A COMUNICAÇÃO, O VÍNCULO E O CONHECIMENTO NO OLHAR DA PSICOPEDAGOGIA

 Adriana Helena Fernandes de Carvalho

Maria Carolina Gomes de Campos

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre as relações entre indivíduos que vivenciam, juntos, o processo de construção do conhecimento, enfrentando situações semelhantes, com pontos de convergências e divergências no dia-a-dia das relações interpessoais, afim de melhor compreender as patologias emergentes dessa relação. Propomos ima reflexão sobre a comunicação, o vínculo e o conhecimento, sobre o enfoque do campo de estudo da psicopedagogia.   

A COMUNICAÇÃO, O VÍNCULO E O CONHECIMENTO NO OLHAR DA PSICOPEDAGOGIA

        

Entendemos com vínculo, a maneira como nos relacionamos com as pessoas ou objetos, por expressarmos sentimentos positivos/ou negativos frente a diferentes situações vivenciadas no dia-a-dia. Nesse sentido, Pichon-Riviére descreve vínculo como:

“a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com o outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento. Essa é a estrutura dinâmica, em continuo movimento, que funciona acionada ou movida por fatores instintivos, por motivações psicológicas.”(PICHON-RIVIERE, 1998, P.24)

Fundamentando-se nessa idéia, concluímos que o vinculo se consolida a partir das interações vivenciadas pelo sujeito no grupo ao qual pertence, e que a tríade comunicação-vínculo-conhecimento são aspectos interligados e interdependentes, cujos reflexos são observados no processo de construção do conhecimento. Ratificamos a nossa afirmação com Chamat:

“O nível e o tipo de vinculação que a criança estabelece com as pessoas que a cercam vão determinar o nível e o tipo de vinculação que são estabelecidas com o conhecimento, repercutindo, assim, na sua aprendizagem escolar.” (CHAMAT, 1997, P.17)     

Esse pensamento revela a complexidade da tarefa do psicopedagogo no que se refere á compreensão do processo de construção do conhecimento do indivíduo. É através de uma investigação detalhada, a respeito da natureza das comunicações estabelecidas pela criança nas diferentes interações realizadas nos diversos contextos sociais, dos quais participa, que o psicopedagogo vai buscar elementos que lhe possibilitem entender os fatores responsáveis pela não aprendizagem. Essa observação pode ser feita segundo Chamat:

“por meio da psicanálise como método de investigação profunda das relações envolvidas no não-aprender, porém, dentro de um enfoque social onde se configuram as estruturas psíquicas dessa não possibilidade.”(CHAMAT, 1997, P.20)  

Independente da atitude adotada na busca dos fatores envolvidos na não-aprendizagem, o importante é conhecermos como se estabelecem as relações externas do indivíduo, no que se refere à interação entre a comunicação, o vínculo e o conhecimento, a partir das interações do individuo na família, na instituição escolar e na sociedade como um todo.

Se formos refletir sobre a nossa própria trajetória de aprendizagem, logo identificaremos a influencia das pessoas que conviveram conosco no nosso jeito de realizar determinadas tarefas e, ate mesmo no que se refere a nossa preferência  por determinadas coisas como passeio, leitura, disciplinas escolares. Chamat afirma que:

“falar sobre as dificuldades escolares das crianças seria uma forma encobridora de se referir à patogenia do grupo social no qual a criança se encontra inserida, exceto talvez as dificuldades oriundas de uma problemática orgânica, como um comprometimento neurológico, endocrinológico e outros, ou mesmo, um relaxamento intelectual [...]”(CHAMAT, 1997, P.17)

As dificuldades na aprendizagem algumas vezes, pode ser caracterizada do próprio individuo , necessitando assim de uma atenção especial, por outro lado todas as patogenias que levam a não-aprendizagem e que são consideradas como exceções, são originadas do convívio familiar, ou escolar ou num contexto social mais amplo.

 

BIBLIOGRAFIA

CHAMAT, L.S.J. Relações vinculares e aprendizagem: um enfoque psicopedagogico. São Paulo: Vetor, 1997.

PICHON-RIVIÉRE, E. Teoria do vínculo. 6. Ed. São Paulo: M. Fontes, 1998.