A  G R A N D E  Q U E I M A  

         
         As escrituras narram um acontecimento envolvendo um oleiro – o homem que faz vasos – e um vaso feito de barro. Enquanto o oleiro fazia o vaso, moldando suas formas, este se quebrou em suas mãos. O homem acostumado com esse problema imediatamente fez um novo vaso, de acordo com o desejado. O resultado foi um vaso muito melhor, mais bonito que aquele que se quebrara.
       Ainda sobre vasos nos vem outro relato do apóstolo Paulo que, referindo-se ao homem, fez comparação deste com vasos de barros. Disse o apóstolo que, assim como “há vasos que são destinados para honra, e outros para desonra”, os homens, em condição análoga, também têm destinos diferentes. Realmente, entre os seres humanos há pessoas que fazem tudo para honrarem seus nomes e os de seus semelhantes, como há aqueles que procuram fazer o que denigre a si próprios e os demais.
       Meditando sobre esses dois aspectos da vida dos indivíduos, tais como vasos de barros, somos levados a perceber que a comparação das escrituras, relacionando vasos de barros com vasos humanos, uma série de fatores se apresentam, para os quais devemos atentar. De fato, grande é a gama de comportamento que marcam a existência do homem na face da terra. Pessoas há que procuram aproximar-se de tudo que possui um motivo salutar, enquanto outras pendem para o lado negativo. Entre esses dois parâmetros vivem os homens com suas marcas pautadas pelo lado moral.
       Esses dois comportamentos tem sido a tônica da vivência humana. Assim como os vasos de barros que se quebram, o ser humano chega a um ponto que não mais pode ser maleável, pois suas consistências morais e espirituais não mais oferecem condição. Isso quer dizer, que o homem neste mundo tem dois caminhos a seguir: ou se submete ao “oleiro” (Deus), ou se “quebra” por sua própria responsabilidade. Isso nos faz lembrar que, enquanto na mão de Deus o ser humano tem condição de ser moldado, a exemplo do vaso de barro antes da queima. Mas, quando segue seus próprios impulsos, conseqüentemente descamba para o lado extremamente perigoso, chegando a ter um destino fatal ao morrer nessa condição. Trata-se da morte espiritual.
     O barro, enquanto “in natura” pode ser maleável, ser moldado, permitindo fazer dele o tipo de vaso que se quer. Porém, quando passado pelo fogo, já não pode mais ser moldado. Nessa circunstância o vaso não mais poderá ser modificado. Com o homem acontece também um fato que, a semelhança do vaso queimado, depois da morte – a grande queima – não mais poderá voltar a receber o trabalho do grande Oleiro. Assim, seu destino estará traçado, não mais podendo ser modificado. Tudo depende do que foi feito antes de sua morte. Ou ele se submeteu a Deus, entregando sua vida a ele, ou se entregou às mazelas desta vida, tendo um fim trágico.
    Um fator importante deve ser observado com relação à vida futura. Como o vaso que se quebra antes de ser queimado, podendo ser moldado, o homem também pode ser trabalhado por Deus somente antes de morrer. Ainda, como o vaso depois de ser queimado, o qual não mais permite ser trabalhado, a morte também sela o destino humano. Tanto a queima do vaso como a morte, ambas põem término ao trabalho, tanto da moldagem como da oportunidade do homem ver seu destino futuro mudado. A analogia do vaso queimado com a morte serve como um alertar para a condição futura do homem. Enquanto se está vivo o ser humano tem oportunidade de tratar de sua vida futura. Depois da morte não há como mudar o destino que se fez por merecer. Para tanto, é necessária uma tomada de posição enquanto a vida dá sinal verde para a conscientização. Em contra partida, ao término da vida as oportunidades se encerram, selando definitivamente o destino. O homem morrendo sem Cristo, é o mesmo que um vaso que se quebra depois de queimado. Não há como restaurá-lo.  
                                                                                                                                                
     A esta altura perguntas surgiriam, tais como: “Se o ser humano pode ser maleável enquanto a vida lhe é patente, qual seria sua participação nesse processo”? A bem da verdade, segundo a palavra de Deus, dois aspectos devem ser encarados, quando se está em dilema quanto à vida futura. Primeiro, há uma tomada de posição por parte de Deus, escolhendo alguns elementos, como afirmou Paulo em suas missivas às igrejas por ele fundadas. Diz o apóstolo dos gentios: “Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos irrepreensíveis”. Segundo, a palavra divina nos remete para um estado consciente, no qual a responsabilidade da busca do norte espiritual depende da tomada de posição do ser humano. No primeiro caso ocorre um chamamento direto, como aconteceu com o próprio apóstolo. No segundo, o homem é conclamado a “endireitar as veredas”, para não ser fulminado na dimensão por vir. É neste caso que reside o maior dos problemas, pois, a vontade do homem é continuar pecando, em obediência  à sua natureza pecaminosa.
     Deixando um pouco de lado o primeiro aspecto, o segundo é o que diz respeito à criatura afastada de Deus. Tão significativo é esse estado que o próprio Jesus ateve-se, em muitas de suas prédicas, apelando para a sensibilidade de seus ouvintes, quando disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”. Que seria essa opressão referida pelo Mestre? Justamente os elementos que propiciam os direcionamentos dos indivíduos nesta vida. Valendo-nos de Jesus novamente, podemos sintetizar este aspecto referindo-nos a outro ponto abordado pelo Senhor. Trata-se dos locais onde são moldados os indivíduos, os quais determinarão o destino de cada um. Falamos da alusão de Cristo quanto aos “dois caminhos”. Nestes corredores, rumo à eternidade, o ser humano tem sido moldado quanto à sua moral, sua identidade espiritual e conseqüentemente quanto à vida futura.
    Voltando ao primeiro aspecto, ou seja, do vaso na mão do oleiro, o qual pode ser moldado de novo após se quebrar, esta figura aponta para a soberania divina que o criador tem sobre suas criaturas. Em outras palavras, Deus pode, em respeito à sua soberania, modificar o homem, assim como Ele pôde escolher alguns deles, “desde a fundação do mundo”, para desempenhar funções de acordo com sua vontade. Estes seriam os homens que, não obstante à sua condição humano-pecaminosa, seriam moldados por Deus, sendo transformado em “vasos novos”. Figuradamente seriam vasos que se quebraram antes de serem queimado”. Quanto ao vaso que se quebra depois de ser queimado, este aspecto preenche a condição dos que partem sem que tenham sido trabalhados novamente, ou seja, não receberam a ação renovadora do “Oleiro” para serem novos vasos. Continuaram até o processo da queima, passando ao um estágio conclusivo. Queimados estes vasos; ou serviriam para algo, ou então aguardariam o final da existência – a quebra – quando serão lançado nos depósitos de entulhos da eternidade.
    Amigo, não espere ser atirado no “lixão” da eternidade, onde os que morreram sem Cristo passarão a eternidade. Estando nesse lugar não há mais retorno. Em contrapartida, o oposto dessa realidade também é verdade. Como há um deposito de “sucatas” humanas, há também o depósito dos vasos (salvos) que caíram na graça de Deus, sendo colocados lá pela ação de Cristo. Estes reinarão com Ele eternamente. Portanto, enquanto se está vivo este é o caminho para o reino de Deus. Cristo, Senhor e salvador, pode limpar todo o passado do indivíduo, através do perdão divino. Nessa circunstância o ser humano passa a ser considerado filho de Deus, pois o ato regenerador de Cristo o colocou nessa posição.

    Você poderia perguntar: Mas, não são todos filhos de Deus: Em certo aspecto sim. Porém, filhos espirituais, em condição de reinar com o Pai e seu filho Jesus Cristo, são somente aqueles que passaram pelo novo nascimento, nascendo da graça redentora de Cristo. Estes são a igreja de Cristo, a qual reinará com Ele eternamente. Como igreja no sentido correto são somente as pessoas remidas por Cristo, para pertencer a esta igreja é necessário ter passado pela remissão de pecados que somente Cristo pode fazer. Só Ele tem condição de dar a salvação.