CORONAVIRUS – CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS NA ÁREA DA SAÚDE E NA PESQUISA EM ÂMBITO MUNDIAL

Texto produzido em maio de 2020 e postado/divulgado em 07 de maio de 2020 em Santarém – Pará.

[1]Por: Elizete da Silva Brito

O mundo foi pego de surpresa pós ano de 2019, precisamente no ano de 2020, quando o mesmo se viu imerso em uma pandemia sem precedentes no que tange os prejuízos e consequências na mais variadas áreas, campos e atividades desenvolvidas, inclusive causada não em específico pelas mortes, porém, pelo isolamento social, o processo que colocou em ambiente de clausura as mais diversas populações, de diferentes culturas, níveis sociais e posição econômica, assim como de todas as esferas e extratos sociais ao redor do globo terrestre.

Vimos que nenhum país ou sociedade organizada estava preparada para aguentar os impactos surtidos pelo novo vírus (COVID – 19), nem mesmo as grandes economias globais, onde os recursos tanto de materiais e estruturas, assim como o volume em recursos numerários estavam e estão concentrados. Pois, hoje se confia muito na produção de alimentos, materiais de modas, assim como bens de consumo, no entanto se esquece de investir no aprimoramento de equipamentos e nas pesquisas em saúde ou na medicina; esquece-se de olhar com mais profundidade para as questões de infraestruturas espaciais clínico/hospitalares, onde possa haver a estruturação completa, impedindo que haja acúmulo de pacientes e todo tipo de empecilho que venha interferir negativamente na saúde dos que procuram estes ambientes. Pois, o que se percebe, é que muitas instituições e próprios governos, sejam qual esfera administrativa pertença, prefere a realização de eventos ou outros “espetáculos” nos quais gastam milhões em estrutura e organização, mas que perduram por pouco tempo, do que em algo que venha sem um “investimento a longo prazo” em função constante e direta à população mais desassistida.

Um momento na história para nunca se esquecer

Ninguém irá esquecer deste pesadelo emplacado pelo COVID – 19, onde milhões foram infectados e outras dezenas de milhares e milhões poderão morrer em consequências do agravamento dos sintomas fulminantes em consonância com doenças crônicas, quando nem os próprios mortos tiveram ou terão as mais merecidas cerimônias fúnebres e de despedidas de seus entes, os quais lembrarão deste momento trágico para sempre em sua vida, assim como nas seguintes gerações, algo como aconteceu com a Peste Negra[2] e também com a conhecida Gripe Espanhola[3].

Mesmo assim, como foi observado no Brasil, as pessoas, as mais necessitadas não seguiram à risca as inúmeras recomendações dos órgãos de saúde e da própria administração pública, o que facilitou a contaminação de um número considerável de cidadãos. Porém, não era uma “desobediência” pré - meditada, mas causada pela falta de recursos, os quais vão desde a alimentação e materiais e instrumentos necessários à higiene pessoal e também pela necessidade de atendar as diversas e variadas demandas do dia a dia, como por exemplo, a quitação de contas e outras do gênero, ou mesmo o deslocamento para compra de remédios.

As Consequências positivas deixadas pela pandemia:

Consequências morais:

Uma das principais consequências será de nível moral, onde as relações sociais serão a mais afetada. Assim, as pessoas passarão a exercer um afastamento “compulsório” de seus pares, acreditando-se que viver no afastamento será uma das alternativas para o enfrentamento de outras situações que estarão por vir. Causando, com isto no meu entender aquilo que conhecemos por omissão a terceiros, o que implica uma responsabilidade civil com o outro ou aquele que depende interagir socialmente.

 

Consequências sociais /comportamentais:

A adoção de novas virtudes, comportamentos e assim de atitudes que venham a atender um novo paradigma de relação social, também estará presente, como por exemplo, o uso de instrumentos ou acessórios que farão parte do dia a dia do cidadão em suas atividades e funções diárias. Como por exemplo, o uso de álcool em gel nos ambientes de trabalho, assim como o uso de máscaras nos mais diversos lugares, sejam eles de entretenimento, relações sociais ou ainda naqueles espaços onde o acúmulo de pessoas é natural como: escolas, hospitais, igrejas, clubes e outros.

Certamente, daqui para frente ou após processo pandêmico, as instituições e órgãos também adotarão novas estratégias quanto as aglomerações de público, quando os sinais de virose ou resfriado, já serão condições suficientes para a tomada de afastamento social, não isolamento social. Pois o primeiro consiste em estabelecer certas distâncias pré-estabelecidas entre os cidadãos em certas aglomerações em eventos ou atividades. Já no caso do isolamento social, significa afastar-se das pessoas, ficando o cidadão em clausura no próprio ambiente domiciliar.

Consequências estruturais clínico – hospitalares:

O lado positivo na área da saúde, serão nas melhores expectativas várias ações dos governos e entidades, os quais numa lógica de assegura a longo prazo e/ou na continuidade dos serviços hospitalares, que haja mais investimentos para os diversos seguimentos que compõem esta grande e complexa estrutura social. E que entre elas poderá: construção de um quantitativo expressivo de unidades hospitalares, assim como centros de atendimento ao público no que diz respeito às patologias “pontuais” como os resfriados e as viroses. Assim como campanhas de vacinação, usando novas metodologias e estratégias significantes no que diz respeito ao quantitativo atendido e ao tempo de execução.

Além de centros clínicos e hospitalares, pensamos que haverá o aumento de unidades de UTIs, assim como o aumento de número de leitos. Ou seja, em tese, uma visão ampliada acerca da saúde e sua diversidade de atendimento, expansão e diversificação dos serviços oferecidos.

A manutenção e aquisição de equipamentos necessários como respiradores, macas, transporte, volume medicamentos, EPIs aos profissionais da saúde seria uma consequência positiva, acima como fomentação de cursos aos próprios profissionais acerca de como lidar numa situação tão inesperada e com reações emocionais, materiais e psicológicas à sociedade em geral.

Consequências acadêmicas:

Pensemos que, as universidades e institutos da área da Medicina, inclusive no Brasil, irão se preocupar muito mais com a inclusão de novos acadêmicos nos diversos cursos que consistem nos cursos relacionados com a Medicina e a Saúde, assim dando condição de um enfrentamento futuro em surtos epidêmicos que porventura poderão surgir e em situações similares como a ocorrida com o COVID-19.

Assim, a sociedade, em locais pontuais ou por regiões, teria em seu contexto social, número expressivo de profissionais que pudessem ser acionados em caráter de urgência e emergência pelos órgãos administrativos ou as instâncias governamentais, sem se preocupar com número insuficiente ou ainda com o deslocamento necessário e compulsório para outras áreas de ação de patologias generalizada.

Consequências financeiras:

As consequências financeiras, não estão atreladas a perda dos empregos, ou fechamento das indústrias e do comércio, muito menos ligado a arrecadação de impostos e pagamentos de taxas, mas sim relacionado ao repasse “obrigatório” do governo federal em assistir à população menos amparada ou com poder aquisitivo insuficiente durante ao período de “recolhimento domiciliar” ou do isolamento social; assim aqueles volumes de recursos direcionados ao estados e município da federação com objetivo de assistir na possível queda de arrecadação tributária ou para assisti-los no combate à pandemia, na compra de equipamentos e materiais, principalmente.

Porém, vale ressaltar que “não existe dinheiro público e nem dinheiro do governo, existe dinheiro do contribuinte, aquele que através da arrecadação tributária, onde os impostas, a maioria deles estão embutidos nos preços dos produtos, movimenta toda a máquina pública nos seus mais diversos campos, como o assistencial, o de saúde, de educação e dívidas diversas, inclusive a dívida interna que consome mais de 50% dos valores arrecadados durante o ano.

Portanto, o dinheiro veio, foi distribuído aos que mais necessitavam ou aqueles que viram seus pequenos negócios serem levados pelo tsunami do Coronavírus, porém, mais tarde a conta sobre o volume que foi distribuído baterá na porta dos contribuintes, dos servidores públicos, das empresas privadas e da população em geral, a qual faz  com que o comércio e os serviços gerarem renda e giraram os numerários na sociedade, sem dó e nem piedade, ou seja, será o reflexo da segunda onda do que podemos caracterizar como “o tsunami da Pandemia do CORONAVIRUS– 19”, sendo a primeira, a contaminação com suas consequências diversas e o isolamento social.

Consequências na pesquisa e negócios:

Acredita-se que nem tudo serão perdas e uma recuperação a longo prazo, mas algo deve servir para alertar para que o progresso siga em frente, principalmente no que diz respeito à pesquisa na área da saúde e dos medicamentos, sem contar aquelas que poderão concentrar seus esforços na fabricação de novos e sofisticados equipamentos direcionados aos centros hospitalares, principalmente aqueles que mais foram solicitados nestes tempos de COVID, no entanto, a grande barreira é que a produção nacional, no caso do Brasil compete com outros produtores internacionais, o que faz com que haja disputa em relação aos componentes destes equipamentos, atrasando assim a produção em larga escala.

Já em relação as indústrias, mesmo sendo as nacionais, pensemos que elas se preocuparão com a produção em larga escala de alguns produtos e insumos que se mostraram extremamente necessários nestes tempos, como luvas, máscaras, EPIs de forma geral e de higiene, em espacial.

A pesquisa na área de medicamentos, também, será algo que possibilitará ao setor se alavancar dentro dos próximos anos, pois a pesquisa pela descoberta de novas medicações, o estudo sobre o comportamento de vírus, bactérias e outros micro-organismos, assim como a busca pela possível vacina para imunização da população por período intervalar ou permanente, serão aspectos positivos no campo da pesquisa, a qual pode contar hoje com a mais avançada tecnologia ou seja, uma tecnologia de ponta.

Consequências físico-emocional:

Quando passamos por momentos difíceis, mas que ao mesmo tempo traz em seu bojo um conjunto de incertezas, verificamos que, acabamos por desenvolver certos tipos de patologias, as quais são conhecidas no círculo profissional de saúde como “doenças de ordem psicológica, mental e cognitiva”, e que entre elas está a ansiedade, que no meu ver é a doença mental que se caracteriza por um sofrimento antecipada, diante as questões que estão por vir. Assim a preocupação com o desconhecido ou mesmo pela incerteza de um futuro, pode ser as condições viáveis e necessárias para o desencadeamento desta patologia. Assim, ela:

A ansiedade, tem evoluído para um estado de desequilíbrio e ocasionado enfermidades em muitíssimas pessoas. Ela tem tornado cativas uma multidão de mentes, fazendo-as existir sob o signo da confusão e da pressa... precisamos ter consciência dos riscos que ela encerra, prevenindo a nós mesmos e os nossos diante dos gatilhos que a (mesma) podem acentuar (ZANDONÁ, 2018, p. 67)

Portanto, pós período de pandemia estabelecido pelo CORONAVIRUS, certamente uma das consequências na população será o aparecimento ou crescimento desta patologia nas pessoas que certamente se preocuparão em demasia com o dia de amanhã e suas diversas vicissitudes em sua vida cotidiana. A incerteza de um emprego, ou mesmo o próprio medo de se inter-relacionar com outros viventes, poderá provocar ainda mais um afastamento social entre as pessoas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que tange os resultados promovidos pela pandemia do COVID-19, estão inúmeros, pois os resultados negativos ou as consequências por ela trazida, entre as quais estão a contaminação, as mortes, a desaceleração da economia, o medo, a angústia e o pavor disseminado de várias maneiras, podem ser suprimidos por um futuro promissor, seja investindo em pesquisa na medicina, seja fazendo uma reformulação do sistema de saúde de uma maneira mais robusta e eficiente.

Por outro lado, muito do emocional foi afetado da população ou da sociedade, seja de âmbito nacional, no caso do Brasil, ou em espaço internacional. Assim, os resultados existentes e desenvolvidos pelo aparecimento e contaminação do COVID – 19, serão componentes que necessitarão de intervenções de especialistas na área da psicologia, psicopedagogia e psiquiatria, na ajuda dos cidadãos que foram alavancados pela doença no que diz respeito ao isolamento social e os impactos sócio - emocional desenvolvidos.

Assim, esperamos que o amanhã seja constituído de um futuro mais compromissado, não só por parte dos governantes e das instâncias e órgãos reguladores, porém pelos membros da sociedade, da iniciativa privada e das instituições públicas, fazendo que o cidadão, assim como aqueles que enfrentaram de frente o inimigo no campo de batalha, no caso os profissionais de saúde estejam mais seguros e confiantes nas suas atividades, no seu cotidiano, nas suas ações e nas tomadas de decisões.

REFERÊNCIAS

ZANDONÁ, Adriano. Como controlar e vencer a ansiedade? 5 segredos para combater o mal do século. Ed. Canção Nova. – Cachoeira Paulista/SP, 2018.

 

[1] Bacharelando em Enfermagem pela UNAMA – Universidade da Amazônia (Campus Santarém – Pará).

[2] Peste Negra – também conhecida como Peste Bubônica que ocorreu na Eurásia na Idade Média, e que pode ter matado aproximadamente 200 milhões de pessoas.

[3] Primeira pandemia causada pelo vírus H1N1, que surgiu no México e se espalhou pelo resto do mundo em plena Segunda Guerra Mundial, podendo ter causado a morte entre 50 a 100 milhões de indivíduos.