O QUE É FORÇA E MATÉRIA

Se tudo e todos forem reduzidos a átomos, em que nos tornaríamos? Ora, tudo e todos são átomos, tudo e todos têm o mesmo princípio, tudo e todos são uma coisa só, o que varia é o modo como os “tijolos” são assentados, o “tipo” desses tijolos e a quantidade deles em cada ser. Mas, pegando-se um homem, uma pedra e uma planta e “explodindo-os” em átomos e misturando, não vai dar mais para saber quem é quem.

Tudo e todos estão conectados, estão ligados entre si, são um único corpo energético. Isso inclui todos os seres viventes e tudo o que há em todo o universo.

O que sobra? Sobra força. Força elétrica, força magnética, força gravitacional, força da vontade, força-pensamento.

As forças são o que diferenciam um corpo do outro, individualizando-os. Mas, assim como tudo e todos são um, também as forças são uma. Mas, o que faz parecer que existem vários tipos de força? O modo como a força é empregada. Empregada por quem? Sim, a força em si é um efeito. A nossa razão grita por isso. Por isso TEM QUE ter uma inteligência por trás dela. Quem é ou quem são essas inteligências? É o que podemos chamar de espíritos. Estes, por sua vez, TEM QUE ser efeitos também, e de algo maior, de uma inteligência maior. A esta, podemos chamar de Deus, ou inteligência maior. Que seja. A inteligência maior gera e controla todas as forças. Ela criou as inteligências auxiliares ou espíritos que, por sua vez, podem controlar forças mas não podem criar novas forças. Esses espíritos foram criados a partir do mesmo princípio e, portanto, estão conectados, são um só. O que os diferencia é a ação da inteligência maior. É uma ação direta e separada ao mesmo tempo, de tal modo que a inteligência criada ganha “vida própria”, saindo, em quase tudo, igual à suprema inteligência, com exceção do nível de inteligência, poder e tamanho, sendo aquela ilimitada e estas limitadas. Isto individualiza os espíritos sem os separar, assim como os corpos são individualizados mas não separado dos demais.

Como controlar as forças? Para controlar forças é preciso força. Sim, é preciso saber manipular a força primordial. É preciso ter força de vontade, força-pensamento. Então, é preciso uma alma, que é uma imagem de poder reduzida da inteligência superior.

As forças mantêm as formas, mas não as formam. São a argamassa da matéria. As mesmas forças que atuam em mim atuam em uma pedra também. Claramente falta algo, aquilo que comanda e controla as forças.

As forças moldam estruturas que transportam estas mesmas forças (por isso as unhas crescem!). Assim, as células/moléculas que formam nossas unhas são estruturadas por uma força diferente da que estrutura as células/moléculas de nossa pele, e assim com as demais estruturas do corpo.

A força que estrutura um diamante não é a mesma força que estrutura o carvão, sendo que os “tijolos” que formam ambos são do mesmíssimo tipo. Note que NÃO É A MESMA FORÇA no sentido de ação, mas o é em princípio, em essência. No próprio homem existem variações de forças estruturadoras. Se assim não fosse, todos teriam as mesmíssimas características e seriamos indistinguíveis um do outro, como acontece com gêmeos univitelinos, grosso modo, pois as características semelhantes são apenas físicas.

E as características psicológicas, por que diferem? O que são as características psicológicas? São estruturadas por forças como o são as características físicas? Se são, são forças especiais ou forças derivadas do “batimento” das forças estruturadoras físicas? De qualquer maneira, de onde estas forças emanam?

Elas emanam da matéria? A força (todas) é atributo da matéria? A matéria se auto-organiza? Uma forma gera outra forma? Como pára?

A força não pode emanar da matéria, caso contrário ou só teríamos diamante ou só carvão. Uma alteração TEM QUE ocorrer na força para ora formar diamante, ora formar carvão.  E essa alteração é NECESSARIAMENTE externa aos componentes formadores. Então, a força não é atributo da matéria e, conseqüentemente, a matéria não se auto-organiza. Daí, uma forma não gera outra forma.

As nossas características psicológicas são uma força inteligente, pois ela se reconhece e toma ações. Pode desorganizar todas as demais forças estruturadoras físicas, por isso não pode ser derivada delas. O todo não pode ser melhor que suas partes, e aquelas não são inteligentes.

Então ela é uma força especial e separada. Ela é inteligente, por isso tem que emanar de um ser inteligente. Esse ser é desconhecido? Se for um ser único e desconhecido, então ele é muito instável, pois existem muitas características psicológicas contraditórias no mundo, assim como alguém fica instável quando apresenta características psicológicas conflitantes. Esse ser acabaria se destruindo. Não é o caso, portanto não pode ser um ser único. Não pode ser desconhecido, pois não é variável, sendo assim conhecido, tem sua constância.

E esse ser é cada um!!! Sem dúvida. A questão agora é: qual a sua origem?

Vimos que não deriva do corpo (estruturado por outras forças). Se não deriva do corpo, tem que ser externo a ele. Se é externo a ele, pode subsistir a ele.

Será que ele desaparece quando o corpo morre, já que sua manifestação só é possível através daquele corpo? Como desaparecer não significa deixar de existir, pode ser que ele desapareça em relação aos nossos sentidos materiais.

Ele foi criado para o corpo ou o corpo foi criado para ele? Ora, como são as forças que estruturam a matéria, claro fica que ele foi criado antes do corpo, o que implica que o corpo foi criado para ele e com a participação efetiva dele.

E as plantas e materiais inanimados, de que modo são estruturados, ou seja, que ação é tomada, e por quem, para que eles se formem? É um processo que anda sozinho (automático) ou há uma inteligência dirigindo este processo para que a estrutura se mantenha?

No caso dos materiais inanimados, as variações que a força apresenta são pequenas, ou seja, são poucas forças atuando, basicamente a força eletromagnética no nível molecular. Esta força, uma vez “colocada” ali, mantém a estrutura do material. Daí pra frente, ela pode até ser variada e, conforme o caso, até causar uma mudança na estrutura do material.

É difícil afirmar logo de cara como o processo começou, pois nos sentimos tentados a achar uma explicação que não esbarre na causa primordial que chamamos de Deus, mas nunca conseguiremos, assim como não conseguimos abstrair o sentido religioso quando usamos o nome próprio Deus para definir o princípio e a causa de tudo.

Mas, é perfeitamente possível acreditar nesse Deus sem ser religioso. O problema é que os homens corromperam o sentido da palavra religião, tornando-a sinônimo de seita, grupo, organização fechada, etc. Deus não precisa desse tipo de religião, e os homens precisam do tipo de religião derivada do verdadeiro sentido da palavra: união universal.

No caso das plantas, além da força eletromagnética a nível molecular, existem outras variações, em muito maior número que numa pedra, por exemplo. São tantas as variações que, além de alterar dinamicamente a estrutura da própria planta, acontecem alterações também no ambiente ao redor dela. E não só a estrutura visível que é alterada, mas também as estruturas internas da mesma que, às vezes, nem se reflete na estrutura visível. Como exemplos, tem-se o fluxo da seiva, a geração de flores, frutos, etc.

De novo, o pontapé inicial tem que ter sido dado por aquela inteligência que denominamos de Deus. A manutenção e os ajustes são ainda mistério. Pode ser que as “peças” tenham sido montadas de tal modo que o processo ficou automatizado, do mesmo modo que podemos “automatizar” um socador através de um monjolo. Mas, também, do mesmo modo que a água que permite o monjolo funcionar não vem dele mesmo, a força que mantém o funcionamento da planta pode ser externa a ela. Pode ser, sim, que cada planta, cada mineral, cada animal rudimentar, tenha seu anjo guardião e diretor, assim como cada animal superior e o homem são diretores de seus próprios corpos e mentes. As plantas, pelo menos, teriam como guardiões/diretores entidades muito mais elevadas que os homens e estariam melhor protegidas que esses, tanto que a maioria de nós, senão todos, temos nossos anjos guardiões porque sozinhos seríamos nossos próprios algozes, como uma árvore diante de um homem com um machado.

Uma coisa é certa: a matéria estruturada, visível pelos sentidos ou não, não pode existir sem a presença da força, mas a força pode existir sem a presença da matéria. Como a matéria desestruturada (elétrons, neutrinos, quarks, todos livres) não é táctil, não tem gosto, sabor ou cor, não gera nada por si mesma, o materialismo puro não tem sentido algum.

Brasilio - Dez/2003.