Ana Valeria Lopes1
Angélica Piovesan2
Iza Fontes Carvalho3
Raquel Batista4
Sara Bezerra Costa Andrade5
Lívia Godinho6


RESUMO

O envelhecimento no Brasil tende a se intensificar nas próximas décadas, de tal forma que, em 2050 teremos aproximadamente 64 milhões de idosos. Este envelhecimento é um fenômeno relativamente recente, no entanto já existem muitos estudos que apontam o processo irreversível que tem sido registrado nas últimas décadas. A recessão econômica traz impactos sociais sobre a vida dos idosos. As políticas de ajuste têm contribuído para agravar esses impactos, acentuando as desigualdades e mesmo com a conquista da renda pela assistência social para idoso pobre garantida pela Constituição Federal, o problema do idoso dependente não foi resolvido. À medida que a população envelhece aumenta a demanda de asilos. Estudos acerca da institucionalização de idosos no Brasil são pouco sistematizados e mesmo publicações de referência na área deixam de avaliar este tema com profundidade. Embora grande proporção de idosos institucionalizados seja dependente por problemas físicos e mentais, de um modo geral a miséria e o abandono são os principais motivos da internação em asilos. E neste aspecto, nem o sistema de saúde público nem o privado, está preparado para atender a demanda de idosos. Este trabalho foi realizado num asilo, uma instituição filantrópica que tem como prioridade o acolhimento de mendigos, idosos abandonados, ou que estejam em outras instituições em Aracaju, SE. O objetivo deste trabalho foi verificar a estrutura física e o suporte profissional oferecido pela instituição visitada, como também colher opiniões dos idosos sobre o nível de satisfação com o atendimento no asilo e consigo mesmo. Foram realizadas entrevistas com funcionário que nos informou sobre o funcionamento e nos apresentou a estrutura do local e com idosos de ambos os sexos que hoje encontram instalados na instituição. Foi possível perceber a importância para a saúde psíquica e física dos idosos estarem bem acolhidos em instalações confortáveis, participantes de atividades de lazer, passeios, oficinas, festas e inseridos na vida social da cidade. Apesar dos idosos relatarem os bons tratos recebidos do asilo, todos desejam voltar para suas casas, apesar de a maioria não tê-las mais. Foi observado na instituição divisões de setores que abrigam os que possuem mais lucidez e os que possuem menos autonomia. O asilo conta com atendimento voluntário de profissionais de medicina, fisioterapia, psicologia, jornalismo, assistente social e também com doações de empresas privadas. Foi observada boa higiene do ambiente, ventilação, acomodação quartos amplos, música ambiente com temas religiosos. O asilo conta com cinqüenta vagas, para manter o nível de qualidade do atendimento levando em consideração as ajudas filantrópicas. Hoje, mais de setenta idosos, aguardam uma vaga nessa instituição.

Palavras-chaves: idosos, instituição, cuidados físicos


INTRODUÇÃO
Atualmente muitos trabalhos estão sendo feitos e publicados sobre a terceira idade, também considerada como a melhor idade. A sociedade começou a dar mais atenção à saúde física e psíquica dos idosos, possibilitando oportunidades de melhorias nas condições de vida e trabalho, pois muitos ainda estão em plena vida ativa por necessidades ou opção. Este público tem se tornado alvo de empresas e profissionais de saúde que estão investindo em proporcionar uma melhor qualidade de vida com diversas opções tanto para lazer, tratamento de saúde como para a prevenção de doenças.
Sabemos que a partir de determinada idade mudanças físicas e psíquicas vão ocorrendo, eles passam a necessitar de mais cuidados e atenção que em muitos casos seus familiares acabam não disponibilizando devido a vida corrida exigida pela modernidade. Entretanto, isso não pode ser motivo para que sejam rejeitados, mal tratados ou isolados como acontece com muitos idosos ainda em nosso país.

Mudanças físicas e cognitivas na velhice
Segundo Helen Bee (1997,p. 516) podemos dividir o grupo de idosos em jovem idoso 55 e 75 anos e idoso velho acima dos 75 anos. Porém, Berger (1995) já afirma que o envelhecimento compreende dois processos: A senescência que é o envelhecimento inevitável e são as mudanças físicas, fisiológicas e cognitivas que ocorrem de forma gradual, com o passar do tempo, e a senilidade que é o envelhecimento secundário resultante de doenças, abusos, afastamento das atividades sociais, falta de atividade física e estimulação cognitiva.
Estatisticamente, o contingente de idosos daqui a 30 anos vai representar 40% da população na Alemanha, do Japão e da Itália, este, inclusive, o único país no mundo a ter mais pessoas acima de 65 anos do que com menos de 15 anos. A estimativa é de que, até a primeira metade do século XXI, demais países industrializados cheguem a esse patamar. No Brasil a estimativa percentual em média em 2010 é de 39,34% da população entre 55 e 80 anos ou mais. O índice de envelhecimento aponta para mudanças na estrutura etária da população brasileira. Em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos existiam 24,7 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, o quadro muda e para cada 100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos (IBGE, p. 2008).
Em 2000, para cada pessoa (1) com 65 anos ou mais de idade, aproximadamente 12 estavam na faixa etária chamada de potencialmente ativa (15 a 64 anos). Já em 2050, para cada pessoa (1) com 65 anos ou mais de idade, pouco menos de 3 estarão na faixa etária potencialmente ativa. No tocante às crianças e jovens, existirá cada vez mais pessoas em idade potencialmente ativa "destinadas" a suprir suas necessidades. (op. Cit.)

Mudanças físicas em sistemas específicos do corpo
A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração, pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias. Ocorrem mudanças no cérebro, com a perda de dendritos em uma gradativa velocidade das sinapses, retardando as reações para atividades diárias.
Para Helen Bee (1997, 525) as mudanças físicas na velhice estendem-se aos sentidos como um todo. Por exemplo, a maioria dos adultos sofrerão perda auditiva e visual ainda na meia-idade, porém deficiências auditivas comuns em adultos mais velhos incluem várias dificuldades como sons de alta freqüência (a presbicose), a discriminação vocabular, audição mediante condições de ruído e o tinnitus, que é o tilintar persistente nos ouvidos. Perdas auditivas leves e moderadas, mesmo que não corrigidas com aparelhos auditivos, simplesmente não apresentam correlação com medidas da saúde geral do idoso, somente quando essa perda é grave percebemos um aumento dos problemas sociais ou psicológicos.
Segundo pesquisa, um terço ou mais dos adultos mais velhos apresentam alguma perda auditiva significativa. O quanto essa perda auditiva significativa. Quando essa perda interfere ou não na vida diária parece depender de sua gravidade e de que maneira o indivíduo consegue compensar. Essas perdas no olfato e no paladar são capazes de reduzir vários prazeres na vida, podendo ainda acarretar em conseqüências práticas de saúde, como por exemplo, a hipertensão.
Os padrões no sono também são modificados nesse período da vida, trazendo conseqüências significativas para as rotinas do cotidiano. Por exemplo, adultos mais velhos tendem a acordar cedo pela manhã e a ir para cama também cedo à noite. Eles se tornam "pessoas matutinas" ao invés de "pessoas noturnas". Outro fator interessante, refere-se a esses adultos quanto ao se levantar várias vezes durante à noite e pelo fato do sono noturno ser interrompido, cochilam durante o dia para acumular a necessária quantidade de sono. Essas mudanças são encontradas em quase todos os idosos, mesmo aqueles que são considerados saudáveis, por isso as mudanças no sono não se trata de ter saúde ou não, trata-se de um conjunto de mudanças físicas ocorridas na velhice.
Essas mudanças físicas contribuem também para o aparecimento de problemas de saúde e incapacitações, podendo estas se manifestarem tanto como aparecimento quanto na aceleração das já existentes.

Metodologia
O Trabalho de campo contou com a visita das alunas ao asilo. Procuramos nos informar sobre alguns aspectos a partir das entrevistas feitas a dois idosos. Foi entrevistado um homem e uma mulher indicados pelos funcionários como sendo os mais lúcidos.

O velho é o outro
A gerontologia, campo que estuda o envelhecimento, ainda é pouco explorada e também cercada de lendas . Foi área enveredada por Jack Messy que fala: " Também não me apoio num discurso da gerontologia, penso mesmo que certa gerontologia não terá futuro se não entender o indivíduo e a velhice na história de uma vida inteira.
A noção de envelhecer e velhice são curiosamente confundidas ou utilizadas de forma equivalentes. Envelhecer é um processo irreversível que começa no nascimento e acaba na destruição do indivíduo. Mas, a imagem de velhice parece uma imagem "fora". Assim, para os mais novos, há sempre alguém mais velho, num processo onde o velho é o outro.
As noções autônomas no termo envelhecimento, são de um lado, as que evocam a idéia de desgaste, de enfraquecimento, de diminuição e, de outro parte, as que evocam a idéia de bonificação, maturação e crescimento. Onde a nossa sociedade reserva à juventude o benefício e à velhice o déficit. Ao passo que outras sociedades, como aquelas que têm "acumulação progressiva de personalidade, o envelhecimento é pensado em termos de aquisição e progresso", como constata Louis Vincent Thomas, depois de vinte anos passados na África.
Hering e depois Freud, evocam os movimentos vitais, onde o envelhecimento é um processo que se inscreve na temporalidade do indivíduo, do começo ao fim da vida. É feita de uma sucessão de perdas e aquisições.
"O envelhecimento é um processo que se inscreve na temporalidade do indivíduo, do começo ao fim da vida".

O envelhecimento é aquisição
Messy (1999) decidiu estudar o aspecto aquisição na psicanálise. Para ele só perdemos aquilo que possuímos. A aquisição, assim visualizada na constituição da instância egóica, faz referência à dimensão imaginária do ego. Podemos dizer que nos moldamos à imagem do outro. A noção de aquisição pode ser verificada na relação narcísica do eu com o objeto, isto é, na relação com os outros semelhantes (estádio do espelho). Como acontece com o envelhecimento, o ego tem uma relação com o tempo.

O envelhecimento é perda
Para a psicanálise, a perda evoca o desaparecimento de objetos investidos por nós. A sociedade inscreve a pessoa numa perda assimilada ao envelhecimento. Existem várias formas de se vivenciar a perda. Podemos citar como exemplo a aposentadoria, o luto, a dor.
O ego é constituído de imagens de objetos investidos e cada perda de objeto ameaça o imaginário. Outro aspecto que pode ser citado, talvez seja a demência senil, onde o apagar-se, pode ser não da pessoa ou de sua imagem, mas do ego. Para preencher o vazio, o ego identifica-se com a imagem do objeto perdido fazendo com que o sujeito caia num estado depressivo, conhecido como melancolia. Uma perda não é sempre um término, muitas vezes engendra uma aquisição. O ego envelhece, ele é o lugar onde se efetua a dinâmica da perda e da aquisição.

Envelhecimento e castração
Nenhuma aquisição substitui a perda, não consegue preencher a falta. Falta-lhe sempre uma peça em sua vestimenta egóica, razão de seu desejo incessante. Castração e Morte estão intimamente ligadas, sendo uma a causa da outra. O envelhecimento está relacionado à perda da vida, por isso é confundido com velhice.

A pessoa idosa não existe
Uma abordagem psicanalítica da velhice
A "pessoa idosa" não existe
O envelhecimento é o tempo da idade que avança, a velhice é o da idade avançada em direção à morte. No discurso atual, a palavra envelhecimento é quase sempre usada num sentido restritivo em lugar de velhice. A sinonímia dessas palavras denuncia a denegação de um processo irreversível que diz respeito a todos nós, do recém-nascido ao ancião.
A velhice não é um processo como o envelhecimento, é um estado que caracteriza a posição do indivíduo idoso, é o registro social portador de designações, que é quem define a "pessoa idosa". A aposentadoria frisa sua ocorrência, assim como a maturidade faz do adolescente um adulto por meio do voto. A imprensa se especializou no imaginário de uma aposentadoria esportiva e contente, apoiada por estudos de mercado que descobriram a idade de ouro.
O término da atividade, vivenciada como uma perda mais ou menos importante, conforme a quantidade de imagens narcísicas fornecidas pelo trabalho, em lugar do objeto investido, precipitou na patologia, e até na morte, não poucos dos excluídos do labor. O número elevado de depressões que se seguem à aposentadoria, fornece a indicação clínica do trabalho de luto contraído, pelo fato de se ter tido acesso a um descanso merecido e concedido através do financiamento feito pela nação.
A negação, sem ser necessariamente denegação, não recai sobre a palavra velha, que conserva ainda alguma ternura e faz referência como o envelhecimento, a todas as idades da vida. A expressão "pessoa idosa", designa uma categoria social, no sentido de uma corporação que agrupa os indivíduos que pertencem à mesma profissão, assim como o nome de um país serve de raiz para designar seus habitantes.
A "pessoa idosa" não existe como entidade individual, é apenas um termo social que não tem realidade humana.

A entrada na velhice
"As pessoa que atingiram ou passaram dos 50 anos não dispõem mais da plasticidade dos processos psíquicos em que se apóia a terapêutica ? pessoas velhas não são educáveis" (Sigmund Freud). Freud fixa nos 50 anos a entrada na velhice, isso parece corresponder aos elementos objetivos que definem os velhos a partir de modificações corporais ou fisiológicas.
A percepção, por parte do sujeito, de sua idade, ligada às flutuações libidinais ou aos investimentos, não parece ser suficiente para determinar a entrada na velhice. É apenas a sombra desta que passa pelo ego.
O próprio Freud escreve: "Eu tinha 53 anos, sentia-me
Jovem e bem disposto. A curta estadia no Novo Mundo fez bem ao sentimento de minha auto-estima. Na Europa me sentia proscrito; aqui me via acolhido pelos melhores como um igual". Antes da viagem Freud se sentia excluído: isto vinha de dentro como uma impressão de perda; depois viu-se acolhido pela elite, isto lhe veio de fora, tendo seu ego podido se identificar com o ego ideal, revestir-se de imagens suntuosas que o fizeram sentir-se jovem outra vez.

A velhice, ruptura do envelhecimento
Critérios médicos e sociais têm igual dificuldade em determinar a entrada na velhice. Se para uns a idade da aposentadoria marca seu começo, para outros é arbitrariamente aos 75 anos.
A clínica e a leitura dos escritos dos que mencionaram a entrada na velhice sugere que, a este momento, corresponderia o surgimento de um fato, de forma brutal. Este acontecimento é identificado com uma perda, uma a mais, que deixa o sujeito incapaz de elaborar a fase depressiva, Kleiniana, impossibilitando o relançamento de uma nova objetalização. O indivíduo se tornaria idoso, isto é,, seria inscrito na lamentação, não raro hipocondríaca, numa imagem negativa.
O velho não se sente, não se vê mais como objeto de desejo, impressão confirmada pela sociedade, que lhe sinaliza o quanto ele é agora improdutivo, inútil. O aparecimento da velhice aconteceria por ocasião de uma ruptura brutal do equilíbrio entre perdas e aquisições
A entrada na velhice é circunstancial, é o desaparecimento de um significado cujo aspecto toma qualquer perda.

Histórico
O Lar de idosos Nossa Senhora da Conceição, conhecido como SAME, foi fundado em 12 de agosto de 1949, por Dom Fernando Gomes dos Santos, 2º Bispo da Diocese de Aracaju.
Segundo o assessor de comunicação Diego de Moraes, o lar dos idosos é uma instituição filantrópica que conta com mais ou menos 340 sócios contribuintes que ajudam mensalmente. A instituição tem como prioridade o acolhimento de mendigos, pessoas que viviam nas ruas, ou que estejam em outras instituições como o albergue Maranhão, programa Acolher e toca de Assis. O SAME tem critérios para a aceitação dos idosos, tais como: ter mais de 60 anos, ser desprovido de vínculos familiares, independente ou semi-independente fisicamente. Mas isso não impede que sejam admitidos idosos em outras situações, pois há uma lista de espera que conta com 73 idosos sendo que a prioridade para a ocupação da vaga é que correspondam a estes critérios.
Atualmente são assistidos 52 idosos sendo que a maioria não tem família. Estão reformando o pavilhão que era uma escola que está desativada para atender mais 28 pessoas devido a grande procura. A Vigilância Sanitária é a responsável pela fiscalização e divisão da instituição em alas.
O lar de idosos segue a lei no. 10.741, de 01 de outubro de 2003.
Segundo a lei, as entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:
Apesar da maioria serem pessoas de baixa renda os que possuem alguma renda cedem 70 % desse valor para a instituição e os 30 % restantes permanecem com o usuário. As pessoas que não possuem renda têm direito ao BPC, beneficio de prestação continuada, verba que pode ser através da previdência. .....
Hoje o lar dos idosos, conta com funcionários contratados e voluntários. São 2 psicólogos (voluntários), 1 médico que atende há 20 anos lá, 1 dentista que também atende a comunidade utilizando as dependências do SAME. A equipe de enfermagem e o funcionário de relações públicas são contratados.

Algumas questões abordadas
1. Aspectos físicos (aspectos qualitativos):
Higiene, lugar arejado, espaço dos quartos

2. Serviços prestados :
Psicólogo, fisioterapeuta, médicos, oficina

3. Conversar com pelo menos 2 idosos:
1.Quanto tempo está lá,
2. O que mais gosta na instituição,
3. O que não gosta na instituição,
4. O que menos gosta de fazer.

Entrevistas:
A., 84 anos, está na instituição há 3 anos. Procurou a instiuição porque o salário que recebia não era insuficiente para sobreviver, morava sozinha. Teve 17 filhos, 10 abortos espontâneos, 4 estão vivos.
Preferiu ir para lá ao invés de morar com um dos filhos, uma das filhas foi pra justiça na tentativa de levá-la para morar com ela, mas não quis porque já morou outras vezes com ela e não deu certo.
A. ficou na fila de espera até construírem a ala azul para poder se mudar. Alugou sua casa no bairro Sol Nascente. Ela disse que gosta de estar lá , que é muito bom e que gosta de tudo. Gosta de ler a bíblia todos os dias, mas está com um problema na vista, fez cirurgia e não teve sorte, não está enxergando bem, fazia ponto cruz, gostaria de fazer uma toalha de natal para presentear o SAME.
Comentou não gostar dos horários da noite porque servem o café muito cedo, mais tarde por volta das 20 h servem chá e suco e ela não gosta.
Ninguém vai visitá-la. Tem uma amiga que a levava para a casa dela para passar uns dias, mas faz tempo que ela não vai.
Tem uma filha na Bélgica que estava doente, está preocupada com ela porque não teve mais notícias, mandou uma carta no natal, mas não teve respostas.
Ela gosta dos passeios. Sempre fazem passeios no parque, vão à praia, dançam, cantam. Ela tem vontade de voltar para casa, mas precisa sarar primeiro.

Sr. S., 70 anos
Está lá há 9 meses, foi até lá sozinho porque estava acidentado e precisava de tratamento. O que ganha não era suficiente para viver e se tratar. Tem uma irmã por parte de pai com quem pretende ir morar quando sair dali. Está lá mais em repouso, pra descansar, então não participa de atividades. Está quase sarado e irá embora. Gosta do tratamento que está recebendo, todos o tratam bem.

Considerações Finais
Durante muitos anos pensar em asilo era sinônimo de abandono pelos familiares. A partir da visita no asilo, percebemos a importância da existência desse tipo de instituição. Os idosos têm neste local uma opção de viver com dignidade, apoio físico, emocional, onde para muitos a opção é deles em procurar a instituição, alguns possuem familiares que tentaram impedir a ida para lá. Esta instituição especificamente onde a prioridade é para os que não têm condições financeiras nem parentes acaba sendo fundamental a existência desses locais.
Constatamos após a fala do assessor de comunicação que o que foi relatado nas pesquisas sobre idade, sexo, tempo de vida também é comprovado no estado de Sergipe. Ele nos relatou que os homens ficam mais debilitados e morrem mais cedo. Contou-nos sobre uma senhora de 105 anos que faleceu este ano, e sobre outras mulheres que estão bem de saúde e lúcidas.
De acordo com o que lemos sobre o envelhecimento segundo a psicanálise percebemos a importância das relações entre pessoas da mesma idade, a companhia, o companheirismo. Na instituição as alas são divididas por pessoas com características psíquicas semelhantes e em cada ala ficam três pessoas dividindo o mesmo espaço. Isso é importante se pensarmos que fazem parte da mesma geração, possuem necessidades de atenção, físicas e psíquicas semelhantes.
Percebemos em suas falas que mesmo eles estando felizes com o local, com o atendimento, alguns desejam voltar para suas origens, retornar para suas casas. Talvez, esse desejo esteja relacionado às lembranças do passado quando não precisavam depender de ninguém, quando tinham condições de se sustentarem e trabalharem. Isso pode estar relacionado ao inconsciente destas pessoas, pois o desejo de morar no asilo foi deles em contrapartida eles mesmos relatam necessitarem de cuidados.

Referências
BERGER, L. e HAILOUX, Polrier, D. Pessoas Idosas- Uma abordagem Global, Lisboa, Lusodidacta, 1995.

BERGER, L. Aspectos Psicológicos e Cognitivos do Envelhecimento (1995 a). (p. 157-197)

IBGE, Diretório de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o pedido 1980-2050. Revisão em 2008.

TEIXEIRA, Paulo. Envelhecendo Passo a Passo. Licenciado em psicologia pela universidade Lusíada do Porto, Portugal. Disponível em: <www.psicologia.com.pt >o portal do Psicólogo. Acesso em: 05 de junho de 2010.

Desenvolvimento e ciclo vital. Disponível em: <www.psicologia.com.pt/areas/area.php > Acesso em: 04 de junho de 2010.