A EDUCAÇÃO COMO BASE PARA A PREVENÇÃO DO RACISMO E DA INTOLERÂNCIA

 

Rita de Cássia de Freitas[1]

 

RESUMO

 

A escravatura iniciou-se com a colonização e se extinguiu em 1888, no entanto, após tal ato, por diversas vezes os negros tentaram se integrar na vida social dos brancos, mas, infelizmente não conseguiam nenhum retorno. Dentro da escola, os negros eram sempre motivos de preconceito, ocasionando assim, as exclusões simbólicas, ato no qual é representado pela fala do outro, com termos pejorativos, em geral desvalorizando a imagem do negro, e assim ocasionando a evasão escolar. O presente estudo tem por objetivo ceder ensejo sobre o racismo na educação brasileira, elucidando como esse prejudica a formação generalista dos alunos, em especial os que são membros de grupos étnicos, ressaltando meios de minimizar/ eliminar o racismo e a intolerância nas bases escolares do Brasil. Como metodologia foi utilizada revisão bibliográfica aprofundada, a qual incluindo análise crítica, interpretação literária e compreensão de textos selecionados referentes ao tema “a educação como base para a prevenção do racismo e da intolerância”.

Palavras - chave: Racismo. Intolerância. Educação. Escola. Brasil.

 

ABSTRACT

Slavery began with colonization and became extinct in 1888, however, after such an act, repeatedly blacks tried to integrate into the social life of the whites, but unfortunately could no return. Inside the school, blacks were always reasons of prejudice , thus causing the symbolic exclusions , act in which is represented by the speech of the other , with pejorative terms in general devaluing the image of black , causing truancy . The present study aims to elucidate how racism harms the general education of students, particularly those who are members of ethnic groups, thus pertinent to educators, enthusiasts of the area, and interested researchers to the topic. How thorough literature review methodology, which including critical analysis, literary interpretation and understanding of selected texts on the topic “based education for the prevention of racism and intolerance " was used .

 

Keywords: Prejudice. Racism . School. Brazil.

 

1-INTRODUÇÃO

Muito se fala em democracia social e racial no Brasil, o qual, mesmo sendo um país miscigenado/ mesclado [2], vive em meio a um “mar” de desigualdades, onde, sua população de origem africana/ negra, mesmo sendo maioria, é alojada de seus direitos básicos, em especial, os educacionais (SANTANA, 2006) [3].

Sabe-se que o resgate da memória coletiva e história da comunidade negra não é interessante somente a alunos negros, sendo também importante para alunos de outras bases étnicas, visto que ao receber uma educação moldada por preconceitos, esses também detiveram de estruturas psíquicas afetadas. Também se deve ressaltar que a memória histórica não pertence somente aos negros, pertence a todos, uma vez que a cultura é resultado da mistura de todos os segmentos étnicos, que quando somados criam/ formam uma riqueza maior gerando uma identidade nacional[4] (KAMEL, 2006) [5].

A sociedade resiste em se livrar de seus mitos, visto a dificuldade em encarar a realidade, porém, quando se torna impossível sustentar a tensão entre real e imaginário, são buscadas medidas paliativas, que nada resolvem, a sanar o ato. Foi o caso, por exemplo, da Lei de Afonso Arinos, criada com o objetivo de impedir que os negros fossem discriminados, declarando que todos são iguais, independente de cor, raça ou credo, porém que a prática tem desmentido a mesma, visto que a referida Lei não funciona, sendo ineficaz porque, quando intimada, a pessoa que discrimina um negro simplesmente nega o fato (NUNES, 2006) [6].

Desse modo, a educação escolar deve ceder meios para que os professores e alunos compreendam que a diferença entre pessoas, povos e nações é saudável e enriquecedora, sendo preciso valorizá-la a fim de garantir a democracia que, entre outros, significa respeito pelos indivíduos e países, tais como são com suas características próprias e individualizadas (HOFBAUER, 2006[7]; MUNANGA, 2005 [8]).

Diante do exposto surge a questão: “Como o racismo e a intolerância podem ser prejudiciais na educação generalista dos alunos brasileiros?

O presente estudo tem por objetivo ceder ensejo sobre o racismo na educação brasileira, elucidando como esse prejudica a formação generalista dos alunos, em especial os que são membros de grupos étnicos, ressaltando meios de minimizar/ eliminar o racismo e a intolerância nas bases escolares do Brasil.

Para a realização do presente foi utilizado método de pesquisa bibliográfica mais aprofundada, incluindo a essa análise crítica, interpretação literária e compreensão de textos relacionados ao tema do estudo. Todo material abordado foi selecionado de forma a haver separação criteriosa, com o intuito de buscar qualidade nas informações e dados colhidos, tornando essas bases literárias seguras para o estudo, os quais foram retirados de livros e publicações de órgãos internacionais e nacionais, revistas e artigos de ordem científica.

Artigos de denominação científica foram adquiridos, de modo conciso, através de bancos de dados de sites como Scielo e Lilacs, tendo esses sido publicados nos últimos 10 anos. Como fontes de busca foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: Racismo. Intolerância. Educação. Escola[9]. Brasil. E em posterior foi realizado o item “considerações finais” onde é explanada a resposta à questão norteadora, bem como, ao objetivo geral do estudo, finalizando o mesmo.

2- EDUCAÇÃO BASE PARA PREVENÇÃO DO RACISMO E DA INTOLERÂNCIA

 

Segundo Silva e colaboradores (2013) [10], o estudo da relação entre racismo e educação oferecem uma probabilidade de depositar, em um mesmo cenário, a problematização de duas temáticas de inquestionável gravidade. Ao observarmos as semelhanças raciais dentro do ambiente escolar, questionamo-nos até que ponto ele está sendo coerente com a sua colocação social quando se sugere a ser um espaço que conservar as desigualdades culturais, responsáveis pela promoção da justiça. Sendo assim, esperamos mecanismos que devam possibilitar um aprendizado mais sistematizado beneficiando a elevação profissional e pessoal de todos os que desfrutam os seus serviços.

A escola é responsável pelo processo de socialização infantil no qual se constituem relações com crianças de diversos núcleos familiares. Esse contato diversificado poderá fazer da escola o primeiro ambiente de experiência das tensões raciais. A relação definida entre crianças brancas e negras numa sala de aula pode acontecer de modo grosseiro, ou seja, expelindo, recusando, permitindo que a criança negra aceite em determinada ocasião uma atitude introvertida[11] por receio de ser abandonada ou ridicularizada pelo seu grupo social. O discurso do opressor pode ser incorporado por determinadas crianças de modo cerrado, suportando então a se reconhecer dentro dele: “feia, preta, fedorenta, cabelo duro”, principiando o processo de desvalorização de seus atributos individuais, que interferem na construção da sua identidade de criança (HOFBAUER, 2006; MUNANGA, 2005).

A exclusão simbólica, que poderá ser demonstrada pela fala do outro, parece tomar forma a partir da observação do cotidiano escolar. Este poderá ser uma via de disseminação do preconceito por meio da linguagem, na qual estão contidos termos pejorativos que em geral desvalorizam a imagem do negro. O negro não se sente à vontade num espaço onde é alvo de brincadeiras e achincalhação por parte dos colegas e não se vê protegido, em sua escola, nem pelos seus professores, que às vezes também o agride. Ele cresce à beira, como se sua condição de humildade fosse algo natural (ARAUJO; MAESO, 2013 [12]).

Para muitos discentes negros, a escola é uma referencia de frustração, uma vez que esses não conseguem aprender, não em virtude de obstáculos cognitivos, mas em virtude de resultados negativos de inclusão no espaço escolar, visto que essas são constantemente excluídas, não pela entidade, que as matricula, mas pela sociedade educacional que as expulsas/ exclui” (CAMINO et al., 2013 [13]; HOFBAUER, 2006).

Segundo Silvério e Trinidad (2012) [14], o indivíduo tem dificuldade de auto-aceitação podendo ser decorrente de um comprometimento de sua identidade devido à atribuição negativas provenientes do seu grupo social, entretanto, isso acontece porque a avaliação antes é pessoal, é social.

Nossa identidade é consequência de um procedimento dialético entre o que é de caráter individual e cultural, uma produção sócio-histórica, um processo criado e recriado consecutivamente.

A escola pode silenciar crianças negras, ativando o sentimento de coisificação ou invisibilidade a essas, o que pode gerar desgosto e paralisia emocional as mesmas, tornando seus talentos/capacidades comprometidos, uma vez que as mesmas passam a não acreditar em suas capacidades, esperando pouco ou quase nada de suas ocupações futuras (MUNANGA, 2005[15]).

O problema da discriminação, no entanto, é recorrente. A escola não é a única culpada pelo racismo. É ela que forma a sociedade, mas também a sociedade que faz a escola (GUIMARÃES, 2004 [16]).

Refletir na educação é raciocinar na educação de classe, projetar uma ação, meditar no aprendizado do educador e as alterações que este destacável na sociedade. Educar é conduzir opinião, noção, que por meio de um método podem alterar ou conservar uma realidade.

Nos grupos humanos se considera utilizar meios pedagógicos a fim de transmitir o saber, sendo esse um meio ao quais os indivíduos podem compartilhar conhecimento, valores e símbolos. Nas sociedades ditas “modernas”, se criou um sistema a passar tal saber, o qual, mediante modelos formais centralizados, informações são passadas ao longo das gerações. Acredita-se que tal forma de transmissão seria a responsável pela aquisição de delicadeza e da aquisição de conhecimentos especializados (SILVÉRIO; TRINIDAD, 2012).

Esse modo de transmissão foi então chamado de Escola, se constituindo com um sistema aberto na superestrutura social. Desse modo, o dito “sistema escolar” passa a ser organizado com o intuito de cumprir uma função social, estando assim de acordo com os processos/ convenções sociais (ALVARENGA FILHO, 2010[17]).

A finalidade da escola é construir um indivíduo capaz de adquirir seu espaço na sociedade capitalista, ou seja, bem-sucedido, dependente, tendo boa interação com o seu grupo social. Para isso, é necessário manter ativos os controles sociais, que são formados por regras aplicadas ao cotidiano escolar, sanando qualquer disfunção que venha impedir a efetuação do processo educativo. Para um controle mais eficaz, utilizam-se recursos que podem variar desde o desagravo e/ou a repreensão até a segregação ou marginalização dos grupos classificadas desviantes da norma (CANTARINO, 2007).

Tais regras institucionais referem-se, de um modo simbólico, repercutindo e legitimando outros espaços sociais que frequentemente estão de acordo com as interesse de poder.

A inserção das crianças nesse espaço é feita, na maioria das vezes, de maneira arbitrária. Para abonar tal obrigatoriedade, os pais e ou figuras de autoridade o determinam como via de acesso ao conhecimento de teorias e conceitos que formam a vida em sociedade, para então possibilitar o ingresso no mercado de trabalho e poder “ser alguém na vida”. Em alguns momentos os pais atribuem à escola a função de determinando sujeitos com uma reflexão crítica e uma ação política transformadora, garantindo o seu exercício integral de cidadania[18] (MUNANGA, 2005[19]).

A criança negra poderá ser submetida a uma agressão simbólica, demonstrada pela ausência da figura do negro no assunto escola, ou pela linguagem verbal (insultos e piadas) proveniente do seu grupo social, evidenciando de modo explicito o desrespeito dirigido a essa população, aprendido muito cedo pelas crianças brancas (MAGGIE, 2006 [20]).

No cotidiano escolar se pode comprovar o poder das representações caricatas de crianças negras, as quais surgem em cartazes e/ou textos didáticos, bem como em métodos e currículos, a fim de atender a um padrão predominante, visto que se percebe nesses a falta de visibilidade e reconhecimento da questão do negro em sociedade (CANTARINO, 2007[21]).

2.1-LIVRO DIDÁTICO E SEUS ENTRAVES

Nos livros didáticos é comum observarmos os diversos papéis sociais e existentes, e que estes são muito bem demarcados. Na maioria das vezes os negros são retratados em momentos de submissão, em conseqüência disso os estereótipos são repetidamente utilizados para perpetuar o preconceito. Veremos a seguir algumas formas de preconceito presente em livros didáticos e analisados por alguns autores em relação aos negros (SILVA et al, 2013 [22]).

  • Negros cumprindo atividades consideradas rebaixadas em nossa sociedade;
  • Negro apresentado como objeto;
  • Negro como minoria ou em último lugar;
  • Ausência de pai e mães negros;
  • Negro associado a vagabundo, mal, animal, feio, a favelado, a impossibilitado, a alienado, a bobo;
  • Depreciação da cultura e do aspecto físico do negro;
  • Estereótipos explícitos em relação aos negros nos textos;
  • Negro caricaturado como escravos e morando em péssimas construções.

Ainda segundo Silva e colaboradores (2013), o livro didático não enfatiza o aspecto econômico, pelo contrário nem o aborda, a liberdade é totalmente abstrata, é a liberdade individual burguesa. Seu avesso é a escravidão que é sempre considerada moralmente: o que é bom e o que é ruim para o homem.

Os livros didáticos passam uma realidade no mínimo falsa, quando acreditam que a dificuldade da escravidão se resolveu com a Abolição da Escravatura, sendo assim, este negro sai da história e não se falará mais nele tornando-se apenas um adjetivo depreciativo.

O livro didático dissimula a discriminação contra o negro buscando fazer com que o mesmo se conforme com sua situação de discriminado, considerando assim, valores da sociedade que trabalha de uma maneira muito eficaz no sentido de manter privilégio de parte da sociedade que discrimina o negro de uma maneira muito disfarçada.

Para referidos autores, o livro didático ignora a riqueza da diversidade étnica e racial, não contribui para o desenvolvimento crítico do desenvolvimento da identidade plural da sociedade brasileira; sendo assim, procura fortalecer ainda mais o imaginário de que todos somos iguais. Através da miscigenação que se apresenta como um importante álibi para manter tudo como está, exemplo, há uma tolerância[23] e está tudo bem, e isto acaba de certa forma alienando quem discrimina e que é discriminado.

Como poderemos construir uma identidade negra crítica baseada em conteúdos distantes de nossas realidades, se os livros que poderiam auxiliar em nossa formação são fundamentados em fatos preconceituosos e superficiais.

O preconceito afeta não só o destino das vítimas, afeta também sua consciência[24], uma vez que o individuo afetado passa a se ver refletido em uma imagem preconceituosa que a ele é apresentada diariamente. Desse modo, muitos negros são levados a ter fé que sua qualidade é inferior a dos brancos, fazendo com que esses deixem de perceber fatores externos, assumindo futuramente que estão excluídos do grupo dominante que é branco. Nesse instante nasce a idealização do mundo branco somado a desvalorização do mundo negro, se formando a seguinte associação: o branco é bonito e certo, o negro é feio e errado (MAGGIE, 2006[25]).

Devido a esse processo alienante, a identidade individual[26] e coletiva negra começa, em alguns momentos, a se tratar com sendo de menor valor, onde muitos começam uma busca incessante por fugir a seus estereótipos e situações culturais com medo de não se enquadrarem no grupo social dominante, o branco, e por esse fato viverem em submissão (CANTARINO, 2007).

De um modo generalista, o preconceito racial força indivíduos a serem cruéis com os que não são etnicamente “aceitos”, o que desencadeia estímulos negativos retirando dos excluídos toda e qualquer possibilidade de reconhecimento/ mérito, os levando a se utilizar de mecanismos defensivos, onde constantemente esses passam a renegar sua própria identidade e/ou pensamento, se auto depreciando (NUNES, 2006 [27]; SILVA et al., 2013 [28]).

2.2. MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

 

No entanto, vários obstáculos impedem o negro de criar essa dupla consciência. Entre eles, o mito da democracia racial[29] é o mais decidido. A não existência de conflito racial aberto impede que muitos negros se aproximem como tais e partam, juntamente com outras pessoas empenhadas com a causa negra, para a ação política.

É evidente a existência do preconceito[30] e da discriminação[31] entre nós, brasileiros. O mito do paraíso racial e religioso ruiu diante de nós (juntamente com a idéia de que não há preconceito e discriminação contra negros, brancos e pobres).

A particularidade do problema nacional a dificuldade de enfrentá-lo estão a exigir uma árdua caminhada para a solução. Dessa forma, os primeiros e principais passos são as conscientizações das pessoas de todas as regiões geográficas, classes sociais e culturais, da sua experiência e, em seguida, a conscientização da necessidade de seu extermínio.

De um modo generalista, é imprescindível orientar a sociedade e mostrar que a situação do negro no Brasil não é brincadeira e que é preciso parar para pensar o que certas maneiras traduzem. Muita gente diria que isso é óbvio e lugar-comum. Outros considerariam também óbvios dizer, por exemplo, que o negro precisa ser respeitado como ser humano que é; que as pessoas devem ser educadas para respeitar as outras, independentemente da cor; que a educação é grande saída para a solução do problema racial no Brasil, pois não adianta ter gente sensível aos problemas se outros põem na cabeça dos filhos o bê-á-bá do racismo, criando-se um elemento vicioso; que as pessoas devem começar a admitir a existência de problemas raciais no país, porque só assim é possível propor soluções eficientes.

A sociedade resiste em livrar-se de seus mitos porque é difícil enfrentar a realidade.

Para que as pessoas possam admitir o problema, é necessário o diálogo sobre o assunto racismo, porque quanto mais pessoas começarão a pensar. Pensando e partindo para alguma ação.

A questão do negro não é só uma dificuldade de raça, é também uma dificuldade de classe. E isso implica que o negro deve criar uma consciência dupla: uma diante do branco e de si mesmo, como membro de outra raça, e nisso está só; e outro como membro de uma classe ante os membros de outras classes.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito se relata sobre o fato de que ser negro no Brasil, atualmente, não é fácil, aliás, nunca foi. No passado, o negro foi tratado como coisa. Hoje é tratado como um cidadão de segunda categoria.

A dificuldade negra foi gerada com as formações capitalistas. Durante a escravidão, o negro era coisa, uma mercadoria, era considerada sub-humano e não tinha com quem competir nessa situação. Somente depois de os negros tornarem-se livres e passarem a disputar posições com os imigrantes e com outros brancos é que o preconceito e a discriminação raciais passaram a ser utilizados como armas de competição.

Muita coisa mudou do tempo da escravidão para cá. Escravidão e capitalismo não se confundem, mas se relacionam: o capitalismo criou e depois destruiu a escravidão. O trabalho escravo foi a base sobre a qual pôde se desenvolver, funcionar e expandir o capitalismo mercantil, caracterizado pela produção de mercadorias nas colônias e sua comercialização entre as metrópoles européias.

Em virtude do estudo, concluo que, o combate ao racismo na educação, apresenta ações capazes de contribuir para resolver a questão advinda de uma educação racista, procura corresponder a anseios de pessoas que conheçam o funcionamento de nossa organização.

Com a transformação de procedimento educacional, tais como, por exemplo, currículo escolar, deve ser pensado em todas as relações dentro da escola, desde o momento em que a mãe é recebida na escola até o aluno na sala de aula. Se tivermos sociedade como um todo, temos também no cotidiano escolar, é importante um currículo melhor da história da África e faça menção ao movimento social que luta contra o racismo na sociedade brasileira.

Com a formação e também treinamento do corpo docente em relação às conteúdos como a cultura-afrodescendente e história da África, juntamente com a do Brasil e possivelmente a atualização de obras educativas, reconstruindo-se a história de negros e índios dentro do cenário brasileiro, nos programas de ensino e material didático.

O racismo tem procedência intensa e antiga e é imprescindível um mecanismo formal para cortá-las, uma ação mais radical. Combater os estereótipos racistas a partir de manuais escolares pode ser de grande interesse pedagógico, uma vez que a criança estabelece contatos com o mundo dos adultos através dos mesmos.

Fazer uma revisão em livros didáticos, onde na sua maioria desses livros, aparecem os negros em circunstância que remetem ao exclusão social, entre outros aspectos negativos enquanto os brancos aparecem em maiores ilustrações, portanto, rever  suas fotos, imagens e textos, uma maior abertura para a discussão do assunto dentro da escola e da comunidade, e uma mudança no sistema educacional, com a introdução da cultura negra em salas de aula.

O preconceito racial é uma técnica da dominação, no entanto, podemos verificar que crianças brancas e negras convivem na escola em plena igualdade, até que vem a adolescência e ocorre a demarcação.

Precisamos cogitar estratégias para desbloquear a ascensão social do negro, através da educação formal e informal, em todos os graus de ensino, pela limitação imposta de ter acesso a melhores empregos, pelo nível de salário, sem estigmas. Devemos ampliar a discussão da questão racial, e convidar para educar negros e não negros a fim de eliminar complexos gerados de superioridade e inferioridade.

Vale lembrar que devemos submeter-nos pelas novas maneiras de agir no meio familiar, escolar, social, e profissional. Acredito que o ideal seria que ações de nossa organização fossem incorporadas pelo Estado, ou pela iniciativa privada, que forneceria as condições requeridas para que encetássemos maior sensibilização no sentido de eliminar o racismo em nossa sociedade através da educação.

A falta de preparo de professores para lidar com a questão racial em sala de aula, desencadeando a difusão da discriminação racial, impossibilita a decodificação e a intervenção do educador em situações que denotem sinais de preconceito.

É necessário repensar a relação opressora x oprimida através da organização, e pensar na frase de Frantz Fanon lutador de boxe e psiquiatra: “Sem um passado negro, sem um futuro negro, me era impossível viver minha negritude”.

É importante perceber que questões raciais têm sido uma temática mundial, quando percebemos a xenofobia na Europa, a invasão no Oriente Médio, as guerras no Leste Europeu, e a fome na África. Faz-nos lembrar que a intolerância em perceber as diferenças é gritante, portanto, a muito a questão racial vem demonstrando a ignorância do ser. No Brasil tem sido uma nação de manutenção do status quo de um determinado grupo que procura encobrir e ignorar a importância do negro nesta sociedade.

Ações afirmativas devem fazer parte das políticas públicas da nação, mas mais do que isto deve preparar a sociedade para desenvolver e permitir o acesso, ingresso e oportunidade dos negros e seus descendentes nesta coletividade social, institucional, econômica e porque não cultural. Cultura esta fundamental para desenvolver melhores condições de vida e de promover a valorização da cultura afro-brasileira.

Não basta garantir ingresso e permanência nos sistemas de ensino. É preciso refletir sobre que tipo de educação promovendo à população brasileira, efetuar criticamente análise no sistema educacional vigente, através de políticas públicas e a partir do que realmente ocorre no interior das escolas e das comunidades. Romper com o aspecto natural da inferioridade racial e aniquilar o fundamentalismo cultural.

Vale lembrar que a lei brasileira que trata do racismo é a de 7.716, de 5 de janeiro de 1989. O texto descreve o que é racismo e quais são as penas para esse tipo de crime, que no Brasil, e inafiançável - isto é, uma vez registrado o fato em flagrante, o acusado vai direto para a cadeira e não tem direito a pagar fiança para aguardar o julgamento em liberdade. Mas isso é só um fato raríssimo.

 

REFERÊNCIAS

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[1] Licenciada em História - FTC, Especialista em Educação Inclusiva - FTC, Especialista em Planejamento Educacional e Políticas Públicas - AVM Faculdade Integrada, Especialista em Cultura Afro Brasileira – FTC. E-mail: [email protected]

[2] Sem uma raça dita pura.

[3] SANTANA, M. O Legado Africano e o Trabalho Docente. Boletim Salto para o Futuro 2006. v. 20, p. 38-50, 2006.

[4] É o conceito que sintetiza um conjunto de sentimentos, os quais fazem um indivíduo sentir-se parte integrante de uma sociedade ou nação. Esse conceito começa a ser definido somente a partir do século XVIII, e se consolida no século XIX, não havendo, antes disso, a concepção de nação propriamente dita. Ela é construída por meio de uma autodescrição da cultura patrimonial de uma sociedade, que se pode apresentar a partir de uma consciência de unidade identitária ou como forma de alteridade, buscando demonstrar a diferença com relação a outras culturas.

[5] KAMEL, A. Não somos racistas: uma reação aos que querem transformar numa nação bicolor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

[6] NUNES, S. S. Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de uma violência explícita. Rev. Psicol. USP, Mar 2006, vol.17, no.1, p.89-98. ISSN 0103-6564.

[7] HOFBAUER, A. Ações afirmativas e o debate sobre racismo no Brasil. Lua Nova, 2006, no.68, p.9-56. ISSN 0102-6445.

[8]  MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. 2º Ed. Brasília: Unesco, 2005.

[9] É uma instituição concebida para o ensino de alunos sob a direção de professores. A maioria dos países têm sistemas formais de educação, que geralmente são obrigatórios. Nestes sistemas, os estudantes progridem através de uma série de níveis escolares e sucessivos. Os nomes para esses níveis nas escolas variam por país, mas geralmente incluem o ensino fundamental (ensino básico) para crianças e o ensino médio (ensino secundário) para os adolescentes que concluíram o fundamental. Uma instituição onde o ensino superior é ensinado, é comumente chamada de faculdade ou universidade

[10] SILVA, P. V. B.; TEIXEIRA, R.; PACIFICO, T. M. Políticas de promoção de igualdade racial e programas de distribuição de livros didáticos. Educ. Pesqui., Mar 2013, vol.39, no.1, p.127-143. ISSN 1517-9702.

[11] Uma pessoa que, após interação social, necessita passar tempo sozinho para "se recuperar". Freqüentemente encontrados em suas casas, bibliotecas, parques tranquilos que muitas pessoas não conhecem, ou outros lugares isolados, pessoas introvertidas gostam de pensar e de ficar sozinhos.

[12] Araújo, M.; MAESO, S. R. A presença ausente do racial: discursos políticos e pedagógicos sobre História, "Portugal" e (pós-)colonialismo. Educ. rev., Mar 2013, no.47, p.145-171. ISSN 0104-4060.

[13] CAMINO, L. et al. Repertórios discursivos contemporâneos sobre as desigualdades raciais no Brasil: um estudo com estudantes paraibanos de pós-graduação. Psicol. Soc., 2013, vol.25, no.1, p.113-122. ISSN 0102-7182.

[14] SILVÉRIO, V. R.; TRINIDAD, C. T. Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo? Educ. Soc., Set 2012, vol.33, no.120, p.891-914. ISSN 0101-7330.

[15] MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. 2º Ed. Brasília: Unesco, 2005.

[16] GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito de cor e racismo no Brasil. Rev. Antropol. vol.47 no.1 São Paulo  2004.

[17] ALVARENGA FILHO, J. R. A 'Chacina do PAN' e a produção de vidas descartáveis na cidade do Rio de Janeiro: Não dá pé não tem pé nem cabeça não tem ninguém que mereça não tem coração que esqueça. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 2010.

[18] O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, sejam ao votar (indireto), seja ao concorrer a um cargo público (direto).

[19] MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. 2º Ed. Brasília: Unesco, 2005.

[20] MAGGIE, Y. Racismo e anti-racismo: preconceito, discriminação e os jovens estudantes nas escolas cariocas. Educ. Soc. vol.27 no.96 Campinas Oct. 2006.

[21] CANTARINO, C. Racismo influencia desempenho escolar. Cienc. Cult. vol.59 no.2 São Paulo Apr./June 2007.

[22] SILVA, P. V. B.; TEIXEIRA, R.; PACIFICO, T. M. Políticas de promoção de igualdade racial e programas de distribuição de livros didáticos. Educ. Pesqui., Mar 2013, vol.39, no.1, p.127-143. ISSN 1517-9702.

[23] Do ponto de vista da sociedade, a tolerância é a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que tem uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio grupo. Numa concepção moderna é também a atitude pessoal e comunitária de aceitar valores diferentes daqueles adotados pelo grupo de pertença original.

[24] É uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, sentiência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente.

 É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia, e ciência cognitiva.

[25] MAGGIE, Y. Racismo e anti-racismo: preconceito, discriminação e os jovens estudantes nas escolas cariocas. Educ. Soc. vol.27 no.96 Campinas Oct. 2006.

[26] É a percepção que uma pessoa tem de si mesma e das orientações que dá à sua vida. De um modo geral, as identidades individuais se constituem de inúmeros aspectos, tais como ser um pai de família, ser um fiel empregado de uma companhia, ou um bom cidadão de um país.

[27] NUNES, S. S. Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de uma violência explícita. Rev. Psicol. USP, Mar 2006, vol.17, no.1, p.89-98. ISSN 0103-6564.

[28] SILVA, P. V. B.; TEIXEIRA, R.; PACIFICO, T. M. Políticas de promoção de igualdade racial e programas de distribuição de livros didáticos. Educ. Pesqui., Mar 2013, vol.39, no.1, p.127-143. ISSN 1517-9702.

[29] É um termo usado por alguns para descrever as relações raciais no Brasil. Pesquisadores notam que a maioria dos brasileiros não se veem pelas lentes da discriminação racial, e não prejudicam ou promovem pessoas baseadas na raça. Graças a isso, enquanto a mobilidade social dos brasileiros pode ser reduzida por vários fatores, como sexo e classe social, a discriminação racial seria considerada irrelevante.

[30] É um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual".

[31] A discriminação acontece quando há uma atitude adversa perante uma característica específica e diferente. Uma pessoa pode ser discriminada por causa da sua raça, do seu gênero, orientação sexual, nacionalidade, religião, situação social, etc.