SOU JURÁSSICO OU ONDE ESTAMOS? CONSIDERAÇÕES INCIPIENTES SOBRE A VISÃO DE CARLA E. MATTEI EM TORNO DA AUSTERIDADE ECONÔMICA.

 

Werner Schror Leber

 

I

 

Recebi de um colega, em formato PDF, o texto da economista italiana Clara E. Mattei, cujo título, pouco convencional, longo despertou a minha atenção: A ORDEM DO CAPITAL: como economistas inventaram a austeridade e econômica e abriram caminho para o fascismo. Facismo!! Epa, pensei, Vou ver esse negócio aí. Fui leitor de Hayek, Keynes, Smidt, Paul Singer, Marx, Sowell e outros, pensei: será que todos estão enganados? Como assim que a austeridade deu origem ao fascismo? Fiquei curioso, afinal, estou longe de ser o dono da verdade e talvez, como conservador, permito sempre a possibilidade do erro e do engano. Com Sócrates, aprendi que mesmo que não se concorde com nada daquilo que o outro diz, o erro pode ser sempre meu e não do outro. E Immanuel Kant, vez mais, reforçou esse princípio em mim. Mesmo assim, pensei cá com meus tutanos meio esturricado pelo calor que por ora faz aqui no Sul, “será que aquilo que até li, ouvi, percebi e aprendi sobre economia e sociedade está errado, refutado e pertence ao ostracismo”? Como não percebi isso antes?

De cara li umas trinta páginas do livro em formto pdf, assim mesmo na tela do computador e a coisa foi ficando séria. Eu não conseguia entender o que a autora estava a dizer com todos aqueles bordões contra o capitalismo feito uma adolescente recém ingressa na universidade. Ou melhor, eu entendia, mas afigurava-se que ela queria fazer um automóvel rodar sem ter rodas. Parecia-me que algo faltava ali. A denúncia contra o grande capital, o arrocho nos salários, falta de investimentos, todos atribuídos à visão econômica liberal que defende a austeridade monetária como sendo um problema e não uma ação necessária e elementar, era algo muito estranho. Era estranho pois não seria difícil fazer uma lista de quem pensa exatamente o contrário. Parecia-me com o que que C. S. Lewis descreve em “A abolição do Homem”, cuja edição primeira data de 1943. Segundo Lewis, a mentalidade revolucionária é parecida a uma árvore em que os galhos rebelam-se contra o tronco. Seria isso, pensei! Não pode ser, afinal Lewis já foi descrito como jurássico antes da 2ª grande guerra. Li mais algumas páginas do livro de Mattei, mais no miolo do livro e nada se resolvia. Foi quando entrei no Google procurei informações sobre a autora. Lá, quase que indistintamente, ele é citada como uma pessoa de visão revolucionária e que fez o velho liberalismo ser chutado para o abismo de vez. Pensei, caramba, preciso ver isso aí. Afinal, a perspectiva da autora depunha contra às minhas convicções e às de muita gente. E, encontrei uma entrevista com a economista Carla Mattei, formada em filosofia, no G1 do grupo Globo. Eis abaixo minhas pobres ponderações, sem ainda ter lido o livro todo. Mas a entrevista deixa claro o que não entendi até agora.