A teoria sociológica de Durkheim, baseia-se sobretudo no conceito de Fato Social como objeto da sociologia, garantindo-lhe seu caráter de objetividade científica. Neste caso, os fatos sociais seriam ‘coisas’, cuja características principais é de que eles exercem uma coerção, generalidade e exterioridades sobre os indivíduos, conforme afirma o autor: fato social é toda maneira de fazer, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então que é geral em toda a extensão de uma sociedade.

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Assim, percebe-se que nos fatos sociais: a coerção, todos devem seguir as regras sociais, pois serão coagidos pelo grupo social a que pertencem; a generalidade, porque é comum a todos os indivíduos da sociedade ou grupo social, independente das manifestações individuais; a exterioridade, aja vista que não são criações próprias dos indivíduos isolados, mas nascem da sociedade.

O conceito de Consciência coletiva Durkheim definiu em sua obra ‘Da divisão do trabalho social’, o qual consiste no conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade, que forma um sistema determinado, que tem vida própria.  Esta consciência existe a partir da presença das crenças e dos sentimentos nas consciências individuais. Ela evolui segundo leis próprias e não é apenas uma expressão das consciências individuais.

Para o sociólogo francês, nas sociedades estão presente dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica. A primeira é uma solidariedade por semelhança. Ou seja, quando os indivíduos de uma sociedade diferem pouco uns dos outros é porque ela é dominada por esta solidariedade. Essa semelhança se dá quando estes indivíduos possuem os mesmos sentimentos, os mesmos valores ou reconhecem os mesmos objetos como sagrados. Por outro lado, a solidariedade orgânica é característica daquela sociedade em que existe uma unidade coerente de coletividade, o consenso, resultante de uma diferenciação, ou exprimindo-se por seu intermédio. Assim, com este tipo de solidariedade, os indivíduos não se assemelham, analogicamente aos órgãos de um ser vivo, pois cada um exerce sua função própria, embora sejam diferentes uns dos outros. 

No que tange ao conceito de suicídio, muito explorado pelo sociólogo, tratado na obra Suicídio, Durkheim esclarece que este é todo caso de morte provocado direta ou indiretamente por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que devia provocar esse resultado. E este conceito é distinguido em três tipos. O primeiro tipo é o suicídio egoísta: a partir de estudos estatísticos, Durkheim afirma que homens e mulheres são mais inclinados ao suicídio quando pensam essencialmente em si mesmos, quando não estão integrados em um grupo social, ou seja, por um estado de apatia e pela ausência de vinculação com a vida. O segundo é o suicídio altruísta, no qual o indivíduo se mata devido imperativos sociais, sem pensar valer seu direito à vida, ou obedecendo ao que o grupo lhe ordena, a ponto de sufocar o próprio instinto de conservação. Por fim, o suicídio anômico, que interessa mais ao sociólogo francês, pois retrata mais a sociedade moderna. Este atinge os indivíduos devido às condições de vida nas sociedades modernas, em que a existência social não é regulamentada pelos costumes. Nele, o indivíduo se mata pela irritação associada às inúmeras situações de decepção, por um desgosto resultante da tomada de consciência da desproporção entre as aspirações e as satisfações.

Um último conceito básico do seu pensamento é o que Durkheim denomina Anomia social como sendo o definhamento ou insuficiência da atuação de normas em uma sociedade, enfraquecendo a integração dos indivíduos que não sabem quais normas devem seguir. Portanto, na sociedade que se encontra em anomia, segundo o sociólogo:  faltará uma regulamentação durante certo tempo. Não se sabe o que é possível e o que não é, o que é justo e o que é injusto, quais as reivindicações e esperanças legítimas, quais as que ultrapassam a medida.

REFERENCIAS

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 6ªed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.