Thaiza Sabino de Almeida 1
Me. Sheila Maria Pereira Fernandes 2

RESUMO: O ato de brincar é uma atividade natural da criança, mas também de muita importância, pois através desta ela se expressa e conhece o mundo a sua volta, sendo capaz de elaborar seus próprios conflitos. Objetivou-se investigar qual a contribuição que a ludoterapia proporciona para o desenvolvimento infantil, levando em consideração aspectos emocionais, sociais e psicomotores. Para isto, utilizou-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, conceituando a ludoterapia e analisando seus principais aspectos e contribuições de acordo com autores com conhecimento e experiência na área. A partir disto, observou-se que a atividade lúsica, quando trabalhada de uma maneira permissiva e livre, faz com que se estabeleça uma relação de confiança da criança para com o terapeuta, contribuindo para que a mesma se sinta a vontade para se expressar, o que facilita a observação e possíveis intervenções terapêuticas. Notou-se também que esta prática pode ser bastante importante no ambiente hospitalar, já que em grande parte dos casos as crianças hospitalizadas não aceitam sua situação de doente e o abandono de suas atividades diárias; desta maneira o brincar terapêutico faz com que confiem mais na equipe de saúde e se comuniquem mais. A ludoterapia se mostrou praticamente necessária no âmbito da psicomotricidade, pois é através do brincar que a criança adquire novos conhecimentos acerca do mundo e desenvolve suas estruturas. Palavras chave: Ludoterapia. Psicomotricidade. O brincar terapêutico. 

1. INTRODUÇÃO 

A ludoterapia diz respeito à ação do brincar dentro da psicoterapia, sendo considerada parte do processo terapêutico, como um meio para a comunicação e, também, para a intervenção. A partir deste conceito, pode questionar: a ludoterapia contribui significativamente para o desenvolvimento da criança? Tem-se como hipótese que através da ludoterapia, do brincar, a criança elabora seu mundo interior, assim conseguindo se expressar melhor, demonstrando seus sentimentos, angústias, medos e dificuldades. Desta maneira, o trabalho do terapeuta é facilitado, fazendo com que ele tenha consciência do problema e possa investiga-lo, tendo a possibilidade de trabalhar isso com a criança. Além disto, por meio de brincadeiras é possível se trabalhar a psicomotricidade da criança, fazendo com que suas aquisições estejam propicias para a sua idade. O presente artigo tem como objetivo geral compreender a contribuição da ludoterapia para o desenvolvimento infantil e como objetivos específicos conceituar a ludoterapia e suas funções; assimilar como a criança demonstra seu interior através do brincar; analisar como a psicomotricidade da criança pode ser trabalhada no brincar. A pesquisa realizada para o artigo foi bibliográfica, enquanto o procedimento escolhido para a análise de dados foi a pesquisa exploratória, para que assim fosse possível reunir e analisar os dados bibliográficos obtidos com exatidão, referentes ao tema “O brincar na ludoterapia”, baseando-se principalmente em publicações relevantes referentes ao curso de psicologia. Como justificativa pessoal, destaca-se que a realização deste estudo ocorre pelo interesse em entender o tema exposto, já que faz a ludoterapia é um instrumento utilizado por psicólogos dentro de consultório, e, também, no intuito de adquirir conhecimento sobre as funções do brincar para se dar a psicoterapia infantil. Quanto à justificativa social, faz-se importante mencionar que é um trabalho que poderá despertar o interesse de várias pessoas, tanto as que têm curiosidade acerca do assunto quanto psicólogos e estudantes da área, assim possibilitando o compartilhamento desse material e podendo ser utilizado para outros fins. Academicamente, justifica-se por ser um trabalho de cunho bibliográfico, no qual serão analisados estudos e relatos de autores que possuem conhecimento na área discutida, assim contribuindo para a compreensão do tema, que se reveste de importância para o meio acadêmico. Esse material poderá servir de auxílio para discussão do tema e, também, para tratar questões referentes ao assunto, podendo-se assim, entender as contribuições do brincar na terapia.

2. A LUDOTERAPIA 

A ludoterapia é o processo psicoterapêutico que se utiliza de artifícios de psicoterapia por meio da ação do brincar, fazendo o uso de livros, jogos, fábulas, dinâmicas, desenhos, ou qualquer outra brincadeira que o profissional estabelecer a partir do uso da sua criatividade. Desta maneira, é através do brinquedo e da brincadeira que se estrutura a estratégia usada pelo terapeuta, assim a psicoterapia flui e a criança consegue expressar quais são seus sentimentos, vivências e significados. (FEIJOO, 1997) Por meio do brincar a criança obtém conhecimento do mundo, conhecendo as pessoas, as relações e regras sociais, além disto pode ser um indicativo de alguma dificuldade e até um desenvolvimento tardio em algum aspecto. Através da brincadeira, a crianças podem também reproduzir comportamentos dos adultos que possui convívio, assim expressando conflitos que podem ser relevantes para se compreender a causa de alguma dificuldade. (HOMEM, 2009) De acordo com Homem (2009), em um primeiro momento, quando a criança se encontra com o ludoterapeuta, o profissional proporciona um ambiente de aceitação, empatia e compreensão. Em seguida se vai para o espaço do ludo, do brincar, porém este brincar não é o mesmo de quando as crianças estão em seu tempo de recreação, ele na verdade se apropria da brincadeira, por ser um comportamento natural da criança, para que assim consiga-se observar o que a criança expressa, conseguindo compreender situações estressantes e as aprendizagens. Neste processo, segundo Feijoo (1997), o terapeuta deve estabelecer uma relação que tem como base a autenticidade, para que assim o profissional não trace o caminho que a criança deve seguir. Com isso, não há espaço para julgamentos do que é certo ou errado, e muito menos a geração de um ambiente competitivo ou autoritário, o que contribui positivamente para o estabelecimento de uma relação de confiança, o que é essencial para dar continuidade no processo terapêutico. Homem (2009) discorreu que no ambiente da ludoterapia a brincadeira é conduzida pela própria criança, da maneira que escolher. Desta maneira, é descartada a ideia de se fazer as coisas para ela, e, enquanto isso, o terapeuta, utilizando seus conhecimentos e técnicas, busca compreender a criança, o que pode ocorrer até através de um olhar. Complementando esta ideia, Feijoo (1997) destaca que a observação é de extrema importância no âmbito da ludoterapia, já que assim há a possibilidade de o terapeuta conhecer e saber dados sobre como a criança é, seu estilo, a maneira como se relaciona com o mundo a sua volta e, também, quais são as suas dificuldades. 4 A ludoterapia para as crianças pode ser considerada equivalente à psicoterapia em adultos, porém o psicoterapeuta não busca resolver os problemas, mas sim compreender a criança. É comum a ocorrência de dificuldades na expressão das emoções e, também, de não se ter noção do impacto que isto tem em sua vida, já que ainda não possuem o desenvolvimento necessário nos níveis emocional, cognitivo e linguístico. (HOMEM, 2009) [...]