Por Vladislau de Sousa

Em seus diversos discursos, é quase que unânime a retórica que defende a educação deve buscar um valor universal e libertador. Entretanto para o filósofo Foucault, a educação é atrelada ao seu contexto cultural. Por essas premissas o processo de ensino que em uma determinada época e visões seja considerado a salvação do ser humano, em outra pode ser visto como maléfico à evolução da sociedade. A formação humana que teoricamente deve ser pautada pelos princípios dos pilares da educação, Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver com os outros e Aprender a ser, tem tragicamente andado na contramão do seu objetivo maior na formação plena do ser. O modelo de sociedade nos dias atuais tem induzido aos processos educativos a atenderem aos interesses do capital financeiro, inserindo vorazmente ideologias competitivas e consumismo exacerbado, levando ao ser humano a desvirtuar valores essenciais para a convivência coletiva. Esses pressupostos nos leva a refletir sobre os processos educativos na atualidade e os modelos utilizados na construção da formação do homem. Numa sociedade da tecnologia, das redes sociais e do conhecimento acessível, nunca foi tão complexa e problemática as relações humanas como nos dias atuais, onde a convivência com outro passou a ser uma tarefa árdua e muitas vezes incapaz de coexistir. Em suas obras, Rousseau sempre defendeu a premissa de que o homem é bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em atingir o bem comum. Para o pensador, o fator o principal nesse fenômeno social é a desigualdade. Seria ingenuidade esperar que apenas a escola possa proporcionar a transformação social tão sonhada, mas conforme afirmou Paulo Freire se a educação sozinha não pode promover a tão almejada transformação, sem ela tampouco a sociedade mudará. É imprescindível que a práxis educativa busque resgatar a essência humana através de conteúdos e metodologias que ensinem vida e possam proporcionar a uma compreensão da necessidade do olhar para o outro não, como um adversário, não como um competidor, mas como alguém capaz de conviver em harmonia para construção de uma sociedade mais humana, mais harmoniosa, mas sensível aos problemas do mundo. Para muitos talvez essa busca seja utópica , mas quando uma coletividade se engaja em um só propósito , aquilo que antes era visto como um sonho ,certamente se tornará uma realidade . Vladislau de Sousa Neri Pedagogo – Pós graduado em Gestão e Educação Ambiental – Especialização em Ensino da Filosofia e Sociologia