A concepção de qualidade na educação infantil dos diferentes agentes da educação: pais, professores, crianças e gestores

A presente pesquisa teve como objetivo analisar dados e conceitos relacionados à concepção do que é qualidade na Educação Infantil para os diferentes agentes da educação, quais sejam, pais, professores, crianças e gestores. A inserção de campo que permitiu a realização da pesquisa efetuou-se na Escola Municipal de Educação Infantil Donatos durante o período do mês de maio ao mês de novembro do ano de 2010; tal instituição está localizada na cidade de Santa Vitória do Palmar.

Para iniciar o período de pesquisa e construção desse trabalho de conclusão de curso, fez-se necessário esclarecer determinadas concepções que se tornaram chaves nesse processo; para tanto, desenvolvi os conceitos de qualidade, educação infantil, qualidade na educação infantil, crianças e infâncias.

A qualidade consiste em um conceito construído em circunstâncias espaço-temporais determinadas, além de impregnado de subjetividade; portanto, falar em qualidade exige um processo reflexivo e contextualizado que não pode ser dado a priori, mas por uma ação de pesquisa, que reflita a realidade de cada espaço social. Nesse sentido, é importante ter delimitado que neste trabalho é defendida a idéia de Educação Infantil como um espaço sócio-educativo, democrático e coletivo que visa a formação integral da criança, onde os tempos de infância são considerados, e as crianças percebidas em suas particularidades e respeitadas em suas diferenças.

A criança, nessa perspectiva, é vista como cidadã de direitos[1], como um indivíduo único, singular, competente e produtor de cultura, capaz de agir e interferir no meio social em que está inserida, com direito de viver seu tempo de infância que é um estágio único, particular, e tão importante quanto qualquer outro. Assim sendo, percebo que a qualidade na Educação Infantil é um conceito que vem sendo construído considerando variantes extremamente importantes como valores, tradições e culturas de determinado grupo, conhecimentos, contextos histórico, social e econômico no qual cada instituição está inserida, e é nessa direção que se desenvolve esse trabalho de pesquisa.

Nesse sentido, por acreditar que o ideário pós-moderno é o que mais se aproxima das concepções que venho construindo sobre a temática desenvolvida, resolvi embasar-me dando atenção principal a Gunilla Dalhberg[2], Peter Moss[3] e Alan Pence[4], autores do livro “Qualidade na Educação da Primeira Infância: perspectivas pós-modernas” que trata de forma inédita a temática da Educação infantil questionando a busca pela definição e avaliação deste segmento educativo. Tal leitura contribuiu em minha pesquisa uma vez que afirmam a idéia de que qualidade não pode ser medida quantitativamente, através de questões puramente técnicas e gerenciais, mas sim entendendo cada espaço observado em seu valor filosófico, humano e subjetivo.

Os sujeitos escolhidos para a realização de minha pesquisa, os quais já foram apresentados anteriormente, são os pais, a gestão, docência e crianças. Tais escolhas se deram tendo em vista que considero esses os principais agentes do processo educacional e que, desconsiderar qualquer desses sujeitos seria perder informações ricas sobre a concepção relacionada ao espaço dedicado à Educação Infantil.

Como metodologia de pesquisa escolhi realizar questionários semi-estruturados, desenhos e observações de campo através do diário. Assim, com o grupo docente, gestora e pais foram utilizados os questionários, sendo que com os pais foram distribuídos 100 (cem) havendo retorno de 15 (quinze). As observações de campo contribuíram muito na percepção da concepção das crianças sobre o que gostam e o que não gostam da escola. A mesma ainda ajudou a perceber os movimentos, atitudes, rotina e estrutura física da escola, dados bastante relevantes em minha pesquisa. Com as crianças escolhi trabalhar com os desenhos, através dele a criança reúne diversos elementos de sua experiência visando formar um novo significado para tudo o que vê, sente e observa, assim, para os pequenos, ele possui muito mais significado que para um adulto, para eles o desenho é entendido como uma forma de expressão.

Dessa forma, a análise sobre a opinião dos pais no que tange a educação infantil foi bastante diversificada, dentre todas as respostas foi possível perceber três eixos centrais e norteadores das falas dos mesmos.