A EDUCAÇÃO, A ESCOLA E O APRENDIZADO

Um olhar na obra do pensador/pesquisador PEDRO DEMO, notadamente os aspectos que modernizam a busca pelo conhecimento

Sebastião Maciel Costa*

RESUMO

            Discutir a educação, nos moldes atuais, fixando um olhar no horizonte visível do homem-pensador é um dos papéis fundamentais na manutenção da Escola como eixo de formação e sustentação de valores sociais que instrumentaliza a busca do conhecimento. Todo esse processo perpassa e fomenta a grande preocupação do educador consciente do seu papel de agente formador e transformador de vida, perspectivas e ideais, que é o aprender. Aprender a ouvir, a pensar, a refletir, a posicionar-se.

         No contexto sócio-econômico em que se encontra a educação brasileira é preciso se refazer caminhos e projetos que discutam e cristalizem a essência do aprender. A problemática do aprendizado quando a sociedade enfrenta tantas crises. Entendemos por aprendizagem reconstrutiva aquela marcada pela relação de sujeitos e que tem como fulcro principal o desafio de aprender, mais do que de ensinar, com a presença do professor na condição de orientador.

            Dizer que o aprendente aprendeu é relativo; admitir que ele não quer aprender, é preconceituar; reconhecer que cada um aprende do seu jeito e responde no seu tempo é uma possibilidade de se fortalecer a Educação, a como eixo do conhecimento; a escola como espaço de troca de saberes e o aprendizado como respostas. Educar pela pesquisa, porta aberta aos novos tempos nos remete ao mundo moderno, onde é preciso se valorizar o desenvolvimento tecnológico colocando-o a serviço da pesquisa pela educação em busca de novos conhecimentos.

Palavras-chave: Educação, escola, pesquisa e  aprendizado

ABSTRACT
            Discuss education in current patterns , fixing a look at the visible horizon of man - thinker is one of the key roles in maintaining the school as a hub for training and support of social values ​​that equips the pursuit of knowledge . This entire process permeates and sustains the major concern of the educator aware of its role in forming agent and transformer life, perspectives and ideals , which is learning . Learning to listen , to think , to reflect , to position yourself .

            In the socio - economic context in which it is the Brazilian education is necessary to retrace paths and projects to discuss and crystallize the essence of learning . The problem of learning when society faces many crises . Mean by reconstructive learning that marked the relationship of subject and whose main fulcrum the challenge of learning rather than teaching , with the presence of the teacher in guiding condition .

            Say that the learner has learned is relative ; admit that he does not want to learn , is preconceituar ; recognize that everyone learns your way and responds to your time is an opportunity to strengthen education , as the axis of knowledge , the school environment exchange of knowledge and learning as answers . Education through research , open door to the new era brings us to the modern world , where it is necessary to enhance the technological development by placing it at the service of the search for education in search of new knowledge.

 Keywords : education , school , learning and research.

APRESENTAÇÃO

            O trabalho do educador é muito mais que uma busca por realização, mas como uma projeção do que acreditamos ser melhor para todos. A  profissão nos impulsiona para  a pesquisa, o questionamento, a experiência e novos desafios. Na medida que o homem precisa ser agente do seu tempo, dos seus atos e de tudo aquilo que esperam da espécie é preciso ir além do convencional, é preciso ousar para resolver problemas que são enfrentados no dia a dia de uma sala de aula, de um sistema de ensino, de uma sociedade. Revendo, catalogando a obra do ilustre  Catarinense Pedro Demo, realiza-se uma viagem pelo imaginário estrutural de sua obra, vendo a Educação pelo avesso, as metodologias do conhecimento  científico, para quem quer aprender, Mitologias da Avaliação, Politicidade, Saber pensar até chegar finalmente no EDUCAR PELA PESQUISA.

A escola brasileira tem registrado ao longo da história, fatos que a caracterizam como sendo a instituição social que menos avançou, especialmente na sua efetiva prática de educar. Nesse lastro, encontram-se as demandas estruturais principalmente na escola pública, problema que atinge frontalmente a dissociação de interesse coletivo pelos estudos, no trato com currículos que pouco ou nada dizem dos saberes sociais de cada segmento.

O processo ensino-aprendizagem tem enfrentado grandes entraves quase sempre intransponíveis. Quando entram no cenário as condições estruturais das unidades escolares, consta-se, muitas vezes, a falta de vontade política dos que são responsáveis pelas políticas públicas, já que poucas respostas se obtém, mesmo diante de tantos programas, ferramentas e propostas, em vigor nos últimos anos. O acontecer do ensino-aprendizagem perpassa pelo ensinar e aprender. Em algumas escolas, principalmente da rede Privada de Ensino, ainda se amealha o “ensinar”. Programa-se um currículo vasto e abrangente, delineiam-se os objetivos e as estratégias e o professor ensina. No seu papel, ensina e avalia. O caso é dado como encerrado. Seria desnecessário questionar-se o outro elemento do binômio: o aprendizado. Certamente esse não aconteceu. O aluno passou a agir com novos olhares, a partir do que aprendeu?  Houve mudança comportamental que justifiquem o tempo em que buscou fixar informes que poderiam verticalizar seus conhecimentos?

            Na Rede Pública de Ensino impera a lei do “o professor - sabe”, o aluno é tábua-rasa. Não pelo fato de os professores assim preferirem, mas pelo fato de pertencerem a um sistema que mesmo antes de conceber o seu papel, reconhece suas necessidades pessoais: a sobrevivência, numa profissão que angustia aqueles que têm um sonho de promover a educação de qualidade. Não registram ensino, tampouco aprendizagem. Os aspectos aqui pontuados refletem um quadro universal da realidade social, reconhecendo-se que há exceções a essas regras.

Aprender a aprender pode ser a grande saída para se inibir essa prática, para que se alcance o aprender para ensinar o aprender. No jogo das personagens professor – aluno – escola, alguém tem que reconhecer a necessidade de um “reconstruir”, aproveitando-se tudo o que deu certo, para que sejam dados novos passos. Pedro Demo, em sua obra contempla esse eixo. Ele defende uma educação reconstrutiva.

Este teórico apresenta a tendência vigorosa de compreender a aprendizagem como fenômeno reconstrutivo, ressaltando a pesquisa como seu ambiente próprio. Passa rapidamente por algumas teorias interdisciplinares (psicologia, biologia, física, linguística e suas interconexões). Para ilustrar esta tendência, organiza cenários que ilustram todas as possibilidades de conquistas e avanços no mundo da educação e dos estudos sistematizados. A escola enquanto berço natural d aprendizado precisa ter consciência do seu papel diante dos avanços de outras instituições que fluem com a velocidade do tempo, em detrimento dos parcos avanço da educação., com rara precisão, a pesquisa como ambiente de aprendizagem e o papel maiêutico do professor.

            Defendemos alguns argumentos que favorecem o desafio de repensar a escola como laboratório capaz de ousar em busca do que o aluno traz como saber, anseios e expectativas. Nesta esteira, a pesquisa entra como um viés capaz de acatar o direcionamento que a juventude dá à tecnologia, muitas vezes, em detrimento do estudo pelo estudo. O jovem de hoje não vê  a escola como foco de realizações a partir do acúmulo de conhecimento acadêmico e sistemático. Ele acaba vendo como um espaço que lhe manipula, que limita os seus movimentos, que cobra ações que a família, por vezes deixou passar.         Como admirar um espaço de pessoas que foram formadas para cobrar? Sem que lhe valorize suas competências não acadêmicas? O desafio reconstrutivo da aprendizagem, com o objetivo de contribuir para inovações fundamentais na escola e na universidade. Entre elas conta-se a necessidade de perceber a pesquisa como ambiente da aprendizagem reconstrutiva, donde segue que esta noção de pesquisa precisa fazer parte de todo processo educativo, em qualquer nível e em qualquer fase. Sua falta faz com que educação decaia para mero ensino.

            A noção usual de pesquisa como sendo o processo metodológico geralmente muito sofisticado de produção de conhecimento continua valendo, mas é apenas uma das faces. Seria, assim, o caso distinguir entre um "pesquisador profissional", que vive de produzir conhecimento, e o "profissional pesquisador", que usa a pesquisa como propedêutica de seu saber pensar. É o buscado aprender a aprender, prescrutando, perguntando, questionando, pesquisando mas, acima de tudo, usando a ferramenta disponível que está nas mãos do jovem para encontrar o nosso filão: o aprendizado.

            Não é esse o momento do computador, celular, tablet, ipod,...? Que sejam esses os equipamentos que disponibilizados ao aluno, seja utilizado para a busca do conhecimento. Se a grande distância entre o aluno e o professor é o poder que o professor acredita ter sobre o aluno pelo conhecimento acumulado, que o aluno atue como agente dessa discussão. Ele crendo partícipe da construção da discussão, sentir-se-á mais valorizado. O professor por seu turno colherá essa “brecha” e insere seus propósitos. Isso é pesquisa, isso é estudo, isso é aprendizado.

            Conhecida como a terminologia da "construção do conhecimento", essa busca é o refazimento do caminho percorrido por educadores e estudantes, construindo o conhecimento, já que partimos do que já conhecemos, apreendemos parte do que já está disponível na cultura. A construção do conhecimento também pode ocorrer, mas é um passo de originalidade acentuada, dificilmente aplicável ao dia-a-dia. Esse olhar traz para o nosso dia-a-dia, uma vantagem a mais: é possível reinventar a educação no Brasil. Essa talvez seja a grande contribuição da obra de PEDRO DEMO para o nosso momento histórico.

CONSIDERAÇÕES

            Entendemos por aprendizagem reconstrutiva aquela marcada pela relação de sujeitos e que tem como fulcro principal o desafio de aprender, mais do que de ensinar, com a presença do professor na condição de orientador. O ensino pelo ensino dificilmente é prático, porque esconde uma visão mecânica de prática. Fato constatado ao longo da história dos diversos projetos, programas e ferramentas disponibilizadas nas últimas décadas. Distribuir fórmulas feitas é atrapalhar a vida das pessoas. Sobretudo, se as rebaixamos a entes passivos que seguem ordens dos outros. A pesquisa tem esta vantagem: exige um sujeito que questiona.

            A pesquisa aqui, vista como mecanismo de estudo quer seja por parte do aluno, quer por parte da escola, quer pelo professor, quer pelo sistema de ensino. Pedro Demo vai fundo na sua proposta de reconstruir o caminho da educação através da pesquisa, do aprender fazendo, do fazer socializando. A construção de um novo modelo educacional não descarta todas as tentativas postas em prática, não inviabiliza o que outros pensadores e governos propõem, não dificulta o entendimento, mas abre perspectivas para avaliação do que ainda poderá ser feito com um salto em busca da qualidade da educação, como instrumento de modernidade e melhoria da qualidade de vida do ser humano com uma visão crítica de si mesmo e com uma visão analítica dos fatos sociais como decorrência da vontade de aprender e ensinar.

 Referências

APRENDIZAGENS E NOVAS TECNOLOGIAS

DEMO, P. 1994. Pesquisa e Construção do Conhecimento - Metodologia científica no caminho de Habermas. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.

DEMO, P. 2000. Conhecer & Aprender. Artmed, Porto Alegre.

DEMO, P. 2002. Complexidade e Aprendizagem - A dinâmica não linear do

conhecimento. Atlas, São Paulo.

DEMO, P. 2006. Avaliação - Para cuidar que o aluno aprenda. Editora CRIARP, São Paulo.

DEMO, P. 2008. Aprender Bem/Mal. Autores Associados, Campinas (no prelo).

DEMO, P. 2008a. Saber Pensar é Questionar. LiberLivro, Brasília (no prelo).

(*) Mestrando do Curso de Ciências da Educação – Universidade Europeia no Brasil.