INTRODUÇÃO

A Desigualdade educacional no contexto social, cultural e econômico é um assunto que está sendo abordado em diversas discussões e por essa razão,sugerimos uma reflexão sobre as condições que propiciam esta desigualdade no contexto atual,almejando assim, contribuir para o aprofundamento do debate sociológico sobre a educação e a diferenciação sócia econômica e cultural existentes em nosso sistema de ensino. Propomos verificar as situações que diferem o ensino na sociedade, evidenciando assim, a importância de explorarmos um entendimento sobre essas diversidades. O estudo foi fundamentado na análise bibliográfica embasada em discussões de autores como, GUZZO (2005), PERROSA (2006), BORDIEU (2004) entre outros.

DESIGUALDADES NO ENSINO 

Vivemos em um mundo capitalista com um elevado índice de desigualdade social que para CARDOSO e RURIBINI (2005) reflete na desigualdade brasileira de acesso à educação. A desigualdade social e o acesso à educação de qualidade continuam sendo um dos principais problemas da nossa atualidade. Continuamos a viver em um mundo onde os dominantes, sobressaem em função do sistema do Capital e da sociedade globalizada. Ainda segundo os autores, a desigualdade social, intelectual e econômica, resulta além do rendimento, oportunidades de obtenção de emprego, considerando que há forte correlação entre o nível educacional de uma população e o crescimento do país.

Podemos analisar que o mercado de trabalho busca trabalhadores para desenvolver certo tipo de trabalho que cada vez mais exigente em conhecimento e escolaridade. E quanto mais escolarizado for o trabalhador mais facilidade para compreender as novas tecnologias ele terá. Os acontecimentos vivenciados há décadas influem muito na educação predominante. Entre os indivíduos é necessário que haja conhecimento dos obstáculos que a diferenciação social, cultural e econômica traz para a formação de uma sociedade pensante e transformadora.

CERQUEIRA apud BORDIEU (2006) analisa os capitais econômico, cultural, social, e simbólico que constituem a “perpetuação” de um sistema de valores sociais, determinados pela união de conhecimentos, informações, sinais linguísticos, posturas e atitudes com “suas particularidades” que traçam a diferença de rendimentos acadêmicos frente à escola. Neste sentido, desigualdade social e sistema educacional são dois elementos que encontram raízes no próprio processo produtivo e que, dessa forma, não podem ser analisadas fora da concepção de uma sociedade capitalista. A educação foi fundamentada como um dos direitos básicos de todo indivíduo enquanto cidadão, porém a desigualdade do sistema educacional tende a fazer com que os indivíduos naturalizem a sua própria condição de desigualdade.

A essa disposição cultural, BORDIEU denomina habitus. “O habitus está diretamente relacionado à posição social e determina as escolhas dos indivíduos, porque também determina sua percepção do mundo.” (BOURDIEU, 2004, p. 18). Em uma sociedade com uma pluralidade social, cultural e econômica, questionamo-nos se a educação é efetivada de maneira linear e se oferece livre acesso a todo cidadão incondicionalmente.

De acordo com GUZZO e FILHO (2005) as relações sociais estabelecem cada vez mais a divisão da sociedade em grupos econômicos diferenciados causando uma relação antagônica entre classes sociais. Os interesses de cada classe social passaram a delimitar o campo da educação servindo para dominação social de poucos sobre muitos, podendo entender que a desigualdade social e sistema educacional são dois elementos que se articulam no próprio processo produtivo, não podendo ser analisadas fora do contexto social.

O sistema educacional versa papel fundamental na manutenção da alienação e da divisão social do trabalho, as escolas têm sido configuradas como um espaço estratégico de convivência social, pautada pela reprodução da dinâmica da sociedade capitalista.

EDUCAÇÃO E JUSTIÇA

Na nossa sociedade vemos constantemente o ingrediente segregacionista. Temos de um lado uma imensa quantidade de pessoas vivendo em condições de miséria, e de outro lado uma minoria que detêm grande concentração de renda. Embora exista o estatuto jurídico da liberdade e igualdade para todos, o que se percebe é que alguns desfrutam de direitos civis e sociais, ou seja, a cidadania, enquanto que outra da população fica à margem, com acesso precário à educação, proteção à saúde, condições de trabalho. O Estado que deveria ser agente equalizador, não cumpre esta função adequadamente.

Apesar de educação ser um direito de todos, percebemos que há diferenças quanto à qualidade do ensino. Não se trata de promover nivelar o ensino, até porque os alunos não são iguais. A uniformidade não seria conveniente. As necessidades variam, há alunos com deficiências, há os que apresentam dificuldades de aprendizado, enquanto que outros são mais adiantados. Indispensável seria promover justiça no ensino, todos deveriam poder ter acesso a ensino que melhor satisfaçam as suas necessidades, para desenvolvimento adequado de suas potencialidades.

Para se chegar a este ideal seria necessário desenvolvimento de políticas públicas que visem à igualdade de oportunidades, pois a escola tem papel fundamental para que a socialização seja decisiva, na medida em que contribui para a interiorização das disposições psicológicas (Habitus). Tendo que mudar o seu foco de formação técnica e prática, para uma formação capaz de desenvolver no indivíduo o aprender a aprender, ele deve ter a capacidade de decodificar e filtrar as informações que chegam continuamente.

BIBLIOGRAFIA:

SAMPAIO, Edna L. Almeida. Alguns elementos para refletir a educação - UNEMAT,Mato Grosso.  2007.

GOULART, Jefferson O. Desigualdade Social, Estado e Cidadania. Doutorando em CiênciaPolítica (USP); Professor da FFLH (Unicamp).

TORRES, H. da Gama. et al. Educação Na Periferia de São Paulo: Ou ComoJaneiro: 2006.Pensar as Desigualdades Educacionais?. Rio de Janeiro. 2006. 

PESSOA, Maria E. de Carvalho. Modos de Educação, Gênero e Relações Escola –Família. Paraíba. Universidade Federal da Paraíba, 2004. 

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: Novas exigênciaseducacionais e profissão docente. São Paulo:Cortez,2003.