Prevalência de microrganismos em lâminas de bacterioscopia de pacientes oriundas do município de Oiapoque, AP.

Edilson leal da cunha*

Carmem oliveira dos reis**

 *Farmacêutico – Bioquímico, Mestre em Biodiversidade Tropical, Major Farmacêutico do                            Exército brasileiro, Doutorando em inovação Farmacêutica. [email protected]

**Farmacêutica – Bioquímica, Funcionária do governo do estado do Amapá. [email protected]

INTRODUÇÃO

            As vulvovaginites constituem um dos principais problemas de Saúde Pública, e a prevenção é muito difícil apesar de todos os esforços dos governos Federal, Estadual e Municipal para minimizar o problema através de programas que visam prevenir principalmente a AIDS. são processos inflamatórios e infecciosos, traduzindo-se por corrimento (leucorréia), prurido, dor ao urinar (disúria) e dor nas relações sexuais (dispareunia), podendo estes sintomas aparecerem isolados ou associados (HALBE, 2000).

            A Microbiota vaginal normal é constituída por diferentes espécies de lactobacilos, responsáveis pela manutenção do pH entre 3,5 a 4,5 que limita o crescimento de microrganismos potencialmente nocivos (GIRALDO et al, 2005)

            O agente mais comumente citado na literatura é a Gardnerella vaginalis, que produz mau cheiro, ficando mais acentuado após as relações sexuais e ao final da menstruação (ADAD et al, 2001). No exame bacteriológico a presença de células-guia (clue cells) que são células recobertas por G. vaginalis e eventualmente as comma cells que são células recobertas por Mobiluncus spp. (GIRALDO et al, 2007). 

            Entre os fungos destaca-se o gênero Candida que causa a Candidíase Vulvovaginal (CV). A candidíase surge com a insuficiência dos mecanismos de defesa normais (HALBE, 2000).  A presença de corrimento de aspecto branco leitoso, grumoso e odor ácido, disúria, prurido, são características dessa infecção (KONEMAN, 2001).

   OBJETIVO      

            Determinar a prevalência de microrganismos que acometem o trato vulvovaginal de pacientes beneficiárias do programa Bolsa Família do Governo Federal, no Município de Oiapoque-AP.

 MATERIAL E MÉTODO

            Foi realizado estudo retrospectivo e descritivo, em 190 laudos de bacterioscopia de secreção vaginal coradas pelo Gram, provenientes de mulheres de faixa etária 20 a 70 anos, oriundas do município de Oiapoque, AP., participantes do Programa Bolsa Família, de Julho a setembro de 2013.

 RESULTADOS E DISCUSSÃO

36,31% das lâminas examinadas apresentaram Bacilos de Döderlein, estas lâminas foram consideradas negativas para agentes de DST, 63,69% apresentaram agentes de DST, estas lâminas foram consideradas positivas, quadro I e gráfico I.

 Quadro I - Resultado de lâminas positivas e negativas 

Agente

%

B. Doderlein

36,31

Agentes de DST

63,69


Quadro 2 - Agentes de DST encontrados na Bacterioscopia

Agente

%

G. vaginalis

47,37

Cocos Gram Positivo

33,16

Candida sp.

6,8

A prevalência de mulheres com vulvovaginites é bem superior, 63,69% em comparação com as que não apresentaram vulvovaginite, que foi de 36,31%. Souza & Bittencourt (2007), também acharam dados semelhantes em sua pesquisa no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, em Belém-PA onde 62,6% (959/1546) das pacientes apresentaram vulvovaginite. Vale ressaltar que Giraldo et al, (2007) relatam que em consultório ginecológico a vaginite é um problema responsável por cerca de 50% a 70% das queixas em consultas.

Entre os agentes de DST o de maior prevalência foi G. vaginalis com 47,37%, seguido de cocos Gram positivos com 33,16%, e Candida sp. com apenas 6,8%..

Estes resultados diferem dos encontrados por Buscemi et al (2004), no qual foi verificado uma ocorrência de G. vaginalis com percentual de 25,6% e Candida sp 20,4%.

Entre as associações, G. vaginalis + cocos Gram positivos (Gv/CCP), com 31/190 casos foi a de maior prevalência.

CONCLUSÃO

O estudo confirmou que a prevalência de vulvovaginites em mulheres de diferentes faixas etárias mesmo sem apresentar sintomas residentes no Município de Oiapoque-AP, é muito alto, principalmente as causadas por G. vaginalis.

REFERÊNCIAS

BUSCEMI, L.; ARECHAVALA, A.; NEGRONI, R. Estudio de las vulvovaginitis agudas em pacientes adultas, sexualmente activas, com especial referencia a la candidiasis, em pacientes del hospital de infecciosas Francisco J. Muniz. Rev. Iberoam Micol. Vol 21: 177-181, 2004.

GIRALDO, P. C. et al. Influência da frequência de coitos vaginais e da prática de duchas higiênicas sobre o equilíbrio da microbiota vaginal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol 27. 2005.

GIRALDO, P. C. et al. O freqüente desafio do entendimento e do manuseio da vaginose bacteriana. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Rio de Janeiro, v19, n 2, 2007.

HALBE, H.W. et al. Corrimento genital. In Tratado de Ginecologia, São Paulo, Roca, 3ª ed, 2000, pp 612-623.

JAGUIERY, A. et al. Vulvovaginitis: clinical features, etiology, and microbiology of the genital tract. Arch of Dis Child, Australia, v. 81. Julho, 1999.

KONEMAN. E. W. et al. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 5. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. El papel del farmacéutico en el sistema de atención de salud. Dedaración de Tókio, 1993. 37 p.

SOUZA, E. B.; BITTENCOURT, J. A. H. M. Etiologia de infecções vaginais de mulheres atendidadas no hospital universitário Betinna Ferro de Souza, Belém-Pará. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Análises Clínicas) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.