O ENSINO-APRENDIZAGEM DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

 

Marlon Antônio Pereira de Souza

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

 

 

O presente artigo visa demonstrar sobre algumas dificuldades encontradas no ensino da disciplina de Filosofia no cenário da  educação  básica  brasileira.  Aborda  questões  levantadas  por  pesquisadores  nesta  área  e corroboradas por experiência própria em sala de aula. O objetivo aqui é refletir sobre tais dificuldades encontradas no sentido de buscar conciliar a especificidade da Filosofia enquanto área do saber e a complexidade  de  seu  ensino  no  nível  médio,  sem  negligenciar  ambos  os  aspectos. A metodologia utilizada foi por meio de uma pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: Dificuldades; Complexidade; Aprendizagem; Ensino; Filosofia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que diversas são as dificuldades  encontradas  no  ensino  de  Filosofia  na  educação básica  brasileira,  que  podem  ser  percebidas  a  partir do  contato  com  a  sala  de  aula  ou mesmo  por  meio  do  relato  de  experiência  de  diferentes  professores.  Ater-se-á  aqui  na investigação  acerca  das  causas  de  tantas  dificuldades  relatadas  pelos  profissionais envolvidos como: a pouca valorização da Filosofia por parte dos professores, o preconceito dos  alunos  com  a  disciplina,  a  preguiça  mental  dos  alunos,  o  descaso  com  as  diretrizes curriculares,  a  falta  de  consenso  na  elaboração  do  Projeto  Político  Pedagógico,  a desvalorização  da  formação  pedagógica,  as  péssimas  condições  materiais  de  muitas escolas, a falta de materiais e livros didáticos, turmas superlotadas, a má remuneração aos professores, o excesso de trabalho e a não busca desatualização e formação permanente de muitos  professores,  a  formação  universitária  deficiente,  a  desmotivação  dos  colegas docentes, os programas deficientes, o desinteresse  dos alunos pela disciplina e a perda do desejo de saber por parte dos alunos. 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 DESENVOLVIMENTO

As dificuldades  no  ensino  de  Filosofia  existente  atualmente  no  cenário  brasileiro são facilmente perceptíveis a partir de um simples contato com a realidade de sala de aula. Inúmeros são os artigos e obras em que pesquisadores têm levantado tais problemas. Entre os utilizados nesta pesquisa, destacar-se-á Clademir Araldi (2005) que sinaliza três motivos como causas que dificultam o ensino nesta disciplina na educação básica, a saber: a pouca valorização da Filosofia pelos professores e diretores das escolas, o preconceito dos alunos em relação à disciplina e a preguiça mental da maioria dos alunos.

A falta de professores preparados para ministrar eficazmente as aulas de Filosofia é enumerada como fato determinante para  a  desvalorização  da  disciplina,  bem  como  o descaso  de  muitos  professores  e  da  própria  escola  com  a  disciplina,  julgando-a sem importância e até desnecessária, muitas vezes ao destinar professores de outras áreas para ministrarem as aulas de Filosofia por não ter docentes preparados, o que acarreta em aulas deficitárias.

O preconceito dos alunos está atrelado ao fato de muitos considerarem a disciplina de  Filosofia  como  algo  secundário  e  desnecessário,  pouco  prático  e  que  ninguém  é reprovado,  e  ademais  as  aulas  se  resumem  à  discussão  de  um  pouco  de  tudo  sem  se chegar a nada. Tal preconceito está incutido na cabeça de muitos jovens na escola pública, e este é um problema em que os professores de Filosofia têm de enfrentar e modificar esta concepção errônea que se tem da disciplina.

Já a preguiça mental dos alunos é algo possível de  se observar em praticamente todas  as  disciplinas,  mas  quando  se  trata  da  disciplina  Filosofia  este  fato  é  ainda  mais evidente. Os alunos em  geral  encontram  enormes  dificuldades  de  interpretar  um  texto filosófico, simples que seja, e ainda mais se for exigido que argumentem sobre o texto com base em sua compreensão, e assim, se observa a enorme dificuldade de desenvolver um pensamento  com  coerência  lógica  e  em  geral  se  cai  em  expressões  como  “acho”,  que revelam  uma  incapacidade  de  pensar  com  conceitos  ficando  atrelado  apenas  no  senso comum.

Mas pode-se aqui se perguntar, qual a causa de tamanha desmotivação em que se Filosofia. Rubin nos diz que vivemos em meio ao que ele chama de “cultura de vídeo” (2001, p.40), onde  se  abandonou  o  hábito  de  ler  e  se  busca somente  ver  imagens que  passam velozmente diante dos olhos, em uma sucessão ininterrupta de imagens que não permite aprofundar nada. Esta cultura também pode ser chamada de “cultura da superficialidade”, e como  consequência,  nossos  jovens  não  querem  pensar, não  querem ler  e  escrever,  mas preferem o que tal cultura lhe impõe, que por sinal lhe é mais prazerosa do que pensar.

Esta “cultura” trata-se de uma agressão e de uma tirania, pois roubou de muitos de nossos  jovens  o  gosto  do  prazer  pela  descoberta  que o  estudo  é  capaz  de  oferecer,  em troca de um prazer sensível e superficial. É como se observa quando nossos jovens gastam horas de seus dias na frente de um computador, sejam nas redes sociais, em jogos ou em sites que em nada lhe acrescem como pessoas e como estudantes.

A “cultura de vídeo” também é uma “cultura da facilidade” que

[...] quer  tudo  fácil,  produzido  pela  crescente  facilidade  das  indústrias  de produção que não exigem o cuidado e o esforço da preparação daquilo de que  necessitamos. Produzem tudo pronto  para  satisfazer  nossas  sempre mais  numerosas  necessidades,  despertadas  cotidianamente  pela propaganda comercial. Em nosso caso, essa cultura pretende desenvolver as  aptidões  naturais  de  inteligência,  vontade  e  faculdades  físicas  do  agir, sem nenhum esforço, sem precisar fazer o exercício.(RUBIN, 2001, p.41)

Nota-se  algo  fundamental,  pois  em  meio  a  uma  cultura  que  não  está acostumada  a  fazer  esforço,  pois  recebe  tudo  pronto,  logo  a  educação  tende  a  sofrer  as consequências deste modelo cultural em que se vive atualmente. Os jovens têm facilidades de baixar livros inteiros em pdf pela Internet, conseguem acesso a todo tipo de informação possível  pelos  meios  digitais,  mas  o  problema  é  assimilar  um  conteúdo,  sair  da superficialidade e adentrar no mundo da compreensão em que a leitura e a concentração conseguem proporcionar.

Outro grupo de dificuldades no ensino de Filosofia é levantado pela professora Rita Gonçalves (2005) que é o  pouco  conhecimento  das  Diretrizes Curriculares  por  parte  dos professores, a falta de consenso na elaboração do projeto de prática de ensino, e ainda a desvalorização  da  formação  pedagógica  tratando-a  como  um  conhecimento  de  segundo plano.

Quanto ao desconhecimento  das  Diretrizes,  pode-se  destacar  o  fato  de  que  os professores  estejam  mais  voltados  a  sua  prática  em  sala  de  aula  do  que  nos  próprios documentos pedagógicos e instituídos pelo próprio MEC, onde falta leitura, compreensão e interpretação  de  tais  documentos  por  não  julgarem  necessários  ou,  pelas  palavras  de Gonçalves “[...] os textos legais que introduzem esta inovação são muito evasivos, pouco claros, deixando em aberto a forma de desenvolvimento destas (práticas) [...]” (2005, p.54).

A falta de consenso na elaboração da prática de ensino da escola deve-se ao fato da dificuldade que se tem de trabalhar em equipe, onde alguns professores preferem não abrir mão de suas convicções no planejamento da escola ou porque não dispõem de tempo por possuírem muitas turmas e mais de uma escola.

Enquanto que a desvalorização da formação pedagógica se refere a um problema em que muitos professores se encontram devido ao excesso de trabalho, com acúmulo de provas e trabalhos para corrigir  devido  a  assumir  muitas  turmas,  o  que  lhe  tira  o  tempo necessário para preparar boas aulas e buscar fazer cursos e oficinas de formação.

Ricardo  Navia  (2005)  trás  mais  um  leque  de  problemas  presente  na  educação básica  brasileira  que  dificulta  o  ensino  de  Filosofia,  a  saber:  as  péssimas  condições materiais de muitas escolas, a falta de materiais e livros didáticos, as turmas superlotadas, a má remuneração aos professores e o excesso de trabalho e a não busca de atualização e formação permanente de muitos professores.

Analisar-se-á  este  levantamento  de  Navia  ao  partir  de  sua  constatação  de  que muitas  escolas  encontram-se  em  péssimas  condições  materiais,  com  seus  prédios, equipamentos e mobiliário sucateados, e que é possível se verificar esta situação em boa parte das escolas públicas, o que se conclui que falta investimento por parte do governo em proporcionar  melhores  condições  de  trabalho  aos  docentes  e  boa  qualidade  física  aos alunos. Pode-se, contudo, inferir que não é uma sala bem pintada e cadeiras confortáveis que determinam a educação, mas tudo isto serve como motivação e ou desmotivação tanto para professores como para os alunos. Quanto à falta de materiais e livros didáticos, isto é  facilmente  constatado em muitas escolas por problemas com causas semelhantes às levantadas no item anterior (o descaso por parte do governo), embora haja algumas  melhorias nestes últimos anos com distribuição de livros didáticos para todas as escolas públicas, mas ainda há carência em livros para pesquisas quando se fala de Filosofia.

Já às turmas superlotadas, dir-se-á que por si só não seria um problema de muitas escolas públicas, pois a questão não é tanto a turma muito grande, mas o barulho que uma turma, embora com poucos alunos seja capaz de fazerem uma sala de aula, principalmente quando há repetentes ou quando eles não estão interessados em pensar, como já foi falado antes. Nestes casos fica difícil manter as aulas dentro do objetivo pensado e proposto, pois muitos fatores externos a aula estão presentes nos alunos.

A má remuneração  dos  professores  é  um  sério  problema  que  gera  uma desmotivação em massa no quadro docente na escola pública. Para compensar um salário baixo, os professores têm que trabalhar até três turnos para melhorar sua renda, e nestes casos eles assumem turmas além de suas condições e  eliminam seu tempo de pesquisa e de se qualificar, enquanto que outros que não dobram sua carga horária em geral acabam por se acomodar, pois pensam que como ganham tão pouco não vale a pena se incomodar.

E, finalmente,  o  fato  de  o  professor  estar  com  excesso  de  trabalho,  com  muitas turmas, acaba não dispondo de tempo para dedicar-se à formação continuada e torna-se um escravo de sua rotina ininterrupta de aulas e mais aulas.

Outro  grupo  de  dificuldades  no  ensino  é  apontado  por  Desidério  Murcho  (2002), que embora nos apresente a experiência de Portugal,  muito a contribuir com a situação de nosso país. Murcho diz que um professor de Filosofia que procure fazer um bom trabalho enfrenta  quatro  obstáculos,  a  saber:  uma  formação  universitária  deficiente,  colegas desmotivados, programas maus e estudantes desmotivados.

A  formação  universitária  deficiente  se  refere  ao  fato  de  que  um  professor  recém formado  ao  sair  da  instituição  superior  de  ensino  e deparar-se  com  a  situação  do  ensino público, constata que o que estudou e aprendeu na faculdade é praticamente irrelevante na sua  prática  letiva. Neste  processo  de  volta  ao  contato  com  a  educação  básica,  o  néodocente  se  depara  com  a  nova  realidade  e  constata  que  sua  faculdade  não  o  ensinou  a filosofar, mas apenas a decorar conteúdos ou a repetir a ideia de muitos filósofos, mas não aprendeu  o  processo  de  filosofar,  pois  parece  que  a instituição  superior  não  consegue plenamente e amplamente levar seus discentes ao processo de construir por si próprio seus conceitos.

Aqui, há um perigo de tornar a aula de Filosofia uma mera história da Filosofia ou das ideias dos principais pensadores e filósofos. Ainda dentro deste primeiro ponto, Murcho (2002) diz que o caráter crítico da Filosofia deve  levar os alunos ao processo de construção de seus conceitos com base na própria criticidade e assim não se fizer corre-se o risco da disciplina se tornar chata e dispensável por parte dos alunos.

A desmotivação dos colegas  professores  tem  diversas causas,  como  o  fato  do docente não  estar  preparado  para  as  mudanças  sociais  em  que  estão  ocorrendo atualmente, onde ele tem que ser criativo e entrar  na dinâmica do jovem e não impor de cima sua forma de ministrar as aulas. Murcho (2002) descreve ainda a desvalorização da profissão por conta dos baixos salários que  já  fora comentado  por  Navia, como  um  dos fatores que influenciam na desmotivação dos docentes na educação básica.

O fato das instituições de ensino estarem muito burocratizadas, onde aparentemente tudo está bem demonstra uma falsidade, pois embora os números mostram que a maioria dos estudantes estão sendo aprovados, o que se observa na prática é que não estão aprendendo.

            Hoje as escolas são  parte  de  uma  máquina  burocrática,  gerada  por burocratas que tudo o que procuram é uma promoção pessoal e continuam a  ganhar  bem  sem  fazer  nada.  E  para  conseguir  isto  têm  de  apresentar números felizes de sucesso escolar inventado. (MURCHO, 2002, p.10)

O profissional de qualquer área, se colocar seu objetivo apenas na promoção ou no seu bem estar material e não abrir mão de buscar uma qualificação, tende naturalmente a cair de  produção  e  visivelmente  aparecerá  suas  limitações.  Assim ocorre  com  os professores  que  dentro  da  escola  pública  tenham  como  motivação  apenas  no  que  vão ganhar no final do mês. Murcho (2002) faz um desafio aos professores, diz que devem se lançar no trabalho, adquirirem bons livros, usar melhor seu tempo ocioso para a pesquisa e para se qualificar melhor, pois os alunos não merecem ter professores desinteressados e fracos dentro da sala de aula.

Ao descrever a realidade de Portugal, mas que pode ser igualmente observado em nosso país, Murcho fala sobre a questão dos programas deficientes lançados pelo governo.

            Os  programas  de  Filosofia  do  Ministério  têm  sido  até  hoje  fruto  do desconhecimento. A única coisa boa que têm é que a força de serem vagos, podemos  fazer  mais  ou  menos  o  que  queremos.  E, portanto  podemos também  fazer  um  trabalho  de  qualidade.  O problema  é que  podemos também fazer um trabalho péssimo, e estamos sempre  legitimados. (2002, p.16).

O problema dos programas deficientes levantado aqui e traduzidos para a realidade do  nosso  país,  pode-se  refletir  a  partir  do  histórico  do  entra  e  sai  em que a  disciplina  de Filosofia sofreu ao longo da recente história educacional no Brasil, pois o fato de não se ter ainda  uma  tradição  da  disciplina  na  grade  curricular  na  educação  básica,  gera  tanto  nos professores  como  nos  alunos  uma  desconfiança  do  que a  disciplina  pode  contribuir  na educação.

Já o desinteresse dos alunos pela disciplina de Filosofia, remete-se ao que já fora destacado por Rubin anteriormente.  Murcho (2002), aqui, destaca que se vive numa sociedade obcecada pela televisão,  pela  publicidade,  pela  frivolidade  das  modas  e  das tolices americanas. E ainda acrescenta que, é pena que não se tenha importado as boas universidades americanas juntamente com a Coca-Cola.

Pelo que se infere  que  os  adolescentes  e  jovens  inseridos  na  escola  básica, tendem ao prazer e as coisas mais fáceis, preferem  o lúdico a uma atividade que requer esforço. Claro, que neste contexto, a Filosofia perde espaço e sofre um desprestígio, pois “pensar dói”, e parece que esta geração “informática” não está muito interessada em pensar, ou pelo menos  apresentam  sérias  dificuldades  de  concentração  e  de  fazer  uma  simples abstração. É de todo certo que não se pode generalizar ao dizer que todos os professores e todos os alunos são ruins, e não estão interessados, mas importa se observar que se vive numa época  difícil,  onde  inúmeras  correntes  afilosóficas  desestimulam  a  Filosofia  e  seu ensino.

Rubin  (2001),  ainda  apresenta  outro  problema  na  educação,  que  é  o  fato  de  a escola  matar  o  desejo  de  saber  nos  jovens,  seja  pela  sua  estrutura  que  preconiza  o professor como o mestre e o jovem ou a criança como aluno1(sem luz) e que pouco pode contribuir com o saber, ou mesmo pelo fato do estudante ter medo ou vergonha de se expor na frente dos outros e rirem de seu erro na sala de aula.

Neste sentido, é  possível  observar  que  uma  criança  de  cinco  anos  costuma importunar  os  adultos  com  as  perguntas:  “O  que  é  isto?  O que  é  aquilo?”,  pelo  que  se conclui  que  há  no  humano  um  desejo  de  conhecer,  mas quando  esta  criança  chega  à escola,  esta  começa  a  lhe  tirar  o  desejo  de  saber  que  se  estenderá  por  toda  sua  vida estudantil  na  escola  básica,  conforme  comprova  Rubin  ao  afirmar  que  “[...]  os  jovens,  ao ingressarem na universidade, estão com o desejo de  saber apagado ou até definitivamente morto” (2001, p.33).

E Rubin segue seu raciocínio, ao afirmar que “o aluno recusa-se a entender, porque sua perspectiva de interesse está completamente tomada por outras preocupações que o absorvem  totalmente”  (2001,  p.33),  e  assim  as  aulas se  tornam  chatas  e  muitos  estão presentes apenas para passar de ano e não se interessam em aprender.

As consequências  geradas  pela  perda  do  desejo  de  saber  acarretam  sérios problemas  à  educação  e  para  a  qualidade  das  aulas,  pois  ao  se  colocar  na  condição  do aluno,  Rubin  sentencia  que  “morto  em  nós  o  desejo  de  saber,  acaba  em  nós  também  a curiosidade,  a  pergunta,  a  busca  de  entender.  Sobrevém a apatia,  o  embotamento  da inteligência” (2001, p.36).

Neste  contexto,  o  professor  de  Filosofia  tem  uma  importante  missão,  levar  os alunos a um processo reflexivo ensinando-os a pensar, a se questionar a partir da própria realidade de uma forma que brote nos jovens e adolescentes aquele tipo de pergunta faziam quando tinham cinco anos de idade.

Dentro de minha experiência como professor de Filosofia na EEEFM “Antônio Luiz Valiati” na cidade de Serra Estado do Espírito Santo, penso que a qualidade nas aulas de Filosofia, em parte depende do bom preparo por parte do professor com as menções levantadas acima de levar os alunos a pensar, e em parte dependem também dos  próprios  alunos  que  precisam  sair  do  seu comodismo que se encontram e que se dá por vários fatores.

Entre as aulas que pude preparar e ministrar, houve aulas em que preparei bem, mas nem sempre as melhores aulas preparadas foram as melhores aulas na prática, pois vários fatores influenciam na qualidade de uma aula, desde a preparação da aula até o interesse dos alunos.

Há dias em que os alunos não estão interessados, por uma infinidade de fatores, desde motivos como  o  calor  ou  o  frio,  fatos  importantes  que  aconteceram  na  semana divulgada  pela  mídia,  aula  próxima  ao  horário  de  ir para  casa,  desinteresse  por  pensar, questões um pouco mais complexas, dentre outros.

 

 

 

 

 

 

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término deste artigo, diversas foram às dificuldades apresentadas aqui no que diz respeito ao contexto atual no ensino de Filosofia na educação básica brasileira, desde dificuldades relacionadas a medidas equivocadas por  parte  do  governo  como  os  baixos  salários  pagos  aos professores, ao perpassar a desmotivação dos profissionais de educação por vários fatores, até o desinteresse dos alunos como a preguiça mental e a perda do desejo de saber que muitos alunos apresentam.

Para melhorar a qualidade de ensino de Filosofia o professor deve buscar qualificar-se e preparar aulas criativas de forma que desperte interesse nos alunos e os faça acordar do “sono” em que se encontram e voltem a se questionar. Por outro lado, o professor  deve  estar  consciente  de  que  não  se  trata de  uma  tarefa  fácil  e  que  não  deve desmotivar-se caso não consiga atingir tais objetivos em todas as aulas, pois é praticamente impossível manter as aulas em um mesmo nível, pois cada dia é um dia, um aluno hoje está mais  disposto  a  participar  e  amanhã  pode  ser  que  não  esteja,  e  o  próprio  professor  tem determinados dias em que está mais inspirado.

Finalmente, pode-se dizer que uma aula de Filosofia acontece a partir da construção racional proposta pelo  professor  e  assimilada  pelos  estudantes  de  forma  que estes busquem construir os conhecimentos pelo exercício da razão, e para isto acontecer deve haver o interesse despertado pelo docente. Assim ocorrendo, a disciplina de Filosofia tende a tornar-se mais atrativa aos adolescentes e jovens, de forma que concilia plenamente sua própria especificidade e complexidade, pois por especificidade entende-se o objeto da Filosofia com seu caráter crítico e reflexivo, enquanto que a complexidade está ressaltada pelas  inúmeras  dificuldades  na  docência  no  cenário  da  educação  básica  brasileira, levantada nesta abordagem, que vai desde questões políticas até o contexto social, no qual se encontram envolvidos tanto professores quanto alunos.

 

4 REFERÊNCIAS

ARALDI, Clademir Luís. A experiência do estágio supervisionado dos alunos da UFPel. In: RIBAS, Maria Alice. et al. (Org.) Filosofia e ensino: A Filosofia na escola. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.

GONÇALVES, Rita de Athayde. Um estudo sobre a formação inicial do professor de Filosofia. In: RIBAS, Maria Alice. et al. (Org.) Filosofia e ensino: A Filosofia na escola. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.

MURCHO, Desidério. A natureza da Filosofia e seu ensino. Lisboa: Plátano, 2002.

NAVIA, Ricardo. O ensino médio de Filosofia nas presentes condições culturais e sócias de nossos países. In: RIBAS, Maria Alice. et al.  (Org.) Filosofia e ensino: A Filosofia na escola. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.

RUBIN, Achylle Alexio. Minha pequena Filósofa: Minha pequena filosofia. Santa Maria: Pallotti, 2001.