A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CONVIVÊNCIAS

Jane Ferreira Senra e Silva

Lucinaira Maria Cristo

A escola se configura como um espaço de relação intercultural, que reúne uma diversidade linguística, religiosa, racial, entre outras. Nessa inserção de interações privilegiada para as descobertas de sentimentos, valores e costumes, a escola é lugar especial para a promoção de reflexões acerca das inúmeras questões presentes na sociedade. Nenhum tema tem merecido mais atenção do movimento negro do que a educação,desde sua estruturação enquanto sistema até a prática cotidiana da sala de aula, denunciando sua contribuição para a manutenção da organização social vigente, como podemos ver no documento nacional produzido pelo movimento negro, por ocasião dos 300 anos de morte de Zumbi dos Palmares, maior líder negro brasileiro. Segundo o “Documento da Marcha Zumbi dos Palmares...” (BRASIL, 1996):

Nessa perspectiva trabalhar as diferenças e o respeito à diversidade é um desafio para o professor, já que além dos conflitos presentes na sala de aula, as obras de literatura infantil são modestas e nem sempre abordam as questões étnico-raciais. Temas que desenvolvem a reflexão sobre a discriminação racial são pouco frequentes no ambiente escolar. Na Educação Infantil isso é ainda mais escasso.Partindo do pressuposto de que a escola tem a responsabilidade de contribuir para ampliar conhecimentos em direção à superação dos preconceitos, é que entendemos que instituições educacionais não podem ficar alheias às questões sociais que envolvem o cotidiano das crianças.

De acordo com Vlach (2006) o trabalho pedagógico pode ser melhorado quando:

                “Essa forma de conduzir o trabalho pedagógico em sala de aula opõe-se à tradicional transmissão de conhecimentos, pois os alunos participam, enquanto sujeitos, de processo de construção do conhecimento e das representações do mundo contemporâneo. Talvez seja preciso explicar que é por meio dessa forma de ensinar que os alunos se veem como sujeitos e reconhecem os outros como sujeitos; aprendem a se conhecer uns aos outros manipulando os instrumentos de que dispõem para explicarem, todos os quais as características do lugar em que vivem. Manipulando os instrumentos do conhecimento, desenvolvem a comunicação interpessoal, manifestam a sua personalidade, aprendem a reconhecer o outro e, dessa maneira, as comunicações interculturais se estabelecem na sala de aula”. (VLACH, 2006, p.63).Isso sugere que um conjunto de práticas compartilhadas entre educador e educando transcende às praticas ritualizadas. Vlach (2006) argumenta que a dinâmica da sala de aula é relevante pelo fato de melhorar a autoestima dos educando. As reflexões teóricas acerca dos problemas da sociedade brasileira só serão válidas se possibilitarem o estreitamento entre o aluno, o conteúdo e o professor.

A exclusão pode ser manifestada pelo discurso do outro, tornando o espaço escolar uma via de disseminação do preconceito por meio de termos pejorativos que em geral desvalorizam a imagem do negro.

A partir de uma análise parcial do referencial teórico foi possível perceber que é fundamental detectar a marginalização do negro na sociedade brasileira, tornando o ensino uma oportunidade de problematizar e debater essa realidade. Também foi possível compreender a necessidade de discutir e melhorar o currículo escolar, para transformar a escola em um espaço menos excludente e mais democrático.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BRASIL, Comissão Interministerial. Documento da Marcha Zumbi dos Palmares contra oracismo, pela cidadania e a vida: Por uma política nacional de combate ao racismo e à desigualdade social. Brasília: Cultura Gráfica e Editora LTDA., 1996.

CAMPOS,Neide da Silva. Há fogo sobre as brasas? Sentido das práticas culturais populares na educação escolar. Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Mestrado em Educação da UFMT, 2011.

LEI DE DIRETRIZES E BASES – LDB. República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1996.

Ministério da Educação. MEC/ Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro- Brasileiro e Africano. Brasília: MEC, 2004.

VLACH, V. R. F. Estado-nação, ensino de geografia, Mundialização: alguns desafios para a formação do professor. In: CAVALCANTE, L de S. Formação de Professores: Concepções e Práticas em Geografia. Goiânia, GO. E.V., 2006.