A DANÇA E SUA IMPORTÂNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR


INTRODUÇÃO
A dança é uma arte que se constitui de movimentos rítmicos, enquanto linguagem ela favorece a expressão, consciência do corpo, conhecimento de si e do meio, possibilitando descobertas, a sensibilidade, emoção e envolvendo símbolos. Ela esta presente em todas as culturas, sendo uma fonte de informação e formação do ser humano, auxiliado a criança a construir sua alto imagem a conhecer o mundo em que vive, contribuindo assim para uma imagem social.
E tendo em vista os benefícios da Dança para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, buscou-se neste trabalho construir uma relação entre a dança no ambiente escolar e a Teoria sócio-histórica de Vygotsky, buscando apontar os benefícios que um trabalho bem planejado de Dança no ambiente escolar que não vise meras cópias pode propiciar na construção de conhecimentos pela criança, auxiliando-a em vários aspectos como já mencionado acima. Com relação à teoria de Vygotsky, sabemos que ele é um dos mais importantes teóricos que abordam a questão da aquisição de conhecimentos e desenvolvimento humano, tendo como principais pressupostos a idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro socialmente, sendo importante o seu contato com o outro e o estimulo para que a criança construa seus próprios conhecimentos, sendo o papel do adulto um mediador e não alguém que ditas as regras para que os outros copiem.
A DANÇA E SUA IMPORTANCIA NO AMBIENTE ESCOLAR

O que a arte exprime é o curso da sensibilidade, do sentimento, da emoção. A arte é visualização do sentimento, o que envolve sua formulação e expressão no símbolo, pois a expressão em arte é uma expressão simbólica da emoção. Sendo importante a idéia de que a expressão do sentimento, em arte, não ocorre de maneira direta, mas através de uma forma simbólica, visto que um símbolo é qualquer artifício com o qual seja possível operar uma abstração e, no caso da arte, realiza uma articulação e uma apresentação do sentimento.
De acordo com Hanna citado por Dantas (1999,p. 15) a dança é um comportamento humano constituído a partir de sequencias de movimentos e gestos corporais diferenciados de atividades motoras usuais. Tais movimentos e gestos são organizados culturalmente, atendem propósitos e intencionalidades dos dançarinos e têm valor inerentemente estético.
De acordo com Sachs citado por Dantas (1999, p.22)
A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no tempo: a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e sua obra, são na dança uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isso o homem cria em seu corpo por meio da dança.
Ela se constitui de movimentos rítmicos que envolvem todas as partes do corpo, em sintonia com diversos estilos de musica. É vivenciada em todas as cultuaras, sendo uma das poucas atividades na qual o ser humano se encontra mais íntegro-corpo, mente e espírito. Podemos dizer que a dança é uma forma de comunicação que expressa compreensões individuais e sociais do mundo. A dança como linguagem na escola favorece a expressão e consciência do corpo, sendo que este trabalho visa a consciência corporal, promovendo o respeito e a valorização das possibilidades de descobertas de cada pessoa sobre si mesma, ao contato com o outro e com o grupo, além disso, a dança propicia ao individuo, ritmo musical, noções de espaço temporal e dramatizações criativas.
Sendo assim, a Dança engloba vários aspectos, sendo um importante meio para se estimular o desenvolvimento e aprendizagem da criança no ambiente escolar. Sendo necessário para se desenvolver esta arte no ambiente escolar uma proposta da Dança como recurso facilitador do processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança.

Uma das abordagens que possibilita novas metodologias de trabalho com a dança é a dança criativa, sendo este, um conceito que visa à interação professor/aluno, onde criam juntos sua própria forma expressiva e a comunica com o mundo da dança. O professor deve ser além de educador, um intermediador do processo dança/arte, onde o prazer pelo movimento e pela interação do corpo e da mente se torna evidente, numa tentativa de fazer de um aluno, um interprete do movimento.
Em nossas palavras, Criatividade é a expressão de um potencial humano de realização, que se manifesta através das atividades humanas e gera produtos na ocorrência de seu processo. Devemos acrescentar que através da atividade criativa, os seres humanos alcançam uma consciência sobre suas potencialidades, desvendam a condição genuína de sua liberdade pessoal e edificam sua autonomia, uma vez que através da criatividade, o homem existe e evolui, se expressa e, modela parcelas de realidade do universo das infinitas possibilidades humanas.
Miel (1972) acredita que a criatividade é qualidade que todo ser humano pode demonstrar em sua maneira de viver, e que é possível aumentar a criatividade na maioria dos indivíduos, aumentando assim na sociedade em geral, se for posto em prática na educação o que sabemos a respeito de condições que incentivam a criatividade, sendo uma desta, a arte.
Segundo Ostrower (1995), o potencial criador não é outra coisa senão uma disponibilidade interior, a plena entrega de si e a presença total naquilo que se faz. A criatividade e sua realização correspondem a um caminho de desenvolvimento da personalidade. A pessoa poderá crescer ao longo de sua vida, crescer para níveis sempre mais elevados e complexos, assim como já foi visto com os autores pesquisados.
Ao entendermos a arte como uma necessidade existencial das pessoas e não como um luxo qualquer dispensável, implica também a noção de qualidade, a capacidade de discernir e avaliar. No fundo, somente a partir da realização das próprias potencialidades criativas, é que alguém há de adquirir o respeito e a necessária objetividade perante o trabalho de outros artistas, perante a autonomia e validez de suas formas expressivas. Poderá avaliar melhor o trabalho dos outros e o seu próprio.

A TEORIA SÓCIO HISTÓRICA DE VYGOTSKY E SUA RELAÇÃO COM A DANÇA

? Biografia:
Lev Semenovich Vygotsky nasceu na extinta união soviética, em 17 de novembro de 1896. viveu grande parte de sua vida com a família, sendo o segundo filho de oito irmãos. Sua família tinha uma situação econômica bastante confortável e teve oportunidade de receber uma educação de alta qualidade. Desde cedo ele demonstrou interesse pelo estudo e reflexão sobre várias áreas do conhecimento.
A maior parte de sua educação foi feita em casa por meio de tutores. E aos 15 anos ele ingressou em um colégio privado onde freqüentou os últimos dois anos do curso secundário. Formou-se em Direito pela Universidade de Moscol em 1917, freqüentou cursos de história e filosofia e aprofundou seus estudos em psicologia. Anos mais tarde também estudou medicina devido ao seu interesse em trabalhar problemas neurológicos (Oliveira, 1993; Vygotsky, 1991)
Trabalhou em diversos locais na então União Soviética, sendo professor e pesquisador nas áreas de psicologia, pedologia (estudo natural e integral da criança sob o aspecto biológico, antropológico e psicológico), filosofia, literatura, deficiência física e mental, atuando em diversas instituições de ensino e pesquisa, ao mesmo tempo que lia, escrevia e dava conferências.
Já com tuberculose (adquirida em 1920) casou em 1924 e teve duas filhas. Conviveu com sua família até 1934, quando morreu aos 37 anos. Ele escreveu, aproximadamente, 200 trabalhos científicos, constituindo um enorme volume de produção intelectual.
Apesar de uma grande produção científica, o trabalho de Vygotsky permaneceu quase que completamente ignorado ate 1962, quando seu livro-m pensamento e linguagem- foi publicado pela primeira vez nos EUA. É im,portante ressaltar, também, que as obras de Vygotsky foram suspensas pela sensura do regime stalinista. No Brasil, a maior parte das produções tem sido feita a partir de livros, em inglês, publicados nos EUA (OLIVEIRa, 2005)
As principais obras de Vygotsky traduzidas para o português são "A formação social da mente", "Psicologia e pedagogia" e "Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem", "A Construção do Pensamento e Linguagem" (obra completa), "Teoria e Método em Psicologia", "Psicologia Pedagógica".

? Idéias centrais e sua relação com a dança no ambiente escolar

 O que é Desenvolvimento Humano?

A noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de evolução, em que nós caminharíamos ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução, nem sempre linear, se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor.

Os seres humanos nascem "mergulhados em cultura", e é claro que esta será uma das principais influências no desenvolvimento. Pela interação social, aprendemos e nos desenvolvemos, criamos novas formas de agir no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo que nos recebeu, durante todo o ciclo vital.

 Vygotsky e o Desenvolvimento
Ao falar de desenvolvimento humano, hoje, não se pode deixar de citar o autor soviético Vygotsky. Estuda-se a construção do conhecimento pela criança, uma vez que seu desenvolvimento não acontece, segundo Vygotsky, somente de dentro para fora, mas é influenciada, também, pela reestruturação do organismo, em conseqüência do seu desenvolvimento. Conforme se pode perceber, Vygotsky vai traçando um perfil da criança de acordo com seu desenvolvimento intelectual e orgânico, pesquisando como ela concebe o mundo e o que nele há. Os seres humanos, no inicio da idade, agem por reações inatas. Em outras palavras, nascem trazendo ações e ou reações hereditárias.
Para Vygotsky o fator relevante é a relação cultural que a criança vivencia em seu cotidiano. Ele determina dois níveis de desenvolvimento: Nível de Desenvolvimento Real e Nível de desenvolvimento Potencial. Segundo Vygotsky apud Delgado (2003), é no momento em que estamos conversando com a criança ou observando o que ela está fazendo que podemos determinar seu nível de desenvolvimento.
Para Vygotsky, o que uma criança consegue realizar sozinha, sem a interferência de uma outra pessoa, é denominado de nível de desenvolvimento real, é o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabelecera como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados. Representam as habilidades intelectuais e as funções já amadurecidas.
O desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu conhecimento de forma autônoma. O nível de desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialéticamente com os movimentos do processo de aprendizagem. Na vida diária o desenvolvimento real de uma criança pode ser determinado pelas atividades que ela faz sem auxílio de seus pais ou de quaisquer outras pessoas.
Quando a criança não consegue realizar uma atividade sozinha, mas realiza com o auxílio de uma outra pessoa, Vygotsky denomina este nível de desenvolvimento potencial, afirmando ele que a criança se desenvolve e aprende por meio da realização de atividades, mas também aprende através da observação. O professor não deve fazer todas as atividades pelo aluno, ao contrário, ele deve conhecer o que a criança já faz sozinha, o que ela não consegue realizar, para planejar onde deve atuar e de que maneia vai agir para contribuir com o desenvolvimento e com a aprendizagem da criança.
O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em proceso. Isto significa que a dialética da aprendizagem que gerou o desenvolvimento real, gerou também habilidades que se encontram em um nível menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir.
As obras de Vygotsky incluem alguns conceitos que se tornaram incontornáveis na área do desenvolvimento da aprendizagem. Um dos conceitos mais importantes é o de Zona de desenvolvimento proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha e aquilo que consegue aprender com a ajuda de um adulto. A Zona de desenvolvimento proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido, define a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial.
Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis. Vygotsky afirma que a criança se desenvolve primeiro no nível social para depois se desenvolve no nível individual. Piaget postula o contrário: primeiro a criança é um ser individual e depois um ser social, com maior interação com os que estão ao seu redor.


 Idéias Centrais

Vygotsky e seus colaboradores objetivaram construir uma abordagem qualitativa, interdisciplinar e orientada para os processos do desenvolvimento. Assim, conceberam o desenvolvimento humano constituído de algo que não é somente inato e não somente moldado pelo ambiente. Desse modo chegaram a uma concepção interacionista do desenvolvimento. Vygitsky defendia a idéia de que o homem é diferente dos animais inferiores.
A postulação interacionista de Vygotsky tem haver com os planos genéticos. Para ele existem 4 entradas do desenvolvimento que juntos caracterizam o desenvolvimento do ser humano:
 A filogênese: diz respeito à historia da espécie (humana e animal). A filogênese esta relacionada com as características do corpo que vão servir para o desenvolvimento: Ex: utilizar os olhos, o movimeto de pinçar para pegar objetos, etc.
 A ontogênese: diz respeito a historia do individuo da espécie: significa o desenvolvimento do ser, de um individuo, de uma determinada espécie. Poe ex: nasce, reproduz, morre
 A sociogênese ou historia cultural: marca a historia cultural do meio que o sujeito esta inserido, isto é, a historia da cultura onde o sujeito esta inserido
E com relação a este aspecto podemos ressaltar a importância da dança como um meio de transmissão e reflexão da cultura em que a criança esta inserida, além da possibilidade dela conhecer outras culturas, sendo modificada pelo meio e modificando o mesmo.
 A microgênese: esta relacionado a história de cada individuo dentro de sua esecie, isto é, cada fenômeno psicológico tem sua propia história.
A microgênese nos faz olhar para o fato de que cada fenômeno tem a sua historia individual e ninguém tem uma historia igual a do outro. Não existem duas pessoas iguais. As experiências são diferentes. Os fatos na historia de cada um irão definir a singularidade de cada momento da vida do sujeito.
E novamente estabelecemos uma relação entre este aspecto e a dança., pois como sabemos que a dança é uma das poucas atividades na qual o ser humano se encontra mais íntegro-corpo, mente e espírito. Podemos dizer que a dança é uma das formas de comunicação que expressa compreensões individuais e sociais do mundo. A dança como linguagem na escola favorece a expressão e consciência do corpo, sendo que este trabalho visa à consciência corporal, promovendo o respeito e a valorização das possibilidades de descobertas de cada pessoa sobre si mesma, ao contato com o outro e com o grupo, além disso, a dança propicia ao individuo, ritmo musical, noções de espaço temporal e dramatizações criativas.
Para Vygotsky, o fundamento do funcionamento psicológico tipicamente humano é cultural, e portanto, histórico, pois o sujeito humano é constituído por aquilo que é herdado fisicamente e pela experiência histórica e social vivenciado pessoalmente pelo sujeito. Assim defende que os elementos mediadores na relação entre homem e o mundo, são constituídos e carregados de significados culturais. Apresenta como elementos mediadores os instrumentos e signos.
Considerado como um conceito central para a compreensão das concepções Vygotskianas sobre o funcionamento psicológico a mediação é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, quer dizer, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento.
Ele trabalha com uma noção de que a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas uma relação mediada. As funções psicológicas superiores apresentam uma estrutura tal entre o homem e o mundoreal existem mediadores, ferramentas auxiliares da atividade humana (OLIVEIRA, 1993).
Assim fazem parte desses mediadores os professores, e que, portanto ele deve pensar em que perspectiva se deve trabalhar a Dança, como algo que a ser copiado, ou como algo que possa contribuir para formar pessoas consciente de si e do meio em que vivem, pessoas que criem que se expressem, que sejam sensíveis. Uma vez que o educador tem que ter consciência que a Dança não deve ser algo transmitido de forma vazia, em apresentações de fim de ano ou em datas comemorativa, ela tem sim um conteúdo a ser trabalhado e requer estudos e planejamento por parte do professor.
E uma das abordagens que possibilita novas metodologias de trabalho com a dança é a dança criativa, sendo este, um conceito que visa à interação professor/aluno, onde criam juntos sua própria forma expressiva e a comunica com o mundo da dança. O professor deve ser além de educador, um intermediador do processo dança/arte, onde o prazer pelo movimento e pela interação do corpo e da mente se torna evidente, numa tentativa de fazer de um aluno, um interprete do movimento.
Entre as tantas formas de expressão artística tem-se que estimular a Dança como disciplina, respaldada nas suas teorias, contribuições de melhoria e no crescimento e amadurecimento pessoal, cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes. Na Dança Criativa há uma preocupação com a correta utilização dos elementos básicos na composição do método de ensino, ou seja, como os elementos da dança devem ser explorados dentro de uma estrutura clara, sempre com a proposta de ser alegre, envolvente e estimulante para o verdadeiro crescimento artístico e pessoal dos participantes.
Também podemos citar o termo "Dança Educativa" utilizado por Laban(1985) que refere-se a uma oposição à técnica rígida e mecânica que se apropriava o ensino de Danças como o Balé clássico. Para ele, a criança e o adolescente deveriam ter a possibilidade de explorar, conhecer, sentir, e expressar sua subjetividade enquanto dançavam. Termos utilizados no Brasil como a expressão corporal, não é privilégio dos dançarinos, pois no teatro, na educação física, na música, pinturas etc, estão presentes a expressão corporal. Sendo que este termo nega as aulas ensinadas de maneira tradicional, através de copia e de mecanização de movimentos, pois elas não permitem que o indivíduo descubra seu vocabulário pessoal de movimento.
Laban foi fortemente influenciado pelo espírito de libertação e experimentação do qual Duncan foi pioneira, mas não seguiu a risca seus passos. É preciso destacar que ele propõe, para além de uma dança livre, referenciais corporais que instrumentalizam o processo criativo e o tiram da qualidade de trabalho espontaneísta. Tais referências acabam por possibilitar um maior grau de consciência corporal nas experimentações de movimentos. Para Laban, experimentar significa "tentar fundar uma prática e uma teoria do movimento, como experimentação e saber, para que uma corporeidade inédita surgisse" (LAUNAY, 1999-2001:76).
Com relação aos signos, outro termo utilizado por Vygotsky, estes são formas posteriores de mediação que são de forma simbólica. Os signos fazem uma interposição entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Assim, podem ser definidos como elementos que representam ou expressam, psicologicamente, outros objetos, eventos e situações.
Portanto a dança também ajuda a criança a desenvolver este tipo de forma simbólica, pois enquanto linguagem favorece a expressão, a dramatização, a consciência corporal entre outros.

 Pensamento e linguagem

Existem duas grandes vertentes na Psicologia que explicam a aquisição da linguagem: uma delas defende que a linguagem já nasce conosco; outra, que é aprendida no meio. Vejamos os principais autores de cada uma das partes:

Proposta ambientalista: "do nada ao tudo através da experiência"
Skinner: possibilidade de explicar a linguagem e qualquer comportamento humano complexo pelos mesmos princípios estudados em laboratório.

A proposta inatista forte:
Chomsky: o bebê nasce com todo o aparato. Nada é aprendido no ambiente; é apenas disparado por ele. A criança apenas vai se moldando às especificidades da sua língua.

A proposta interacionista:
Piaget: o mecanismo interacionista -- a linguagem faz parte de uma função mais ampla, que é a capacidade de representar a realidade através de significados que se distinguem de significantes.

Vygotsky: raízes genéticas do pensamento e da linguagem ? linguagem é considerada como instrumento mais complexo para viabilizar a comunicação, a vida em sociedade. Sem linguagem, o ser humano não é social, nem histórico, nem cultural.

Bruner: Psicologia cultural ? defende a visão cultural do desenvolvimento da linguagem e coloca a interação social no centro de sua atenção sobre o processo de aquisição.

Cole: Sociocultural ? para que a criança adquira mais do que rudimentos de linguagem, ela deve não apenas ouvir ou ver linguagem, mas também participar de atividades que a linguagem ajuda a criar e manter.

De acordo com Vygotsky a linguagem (no sentido de língua, isto é, de fala, de discurso) é o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos e, por isso, a questão do desenvolvimento da linguagem e suas relações com o pensamento ocupam lugar central na obra de Vygotsky. Nesta perspectiva teórica, os signos são construídos culturalmente e o principal local onde ocorre é na língua (linguagem). Todos os seres humanos têm uma língua própria. A língua é o principal instrumento de representação simbólica que os seres humanos dispõem. (Oliveira,1991)
Para Vygotsky, a relação entre pensamento e linguagem é estreita. A linguagem (verbal, gestual e escrita) é nosso instrumento de relação com os outros e, por isso, é importantíssima na nossa constituição como sujeita. Além disso, é através da linguagem que aprendemos a pensar (Ribeiro, 2005).
E novamente podemos relacionar este aspecto da Teoria Sócio-histórica com a Dança pois ela é uma forma de interação e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade. Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL, 1997 p.58).
A dança é uma forma de interação e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade. Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL, 1997 p.58).
Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por fases:
Fala egocêntrica: A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de comunicação e interação. Esse "falar sozinho" é essencial porque ajuda a organizar melhor as idéias e planejar melhor as ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema que, nós adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio.
Uma contribuição importante de Vygotsky e seus colaboradores, descrita no livro Pensamento e Linguagem (1998), do mesmo autor, é o fato de que, por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento do pensamento e da linguagem ? que até então eram estudados em separado ? se fundem, criando uma nova forma de comportamento.
Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e os pensamentos começam a oralizar-se ? a fase da fala egocêntrica ? é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coisas novas ("o que é isso?") e pelo enriquecimento do vocabulário.
O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o som, adquirindo capacidade de "pensar as palavras", sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na fase do discurso interior. Se, durante a fase da fala egocêntrica houver alguma deficiência de elementos e processos de interação social, qualquer fator que aumente o isolamento da criança, iremos perceber que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no processo de socialização da criança. (Ribeiro, 2005)
Discurso interior e pensamento: O discurso interior é uma fase posterior à fala egocêntrica. É quando as palavras passam a ser pensadas, sem que necessariamente sejam faladas. É um pensamento em palavras. Já o pensamento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por função criar conexões e resolver problemas, o que não é, necessariamente, feito em palavras. É algo feito de idéias, que muitas vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar as palavras certas para exprimir um pensamento.
O pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos concluir que o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra pessoa (Vygotsky, 1998)
Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento. (Vygotsky 1998)





 Outros aspectos interessantes da teoria

Estamos expostos a reações agradáveis e desagradáveis em relação ao ambiente, portanto não precisamos nos lamentar ou comprometer nossa auto-estima por uma eventual falta de adequação, porque é da natureza do ser humano oscilarmos entre emoções antagônicas.
Devemos entender ambiente não somente em termos físicos, mas principalmente psicológicos, quando a afinidade passa a ser um elemento significativo de atração ou repulsão entre grupos que interagem entre si, conforme Vygotsky explica:
"Toda emoção é um chamado à ação ou à rejeição da ação. Nenhum sentimento pode permanecer indiferente e infrutífero no comportamento.
"As emoções são, precisamente, o organizador interno de nossas reações, que coloca em tensão, excita, estimula ou freia todas as reações. Portanto, a emoção conserva o papel de organizador interno de nosso comportamento.
"Quando fazemos algo com alegria, as reações emocionais de alegria significam que, a partir daquele momento, tentaremos fazer o mesmo. Quando fazemos algo com repulsão, isso significa que tenderemos, por todos os meios possíveis, a interromper essa tarefa". (VYGOTSKY, 2003, p. 117 ? 119)
Portanto é papel da Educação, especialmente a Educação Infantil, propiciar um ambiente em que a criança possa se desenvolver e aprender de maneira prazerosa e que seja estimulado todos os aspectos do seu desenvolvimento (motor, físico, social, afetivo, moral e cognitivo) e vários estudos comprovam que isso se dá principalmente por meio do lúdico. E isto também deve se dar no ensino da Dança pois na vida da criança, atualmente, a dança deixou de ser somente uma formação artística, e, passou a fazer parte do seu desenvolvimento como ser humano consigo mesmo, com o outro e com seu meio.
E na fase de iniciação do aprendizado, seja qual for o estilo de dança escolhido, há necessidade que as aulas possuam um caráter lúdico e bem dinâmico para que as aulas se tornem, antes de tudo, algo prazeroso. E ao mesmo tempo, serão trabalhados itens básicos e necessários para que, gradativamente, as exigências técnicas vão aumentando, pois a dança proporciona o conhecimento do corpo, noções de espaço e lateralidade, a princípio
Vygotsky afirma que a educação sempre implica mudanças nos sentimentos e a reeducação das emoções vai na direção da reação emocional inata. Que os professores encontram nos sentimentos uma ferramenta valiosa para educar as reações emocionais.
"Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais o pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm mostrado que um fato impregnado de emoção é recordado mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno tentem afetar seu sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento." (VYGOTSKY, 2003, p. 117 ? 119)
Mas o seu trabalho é significativamente mais abrangente, ao tratar a inteligência e a afetividade de igual modo, integrando-os às características sociais em que o homem se insere; traça uma síntese do corpo e mente, ser biológico e o ser social, membro da espécie humana e participante de um processo histórico.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Acesso em: 15/11/2008

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