ARTERITE DE TAKAYASU 

A arterite de Takayasu é uma arteriopatia inflamatória, rara de etiologia desconhecida, que afeta principalmente mulheres jovens, mas pode acometer indivíduos de todas as idades, raças e sexos. O relato de primeiro caso data de 1908, quando Takayasu observou seus sintomas em uma mulher de 21 anos, desde então se tem relatos ao redor de todo o mundo.

A patologia cursa com característica de doença crônica, uma vez que seu acometimento se estende por anos, sendo seu diagnóstico por vezes difícil de ser estabelecido. A presença de sinais inflamatórios clássicos como febre, fadiga, mal estar dores articulares tornam a suspeita da doença difícil em um primeiro momento, já que tais sintomas são comuns a várias doenças. Numa fase mais tardia acontece o acometimento de vasos, sendo que a doença afeta mais as artérias Aorta, Subclávias, Carótidas e Renais. Com a evolução ocorre fibrose dos vasos com conseqüente diminuição da luz do vaso, gerando sintomatologia isquêmica, além de hipertensão e insuficiência Aórtica. Pode-se observar com o surgimento de estreitamento dos vasos o aparecimento de sopros, além de dor sobre o trajeto do vaso, podendo ser indicativo de atividade da doença. Há suspeita de mecanismo imunogênico na gênese da doença, levando ao pensamento de que uma melhor investigação sobre a doença é requerida, para o devido ao esclarecimento de suas causas e contribuindo para melhor tratamento, diminuindo suas morbidades e mortalidade.

No início o tratamento era basicamente clínico e sintomático, depois evoluindo para cirurgias que tentavam resolver o problema ou diminuir as complicações. Com os recentes avanços e novas técnicas menos invasivas, como angioplastia e endopróteses, além de novos recursos de imagem e diagnóstico, o tratamento melhorou dando uma maior sobrevida a esses pacientes, bem como reduzindo as complicações decorrentes da evolução da doença, além de favorecer um diagnóstico mais precoce quando se suspeita do acometimento pela arterite de Takayasu.

A arterite de Takayasu compõe uma das patologias inflamatórias crônicas dos grandes vasos arteriais, que levam a degeneração vascular dos pacientes acometidos bem como outras comorbidades devido à evolução da doença. Mesmo com quase um século da sua descrição inicial muitos fatores envolvidos na sua patogênese permanecem obscuros, bem como a elucidação da sua real causa, sendo atribuída um fator auto-imune.

            Essa doença tem predileção por pacientes do sexo feminino e em idade fértil o que gera um grande custo por incapacitar pessoas em idade economicamente ativa, bem como sua reprodução.

            A doença inicialmente tem curso inespecífico que evolui para lesões vasculares da aorta e seus ramos sendo estas lesões na fase tardia responsáveis pelo aparecimento dos sintomas, e também a gravidade e curso da patologia.

            O diagnóstico é essencialmente clínico, por critérios definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia. Após a suspeita são feitos vários exames tanto laboratoriais para pesquisa de marcadores de atividade inflamatória, que falam a favor da atividade, bem como achados de anemia e hipoalbuminemia que mostram a cronicidade da doença. Os exames de imaginologia também são amplamente utilizados como tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, angiografia, ecocardiografia e Doppler buscando irregularidades nas paredes dos vasos e diminuição da luz vascular.

  O tratamento é feito com uso de corticoterapia que visa diminuir a atividade inflamatória, bem como preservar a integridade vascular, diminuindo assim o risco de complicações geradas por essas lesões. Nos casos de falha com a terapia por corticóides ou reativação da doença no desmame do corticóide pode ser empregado o methotrexato, ciclofosfamida ou micofenolato de mofetila drogas antimetabólicas, com riscos maiores, porém útil nos casos de falha terapêutica. As lesões estenosantes podem ser tratadas com bypass ou stents. No caso de disfunção aórtica ou aneurismas pode ser empregado o uso de próteses vasculares.

            A arterite de Takayasu corresponde a uma doença que afeta principalmente mulheres jovens, de difícil diagnóstico merecendo mais estudos tanto para elucidação de suas causas e melhor tratamento, bem como diagnóstico precoce evitando assim suas complicações e diminuindo sua mortalidade.

 

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Extraido do TCC de especialização em Saúde e patologia Humana, UNISUAM, RJ, 2010.