A Atuação do Pedagogo no espaço Empresarial: para além de planejar, gerir e avaliar SILVANIR GOMES DA SILVA* Resumo: Este artigo pretende discutir as novas concepções das atividades destinadas ao pedagogo no campo empresarial. Essa discussão retrata as compreensões do que cerca o trabalho pedagógico na empresa e como ele é encarado do ponto de vista humanizador, sendo este, para além de planejar atividades, gestão de pessoal ou avaliação dos projetos da empresa, crendo que todo trabalho educacional nos mais diversos âmbitos requerem o processo de humanização e conscientização do seu papel social. Palavra-Chave: Pedagogo; Empresa; Humanização. Introdução O artigo é resultado de uma investigação a cerca do trabalho do pedagogo, os pilares da sua discussão são os novos rumos da pedagogia, de onde precebemos a crescente procura pelo curso da pedagogia empresarial. A abordagem aqui feita é o papel do pedagogo nas empresas. Com fundamentação debruçada principalmente em Amélia Escoltto, onde ela virá descrever a nova abordagem da pedagogia não valorizada nos cursos de graduação, que atualmente tem se tornado uma das principais áreas do trabalho deste profissional com destaque no discurso de pedagogo como agente de formação educacional na empresa. Este artigo desenvolveu sua pesquisa debruçando-se sobre autores da autalidade que discutem a formação clássica da pedagogia e a busca pelos curso de especialização em pedagogia empresarial, que discutida pelos profissionais da área de recursos humanos, auxiliando-nos no pensar sobre o novo campo de atuação do pedagogo. A principal pergunta desta pesquisa foi: qual a função do pedagogo na empresa? Este profissional é meramente um agente que planeja oficinas de formação, que desenvolve dinâmicas de grupo ou avalia o desempenho dos trabalhadores nas empresas? A quem servirá o pedagogo que se preocupa apenas em capacitar para estimular uma competitividade na empresa? Esta artigo pretende subisidiar e estimular a reflexão acerca da atuação do pedagogo a saber que está para além de planejar e gerir formação, não encerrando aqui as discussões. Nesta perspectiva o artigo deseja respostonder questões que façam a diferença na neta área profissinal, permitindo a futuros leitores um olhar questionador sobre a profissão mas principalmente, será a tentativa de elaborar um material que solidifique conteúdos e pensamento na área, bem como auxiliar outros profissionais que queiram debruçar-se sobre pedagogia empresarial. A importância do pedagogo dentro de empresas Como profissional da educação nos preocupamos em pensar a humanização do educando, de forma a conduzí-lo a refletir suas ações no mundo, seria o mundo de trabalho diferente de um espaço de formação humana pautado na educação, não pensando em pessoas destituídas de conhecimento, mas repleto de saberes e simbologias sobre a sua profissão? Nessa perspectiva o pedagogo encara um público diferente e peculiar, onde mais que ensinar algo estará aprendendo algo diferente de cada profissão e seu papel é principalmente o incentivo ao bom relacionamento do pessoal, aprender a conviver com as diversidades e a pensar na sua sua atividade diária. Quando falamos em incentivo não nos referimos apenas a série de livros que ditam formas de motivar trabalhadores, mas fazê-lo refletir e questionar sua atuação, não estimular a uma competitividade como tem servido esses estímulos ditados por livros. O curso de Pedagogia vem sofrendo inúmeras mudanças desde a sua implementação em 1939, pelo decreto de lei que regulamentou seu funcionamento e estrutura, onde seu caráter era puramente magistério (ensino primário). A cada momento percebemos que a educação migra várias áreas da sociedade, percebendo o pedagogo como um profissional da educação, acredita-se que este deve atuar nos mais diversos espaços que tenha o caráter de educar com intencionalidade. Os efeitos das novas idéias se fariam sentir com a aprovação, em 1969, pelo Conselho Federal de Educação, do Parecer 252/69 de autoria do Prof. Valnir Chagas, que regulamentava, trinta anos após sua primeira organização, ocorrida em 1939, o currículo mínimo para o curso de Pedagogia, assim como as habilitações Orientação Educacional, Administração, Supervisão e Inspeção Escolar e Magistério das Disciplinas Pedagógicas do 2º Grau. O parecer 252/69 abria, ainda, a perspectiva de criação de outras habilitações que o Conselho Federal de Educação julgasse necessárias ao desenvolvimento nacional. (PORTAL DO MEC) O Pedagogo que antes considerado o cuidador, o professor, orientador, gestor inspetor é hoje considerado o polivalente e responsável pela formação educacional, quer em espaços formais, não formais e/ou informais. O pensar em educação, nos faz pensar na intencionalidade dessa educação, educar para que, para quem? Educar infere humanizar o sujeito, quando se pensa em educação dentro de uma empresa, nos faz pensar na humanização? Sabendo-se que a empresa é encarada como principal lócus de competitividade, onde entra o aspecto humanizador do pedagógico? A saber que o principal recurso dos pedagogos seriam as capacitações que tem por excelência promover o saber para galgar espaço dentro das empresas, onde fica então a humanização e a conscientização de que a sua força de trabalho é para empresa o que de melhor este profissional pode oferecer. Nas mais diversas capacitações dentro de empresas a palavra de ordem é a proativez e empreendedorismos, somos em todo momento pensados enquanto capital humano e nunca como seres humanos. Contudo Torres e Silva (2007), entende o pedagogo como agente que favorece a aprendizagem, onde esta deve ser feita através do seu significado de compreender o processo do seu trabalho, dessa forma sua produção não teria como antes a alienação aos moldes da revolução industrial e da ascensão da teoria Teylorista. A pedagogia empresarial delineia frentes para o desenvolvimento dos profissionais, favorecendo uma aprendizagem significativa e o aperfeiçoamento do capital intelectual. Além disso, desenvolve novas competências para atender o mercado de trabalho diante das exigências do mundo empresarial. (LOPES; TRINDADE; CADINHA, 2007, p. 32). É pensando no caráter humanizador da pedagogia que aos inícios do século XXI, podemos ver o trabalho do pedagogo bem relacionado às empresas, compreendendo a necessidade de um profissional da educação nos espaços de formação empresarial, jamais desconsiderando a educação como objeto de transformação em todos os âmbitos que esta se fizer presente de forma intencional. Que papéis assume o pedagogo no âmbito empresarial Pensando na perspectiva do capítulo acima, qual papel o pedagogo vem assumindo nessas grandes empresas? Não seria noentanto para proporcionar o tal estimulo ao empreendedorismo, a competitividade e dar mais valor a mais valia? Essas afirmativas são postas considerando que as formações dentro das empresas, em sua maioria, tem o caráter de promover ao profissional uma competência a mais quer no âmbito da sua função na empresa, quer no sentido de desenvolver o trabalho grupal, mas em todas estas, entende-se que quanto melhores competências forem desenvolvidas, melhor é o profissional e mais capaz de permanecer na empresa e ascender verticalmente na hierarquia institucional. (..)Pensar no pedagogo dentro das empresas é pensar no investimento na estrutura organizacional a fim de ganhar mercado e competitividade.(...) A pedagogia prepara o profissional para atuar na formação do conhecimento. (TORRES; SILVA 2009.372) Ribeiro (2007, p. 33) ressalta a relevância do desenvolvimento e do exercício das competências nas organizações, pois "refere-se à capacidade de adequar/transformar conhecimentos e tecnologias". O trabalho pedagógico segundo Libaneo apud Ribeiro (2007) tem como fundamento o desenvolvimento de métodos e ações que resultem no êxito do processo ou áreas diversas. No campo da ação extra-escolar os pedagogos se distinguem como formadores, instrutores, organizadores, técnicos e consultores, desenvolvendo atividades não escolares em órgãos públicos e privados e públicos não estatais Nesse sentido qual tem sido a atuação do pedagogo no sistema empresarial contemporâneo? Ribeiro (2007) responde com três hipóteses, primeiro desempenhar o trabalho técnico da aprendizagem e relações humanas que integre os colaborados à cultura organizacional, segundo consultor organizacional para direcionar ordenadamente um trabalho que atenda as necessidades de desenvolvimento e crescimento dos funcionários e por conseqüência da empresa e em terceiro lugar, é a empresa um espaço de aprendizado aos formandos do curso de pedagogia. (p.375) Contudo acreditamos que o pedagogo deve pensar o espaço empresarial mais que um espaço de formação técnica, as empresas podem ser também um espaço mais humano e humanizador onde o papel do pedagogo é estimular essa humanidade e promover o pensamento crítico desses colaboradores a fim de desenvolver a consciência de que a sua mão de obra é significativa e a quem serve a sua produção e quais os impactos dela na coletividade social. Pensar no processo do seu trabalho e no produto final deste. Avaliar, gerir e planejar são as ferramenta de trabalho do pedagogo na empresa, o que pensam os autores? O pedagogo tem em sua formação latente identidade da força da transformação do meio em que vive. O pedagogo é o grande responsável pelo planejamento e aperfeiçoamento dos conhecimentos, dessa forma mais que um avaliador ou planejador de ações ele é ou dever ser agente potencializador de transformações no seu meio através do seu trabalho educativo com caráter intencional Segundo Greco 2005 Os saberes e competências do pedagogo nesse novo campo de atuação inclui integração com o sujeito a reflexão sobre a prática de trabalho e a elaboração de programas institucionais que priorizem a totalidade do processo de trabalho (p.14) Santos apud Torres e Silva (2009 p.379) divide em três as funções do pedagogo no campo educativo: planejar, avaliar e facilitar a aprendizagem. "Seu papel de mediador de conflitos é fundamental", segundo essa compreensão o trabalho do pedagogo pode ser entendida para além do trabalho de ensino de técnicas ou controlar a aprendizagem, mas facilitar e ser o intermediário entre o colaborador e a empresa. O desafio desse novo profissional não se resume a conduzir dinâmicas de grupo, preparar material de treinamento, mas indicar e sinalizar as dificuldades encontradas no ambiente de trabalho e construir juntos à corporação a melhor solução destas questões, que contemple o querer dos funcionários ao bem estar empresarial e vice-versa, deixando em segundo plano o capital o humano e valorizando a humanidade dos sujeitos. O pedagogo deve ter um olhar pedagógico, filosófico e psicológico em relação aos seres humanos que estão presentes nestes espaços não os tratando como meros objetos a ser moldados de acordo com o objetivo da empresa segundo Torres e Silva (2009), isso significa dizer que qualquer indivíduo deve ser valorizado enquanto sujeito e respeitado nas suas diferenças, pensar no desenvolvimento técnico só pode ser pensado valorizando a interpessoalidade e comportamento desses sujeitos. Não acreditamos na pedagogia que despreza o humano em prol da produção, mas no desenvolvimento desses sujeitos com o objetivo de compreendê-los e conduzi-los ao seu desenvolvimento pessoal e a produção virá por conseqüência. Ribeiro (2007, p. 33) ressalta a relevância do desenvolvimento e do exercício das competências nas organizações, pois "refere-se à capacidade de adequar/transformar conhecimentos e tecnologias" logo tem-se o desenvolvimento das técnicas quando se desenvolve o caráter humanos das pessoas e potencializa-se a transformação crítica desses sujeitos, essa deveria ser a pedagogia desenvolvida em todos os campos quer empresariais ou não.Freire (1989) "reforça uma educação problematizadora e reflexiva, indispensável para o desvelamento da realidade" é esta, a nosso ver, a educação que o Pedagogo deve contemplar. Referências FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989 LOPES, I.; TRINDADE, A.; CADINHA, M. Pedagogia empresarial: formas e contextos de atuação. Rio de Janeiro: Wak, 2007. GRECO, Myrian Glória. O pedagogo empresarial: pedagogia empresarial. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de Almeida, 2005. Disponível em: