Atualmente se fala muito sobre a importância da motivação como motor que impulsiona a pessoa humana a desempenhar com competência determinada ação ou trabalho. Encontramos assim, esta ênfase à motivação, sobretudo em cursos empresários, bem como em literatura de auto-ajuda.
No campo de literatura empresarial, afirma John Adair (1934-), sobre motivação: Se a comunicação é irmã da liderança, então a motivação também o é. "Motivação" vem do verbo latino "movere". Existe, é claro, uma variedade de formas de mobilizar pessoas: você pode ameaçá-las com punições de diversas formas, ou induzi-las por recompensas financeiras. (2000, p.37).
Para uma conceituação científica, o comportamento motivado se caracteriza como uma forte dispensa de energia, dirigindo-se para um objetivo, ou meta.
Assim, para um melhor entendimento do comportamento motivado, podemos conceber motivo como incentivo, seja positivo- que se dirige para o objetivo, como o negativo- que se afasta, por esquiva ou fuga, do objeto motivador. Por outro lado, o motivo também pode se manifestar como impulso (ou força que movimenta), sejam motivos inatos, como os fisiológicos; divergem as teorias sobre as necessidades inatas conforme a abordagem de cada escola psicológica, para Watson, por exemplo:
"os estímulos, assim como as respostas de que o comportamentalista se ocupa, podem ser simples ou complexos. Ondas luminosas que atingem a retina podem ser consideradas estímulos relativamente simples; mas os estímulos podem ser objetos físicos do meio ambiente ou uma situação mais ampla". (SCHUTZ; SCHUTZ. 1992, p.249).
O motivo impulsivo, também se desdobra em necessidades aprendidas, frutos da consciência humana na sociedade e no meio, como é caro à Teoria Cognitiva da motivação; ou de impulsos inconscientes, como defende a psicanálise, com a teoria freudiana do ID, EGO e SUPEREGO.
Baseado nas teorias da psicanálise em Sigmund Freud (1856-1939) e de Joseph Nuttin (1909-1988), João Mohana (1925-1995) aborda três níveis de impulsos do ID:
"Diariamente nós realizamos atos que se situam no nível psico-biológico da nossa vida; atos que se situam no nível psico-social; e atos que se situam no nível psico-espiritual. Nesses três níveis de nossa vida o impulso de desenvolvimento global se expande e aí desencadeia nosso comportamento.
[...] No nível psico-biológico temos dois impulsos: o impulso de auto-conservação e o impulso sexual.
[...] No nível psico-social de nossa vida temos dois impulsos: o impulso de sociabilidade e o impulso de auto-afirmação.
[...] No nível psico-espiritual [...] também dois impulsos se manifestam: o impulso de cogitação do sentido da existência (que Victor Frankl denomina vontade de significação) e o impulso de auto-transcedência".
(1968, p.16-18).
BRAGHIROLLI (2001, p.91), baseada em Aragão e Edwards, apresenta três categorias de motivos:
A) Necessidades fisiológicas ou motivos de sobrevivência;
B) Necessidades de interação com outras pessoas ou motivos sociais;
C) E motivos de competência do Ego.
Pesquisando uma contribuição da Psicologia Humanista, para melhor entendermos a motivação, encontramo-la na Hierarquia de necessidade humanas, formulada por Abraham Maslow (1908-1970). Para Maslow há cinco níveis de necessidades cujas primeiras são basilares e imediatas, seguindo em ordem decrescente de urgência até a ultima, são elas:
(1º) fisiológica: comida, água, ar , sono e sexo;
(2º) de garantia: segurança, estabilidade, ordem, proteção e libertação do medo e da ansiedade;
(3º) de pertinência e de amor;
(4º) de estima dos outros e de si mesmo;
(5º) e de auto-realização.

Dado o exposto, a motivação se constitui como fator essencial para garantir a existência, sobretudo humana nos meios, natural e social, pois a importância ou nível de dedicação que a pessoa humana atribui a qualquer outra pessoa, ação ou coisa existentes neste meio, são consequências de sua motivação, que pode ser além de individual, social, mesclando-se aos demais processos de seu comportamento.


REFERÊNCIAS


ADAIR, John. Como tornar-se líder.(Tradução de Elke B. Riedel). São Paulo: Nobel, 2000, 55p.

BRAGHIROLLI, E. Maria. Et. AL. Psicologia geral.20.ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 224p.

MOHANA, João. Padres e bispos auto-analisados. 2.ed. Rio de Janeiro: Agir, 1968, 298p.

SCHULTZ, Duane P; SCHULTZ, S. Ellen. História da Psicologia Moderna.13.ed. (Tradução de Adail V. Sobral e Maria R. Gonçalves). São Paulo: Cultrix, 1992, 439p.