Prevalência de microrganismos em lâminas de bacterioscopia de pacientes oriundas do município de Oiapoque, AP.
Publicado em 29 de outubro de 2013 por EDILSON LEAL DA CUNHA
Prevalência de microrganismos em lâminas de bacterioscopia de pacientes oriundas do município de Oiapoque, AP.
Edilson leal da cunha*
Carmem oliveira dos reis**
*Farmacêutico – Bioquímico, Mestre em Biodiversidade Tropical, Major Farmacêutico do Exército brasileiro, Doutorando em inovação Farmacêutica. [email protected]
**Farmacêutica – Bioquímica, Funcionária do governo do estado do Amapá. [email protected]
INTRODUÇÃO
As vulvovaginites constituem um dos principais problemas de Saúde Pública, e a prevenção é muito difícil apesar de todos os esforços dos governos Federal, Estadual e Municipal para minimizar o problema através de programas que visam prevenir principalmente a AIDS. são processos inflamatórios e infecciosos, traduzindo-se por corrimento (leucorréia), prurido, dor ao urinar (disúria) e dor nas relações sexuais (dispareunia), podendo estes sintomas aparecerem isolados ou associados (HALBE, 2000).
A Microbiota vaginal normal é constituída por diferentes espécies de lactobacilos, responsáveis pela manutenção do pH entre 3,5 a 4,5 que limita o crescimento de microrganismos potencialmente nocivos (GIRALDO et al, 2005)
O agente mais comumente citado na literatura é a Gardnerella vaginalis, que produz mau cheiro, ficando mais acentuado após as relações sexuais e ao final da menstruação (ADAD et al, 2001). No exame bacteriológico a presença de células-guia (clue cells) que são células recobertas por G. vaginalis e eventualmente as comma cells que são células recobertas por Mobiluncus spp. (GIRALDO et al, 2007).
Entre os fungos destaca-se o gênero Candida que causa a Candidíase Vulvovaginal (CV). A candidíase surge com a insuficiência dos mecanismos de defesa normais (HALBE, 2000). A presença de corrimento de aspecto branco leitoso, grumoso e odor ácido, disúria, prurido, são características dessa infecção (KONEMAN, 2001).
OBJETIVO
Determinar a prevalência de microrganismos que acometem o trato vulvovaginal de pacientes beneficiárias do programa Bolsa Família do Governo Federal, no Município de Oiapoque-AP.
MATERIAL E MÉTODO
Foi realizado estudo retrospectivo e descritivo, em 190 laudos de bacterioscopia de secreção vaginal coradas pelo Gram, provenientes de mulheres de faixa etária 20 a 70 anos, oriundas do município de Oiapoque, AP., participantes do Programa Bolsa Família, de Julho a setembro de 2013.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
36,31% das lâminas examinadas apresentaram Bacilos de Döderlein, estas lâminas foram consideradas negativas para agentes de DST, 63,69% apresentaram agentes de DST, estas lâminas foram consideradas positivas, quadro I e gráfico I.
Quadro I - Resultado de lâminas positivas e negativas
Agente |
% |
B. Doderlein |
36,31 |
Agentes de DST |
63,69 |
Quadro 2 - Agentes de DST encontrados na Bacterioscopia
Agente |
% |
G. vaginalis |
47,37 |
Cocos Gram Positivo |
33,16 |
Candida sp. |
6,8 |
A prevalência de mulheres com vulvovaginites é bem superior, 63,69% em comparação com as que não apresentaram vulvovaginite, que foi de 36,31%. Souza & Bittencourt (2007), também acharam dados semelhantes em sua pesquisa no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, em Belém-PA onde 62,6% (959/1546) das pacientes apresentaram vulvovaginite. Vale ressaltar que Giraldo et al, (2007) relatam que em consultório ginecológico a vaginite é um problema responsável por cerca de 50% a 70% das queixas em consultas.
Entre os agentes de DST o de maior prevalência foi G. vaginalis com 47,37%, seguido de cocos Gram positivos com 33,16%, e Candida sp. com apenas 6,8%..
Estes resultados diferem dos encontrados por Buscemi et al (2004), no qual foi verificado uma ocorrência de G. vaginalis com percentual de 25,6% e Candida sp 20,4%.
Entre as associações, G. vaginalis + cocos Gram positivos (Gv/CCP), com 31/190 casos foi a de maior prevalência.
CONCLUSÃO
O estudo confirmou que a prevalência de vulvovaginites em mulheres de diferentes faixas etárias mesmo sem apresentar sintomas residentes no Município de Oiapoque-AP, é muito alto, principalmente as causadas por G. vaginalis.
REFERÊNCIAS
BUSCEMI, L.; ARECHAVALA, A.; NEGRONI, R. Estudio de las vulvovaginitis agudas em pacientes adultas, sexualmente activas, com especial referencia a la candidiasis, em pacientes del hospital de infecciosas Francisco J. Muniz. Rev. Iberoam Micol. Vol 21: 177-181, 2004.
GIRALDO, P. C. et al. Influência da frequência de coitos vaginais e da prática de duchas higiênicas sobre o equilíbrio da microbiota vaginal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol 27. 2005.
GIRALDO, P. C. et al. O freqüente desafio do entendimento e do manuseio da vaginose bacteriana. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Rio de Janeiro, v19, n 2, 2007.
HALBE, H.W. et al. Corrimento genital. In Tratado de Ginecologia, São Paulo, Roca, 3ª ed, 2000, pp 612-623.
JAGUIERY, A. et al. Vulvovaginitis: clinical features, etiology, and microbiology of the genital tract. Arch of Dis Child, Australia, v. 81. Julho, 1999.
KONEMAN. E. W. et al. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 5. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. El papel del farmacéutico en el sistema de atención de salud. Dedaración de Tókio, 1993. 37 p.
SOUZA, E. B.; BITTENCOURT, J. A. H. M. Etiologia de infecções vaginais de mulheres atendidadas no hospital universitário Betinna Ferro de Souza, Belém-Pará. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Análises Clínicas) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.