Ter uma desilusão amorosa dói. E como dói. Dói demais. A intensidade que ela nos afeta está principalmente relacionada a fatores psicológicos. Quanto mais você está bem consigo mesmo, acredita em você e no seu potencial de ser feliz independentemente de outras pessoas ou outros fatores externos, mais estará apto a enfrentar as decepções e frustrações da vida. Dentre elas, a mais comum é a temida desilusão amorosa.

               A maioria de nós passa ou já passou por problemas de autoestima. Ou por problemas de autoconfiança. Ou por fases de depressão ou frustrações em nossa vida. Fases em que sentimos que estamos sem rumo e que a vida não parece fazer sentido. Tememos o futuro, o presente, e até mesmo o passado.......ah, o passado.......sabemos muito bem, principalmente através de estudos de Freud, que as nossas experiências anteriores, especialmente as que ocorreram durante a infância, exercem grande influência no nosso presente.....e quem acha que isso é bobagem, deveria repensar bem!

               Mas, você deve estar pensando: o que tudo isso tem a ver com ter uma desilusão amorosa? É simples: quanto mais sem rumo a nossa vida parece ser, mais nos afundamos para dentro do poço, e mais desesperadamente nos agarramos a algo ou alguém ou até mesmo a fantasias para tentar dar algum sentido à nossa vida. E agarrar-se a um relacionamento ou a uma simples paixão é algo muito comum de acontecer quando estamos fragilizados dessa forma. Assim, colocamos a pessoa amada em um pedestal, como se fosse a única razão da nossa existência.

               E é por isso que muitas vezes presenciamos ou ouvimos casos de pessoas que simplesmente não se conformam em perder a pessoa amada, e chega até a fazer loucuras para consegui-la de volta. E não são poucos os casos em que situações desse tipo resultam em suicídios, assassinatos, lesões corporais graves, entre outras tragédias que cotidianamente presenciamos na mídia. E, nesses crimes passionais, é muito comum ouvirmos que o fulano de tal matou ou machucou alguém por amor. Mas uma coisa é fato: quem faz isso com alguém, não faz por amor. Mas sim por puro egoísmo. Afinal, quem ama, liberta, e não tenta fazer do outro um prisioneiro. Eu sei que essa frase é um clichê, mas tem um bom motivo para ser: ela esta certíssima.

               Mas, enfim, eu falei tudo isso como uma forma de alertar as pessoas de que, muitas vezes, o que parece estar nos magoando, na verdade é apenas a “tampa” do problema. Como dizia uma professora minha, muito inteligente e fanática por Freud e sua psicanálise, “o buraco está sempre mais embaixo”. Quem sofre de uma maneira anormal e doentia por causa do fim de um relacionamento, ou mesmo por uma mera paixonite que não deu certo, na verdade não sofre por causa disso. Isso é apenas a tal “tampa” do problema. O verdadeiro “buraco” vai muito além disso: depressão, falta de sentido na vida, baixa autoestima.......enfim, uma série de conflitos interiores que levam a pessoa a sentir um vazio tão grande na sua vida, que ela acaba procurando “válvulas de escape” para tentar fugir a essa realidade. E, se por um acaso essa “válvula de escape” deixa de existir, a pessoa se sente totalmente perdida, podendo até mesmo cometer loucuras, como as já mencionadas no parágrafo anterior.

               E, dentre essas “válvulas de escape”, o amor é um dos refúgios mais comuns. Na verdade, "amor" não seria a palavra mais adequada, pois o que se tem, nessa situação, não é amor de verdade, mas sim uma dependência doentia com quem você considera ser a sua razão de existir. Assim, muitas pessoas acabam fazendo do seu esposo(a), namorado(a), companheiro(a), ou até mesmo da sua paixonite, o sentido de suas vidas. E isso não é nada saudável, porque não podemos depender de outras pessoas para sermos felizes. A felicidade deve estar, antes de tudo, dentro de nós mesmos!

               Reflita bem sobre o que eu escrevi e veja se, de alguma forma, você se encaixa nessa situação. Se você acha que sim, então prometa para si mesmo que vai tentar mudar. É muito difícil melhorar cem por cento, mas é possível melhorar boa parte desse vazio que você esta sentindo. Já adianto que será um processo difícil, demorado e com muitos regressos, mas nunca deixe de acreditar que você é forte o bastante para passar por isso. E você não tem que passar por isso sozinho, procure ajuda profissional, se necessário. E não pense você que o que eu escrevi serve apenas para as pessoas que sofrem de maneira anormal por desilusões amorosas. As “válvulas de escape” podem se dar de várias maneiras: desde as mais inofensivas (pelo menos aparentemente), como obsessão por dinheiro, festas, internet, televisão......até as mais graves, que chegam a causar dependência física, como vício por álcool, drogas, etc.

               É claro que não há problema algum em ficar feliz por causa de um novo amor, de um dinheirinho a mais no bolso, de ter bons amigos, festas legais para ir.....mas a questão é: você não pode tratar algo ou alguém como sendo a sua fonte única e principal de felicidade, a sua razão de viver. Isso porque a felicidade deve vir sempre dentro de você. Como dizia um outro professor meu, também muito inteligente e admirador de Freud e de sua psicanálise, “o começo e o fim do mundo deve estar sempre dentro de nós mesmos, o resto é apenas complemento”.

Espero que tenham gostado e que possam tirar algum ensinamento para as suas vidas!!!

Bjs, Tati.