Introdução

 

O presente projeto “Orientação Sexual: prevenindo conseqüências indesejadas” surgiu da necessidade de ampliar o conhecimento dos adolescentes sobre a prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST’s, e a sala de aula é um lugar ideal para que os jovens se familiarizem com os temas de forma dinâmica, com linguagem clara e objetiva. O projeto visa a aproximação dos profissionais de saúde e os adolescentes de forma amigável, desenvolvendo habilidades para essa interação. O projeto foi elaborado para atender os alunos do Ensino Fundamental da 7° e 8° série do Colégio Municipal da Aplicação Otávio Mangabeira Filho situado à Rua E, s/n – Loteamento Rio Grande na cidade Barreiras – BA, sob a direção da Professora Lúcia Valéria Oliveira bastos.

 

 

Marco Teórico

 

O adolescente é um sinônimo de conflito, agitação, turbulência e rebeldia. Crítico está sempre vivendo nos extremos, ou intensamente feliz ou profundamente triste. Sente necessidade de sentir-se aceito, e para isso se submete às regras e a um liderem um determinado grupo, em contra partida não aceita as regras que os pais, a escola e a sociedade impõem. Os adolescentes iniciam ou enceram abruptamente as mais apaixonadas relações de amor, onde descobrem o amor, a paixão, ciúmes, amizades, o sexo e com ele o corpo e o prazer, a intimidade de um casal.

 

Filósofos da Mesopotâmia (Apud Gaurderer 1996 pág.21) tecem o seguinte comentário sobre os adolescentes, “O adolescente é um ser desrespeitoso para com os mais velhos, não lhes dá a devida atenção, não ouve adequadamente, não aceita suas ponderações, sente-se cheio de verdades e força e sabedoria. Considera tudo o que seja mais antigo do que ele obsoleto, arcaico ou puramente velho, ao passo que tudo o que é seu acha novo, criativo, inédito; tudo o que faz sem dúvida dará certo, funcionará a  contento, ele resolverá tudo. È uma praga que só pensa em sexo, lazer e contestação. Tenho sérias dúvidas acerca de como irá evoluir o mundo nas mãos dessas pessoas que se consideram o seu umbigo”

 

A família seria a principal fonte de informações, mas muitas não abrem espaço para esse tipo de diálogo em casa e assim as escolas ficam responsáveis por tal função. Os adolescentes possuem informações incompletas, errôneas e preconceituosas por conversarem sexo com amigos e até mesmo na televisão, onde mostra todos os dias, cenas de sexo e de relacionamentos nem sempre de forma natural e saudável.

 

O trabalho de Orientação sexual na escola é um processo formal e sistemático que não pretende substituir, nem concorrer com a função da família, e sim, servir complementando com discursos de diferentes temas, pois toda família tem seus princípios e valores logo, a escola não deve ocupar seu lugar.

 

A escola tem como propósito abrir um canal de debate entre os jovens acerca das questões relacionamentos á sexualidade, bem como proporcionar informações de caráter biológico e preventivo, no que se refere ao controle de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, conceitos amplos sobre sexo e seus valores e seus aspectos preventivos para o indivíduo como exercício de cidadania.

 

A orientação sexual nas escolas deve abranger de forma contínua e integrada por ser um assunto referente a diferentes áreas como: História, Antropologia, Biologia e Psicologia e outras mais. Esse trabalho permite o entendimento da sexualidade como aspecto positivo da vida, promovendo debates entre os adolescentes com informações claras e objetivas.

 

A função da Orientação Sexual é levar o adolescente a assumir responsabilidades e transmitir informações sobre sexualidade contribuindo para o desenvolvimento de atividade e valores, sem preconceitos e de acordo com a realidade.

 

Gauderer (1996, pág.118) cita que as informações sexuais devem ser passadas de maneira imparcial, não moralista, não religiosa, calçada em cima da realidade. É fundamentalmente que o eventual orientador sexual tinha seus conflitos sexuais bem resolvidos para que ele não passe nas entrelinhas idéias errôneas para o indivíduo.

 

Em forma de parceria, os profissionais de saúde e as escolas estão desenvolvendo esse trabalho de Orientação Sexual. Como papel de educador esses profissionais podem fazer um trabalho preventivo, diminuindo assim o processo dos trabalhos curativos.

 

Gauderer (1996, pág. 120) cita também que é papel fundamental do profissional d saúde, no meu entender, ser antes de qualquer coisa um educador. E o educador tem a bênção e o privilégio de fazer um trabalho preventivo e não curativo, economizando, assim, custos, divisas, tempo e principalmente sofrimento humano. Esta mentalidade educativa/preventiva precisa ser desenvolvida, principalmente num país feito o nosso, que carece de recursos econômicos na área de educação e saúde. Cabe aos profissionais de saúde mudar esta mentalidade para melhor.

 

Como a atividade sexual se inicia na maioria das vezes na adolescência, são eles os adolescentes um grupo propenso à contaminação de doenças sexualmente transmissíveis, que também pode ser devido a característica comportamentais, sócio econômicos e biológicos.

 

Muitas vezes o abuso de álcool e outras drogas são responsáveis para a não utilização dos preservativos e assim favorecendo a prática do sexo inseguro. Outro fator relevante é o grande apelo transmitido pelos meios de comunicação, na maioria das vezes direcionados ao adolescente, colocando o jovem a frente a uma orientação sexual informal, que coloca o sexo como algo não planejado e comum.

 

Além disso, os adolescentes têm pouco acesso às informações sobre doenças sexualmente transmissíveis. Boa parte obtém informações sobre sexo de colegas e amigos, que na maioria das vezes com opiniões distorcidas e baseadas em mitos e preconceitos.

 

 

Metodologia

 

O campo de estádio é o PSF XI situado no bairro Loteamento Rio Grande, inaugurado no ano de 2007.  A equipe é composta por um enfermeiro, um médico, um odontólogo, dois técnicos de enfermagem, um auxiliar odontólogo, uma secretária e uma copeira. São desenvolvidos os seguintes programas de atenção básica: consulta de pré-natal, preventivo, hiper-dia, hanseníase e tuberculose, vacinação, visitas domiciliares, consulta e atendimento médico, odontólogo e de enfermagem. Quanto aos atendimentos oferecidos existe uma baixa demanda

 

A estrutura física é composta de seis salas, sendo estas para atendimento médico, odontólogo, de enfermagem, vacinação, medicações e curativos, além de uma recepção, uma cozinha e três banheiros.

 

O Colégio Municipal de Aplicação Otávio Mangabeira Filho onde será realizada a intervenção foi inaugurado no ano de 1996, atende a 5º e 8º series do ensino fundamental e o programa de Educação de Jovens e adultos (EJA), distribuídos nos horários matutino, vespertino e noturno. Desde sua fundação o colégio desenvolve projetos para os adolescentes, como a orientação sexual realizada pelos próprios educadores em sala de aula.

 

A priore visitaremos o colégio com o objetivo de conhecer a estrutura física, seus recursos humanos, os educandos, a disponibilidade de hora/aula para as palestras e os recursos didáticos existentes.

 

Em seguida utilizaremos um questionário feito aos adolescentes com questões sobre o tema, para identificarmos suas principais dúvidas e tê-las como norteadoras nas palestras. Em seguida convidaremos os pais a uma reunião, explicando a relevância e os objetivos do projeto, para estes autorizarem a participação dos filhos nas palestras. Será construído o cronograma e apresentado o planejamento das atividades junto à coordenação. A partir daí iniciaremos as palestras de acordo com o cronograma.

 

A justificativa do projeto foi embasado nos autores Barbosa,2006 e e Gauderer, 1996.

 

 

Conclusão

 

O resultado esperado consiste no conhecimento satisfatório dos adolescentes sobre as doenças sexualmente transmissíveis – DST’s, seus meios de prevenção e contaminação, assim como o esclarecimento de todas as dúvidas, para que esses adolescentes venham agir de forma responsável e com sensibilidade, capazes de se protegerem e garantirem um desenvolvimento sexual e saudável. Além disso, esperamos conhecer a realidade socioeconômica e cultural dos adolescentes; o esclarecimento dos mitos existentes na comunidade e a quebra de tabus e preconceitos.

 

Almejamos também obter um elo entre os profissionais de saúde, a escola, a família e os adolescentes, trabalhando juntos no processo preventivo de DST’s.

 

Com esse projeto os adolescentes entenderão que a escola e a orientação sexual são complementares à família, sendo também responsáveis por transmitir todas as informações sobre sexualidade, contribuindo para o desenvolvimento de atitudes e valores, sem preconceitos e de acordo com a realidade.

 

Esperamos que o projeto consiga obter um elo entre a comunidade e o PSF. O enfermeiro conhecerá a realidade local, inserindo-se como ser atuante na comunidade que trabalha. O profissional que conseguir ser aceito, tirar o “jaleco branco”, sair de trás de uma mesa e ultrapassar os limites territoriais do posto, passará a contribuir de forma muito mais positiva, trabalhando de acordo com as necessidades locais.

 

O Projeto irá incentivar o enfermeiro a atualização contínua do tema, pois isso beneficiará o mesmo durante sua atuação tanto nas orientações, agindo com segurança, como também em suas habilidades no PSF.

 

 

Referências Bibliográficas

 

ALVES. Rosane de Castro. Monografia: Sexualidade na adolescência: Parceria entre família e escola na formação de consciências responsáveis. Cachoeirinhas do Sul- RS:, 2006.

 

BARBOSA, Edson Henrique.O Desafio em Trabalhar Sexualidade Humana Na Escola. Cachoeiras do Sul – RS, 2006.

 

FREITAS, Fernando. Rotinas em Ginecologia, 5º Edição, Porto Alegre- RS:Editora Artmed, 2006.

 

GAUDERER, Dr. Cristian. Sexo e sexualidade da criança e do adolescente.Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Temos, 1996.