vez que este é entendido como incompleto e em constante construção.

Segundo Jennifer Rogers, em seu livro Ensino de Adultos (1976.p.13), os estudantes adultos vêm à escola por motivos de realização e recompensa, necessidade de se sentir “bom” em alguma coisa.

Todas as atividades do estagio, o dia da beleza, a gincana, o dia de arte e a palestra com a Professora Iris Vollbrecht necessitaram primeiramente de uma pré pesquisa de opinião entre os alunos, para pudessem ser desenvolvida com os mesmos. Pois em momento algum queríamos colocá-los em situação constrangedora diante de alguma atividade a qual não poderá realizar. 

Segundo Pinto (2003, p.82) “O educador de adultos tem que admitir sempre que os indivíduos com os quais atua são homens mornais e realmente cidadões úteis.

Através destas atividades os alunos tiveram a oportunidade de interagir com os colegas, trocarem experiências, reforçaram os laços afetivos entre os mesmos, além do desafio de aprender e do buscar o conhecimento. Convidamos a Professora Iris Vollbrecht para falar sobre a história do nosso município com era a educação anos atrás. Ela preparou uns slides muito ricos em informações, com muitas fotos da época que retratava bem como era logo no começo da colonização do município de Cláudia-MT, como tudo era muito difícil, sem acessibilidade de nada, por que era tudo mato, muitos relatavam que também tinham passado pela mesma situação quando chegaram para morar na cidade. O interesse foi instantâneo, pois todos queriam relatar também sua história. Conforme indica Hengemuhle:

Com Vygotsky, Ausubel, entre outros teóricos, aprendemos que o conhecimento só é significativo quando está na zona de desenvolvimento proximal das crianças, ou quando a nova aprendizagem parte da cultura, dos conhecimentos prévios dos alunos e, a partir desses, os novos conhecimentos são construídos. Ou seja, o novo conhecimento (conteúdo) necessita de uma ancoragem em conhecimentos anteriores e precisa despertar a motivação da criança, do jovem, e, por que não dizer, de todos nós adultos.

Baseando-nos nas idéias de Vygotsky, segundo Rego, o aprender é um ato de afetividade, uma vez que aprendemos melhor aquilo que para nós é significativo, isto é, aquilo que tem relevância em nossas vidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ser humano possui necessidades que lhe possibilitam identificar-se como tal. Entre elas inclui-se o afeto, a carícia e o desejo de ser reconhecido, amado percebido e respeitado. As pessoas necessitam, a cada dia, mais ser motivadas, pois a vida cheia de dificuldades nos leva a esquecer que existem valores simples, que partem do interior do ser humano (como o afeto, o respeito, a partilha.) passando a valorizar os bens materiais. Milhares de pessoas morrem no mundo, com carências afetivas. Outras se tornam delinqüentes, entram em depressão, tornam-se agressivas.

Durante o desenvolvimento do estagio percebi que o bom relacionamento na sala de aula é quase sempre tão importante quanto à variedade de métodos e recursos instrucionais utilizados. Podemos sentir que o relacionamento entre os elementos de uma classe é bom quando vemos os alunos alegres, bem humorados e seguros enquanto desenvolvem as atividades de aprendizagem.

Diante disso se faz necessário que as escolas repensem suas praticas pedagógicas, propondo ações em seu Projeto Político Pedagógico visando que o trabalho do educador da EJA esteja voltado para a construção e a reconstrução diárias da prática docente e da busca de significados dos conteúdos para a vida dos educando. Um bom caminho para iniciar esse processo é partir da critica da realidade vivida e percebida pelos educando. A valorização do saber popular e o reconhecimento dos saberes que nossos alunos trazem para sala de aula é, talvez, o melhor caminho para o desenvolvimento de uma educação significativa e em sintonia com as idéias de mudança e transformação.

Ao final da pesquisa conclui que a auto-estima esta ligada diretamente à afetividade, e que as duas são de suma importância aos alunos da Educação de Jovens e Adultos. Por isso, sentindo a necessidade de trabalhar a auto-estima com os alunos da EJA, bem como a importância das relações interpessoais e o resgate de valores o fortalecimento do vínculo afetivo e a motivação para aprender.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  •  CUNHA, Eugênio. Afeto e Aprendizagem. Rio de Janeiro: WAP, 2008.
  • Educação de Jovens e Adultos I [Obra] organizada pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) _ Curitiba: Editora ibpex, 2009.186p. Il
  •  Educação de Jovens e Adultos II [Obra] organizada pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
  •  Introdução à Psicopedagogia /[ Obra]organizada pela Universidade Luterana Do Brasil(ULBRA).- Curitiba:Editora ibpex, 2010.
  •  Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem/[ Obra]organizada pela Universidade Luterana Do Brasil(ULBRA).- Curitiba:Editora ibpex , 2008.
  •  ROGERS, Jennifer – Ensino de Adultos. Lisboa: Martins Fontes Ltda.