Articule a citação de (SÁNCHEZ, 1990, p.17), e ao vídeo relacionado (Sou Surdo e não sabia), em Língua de Sinais Francesa, explicando qual a importância da Língua de Sinais Brasileira e por que ela é essencial para comunicação do surdo com surdo e do surdo com o ouvinte.

  1. 1.    LIBRAS - LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA E POR QUE ELA É ESSENCIAL PARA COMUNICAÇÃO DO SURDO COM SURDO E DO SURDO COM O OUVINTE.

              A comunicação é fundamental para o desenvolvimento psicossocial e cultural do ser humano, torna-se impossível vivermos em uma sociedade sem que se transmita alguma mensagem. Fazendo uma comparação entre a citação ora proposta para este trabalho com o vídeo relacionado, podemos partir do princípio de que o indivíduo não pode viver isolado, ele necessita da linguagem para comunicar-se com os demais da sua comunidade.

              É apresentado no vídeo o “mundo do silêncio”, em que uma criança surda vive uma situação de conflito, no meio em que ela se encontra de indivíduos ouvintes. Primeiramente, quando os pais ouvintes descobrem tardiamente que sua filha é surda causa um “choque” e o retorno que os pais passam para esta criança, é de angústia e lhe é transmitida um sentimento de solidão. Na escola não consegue adaptar-se ao meio dos ouvintes, sentindo-se distante e deslocada do ensino-aprendizagem e dos colegas.

              A linguagem permeia essa questão, uma vez que é através dela que nos diferenciamos dos outros animais e também assumimos a condição de Seres Humanos, já que é a forma principal de expressão de pensamentos e o instrumento psicológico essencial à constituição das funções psicológicas superiores (Vygotski, 1998).

               Toda a criança surda ou ouvinte, em desenvolvimento tem plena capacidade para aprender e evoluir, o que pode diferenciar são os meios, as possibilidades para essa aprendizagem, mas o processo tem que ser estimulado, independente da necessidade.

              Diante de toda essa problemática, é de extrema importância para a criança surda aprender a comunicar-se. Ela deve ser estimulada e ter contato com outras crianças surdas, para saber que além dela existem outras crianças com a mesma deficiência. E é através da visão, da utilização do espaço da língua e dos gestos, que podemos introduzir a LIBRAS (LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA) como linguagem para os surdos.

              As Línguas de sinais não são universais, cada país ou comunidade possui sua própria língua de sinais, a LIBRAS tem sua origem na Língua de Sinais Francesa.

              Quanto mais cedo à criança surda aprender a língua de sinais melhor será para sua aprendizagem e seu desenvolvimento cognitivo, assim como para a criança ouvinte aprender a língua portuguesa. A partir daí começa um trabalho evolutivo, sendo a língua gestual para os surdos ensinada como primeira língua.

              A criança surda mantendo contato com outras crianças surdas aprende as libras de forma natural, e através desta sistemática que podemos introduzir neste contexto de ensino-aprendizagem o processo de construção da linguagem. 

O surdo tem o direito de utilizar a LIBRAS como primeira língua com seus pares na escola e a língua portuguesa escrita como segunda língua. São vários os problemas gerados a partir da comunicação não estabelecida entre o surdo e o ouvinte. Tanto em nível de interpretação e tradução, como em nível educacional, os problemas podem afetar o desenvolvimento da comunicação. Os efeitos podem provocar bloqueios irreversíveis na interação do profissional (professor e/ou intérprete) com o surdo. Fatos como esses são verificados nas comunidades surdas e percebe-se que prejudicam sensivelmente o trabalho desenvolvido pelos profissionais, podendo, inclusive, acarretar a exclusão desses pela comunidade surda. Os surdos e ouvintes precisam ser sensíveis e compreender o grau de dificuldade que envolve a tradução de uma língua visual-espacial (Língua de Sinais) e considerar as diferentes formas de expressão de cada uma para determinar o significado da mensagem. (QUADROS, 1995b, p. 26).

A LIBRAS é de extrema importância para a comunicação do surdo com outro surdo, pois essa comunicação espaço-visual facilita o diálogo, substituindo o mundo da audição e da fala.  Além de proporcionar melhor conversação entre os surdos, as libras também facilita a comunicação entre os surdos e ouvintes. A socialização dos surdos em escolas de ouvintes é muito interessante para sua adaptação na sociedade.

É importante ressaltar que, o ideal sobre a inclusão nas escolas de ouvintes, é que as mesmas se preparem para dar aos alunos surdos os conteúdos pela língua de sinais, através de recursos visuais, tais como figuras, língua portuguesa escrita e leitura, a fim de desenvolver nos alunos memória visual e o hábito de leitura; que recebam o apoio de professor especialista conhecedor de sinais, para o maior acompanhamento das salas. Outra possibilidade é contar com a ajuda de professores, instrutores e monitores surdos, que auxiliem o professor e trabalhem com a língua de sinais nas escolas (STROBEL, 2006, p. 252).

A lei 10.436 reconhece a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e com isso seu uso pelas comunidades surdas, ganha respaldo do poder e dos serviços públicos. Esta lei foi regulamentada em 22 de dezembro de 2005, pelo Decreto de nº. 5.626/05 que estabelece a inclusão das LIBRAS como disciplina curricular no ensino público e privado, e sistemas de ensino estaduais, municipais e federais (Cap.II, art. 3º). Este decreto, no capítulo VI, Art. 22, incisos I e II, estabelece uma educação inclusiva para os surdos, numa modalidade bilíngue em sua escolarização básica, garantindo-se a estes alunos, educadores capacitados e a presença do intérprete nessas classes. (MENEZES, 2006)

O surdo tem como sua primeira língua, a Língua de Sinais (LIBRAS), mas necessita de um período de maturação cognitiva para somente depois iniciar um processo de bilinguismo.

Nesse mesmo sentido, o  bilingüismo, tal como entendemos, é mais do que o uso de duas línguas. É uma filosofia educacional que implica em profundas mudanças em todo o sistema educacional para surdos. A educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da língua de sinais, sua língua materna. LACERDA & MANTELATTO (2000) afirmam que “o bilingüismo visa à exposição da criança surda à língua de sinais o mais precocemente possível, pois esta aquisição propiciará ao surdo um desenvolvimento rico e pleno de linguagem e, conseqüentemente, um desenvolvimento integral”. A comunidade dos surdos está inserida na grande comunidade de ouvintes que, por sua vez, caracteriza-se por fazer uso da linguagem oral e escrita.

 

  1. 2.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

        O presente trabalho foi elaborado com o intuito de mostrar a necessidade de que as pessoas necessitam comunicar-se em sociedade. A linguagem é parte integrante no desenvolvimento do ser humano. Quando um indivíduo tem surdez, necessita expor seus sentimentos, dialogar ou comunicar-se de alguma forma, será de extrema importância lhe ser ofertado, desde os primeiros momentos de sua infância a libras, é uma linguagem natural entre os surdos. A necessidade da construção da autonomia através da linguagem gestual traz para este indivíduo o desenvolvimento pessoal, cognitivo, social, cultural e psicológico. Os surdos escutam com os olhos, através do contato visual. Assim, na educação das crianças surdas, a primeira língua de sinais, pois possibilita a comunicação inicial na escola. Porém, é de relevância dizer que a língua portuguesa escrita deveria ser ensinada aos surdos como segunda língua. É importante a vivência entre surdos e ouvintes, daí a importância de LIBRAS no currículo tanto para surdos quanto para ouvintes, assim será fortalecido a convivência e a adaptação na sociedade como um todo. Assim pode-se pensar na inclusão!

  1. 3.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

LACERDA, C.B.F.; MANTELATTO, S.A.C. As diferentes concepções de linguagem na prática fonoaudiológica junto a sujeitos surdos. In: LACERDA, C.B.F.; NAKAMURA, H.; LIMA, M.C. (Org.). Fonoaudiologia: surdez e abordagem bilíngüe. São Paulo: Plexus, 2000. p. 21-41.

MENEZES, Ebenezer Takuno de. SANTOS, Thais Helena dos. "LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)" (Verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira.
Educa Brasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2006.

QUADROS, R. M. de. As categorias vazias pronominais: uma análise alternativa com base na LIBRAS e reflexos no processo de aquisição. Dissertação de

Mestrado. PUCRS. Porto Alegre. 1995.

STROBEL, Karin Lílian. A visão da in(ex)exclusão dos surdos nas escolas. In: Dossiê Grupo de Estudos e Subjetividades. ETD-Educação Temática Digital, Campinas, v.7, p. 245-254, jun. 2006-ISSN: 1676-2592.

VYGOTSKY, Liev Semiónovitch. A Formação Social da Mente: o Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.