A Comunicação em sala de aula: Despertando o interesse em educar e aprender

 

Maria Quitéria da Silva

 

 

 

 

RESUMO

 

O presente artigo aborda o tema da interação do professor-aluno observando como o professor deve trabalhar interagindo com o aluno, para que a construção do conhecimento seja alcançada e ajude o aluno a sair da sua dependência intelectual, podendo por meio do conhecimento, atingir a sua maioridade intelectual. O professor, buscando a melhor forma de comunicação com seus alunos, obterão com essa interação o objetivo principal, que é a autonomia de pensar dos seus discípulos. É necessário que as aulas sejam mais criativas, sendo mais oral do que escrita só assim poderá ter mais diálogos entre professores e alunos melhorando o processo de comunicação.

Palavras-chave: interação, comunicação, construção do conhecimento.

ABSTRACT

 

This paper addresses the issue of teacher-student interaction by observing how the teacher should work interacting with the student, so that the construction of knowledge is achieved and help the student to get out of their intellectual dependence, may through knowledge, achieve their intellectual age. The teacher, seeking the best way to communicate with their students, will get through this interaction the main goal, which is the autonomy to think of his disciples. It is necessary for classes to be more creative, more oral than written just so you can have more dialogues between teachers and students by improving the communication process.

Keywords: interaction, communication, knowledge building.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÂO

                A relação professor-aluno é uma condição do processo de aprendizagem, pois essa relação dinamiza e dá sentido ao processo educativo. Apesar de estar sujeita a um programa, normas da instituição de ensino, a interação do professor e do aluno forma o centro do processo educativo.

                O papel do professor em sala de aula é de extrema importância para a Educação e para o processo ensino-aprendizagem, uma vez que ele é o agente responsável pela mediação aluno-conhecimento. Entre os diversos componentes que essa mediação envolve, está a relação professor-aluno.

                O presente artigo objetiva mostrar a importância da comunicação entre professor-aluno e sua influência na construção de uma aprendizagem significativa. A comunicação é uma importante ferramenta de aprendizado, pois é uma forma eficaz de transmitir e receber o conhecimento.

DESENVOLVIMENTO

                Na sala de aula, o professor comunica-se com seus alunos. Ele recebe diplomação para lecionar, ministrar conteúdos, mas, em muitos casos, é deficiente na comunicação. Tendo entrado na sala de aula, deve combinar e harmonizar os diferentes alunos disciplinarmente e, assim, conduzi-los ao aprendizado. Para isso, é necessário que seja hábil na comunicação. A dificuldade na comunicação consiste em não saber se expressar bem e muito menos transmitir informações. Assim, a má qualidade de comunicação tornou-se um dos principais problemas que atingem as salas de aula. Para fazer-se entender, embora pareça muito fácil, é necessário o conhecimento do exercício da linguagem, saber transmitir, que é diferente de expressar. Tal é a arte da comunicação. Dialogar com o aluno é vantajoso; com uma turma indisciplinado, muito arriscado: as vantagens e os riscos são inerentes à comunicação. Se, a fim de manter a disciplina, se colocar com autoritarismo, é provável que nada consiga dialogar com o mesmo propósito é mais vantajoso.

É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos. O modo de agir do professor em sala de aula fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor. (ABREU; MASETTO a AQUINO, 1990, p.115).

                A comunicação tem, portanto, para o professor, um papel de fundamental importância para a concretização de seus objetivos. Se o objetivo for determinado apenas a manter os alunos calados e quietos enquanto ministra o conteúdo de sua disciplina, o professor, inevitavelmente, cairá nas mãos dos alunos.

                Os professores mais bem preparados resolvem conflitos por meio do diálogo; os estafados baterão de frente com os alunos e, dessa forma, será derrotado. Se gastar cinqüenta minutos para conquistar os alunos por meio do diálogo, ganharão os outros cinqüenta das aulas subsequentes, e atingirá o objetivo. Se gastar cinqüenta minutos com sermões, jamais poderá obter êxito.

                 Pode-se se perceber, que um professor que não sabe dialogar está perdido; sem diálogo está perdido; sem facilidade de comunicação está perdido. Ninguém pode ser bem sucedido na sala de aula sem estar ciente da importância do diálogo. Não se está preparado para comandar uma sala de aula, sem estar familiarizado com a comunicação, seu processo, elementos, barreiras. Não se é capaz de ministrar uma boa aula, a menos que se utilize uma comunicação eficaz.

                Para Freire (1987) o diálogo torna-se a essência de uma educação humanizadora e se constitui como um fenômeno essencialmente humano, realizado pelas pessoas por meio da palavra, a partir de duas dimensões: a ação, para a transformação e não alienação e a reflexão, atrelada à conscientização crítica e não alienante. Assim, a palavra não deve ser um privilégio de poucas pessoas, mas direito de todos os homens e mulheres, já que como diz o autor: “Os homens se fazem pela palavra, no trabalho, na ação-reflexão” (FREIRE, 1987, p.78).

                 Na sala de aula, faça-se uso da comunicação e o êxito será obtido. Faça-se uso do diálogo para obter uma vantagem concreta no que tange à disciplina. Que a rapidez do diálogo seja a do vento; sua solidez, a da floresta. Na resolução de conflitos, seja como a água; na chamada de atenção, como a brisa. Antes de cada atitude nos momentos de conflito, deve-se ponderar e deliberar. Será vitorioso aquele que conhecer o artifício do diálogo.

               Tal é a arte da comunicação, na explanação de conteúdo deve-se fazer uso de uma linguagem simples, acessível a todo tipo de aluno, retóricas não conduzem os alunos ao aprendizado, uma turma inteira pode ser conduzida ao aprendizado se o professor souber transmitir a matéria e se fazer entender.
                O moral do aluno é mais elevado quando entende o que lhe é explicado; não entendendo, começa a desanimar; e, desanimado, sua mente deixará de concentrar. Um professor inteligente, portanto, é beneficiado com alunos de moral elevado, mas encontra dificuldades quando estão apáticos e inclinados a se retraírem. Essa é a arte de estudar os ânimos. Com seus alunos animados por aprenderem a matéria, ele conduz suas aulas com sucesso. Essa é a arte de manter a comunicação.

                O professor não pode ser autoritário a ponto de achar que sua palavra é a lei, pois, quando há uma falha na comunicação entre professor–aluno, aluno-professor, poderá ocorrer o distanciamento das duas partes, o que poderá prejudicar a relação; uma vez que o diálogo é um elemento fundamental da aprendizagem.

                Embora estejam limitados por um programa, um conteúdo, um tempo determinado e normas da instituição de ensino, o professor e o aluno interagindo chegam à finalidade do ensino, que é a aprendizagem do educando. A tendência do professor, por causa de sua carga de conhecimento e experiência, é pensar que o aluno não sabe nada, o que acaba por complicar a relação professor-aluno, pois o ensino é ato comum do professor e do aluno; o professor, enquanto ensina, está continuando a aprender.

                O professor pode utilizar a liderança controlando – a para não inibir a criatividade do aluno, criar uma relação de respeito mútuo e organizar o seu método de trabalho.

                O professor deve facilitar ao aluno o entendimento do que é fazer parte de um grupo ou de uma comunidade, ajudando-o a conhecer as normas que regem a conduta aceita nos mais variados âmbitos, como o social, o cultural e o político. O respeito mútuo é a valorização de cada pessoa, independentemente de sua origem social, etnia, religião, sexo, opinião, é poder revelar seus conhecimentos, expressar sentimentos e emoções, admitir dúvidas sem ter medo de ser ridicularizado, exigir seus direitos.

                Para Freire (1996), o papel do professor é de desafiador, capaz de promover a educação como prática de liberdade tem como função combater um naturalismo histórico que desconhece a historicidade do homem como fazedor de sua própria história. O professor é aquele que possui uma prática progressista que tende a desenvolver junto aos alunos uma capacidade crítica, a curiosidade para perguntar, conhecer, atuar, reconhecer, estimular a insubmissão, a indocilidade

                O professor como facilitador do aprendizado deverá buscar a motivação de seus alunos. Não é uma tarefa fácil, pois a falta de motivação pode ter origem em problemas particulares do aluno como cansaço, necessidades afetivas não satisfeitas e, até mesmo, a fome. O docente deverá centrar os seus esforços na aprendizagem e, ao trabalhar com ela, tornar o ensinamento significativo para o aluno, fazendo-o sentir que a matéria tem  significância para sua vida.

                No que foi exposto, vemos, portanto, que o relacionamento professor-aluno é dinâmico, cabendo ao professor ter sabedoria para lidar com cada situação que se apresente e ter em mente que deverá estar ligado no fato de que o ensinar não é apenas transmissão de conhecimentos, mas também um total envolvimento com situações e a formação de seus alunos como seres pensantes e atuantes, capazes de construir o seu conhecimento.

“O diálogo em Paulo Freire está relacionado à autonomia dos sujeitos. Ele tem significação precisamente porque os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim crescem um com o outro. O diálogo, por isso mesmo, não nivela, não reduz um ao outro. Nem é favor que um faz ao outro. Nem é tática manhosa, envolvente, que um usa para confundir o outro. Implica, ao contrário, um respeito aos sujeitos nele engajados (Oliveira e Santos 2007, p. 118)”.

                O professor não pode esquecer que, antes de qualquer coisa, é um agente cultural, despertando no aluno a curiosidade, dando- lhe a oportunidade de discutir, de dialogar, de manifestar suas idéias em todos os momentos sem medo de ser feliz. O professor não é o dono da verdade e sim o mediador do ensino aprendizagem, o que orienta o que aprende juntamente com seus alunos, aproveitando e trabalhando o que eles têm dentro de si abrindo o caminho de suas vidas. Isto é aprendizado ativo em que todos têm voz, sendo críticos e participativos dentro e fora de sala de aula.

                O papel do professor está atrelado à concepção de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar condições para sua construção. Significa reconhecer que juntos, alunos e professores aprendem na sala de aula, já que todos trazem muitos conhecimentos das experiências que vivenciaram durante a existência.

                O papel do aluno, nesta perspectiva é assumir-se como ser histórico e social, como ser pensante, comunicante, transformador, criador e realizador de utopias. Cabe reconhecer-se como ser histórico, cultural consciente das possibilidades que representam na luta contra a negação da existência humana.

                 Juntos, professor e alunos ensinam e aprendem simultaneamente, conhecem o mundo em que vivem criticamente e constroem relações de respeito mútuo, de justiça, constituindo um clima real de disciplina, por relações dialógicas, tornando a sala de aula um desafio interessante e desafiador a todos os envolvidos. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (Freire, 1996, p.38).

CONCLUSÂO

                O professor junto com seus alunos são os responsáveis por modificar estas relações de opressão no contexto diário da sala de aula, para um bem comum que proporcione uma educação humanizadora, possibilitando a troca de conhecimento.

                A comunicação entre professor-aluno é uma relação de trocas e interesses, onde o professor é mediador da informação, esta que será geradora do conhecimento aos seus alunos. Conhecimento este que os levarão a conviver em sociedade, como cidadãos autônomos, participativos e tolerantes.

                Conclui-se que a comunicação entre professores e alunos é fundamental no processo ensino-aprendizagem, pois além de facilitar a busca pelo saber ela cria um ambiente mais harmonioso e sócio afetivo quebrando as barreiras existentes entre ambos, trazendo estímulos aos professores e preparando os alunos para trabalharem em sociedade, tornando – os mais críticos e compreensivos, transmitindo mais segurança para expressarem suas opiniões e lutarem pelos seus objetivos.

REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS

 

ABREU, M. C. & MASETTO, M. T. O professor universitário em aula: prática e princípios  teóricos. São Paulo: Cortez, 1990.

 

OLIVEIRA, I A. SANTOS, T R L. A cultura amazônica em práticas pedagógicas de educadores populares. – PPGED / UEPA[email protected]. –PPGED / UEPA – [email protected]. GT: Educação Popular / n.06 - 2007.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção leitura).