Autores: ALISSON FERREIRA PUPULIM*, ANDREY BIFF SARRIS*, LUIZ GUSTAVO RACHID FERNANDES*, MAKI CAROLINE NAKAMURA*, RODRIGO LUIZ STAICHAK* e BERNARDO PASSOS SOBREIRO**

 *Acadêmicos Medicina - UEPG

**Professor Adjunto Urologia – UEPG

Tratamento da impotência sexual com inibidores da fosfodiesterase-5 (Viagra, Cialis e Levitra) em pacientes com doenças cardiovasculares

      Devido a alta prevalência de disfunção erétil entre os homens, os efeitos do Sildenafil, em especial sobre o sistema cardiovascular, sempre foram uma grande preocupação. Um outro ponto importante é que portadores de DCV e de doença arterial periférica têm maiores chances de apresentar disfunção erétil. Estudos indicaram indiferença para aumento do risco de eventos cardiovasculares graves, o uso ocasional de Sildenafil mesmo em pacientes com angina estável e outras DCV. Para portadores de hipertensão arterial sistêmica e que realizam uso de anti-hipertensivos, diversas recomendações existem em relação aos cuidados do uso de Sildenafil, já que a administração de ambos (anti-hipertensivo + Sildenafil) pode causar hipotensão arterial. Uma das contraindicações absolutas do Sildenafil é o uso concomitante de nitratos, pois o Sildenafil prolonga os efeitos vasodilatadores do nitrato, causando extrema hipotensão arterial. Estabelece-se uma diferença mínima de 24h para uso dos medicamentos.

      Em pacientes com uso de outros vasodilatadores não-nitratos, em um estudo de coorte, não se mostrou evidência de maior possibilidade de hipotensão arterial reflexa. No entanto, pacientes tratados com vasodilatadores associados com inibidores da PDE-5 devem ser considerados de alto risco para hipotensão arterial potencialmente perigosa.  O PDE-5, como já dito, não está presente em miócitos cardíacos. Entretanto, está presente nas artérias sistêmicas e pulmonares e nos músculos lisos venosos. Sildenafil causa, no entanto, no máximo um pequeno decréscimo na pressão arterial – 8 a 10mmHg na pressão sistólica e 5 a 6mmHg na pressão diastólica). Esse efeito alcança seu pico em 1h e dura aproximadamente 4h. Os efeitos são independentes da dose do Sildenafil ou idade.

       Comunicações quanto a relação uso de Sildenafil e eventos cardiovasculares graves – tais quais Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral – foram relatados, em massa, ao FDA no ano de 1999. Estatísticas daquela data estipulavam 8,5 mortes por milhão de homens/mês. A averiguação do FDA estipulou que dados estavam faltando nos prontuários, como a história médica do paciente, dosagem do Sildenafil e os dados conclusos de causa de morte. Os arquivos da Pfizer, empresa responsável pela produção do Sildenafil com a marca comercial de Viagra®, através do acompanhamento duplo-cego de 5.054 pacientes em placebo e 6896 com Viagra® não demonstrou diferenças estatísticas para risco de eventos cardiovasculares e consequente morte.

 Efeitos cardioprotetores do Sildenafil

       Pré-condicionantes de isquemia resultam em poderosos efeitos de proteção cardiovascular – episódios curtos e repetitivos de isquemia iniciam uma cascata de eventos de sinalização celular que previnem futuros infartos do miocárdio. Esse efeito pré-condicionante de isquemia é chamado de “Pré-Condicionante Miocárdico”. Estudos recentes indicam que o citrato de Sildenafil tem efeito Pré-Condicionante Miocárdico em coelhos, ratos e camundongos.

       Com baixas doses de Sildenafil (0,05mg/Kg), Das et al estabeleceram condições cardioprotetoras, como a melhora da recuperação da função ventricular, redução da incidência de fibrilação ventricular e de infarto do miocárdio. Em superdoses, os efeitos foram os opostos e em doses ínfimas, nenhum efeito protetor ocorreu. O estudo de Reffelmann e Kloner, no entanto, não obteve os mesmos resultados cardioprotetores, não tendo uma exposição clara da razão. A única diferença entre os dois estudos foi o tempo de infusão da droga, o que pode ter afetado os resultados.