INTRODUÇÃO Inseridos em um contexto educacional que sofre fortes influências políticas, sociais e econômicas no iniciar deste século XXI, constituindo um ensino fragmentado e falho, este artigo convida a reflexões pertinentes sobre a forma de capacitação dos professores, bem como a necessidade de se oportunizar e coordenar nas escolas os tão sonhados momentos de planejamento coletivo. No desenrolar deste, inicialmente relata-se a tragetória educacional diante da importância do lúdico na sala de aula, perpassando pela real necessidade de se investir na formação do sujeito do brincar, do pensar e do aprender. Indagando se os docentes do século XXI estão sendo capacitados para o efetivo trabalho com o lúdico, bem como a grande urgência de se investir no planejamento coletivo para as séries iniciais. Outro ponto de significativa reflexão, é o olhar do educador que está descrito neste artigo como um eixo de preocupação na hora da formação docente, constatando que neste século o foco deve estar no processo do brincar, do ensinar e aprender, onde este sujeito, o aluno, certamente apreenderá muito mais através do lúdico. Que esta leitura, represente uma semente à ser germinada, pois aqui encontram-se redigidas em poucas palavras algumas reflexões contemporâneas frente aos assuntos: formação docente e planejamento para as séries iniciais. A FORMAÇÃO DOCENTE E O PLANEJAMENTO DIDÁTICO PARA AS SÉRIES INICIAIS DO SÉCULO XXI. No linear no século XXI, encontramo-nos inseridos em uma sociedade que sofre modificações constantes, onde o século XX nos deixou incertezas e fragmentações que atravessam o campo da educação e determinam o surgimento de diversos debates sobre o futuro incerto. No espaço histórico em que encontramo-nos, a cultura recortada, limita e define seu próprio tempo que singulariza o início do século, levantando preocupações éticas, políticas e epistemológicas frente a formação docente e o planejamento didático. Neste contexto, discute-se questões de hegemonia e diversidade, pontuando que cidadão se quer formar e para qual sociedade; onde se respeita ou não as diferenças de cada ser; onde a classe dominante tenta forjar seus interesses para poder alcançar seus objetivos. Para IMBERNÓN ( 2001),... a intencionalidade social expressa a capacidade dos setores sociais dominantes, afim de articular seu discurso com certos componentes ideológicos existentes e fazer com que interesses apareçam como sendo universais e válidos para o conjunto da sociedade, em uma conjuntura histórica determinada. O caminho percorrido na modernidade foi marcado por projeto de nação da geração dominante onde a escola formava a cidadania para somar ao progresso social, exercendo assim uma função de transmissora de uma cultura homogênea , produzindo o sujeito apto para adequar-se rapidamente às exigências políticas e sociais da classe dominante constituindo-se em conjunto de hábitos cujo caráter pretensamente universal, desconsiderando a diversidade. O popular, a variedade dos saberes, as crenças, os pensamentos sobre o mundo não eram levados em conta, delegando aos dominantes a razão e tudo que deles não surgisse passava a ser falso, portanto fora do contexto escolar. De acordo ainda com IMBERNÓN (2001),... o saber e acultura foram definidos pela classe dominante dirigente da época, ao passo que os saberes e as culturas populares foram ignorados ou negados em nome do progresso social, do projeto civilizatório. A educação do século XXI pauta-se no progresso de mudança educativa, considerando antes de qualquer coisa a diversidade, o lúdico e a intervenção docente adequada; visando a organização do sistema educativo e tratando das questões administrativas da educação em busca da qualidade que define a identidade e a formação docente contemporânea. Estabelece um tipo de relação entre a educação e a produção com ênfase na formação da cidadania moderna, re-situando a educação frente ao trabalho re-conceituado para poder alcançar os objetivos. No entender de IMBERNÓN (2001),...a reforma educativa é uma proposta de mudança de pautas de regulação social para a adaptação a demanda que o modelo reformula: organizando e conferindo valor a determinado tipo de saberes, legitimando formas institucionais e de relação social, valorizando determinados estilos de raciocínio, classificação e ponderação. Passa-se a pensar em outra escola, aquela que preocupa-se com as questões éticas, políticas e epistemológicas que vem norteando o início desse novo século. A escola deve facilitar a recuperação do sujeito como agente temporal e espacial, considerando o respeito, o diverso, o lúdico e o inacabado. Em um espaço escolar que assegure vida coletiva, a diversidade de pensamentos críticos, constituindo uma forma de política cultural, resgatando uma escola literária, socializadora, compensadora, reconstrutora e democrática. Pretende-se uma escola onde os indivíduos possam reconstruir seus pensamentos contando com a autonomia intelectual para que possa refletir criticamente o seu processo de autoformação. Ainda de acordo com IMBERNÓN (2001),... pretender uma escola crítica, democrática e de qualidade exige inexoravelmente imaginá-la em uma sociedade mais igualitária e justa. Uma reflexão faz-se necessária, o ensino na escola do século XXI, quase sempre, está voltado para a aprendizagem da escrita correta e para o domínio dos conceitos gramaticais, ortográficos, matemáticos; dentre outros. Segundo as reflexões de CINEL [s.d.], É um dos objetivos mais importantes dos professores das séries iniciais o ensinar o aluno escrever e dominar o raciocínio lógico. Porém é comum a um grande número de professores não conseguir contextualizar os conteúdos e muitos menos garantir e aplicar a real interdisciplinaridade. Queremos que as crianças aprendam a escrever em letra de forma; porque é fácil, compreensível, aparece nos textos, rótulos... Bruscamente, passamos a exigir que a criança passe a escrever em letra cursiva, complicada, de mais difícil leitura e de caráter individual e idiossincrático: cada aluno adota seu próprio traçado, mostra sua personalidade, coloca suas nuances. A família, a escola, os professores exigem dos alunos e esquecem de perguntar-lhes o que a escrita representa para eles. O ser humano escreve para registrar, para influir sobre a conduta do outro, para controlar, para comunicar-se com os demais, para produzir e não só copiar e distanciar-se do produzido; para criar e produzir textos. Para CINEL [s.d], O ler é condicionado pelo escrever e, para ler significativamente, é preciso que a escrita conduza o leitor a enquadrar todos os símbolos (letras, palavras, acentos, anotações, sinais matemáticos, etc...), no universo cultural, social, histórico em que o escritor se baseou para escrever. Conforme DAVIS (2002), Nenhum currículo pode se fixar por muito tempo. É necessário haver um repensar constante sobre sua contemporaneidade,...Os alunos precisam de conhecimentos que lhes servir para melhor entender a sociedade global e melhor conviver e agir em sua comunidade e no trabalho. Referindo-se ao campo educacional nesse iniciar do século XXI, torna-se inevitável e importante que os profissionais da educação desenvolvam formas de olhar diferenciado aos fatos que envolvam o fazer pedagógico, ressaltando a importância de refletir sobre o planejamento didático nos dias atuais. Uma ação reflexiva em um olhar de longo alcance, que nos envolva no processo de resolução de problemas; um olhar mais profundo, mais amplo, lúdico, que aponte possibilidades de ações relevantes para o exercício da docência. DAVIS (2002), afirma que a “boa” ajuda que o professor pode prestar depende da maneira como ele percebe o aluno. Quanto mais afinado o seu “olhar”, mais eficaz seu ensino, oferecendo, sem esquecer dos demais, maior apoio aos que realmente estão enfrentando grandes dificuldades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante destas informações, podemos questionar se a falta do planejamento didático no contexto educacional vem transformando o processo do brincar, do ensinar e do aprender em momentos de objetividade extrema, queimando etapas da infância que ocasionam em lacunas no processo ensino-aprendizagem ou não. No olhar de PAQUAY e outros (2001), O professor aperfeiçoa sua prática profissional ao exercê-la. Certos conhecimentos são acessíveis apenas no local de trabalho. Estratégias que favoreçam o aprendizado podem ser exploradas no local de trabalho. Diversos fatores implicam na constituição de uma escola preparada para atuar no século XXI, onde o planejamento didático e a reflexão docente poderão ter na autonomia e na tomada de decisões coletivas de seu grupo, um caminho para a formação docente inovadora. Os espaços de formação dos professores, as práticas docentes, e as intervenções adequadas; devem ser reformuladas facilitando a formação cidadã, oportunizando o desenvolvimento de um currículo que possua um perfil cultural resultado das relações entre educação, poder, identidade social e construção da subjetividade. Precisamos legitimar o conhecimento científico e integrar a comunidade assegurando a igualdade de oportunidades, pois vivemos em uma sociedade que pede aparentemente por informação que deveria fazer parte do contexto educacional. Para PERRENOUD (2001), O ensino é muito mais que um revelador das disposições individuais. É um sistema de ação, uma organização que transforma pessoas, suas competências, assim como suas atitudes, suas representações, seus gostos. É um sistema que pretende instruir, exercer uma influência. Neste contexto a educação e seus docentes certamente poderão investir no planejamento didático que possibilite intervenções adequadas, com o intuito de garantir o direito a diferença individual no processo do aprender, do brincar e do ensinar; zelando por um processo de inclusão. Mas resta-nos verificar se que os professores estão sendo formados para atuarem adequadamente na sociedade atual ou caminham fora do contexto real. Importante ainda, investigar se os docentes conseguem proporcionar, aos alunos da escola pública, uma educação para todos e de todos, considerando o que cada um traz de bagagem para a sala de aula, atuando de forma lúdica e criativa a fim de assegurar um aprendizado real e significativo. Segundo OLIVEIRA NETTO (2005), Nunca é cedo e nem tarde demais para se começar a pesquisar e desenvolver trabalhos científicos, pois pesquisa supõe processo contínuo e não produto acabado. O conhecimento não tem limite de espaço e de tempo e o homem é o seu agente absoluto, o sujeito criador e transformados de sua própria realidade.

REFERÊNCIAS

 

AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica – Descubra como é fácil e agradável elaborar trabalhos acadêmicos. São Paulo: Hagnos, 2001.

CINEL, Nora Cecília Bocaccio  Disgrafia – Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para correção da escrita. Porto Alegre: [s.e],[s.d.]

DAVIS, Claudia... [et al.]; Sofia Lerche Vieira (org.) . Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

IMBERNÓN, Francisco (org.) A Educação do século XXI – Os desafios do futuro imediato.  Porto Alegre: Artes Médica Sul, 2000.

MION, Rejane Aurora , SAITO, Carlos Hiroo (org.). Investigação-Ação: Mudando o Trabalho de Formar Professores. Ponta Grossa: Gráfica Planeta, 2001.

OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Metodologia de Pesquisa: Guia Prático para apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Florianópolis: VisualBooks, 2005.

OLIVEIRA, João Batista Araujo e. Aprender e ensinar. São Paulo: Global, 2002.

PAQUAY, Léopold e outros (org.). Formando professores profissionais – Quais estratégias? Quais competências? Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, Phillipe  A pedagogia na Escola das Diferenças – Fragmentos de uma sociologia do fracasso. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, Phillipe e outros.  As competências para ensinar no século XXI: A formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento.Rio de Janeiro: DP&A, 2004.