A história do Mercado Financeiro e de Capitais Brasileiro 

A história do mercado financeiro brasileiro é cheia de percalços, tombos, acertos e erros. Voltando atrás na história, os arquivos e relatos é fragmentado e inconclusivo sobre qual a real origem de um mercado financeiro e de um mercado de capitais em torno do desenvolvimento da humanidade. Os meios de troca existem desde que o ser humano existe, mas espécies de mercados financeiros, onde há trocas por meio de garantias e não por meio de bens em si, tem sua história obscura.

O primeiro registro de um Mercado baseado na negociação de bens e serviços foi o Collegium Mercatorum Romano sediado na Roma antiga, e alguns historiadores arriscam dizer que lá foi a semente da bolsa de valores atual, onde tudo começou. Porém nesse tipo de mercado eram negociados os próprios bens, já na bolsa de valores atual se negocia o papel do ativo e não o próprio ativo em espécie. Depois surgiram os Empórios na Grécia antiga, esses locais se caracterizavam pelo seu intenso fluxo comercial, apresentando uma grande variedade de produtos, dentre os quais os principais eram peixes e artigos relacionados à pesca. Nesse momento pode-se dizer que surgiu o trade de produtos, onde o peixe era negociado a diferentes preços em diferentes horários do dia; de tal maneira que era possível comprar e vender esses produtos no mesmo dia podendo assim ter lucro ou prejuízo na operação. Havia nessa época também, rudimentos de investimentos tal qual conhecemos hoje, onde um indivíduo financiava uma embarcação caracterizada por ser bem qualificada correndo riscos de esse investimento dar certo ou não.

Já na Idade Média as trocas e o comércio se encontravam mais desenvolvidos, com meios de trocas bem estruturados e com um princípio de logística bem delineado para o comércio da época, visto que a circulação de mercadorias entre feudos era muito difícil por conta de perigos associados ao transporte e à pilhagem de cargas; de tal maneira que quem fosse capaz de realizar essa movimentação ganhava muito dinheiro e, fazendo um paralelo com o Mercado atual, o que é visto hoje se assemelha ao que aconteceu no passado, ou seja, a empresa que possui uma logística diferenciada e eficiente é mais propensa a se desenvolver positivamente comparada às suas concorrentes. Na Idade Moderna, com a Expansão Marítima e o Mercantilismo o comércio entre estados e pessoas atingiu o seu máximo desde então, com o financiamento de navegações e expedições por meio de empresas privadas que almejavam uma parte do lucro que essas expedições viessem a ter. Foi quando surgiu uma das primeiras bolsas de valores da história, a bolsa de valores de Gênova, situada em regiões costeiras onde era possível receber mercadorias vindas de fora com muito mais facilidade e da mesma forma, enviar mercadorias para grandes centros externos. Com isso surgiram as grandes Companhias das Índias Ocidentais e Orientais, que foram as mais importantes companhias de comércio do século XVI, cujo objetivo era obter lucros no comércio marítimo de longas distâncias, particularmente Brasil, Caribe, Guiana e onde atualmente se encontra a América do Sul, região caracteristicamente rica em tabaco, madeira, ouro, etc. Essas companhias são um marco muito importante no que temos hoje como Bolsa de Valores.

Na Era Contemporânea, ou seja, nos dias atuais, o comércio de bens e serviços se encontra completamente estruturado, mas não muito diferente do que havia no passado. A bolsa mais importante é a de Wall Street, nos Estados Unidos, apesar de haver muitas outras bolsas consideradas tão relevantes quanto ao redor do mundo. Wall Street teve papel importantíssimo no desenvolvimento próspero dos Estados Unidos como é hoje, propiciando financiamentos e investimentos em torno das expansões territoriais marcantes observadas em toda a história do país, criando um ambiente correto para o comércio e para o desenvolvimento econômico da região. A importância dessa bolsa para a economia mundial é imensurável, tal que com a crise que ocorreu com o enxugamento da liquidez em Wall Street gerou-se miséria, fome, desempregos em massa, suicídios, violência doméstica, problemas mentais, alcoolismo, abuso de drogas, toda a sordidez humana observada em momentos de temor hostis em abrangência global.

Outra bolsa de grande importância mundial é a bolsa de Tóquio, que já foi a segunda maior bolsa do mundo, juntamente com a importância japonesa no cenário econômico mundial. Ela fomentou o crescimento do país. Porém tanto a bolsa quanto o país viram suas posições de destaque se deteriorarem com o endividamento do governo e com o conservadorismo japonês - perdendo sua posição para a China - crescendo a passos muito lentos.

A chegada da família real portuguesa no Brasil, fugindo da invasão Napoleônica a Portugal, em 1808, se estabelecendo no Rio de Janeiro, marca a abertura do Brasil para o mundo. Esta se dá com o fim do Exclusivo Metropolitano e com a abertura dos portos às Nações Amigas. Essa abertura abrupta deu origem a diversas praças de comércio em diferentes centros urbanos do país, surgindo como bolsas a céu aberto. Havia comércio de produtos por diferentes grupos de pessoas; indígenas, colonos e mascates. A burguesia local não se dedicava ao comércio, por se tratar de uma atividade vergonhosa na época. Nesse mesmo ano foi criado o Banco do Brasil, com o propósito de criação e financiamento de um mercado de capitais brasileiro, criando o empréstimo a juros regulamentado, cunhando a moeda nacional e se tornando em sentido literal o caixa da família portuguesa no Brasil. E dessa maneira, quando a família real deixou o país, ela saqueou o Banco do Brasil, levando consigo todo o dinheiro e todo o ouro que estava depositado lá. Muito tempo depois o Banco foi recriado com um sentido exclusivo de mercado de capitais e financiamento da economia.

Agora, dando um passo à frente, as bolsas como conhecemos atualmente são órgãos extremamente regulados, comparados aos que existiam na época colonial, surgindo diversas bolsas por todo o brasil, mas a mais importante delas é a principal atualmente, a Bolsa de Valores de São Paulo, ou Bovespa. Surgida no ano de 2000, ela praticamente monopolizou o mercado de valores brasileiro. Destronando assim bolsas do Rio de Janeiro e Salvador.

A tendência mundial é que cada região ou país possua apenas uma bolsa de valores, concentrando toda a negociação em um só polo; ainda mais com o desenvolvimento da internet e com a possibilidade de negociação em qualquer lugar do país; O estudo das bolsas de valores, comércio e mercados é o estudo da humanidade, porque tudo isso está interligado e grandes acontecimentos foram marcados por problemas ou êxitos econômicos. Não existe progresso sem mercado de capitais e mercado financeiro. Comércio e Bolsa de Valores é desenvolvimento, eliminação de pobreza e criação de riqueza. Portanto a ideia de que isso é algo ruim não é uma ideia que se sustenta ao longo do tempo. Todo país rico necessita de comércio, de transações de produtos e ideias e isso melhora substancialmente a vida de cada indivíduo na sua singularidade. Logo é necessário manter o desenvolvimento e criação de meios de troca para que esse fim seja alcançado e que assim o ser humano consiga melhorar a qualidade de vida.