A LUDICIDADE E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA): POR QUAL MOTIVO A BRINCADEIRA É IMPORTANTE NA TERAPIA EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA – ABA?


Gicelia Ventura de Souza 


Resumo:


O presente trabalho tem como tema o lúdico e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com o objetivo principal de investigar a importância do lúdico na inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A tarefa foi realizada como requisito de trabalho de conclusão em curso de pós graduação lato sensu em Análise do Comportamento Aplicada – ABA. A metodologia utilizada se pautou em revisão bibliográfica em fontes online como as Revistas Scielo da área de pedagogia, neuropsicopedagogia, psicologia, periódicos de universidades e de Congressos Brasileiros de Comunicação Alternativa e demais artigos científicos sobre cognição, educação, ludicidade e inclusão. Com o trabalho pudemos compreender a importância da atividade lúdica para o desenvolvimento social, cognitivo, motor e emocional da criança com TEA.


Palavras – chave: Ludicidade. Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desenvolvimento infantil.

 

 

Introdução


No presente trabalho investigamos a importância do lúdico na terapia ABA – Análise do comportamento aplicada, com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), elucidando como o lúdico aproxima a terapeuta/aplicadora ABA com a criança com TEA e os benefícios de se trabalhar com brincadeiras e jogos, na avaliação, no diagnóstico e na intervenção. Os objetivos foram, a seguir:


Objetivos


Objetivo Geral: investigar a importância do lúdico na terapia ABA com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).


Objetivos Específicos:
• Como o lúdico propicia o desenvolvimento de crianças com TEA;
• Qual a relevância da ludicidade na inclusão de alunos autistas;
• O papel das atividades lúdicas com crianças com TEA.
Metodologicamente, nos informamos em fontes online como as Revistas Scielo da área de pedagogia, neuropsicopedagogia, psicologia, periódicos de universidades e de Congressos Brasileiros de Comunicação Alternativa e demais artigos científicos sobre cognição, educação, ludicidade e inclusão.
Os resultados teóricos encaminharam para uma aplicação envolvendo o uso de dicas visuais, a adaptação do ambiente para estimular e modelar comportamentos, o uso de aplicativos educativos como abc autismo, contos e brinquedos para averiguação relacional da criança consigo (suas respostas aos estímulos), com os outros e com o mundo, o uso de um método chamado TEACCH – Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagem na Comunicação das PECS – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras.


1. APONTAMENTOS DE INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM TEA POR MEIO DO LÚDICO


1.1 O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a intervenção psicopedagógica

 

Oliveira (2020) em obra sobre Intervenções psicopedagógicas com crianças com TEA, descreve que o transtorno do espectro autista:

"é um distúrbio de desenvolvimento humano, resultado de uma perturbação de determinadas áreas do sistema nervoso central, que afetam a linguagem, o desenvolvimento cognitivo, intelectual e a capacidade de estabelecer relações com outras pessoas." (Oliveira, 2020, p.03).


Com objetivo de viabilizar uma interação prazerosa, a aprendizagem e desenvolvimento de novas habilidades para a pessoa com dificuldades de interação e comunicação a autora desenvolveu atividades psicopedagógicas de pareamento, raciocínio lógico, treino de coordenação motora, jogos com formas geométricas e de emoções. Importante para desenvolvimento socioemocional, cognitivo, sensório-motor e comunicação com a condição, sem a qual não é possível realizar a intervenção psicopedagógica, de que cada atividade seja realizada se levando em conta "as necessidades, os interesses e o estágio de desenvolvimento de cada indivíduo, de forma que as atividades sejam motivadoras." (Oliveira, 2020, p.03).


Cabe sustentarmos a importância de ao aplicar atividades para crianças com TEA, usarmos poucas palavras, sermos diretos e claros, uma atividade de cada vez para não sobrecarregar de informações, usar de dicas visuais para que se lembre de palavras e do que ouviu. Lembrando que a interação social, a comunicação e o comportamento são diferenciados em crianças com o transtorno.


A intervenção no TEA ainda pode contar com um fator de desenvolvimento chamado afeto ou afetividade, Macedo (2021) em estudo bibliográfico apontou que a afetividade media o processo de aprendizagem e pode ser usada como instrumento no desenvolvimento cognitivo, implica carinho, amor, capacidade de ser afetado por emoções internas e externas, é ligada a cognição, às emoções e à construção do saber e faz parte da constituição da interação social que possibilita a aprendizagem.


1.1.1 A necessidade sine qua non é possível: o Planejamento Educacional Individualizado (PEI)


O PEI – Planejamento Educacional Individualizado levará em consideração questões como a linguagem e a comunicação, se a criança apresenta fala repetitiva ecolalia, se usa comunicação por meio de expressões elementares sem uso funcional ou ordenado dessas demonstrações como gritos, risos ou choros, se usa comunicação por gestos apontando e demonstrando efetivamente o que deseja, se faz o uso funcional da fala e pede as coisas e se faz entender verbalmente, se não vocaliza mas usa uma comunicação alternativa ampliada – CAA- como as pranchas ou pastas, carteiras ou chaveiros de comunicação, bem como vocalizadores, computadores ou tablets. Em relação ao uso da interação social recíproca investigaremos se o educando permanece isolado, se tem relação preferencial com objetos, se tem relação preferencial com a professora de apoio, se se relaciona somente com adultos ou se relaciona com pares da mesma idade. Indicaremos ainda os comportamentos específicos como as estereotipias de movimento, o apego exagerado a objetos, rituais não funcionais, rigidez na manutenção de rotinas. Indicaremos o foco de interesse na escola ou instituição de ensino na qual esteja matriculado, assim se participa das atividades pedagógicas sistematizadas e de atividades livres, se frequenta a sala de recursos multifuncionais, se consegue manter a atenção nas atividades pedagógicas sistematizadas em um ou todos os níveis de concentração – do mais fácil para o mais difícil, se consegue manter a atenção nas atividades lúdicas onde se tem mais liberdade e movimentação, se participa somente de atividades de interesse próprio focando em alguns assuntos ou temas específicos de seu interesse.

Colheremos dados ainda acerca das funções cognitivas e nesse sentido consideraremos as habilidades e as dificuldades sobre a seleção e manutenção do foco, a concentração a compreensão de ordens, a identificação de personagens, explanando quais adaptações são necessárias para comunicação e compreensão da situação e dos objetos. Consideraremos as habilidades e dificuldades com relação a memória, memória auditiva, visual, verbal, numérica e observaremos se o conteúdo é retido esse a demonstração de compreensão dos Comandos. Com relação a linguagem focaremos em relacionar os aspectos considerando as potencialidades e as dificuldades em expressão e compreensão da língua portuguesa no sentido da oralidade, da leitura, da escrita e do uso de recursos de comunicação. Observaremos indicadores de raciocínio lógico considerando as habilidades e as dificuldades em compreender relações de igualdade e diferença, considerações lógicas, compreensão de enunciados, resolução de problemas cotidianos, compreensão do mundo ao redor, compreensão de ordens e enunciados, relações de causa e efeito, sequência e conclusões lógicas. Bem como observaremos as habilidades e dificuldades com relação a motricidade, se manipula os objetos, se faz combinação de movimentos, lateralidade, orientação no espaço e no tempo coordenação motora fina e coordenação motora ampla ou grossa.


1.2 O desenvolvimento da criança com TEA e o lúdico


Galvão, Oliveira e Rezende (2019), em estudo bibliográfico sobre ‘A brincadeira como ferramenta do desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA)’ consideraram que são características marcantes do transtorno do espectro autista, a falta de atenção, a dificuldade de socialização, o atraso na fala e no desenvolvimento motor, em mudanças diárias, dificuldade no uso da linguagem, de imaginação e de contato visual. Sendo observado a melhora no desenvolvimento da criança quando sofre intervenções sistematizadas envolvendo o brincar. Com um trabalho envolvendo múltiplos profissionais a criança pode desenvolver as áreas cognitivas, afetivas e sociais. Dentre as brincadeiras situaram as atividades lúdicas como pintura, brincadeiras, desenhos e jogos. Influenciados por Piaget (1978) considerando que o jogo complementa imitação e três estruturas mentais surgem na evolução do brincar, sendo: o exercício, o símbolo e a regra. (Piaget, 1978 APUD Galvão, Oliveira e Rezende, 2019, p. 23).

 

Bem como, os mesmos autores citados acima influenciados por Vygotsky (1978), sustentam que o brinquedo ajuda a desenvolver a diferenciação entre a ação e o significado tornando-se o lúdico uma proposta Educacional para enfrentar as dificuldades no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, na brincadeira criança aprenderia regras e valores sociais e as internalizaria. Apontam que no decorrer de um ano o isolamento tende a diminuir e rendimentos de interação social são estruturados. Por fim, evidenciam que as crianças com te evoluem em seu desenvolvimento com as brincadeiras individuais e quando elas participam de brincadeiras em grupo a interação social e o seu desenvolvimento melhoram.


Não somente e brincadeira também o jogo vem contribuir, Santos (2020) ao refletir sobre a utilização dos jogos na educação infantil com crianças com transtorno do espectro autista, nos traz que essa prática pedagógica precisa considerar a funcionalidade do jogo, o aplicador ter discernimento sobre o mesmo e contar com a possibilidade de naquele momento a criança com TEA apresentar indisposição ou não gostar do jogo. Deve haver uma mediação na intercessão dos jogos pedagógicos, ter cuidados operacionais de teste, observar a coerência com o que estão estudando no momento, identificar os campos de experiências que serão trabalhados e a metodologia aplicada, também reconhecer e valorizar as possibilidades de desenvolvimento em relação aos demais, sendo a aprendizagem possível em um ambiente inclusivo, valorizar a história e os aspectos socioculturais que eles trazem para ser possível o seu desenvolvimento intelectual, a interação social e o desenvolvimento da imaginação e da criatividade, da espontaneidade e da representação do mundo social pela criança.


1.3 A inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista


Para contextualizar começamos para desenvolvimento desse subtítulo com uma pergunta: Qual a relevância da ludicidade na inclusão de alunos autistas? Mazzinghy (2020) em artigo oriundo da prática de estágio supervisionado em pedagogia, explica que desenvolveu como atividade lúdica o jogo da memória: animais e nomes, para motivar e desenvolver novas habilidades na criança autista principalmente a Integração Social, seguido de aprendizagem do raciocínio lógico, noção de espaço, memória de curto prazo e concentração. Considerou que a participação e interação da criança autista com as demais crianças e adultos oferece modelos de identificação característicos da sociedade e isso contribui para melhorar suas habilidades comunicativas e cognitivas. Porém, segundo sustentação da própria autora as escolas ainda necessitam de profissionais qualificados para desenvolver a inclusão de alunos com TEA.


2. O uso de tecnologias no lúdico com crianças com TEA


Maia e Jacomelli (2020) traz destaque para um aplicativo usado em smartphones em especial que é voltado ao ensino e aprendizagem de crianças com TEA, sendo seriado em níveis do fácil ao mais complexo, trabalhando com formas de pareamento, letras, silabas, formas, palavras, entre outro:


“O aplicativo ABC Autismo merece um destaque especial como uma importante ferramenta de ajuda no aprendizado das crianças com TEA. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), o programa adota as premissas do programa TEACCH, utilizado para auxiliar no processo de alfabetização de crianças com o TEA. A criança vai avançando em níveis chegando às atividades mais complexas com a questão do letramento, reconhecimento de vogais, repartição de sílabas e formação de palavras” (Maia e Jacomelli, 2020, p. 29).


As autoras desenvolveram uma pesquisa bibliográfica com objetivo de identificar se as tecnologias de informação e comunicação colaboram com a aprendizagem das crianças com transtorno do espectro autista e identificaram que os recursos audiovisuais – desenhos animados, filmes infantis- e os aplicativos – por exemplo abc autismo - direcionados para a aprendizagem são estratégias didáticas para promoção do processo de ensino e aprendizagem, importantes, devido as crianças necessitarem de estímulos constantes e os interesses delas serem atendidos para produzir significado. A ferramenta tecnológica favoreceria a concentração e o interesse da criança, o desenvolvimento da linguagem, a criatividade e a transposição do assistido para a realidade da criança, assim como o desenvolvimento de sua autonomia. Um outro jogo similar seria o MOTIVAEduc.


2.1 O papel das atividades lúdicas com crianças com TEA


Heger (2018) realizou um estudo bibliográfico acerca da ‘Qualidade da brincadeira como indicadora de potencialidades no Transtorno do Espectro Autista’ com o objetivo de investigar a qualidade da brincadeira se identificar as áreas de potencialidades no brincar de um menino de 5 anos, encaminhado ao Centro de Avaliação Psicológica da UFRGS por suspeita de TEA. Ponderou, conforme influência Vygotskyanas (1991) dentro da perspectiva sociocultural, o Brincar como essencial para o desenvolvimento cognitivo da criança sendo pela brincadeira que ela adquire a simbolização e a representação possibilitando chegar ao pensamento abstrato, apropriação dos códigos culturais e dos papéis sociais, a imitação e testar diferentes papéis sociais. No brincar se estimularia aspectos simbólicos de sociabilidade, de linguagem e de cognição e viabilizaria as funções de capacidades em processos de maturação, que estão próximos de passar de potencial para real, podendo ser demonstrados pela criança com a colaboração de um adulto. Explana que as crianças atípicas apresentam ausência alimentação na brincadeira simbólica e tende a se comportar de modo rígido e repetitiva, apresentando "dificuldade em integrar diferentes estímulos sensoriais, prejudicando a qualidade da brincadeira, devido excesso de informações levá-las a se retirar do contexto lúdico em uma tentativa de organização do pensamento" (Bosa, Zanon e Backes, 2016, APUD Heger, 2018, p.13).


Aponta também é dificuldade na brincadeira simbólica pois a criança atribui ao objeto propriedades diferentes e papéis diferentes, sendo também difícil atenção compartilhada devido comprometimento do jogo simbólico. O momento lúdico deveria propiciar um contexto favorável para análise dos comportamentos e também a identificação do potencial da criança e, assim sendo, se deveria adequar o manejo de forma que as potencialidades da criança sejam manifestadas, podendo envolver objetos, canto e dança.


3. O lúdico e a análise do comportamento aplicada – ABA


O brincar se faz mister pois envolve como se dá a interação da criança com o mundo externo- pessoas, outras crianças, objetos - e interno – sentimentos, emoções. Em ABA devemos prestar a atenção no local da aplicação da terapia e das brincadeiras ou jogos para que seja aconchegante, na seleção de poucos brinquedos para não causar confusão ou muitos estímulos, identificar e trabalhar encima do interesse da criança, ofertar ajuda caso identificarmos alguma dificuldade para pegar brinquedo ou realizar alguma tarefa, dispor de contato visual e sorrisos lhe passando alegria e felicidade como um momento prazeroso, usar de efeitos sonoros como as onomatopeias para chamar atenção, usar imagens reais da brincadeira e calcular o tempo da brincadeira.


Um exemplo de trabalho encima do interesse da criança foi explanado no artigo de Salles, Chicon e Sá (2020) dada a dificuldade de Marcelo em interagir com as demais crianças e se sentir bem em uma brinquedoteca, a brinquedista e professora notou que ele gostava de girar em torno de si mesmo para se sentir bem e prestava atenção em movimentos de onda. Com o apoio e participação dos pais no momento lúdico na brinquedoteca solicitou que o pai pegasse na mão de Marcelo e o levasse ao mini trampolim, após muitas tentativas com outros brinquedos e insucesso, a criança se interessou e gostou de pular e isso facilitou a aproximação dela com ele, também a apresentação de outros brinquedos. Logo não foi mais necessária a intervenção dos pais. A brinquedista passou a explorar o desejo de Marcelo em saltar e sentir o vento do ventilador ressignificando o seu interesse e com isso ele permitiu que ela o conduzisse ao ambiente da brinquedoteca e assim a experiência foi enriquecida ao lidar com situações concretas de ensino.


Santos (2012) ao observar seis crianças autistas em estudo de campo na área de educação física, teve por objetivo analisar as mediações em interação social, comunicação e comportamento das crianças com autismo, mediante uma intervenção psicomotora de caráter lúdico‐ recreativo. As brincadeiras desenvolvidas foram fantoche e roda musical, como estímulo das áreas de comprometimento nas crianças analisadas. Constatou que as brincadeiras estimularam áreas de interação social, comunicação e comportamental, peculiares em cada indivíduo, ou seja, cada qual se manifestou de forma única e diferenciada.


Essa diferenciação e individualização analítica, na área de intervenção ao utilizar a ciência da análise aplicada ao comportamento pode ser passível a utilização de um método chamado TEACCH – Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagem na Comunicação. Silva (2006) em estudo bibliográfico afirmou o uso de estratégias lúdicas nesse tipo de intervenção, o lúdico teria por função desenvolver habilidades cognitivas, sociais emocionais e afetivas, facilitando o contato entre a Terapeuta e a criança, estimular a expressão verbal e estabelecer regras. Fazendo parte da avaliação, do diagnóstico e da intervenção. Buscando-se saber quais são os antecedentes e os consequentes dos quais o comportamento é função e a partir da análise funcional a terapeuta faria avaliação diagnóstica e proporia um modelo de intervenção individualizado. Para tanto deve-se ter em mente a compreensão do transtorno do espectro autista e as teorias conceituais (afetivas, da mente, do processamento da informação ou neuropsicológicas, da educação, médicas, psicanalíica, comportamental ) podem auxiliar nesse entendimento.

Percebemos que o tratamento pode envolver o desenvolvimento da atenção compartilhada, da capacidade de representação, da cognição, a relação afetiva com familiares e um trabalho encima dos déficits e excessos para desenvolver um repertório comportamental e também a utilização de fármacos. Ao que nos compete podemos utilizar de jogos e brincadeiras e do fantasiar por meio de desenhos, de contos infantis, entre outros e realizar a análise funcional por meio dessas atividades, analisando o comportamento e as relações entre o indivíduo e o ambiente bem como as respostas que se obtém nesse ambiente e as possibilidades de mudanças comportamentais. Observamos  sobre as funções do uso do lúdico na terapia infantil, a saber: identifica o desenvolvimento da criança, aproxima terapeuta e paciente, identifica estímulos ambientais e as respostas adaptativas no mesmo, estimulação intelectual geral.


Enquanto a ABA é a teoria científica concentrada na medição e avaliação objetiva do comportamento observado, o TEACCH é um método de tratamento que pode ser utilizado como um projeto envolvendo vários serviços combinados
dependendo da necessidade individual de cada criança para ajudá-los a entender o mundo e a adquirir habilidades de comunicação que os habilite a se relacionar com os outros, inicialmente se avalia a criança em seus pontos fortes, seus interesses, suas dificuldades para montar estratégias educacionais próprias para ela e adaptar o ambiente para facilitar a compreensão da própria, ensinar habilidades, retirar excessos e reforçar comportamentos até que se tornem naturais e a criança continue aprendendo. Soma-se a isso com o objetivo de favorecer a manutenção dos comportamentos adquiridos o papel da família no processo terapêutico da criança autista.


Uma outra forma de trabalhar a comunicação com crianças com TEA seria utilizando PECS – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, com o objetivo de favorecer a comunicação funcional em casos de ausência de linguagem e pode ser usado simultaneamente à adequação do comportamento ao ambiente. Trabalhando verbos, estimulando o funcional, como: eu vejo, eu quero, eu ouço, eu sinto e ensinar a responder a pergunta “o que você quer?” “Me mostra?”. Assim: anunciar ou comunicar, distanciar e persistir, discriminar, estruturar sentença, responder e comentar (facilitar comunicação com figuras trabalhar som verbal, visão, gestos - ampliando comunicação total)


Considerações


Consideramos a partir do exposto, que a Análise do Comportamento Aplicada – ABA, ao aliar a ludicidade no processo de avaliação, diagnóstico e intervenção, e assim, trabalhar com o lúdico, estimulamos na criança com TEA as áreas da comunicação e do comportamento, descobrindo o que motiva o comportamento, como funciona para intervir sobre os déficits e excessos. Podemos usar bonecos para representar os pais e a criança, jogos digitais educativos para viabilizar o processo de aprendizagem (lembrando de usar figuras, fotos, imagens), identificar recursos que podem vir a solucionar o problema/ queixa, identificar as possibilidades relacionadas a essa queixa, captar ou provocar sentimento, emoções, simular situações e de modo geral, estimular a inteligência, o comportamento funcional verbal - com PECS em casos de ausência de linguagem, conforme a necessidade de cada criança individualmente. As brincadeiras e os jogos vêm, então, favorecer a concentração, a inclusão de atípicos em meio típico, o desenvolvimento da linguagem. Sendo mister suprir os interesses da criança com TEA para produzir significado para ela a aplicação comportamental ao utilizarmos os métodos interventivos TEACCH e PECS, de natureza inclusiva e educacional.


Referências


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SILVA, Fabíola Alves da. Autismo e o fantasiar: uma proposta de intervenção. Monografia (Graduação em psicologia) - Centro Universitário de Brasília - UniCEUB - Brasília - DF, Junho de 2006.