FESURV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

FACULDADE DE PSICOLOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ADOLESCENTE HOMOSSEXUAL

 

 

 

 

 

 

CINARA MENDONÇA DE SOUSA

Orientadora: Prof. Ms. HINAYANA LEÃO MOTTA GOMES

 

 

 

Projeto apresentado à Faculdade de Psicologia da Fesurv – Universidade de Rio Verde, como parte das exigências para a obtenção do título de bacharelado em Psicologia.

 

 

 

 

 

 

 

RIO VERDE – GOIÁS

2007


SUMÁRIO

 

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................

2

2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................

2

2.1 Adolescência.........................................................................................................................................

3

2.1.1 Definição de adolescência...........................................................................................

3

2.2 Definição da homossexualidade...................................................................................

4

3 JUSTIFICATIVA..............................................................................................................

7

4 PROBLEMA.....................................................................................................................

8

5 POPULAÇÃO ALVO.......................................................................................................

9

6 OBJETIVOS.....................................................................................................................

9

6.1 Objetivo geral.................................................................................................................

9

6.2 Objetivos específicos.....................................................................................................

9

7 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................

9

7.1 Participante.....................................................................................................................

11

7.2 Instrumentos...................................................................................................................

11

7.3 Procedimentos................................................................................................................

11

7.4 Análise dos dados...........................................................................................................

12

7.5 Critérios de inclusão.......................................................................................................

13

7.6 Critérios de exclusão......................................................................................................

13

7.7 Aspectos éticos...............................................................................................................

13

7.8 Confidencialidade..........................................................................................................

14

7.9 Riscos e benefícios.........................................................................................................

14

8 CRONOGRAMA..............................................................................................................

15

9 ORÇAMENTO.................................................................................................................

15

REFERÊNCIAS...................................................................................................................

16

ANEXOS..............................................................................................................................

18

 

 


1 INTRODUÇÃO

 

Quando se trata da relação gênero/sexualidade, não se podem ignorar as inúmeras inquietações que permeiam as reflexões sobre relacionamentos, especialmente quando o foco recai sobre a homossexualidade, elemento este que, ainda de maneira muito sutil, vem representando o foco de estudo de acadêmicos de diversas áreas, cientes da necessidade de ampliação dos conceitos, valores e atitudes que permeiam as relações de gênero, incluindo-se o olhar sobre a homossexualidade. É justamente este o foco do estudo, que se justifica, no sentido de contribuir com as reflexões da temática, apontando a visão de um grupo geralmente excluído socialmente, em relação às questões sobre preconceito e discriminação, nas vivências no âmbito do lazer.

Será utilizada entrevista semi-estruturada, sobre os significados da discriminação social do adolescente homossexual e que não terá tempo pré-determinado para responder, sendo que sua duração será de aproximadamente uma hora.

Os benefícios desta pesquisa será a contribuição para o conhecimento sobre o adolescente homossexual da cidade de Rio Verde e este conhecimento poderá nortear outras pesquisas sobre este tema.

A entrevista oferece o mínimo de riscos e danos psicológicos, físicos e/ou morais. Quaisquer riscos ou danos que porventura acometer a aluna pesquisadora e a Fesurv se responsabilizarão por possíveis indenizações.

 

2 REVISÃO DE LITERATURA

 

Atualmente o homossexualismo na adolescência é um tema abordado em muitos estudos, que tentam encontrar as causas que justificam a opção de adolescentes por um relacionamento com indivíduos do mesmo sexo. Vivemos em uma sociedade, onde os valores dominantes referem a vínculos heterossexuais, repressões referentes à homossexualidade, resultando em um comportamento hipócrita em que o conceito de igualdade, enquanto cidadãos, é esquecido na prática, embora seja ardentemente defendido no discurso das pessoas.

Estamos iniciando um novo milênio. Assiste-se a uma crise humana global. O homem busca redefinições. E neste movimento, a pessoa torna-se impotente face a tantas informações.

 

2.1 Adolescência

 

2.1.1 Definição de adolescência

 

A adolescência dura quase uma década, aproximadamente dos 12 ou 13 anos até o início dos 20 anos. Não há definição clara para seu ponto de início ou fim (PAPALIA, 2000, p.310). Porém, Tiba (1986, p.37) diz que “o início da adolescência está nitidamente demarcado pela puberdade”.

A adolescência tem sido tomada, em quase toda a produção sobre o assunto, na psicologia, como uma fase natural do desenvolvimento, isto é, todos os seres humanos, na medida em que superam a infância, passam necessariamente por uma nova fase, intermediária à vida adulta, que é a adolescência. Inúmeros estudos dedicaram-se à caracterização dessa fase e a sociedade apropriou-se desses conhecimentos, tornando a adolescência algo familiar e esperado. Junto com os primeiros pêlos no corpo,crescimento repentino e o desenvolvimento das características sexuais, surgem as rebeldias, as insatisfações, a onipotência, as crises geracionais, enfim tudo aquilo que a psicologia, tão cuidadosamente, registrou e denominou de adolescência (BOCK, 2004).

De acordo com Bock (2004), foi Erickson (1976) quem institucionalizou a adolescência.

Erickson (1976, p.128, citado por Bock, 2004) afirmou que a adolescência é “(...) um modo de vida entre a infância e a vida adulta”. Podendo ser melhor caracterizado esse processo na citação a seguir:

 

A adolescência é uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que a pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura. (...) A adolescência é uma época de imaturidade em busca de maturidade. (LIRA, s.d).

 

A adolescência é este período no qual uma criança se transformaem adulto. Nãose trata apenas de uma mudança na altura e no peso, nas capacidades mentais e na força física, mas, também, de uma grande mudança na forma de ser, de uma evolução da personalidade (LIRA, s.d).

Com isso, Tiba (1986, p.37) tem a nos dizer que o adolescente “é um ser humano em crescimento, em evolução para atingir a maturidade biopsicossocial”.

 

O período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos). “Adolescência é o período de transição entre a infância e a fase adulta. É uma transformação saudável e natural, em que ocorrem mudanças físicas e psicológicas que preparam o adolescente para se tornar adulto”(CAETANO, 2001).

 

Os órgãos sexuais se desenvolvem, os pêlos pubianos começam a aparecer, a voz engrossa, as meninas menstruam pela primeira vez, surge uma barba rala nos meninos. É o período em que ocorre o estirão de crescimento (entre 11 e 12 anos para as meninas e entre 13 e 14 para os meninos), a cintura se afina e o quadril se alarga nas meninas e os meninos vêem mãos, pés e braços crescerem desproporcionalmente. São os hormônios agindo na transformação do corpo, que se prepara para uma futura vida sexual (CAETANO, 2001).

Portanto, faz-se possível notar que a adolescência é uma fase da vida, onde a transformação pode ser visivelmente percebida, dando-se esta por um processo de deixar de ser criança e passar a agir de uma forma mais madura e responsável.

 

2.2 Definição da homossexualidade

 

Pensar o gênero masculino e a identidade sexual remete-nos a questões intimamente ligadas ao padrão de comportamento sexual do brasileiro e suas representações sobre a sexualidade, que é diferente de região para região do país, de classe social para classe social, e sobretudo, de um momento histórico em relação a outro.

 

Quanto à homossexualidade, é preciso em primeiro lugar verificar de perto o sentido que tem esta palavraem psicanálise. Aeste propósito Stoller (1985) adverte que "o que é evidente é que o uso da palavra homossexualidade tem sido utilizado em tantas acepções que, se o autor não mostra claramente como a utiliza em determinado momento, todos os outros sentidos possíveis obscurecem sua compreensão” (LIMA, 1997).

 

Freud, a partir dos “Três Ensaios” (1905), foi em grande parte responsável por uma revolução que modificou o modo contemporâneo de pensar este tema. A Teoria da Bissexualidade Humana e a Teoria do Complexo de Édipo possibilitaram duas conseqüências. A primeira delas é teórica e desse ponto de vista a homossexualidade passa a ser uma dimensão universal da mente, portanto uma categoria, como masculino e feminino em psicanálise são categorias mentais e independentes do sexo biológico do indivíduo. Outra conseqüência é de ordem prática, verifica-se na clínica e diz respeito à homossexualidade manifesta, assimilada ou não pela personalidade do indivíduo e que pode ou não apresentar uma determinada ordem de problemas clinicamente relevantes. À categoria homossexualidade latente corresponde a produção de efeitos e a proliferação de sentidos na relação analítica, seja como tendência à repetição, como inibição de crescimento ou transformação criadora (LIMA, 1997).

 

Neste sentido a orientação da libido de uma pessoa em direção a um objeto do mesmo sexo, ou em direção a um objeto do sexo oposto, não tem diferença essencial qualitativa ou normativa, isto é, esta ou aquela orientação não é mais ou menos adequada, normal ou patológica do que outra. Escreve Freud (1905) nos Três Ensaios: "O afeto de uma criança por seus pais é sem dúvida o traço infantil mais importante que, após revivido na puberdade, indica o caminho para sua escolha de um objeto, mas não é o único. Outros pontos de partida com a mesma origem primitiva possibilitam ao homem desenvolver mais de uma linha sexual, baseadas não menos em sua infância, e a estabelecer condições muito variadas para sua escolha de objeto" (o grifo é meu). E acrescenta a este parágrafo, em nota de rodapé de 1915: "As inumeráveis peculiaridades da vida erótica dos seres humanos, assim como o caráter compulsivo do processo de apaixonar-se, são inteiramente ininteligíveis, salvo pela referência à infância e como efeitos residuais da infância" (LIMA, 1997, p. 236).

 

Freud tinha uma noção clara dessa questão e, não obstante as dificuldades e os aspectos, patológicos ou não, relacionados com os comportamentos sexuais, jamais considerou homossexualidade como algo patológicoem si. Pelocontrário, o que com ele a psicanálise desenvolveu, independente das várias escolas de pensamento analítico, foi uma visão que procurou, como em qualquer outro comportamento humano, relacionar sua raiz à origem corporal e material da mente, ou seja, ao mundo da infância (LIMA, 1997).

Abordaremos aqui, a respeito do ser humano, cuja orientação afetivo-sexual o faz sentir homossexual.

Ivo, Pelizaro e Zaleski(2002), citando Daniel e Baudry (1977), relatam que o termo “homossexualidade” formado de uma raiz grega (homos = semelhante) e de uma raiz latina (sexus) significa etimologicamente “sexualidade semelhante”, ou seja, “sexualidade partilhada com uma pessoa do mesmo sexo”. Foi criado, em 1869, por um sábio húngaro e substituiu pouco a pouco, no uso científico, todos os termos anteriores. Tem por certo o inconveniente de uma formação lingüística defeituosa (grego + latim), porém é relativamente libertado da canga dos conceitos religiosos e morais. Pode-se unicamente censurar-lhe de acentuar com relevante exclusividade, por sua própria etimologia, o elemento sexual.

O termo homofilia, cujo primeiro emprego remonta, ao que parece, a 1953, é formado das raízes gregas homos (semelhante) e philen (amar). Esta palavra significa, portanto, com muita precisão, “atração afetiva para com o seu semelhante”. Tornou-se o termo preferido pelos próprios homofilos; estes julgam que exprime melhor o conjunto de sua personalidade do que “homossexualidade”, segundo justificativas acima indicadas. Em princípio, deveria ser utilizado, sobretudo, quando se tratasse de insistir sobre o aspecto global da atração pelo mesmo sexo (física e afetivamente), reservando-se "homossexualidade" aos aspectos puramente físicos. Na prática, porém, estes dois termos são, muitas vezes, confundidos. Como é preciso admiti-lo - "homofilia" é menos conhecido do público que "homossexualidade" (poder-se-ia mesmo confundi-la com “hemofilia”, que é uma doença hereditária do sangue). Assim, prefere optar pelo uso do termo “homossexualidade” (IVO, PELIZARO e ZALESKI, 2002).

Kehl (1992), citando Costa ressalta que, o homossexualismo é uma palavra preconceituosa. Deve ser substituída pelo termo "homoerotismo", que indica a possibilidade de atração entre pessoas do mesmo sexo, sem que isso seja visto como perversão.

Segundo Júnior (2005), citando Costa (1992), afirma que a homossexualidade é lingüisticamente construída sendo historicamente circunscrita em seu modo de produção e conhecimento. Em determinadas épocas certas crenças conferem foros de realidade natural ou universal a certos discursos ou práticas sociais. A afirmação de determinadas crenças, o reconhecimento de certas teorias como verdades quase que absolutas vão reproduzir determinados termos para denominar a realidade homossexual.

Fliess e Freud apud Ruitenbeek (1973), deram um passo importante na aquisição do conhecimento mais profundo desta tendência instintiva da homossexualidade. Supõe-se que, na realidade, cada ser humano atravessa uma etapa fisicamente bissexual em seu desenvolvimento. O componente homossexual é reprimido, só uma pequena parte deste componente é resgatado em forma sublimada na vida adulta. A homossexualidade, fragilmente reprimida, pode futuramente, em certas circunstâncias, expressar-se sob a forma de sintomas neuróticos (IVO; PELIZARO e ZALESK, 2002).

Ao falar de escolha, porém, é importante considerar que em qualquer situação há fatores que influenciam a preferência por determinada pessoa ou prática.

O termo homossexual foi criado em 1869 pelo escritor e jornalista austro-húngaro Karoly Maria Kertbeny. Deriva do grego homos, que significa "semelhante", "igual". Em 1870, um texto de Westphal intitulado "As Sensações Sexuais Contrárias" definiu a homossexualidade em termos psiquiátricos como um desvio sexual, uma inversão do masculino e do feminino. A partir de então, no ramo da Sexologia, a homossexualidade foi erroneamente descrita como uma das formas emblemáticas da degeneração. Nos códigos penais, surgiram leis que proibiam as relações entre pessoas do mesmo sexo. Alguns historiadores da ciência afirmam que a homossexualidade é uma invenção recente, um termo que busca nomear uma forma de amor e relacionamento que existe desde os primórdios da humanidade.

Alguns estudiosos, sobretudo aqueles influenciados pela óptica da psicanálise, crêem que a conjunção do meio com a figura dominadora do genitor do sexo oposto são decisivos na expressão da homossexualidade. Para o criador da psicanálise Sigmund Freud, a homossexualidade seria um resultado da forma de como foi resolvido o complexo de Complexo de Édipo na infância.

Segundo Sigmund Freud, um dos fundadores da moderna psicanálise, há três fatores que parecem determinar a homossexualidade, sendo o primeiro fator a homossexualidade teria início devido a uma forte e incomum ligação com a mãe, o que impediria a pessoa de se relacionar afetivamente com outra mulher; o segundo fator o narcisismo, fazendo com que a pessoa sinta menos esforço ao se relacionar com pessoas do mesmo sexo do que ao se relacionar com o sexo oposto e o terceiro fator a assunção de atitude conformista, não-definida ou mal definida, para com a própria psicossexualidade.

O trabalho justifica-se em função da necessidade de se repensar não só as visões que envolvem a homossexualidade, como também as questões implicadas no contexto da história sexual dos participantes envolvidos no estudo. Neste sentido, julgamos de fundamental importância à análise das maneiras como se dá a escolha do objeto sexual em relação à construção da identidade, tendo como referência as categorias gênero e identidade sexual.

 

3 JUSTIFICATIVA

 

A proposta deste estudo é abordar sobre os significados advindos da discriminação social, em um adolescente homossexual diante das atitudes dos membros da sociedade, que podem influenciar no desenvolvimento do adolescente.

Nosso interesse em desenvolver esta pesquisa é primeiramente, por nos inquietar sobre a constituição da subjetividade do adolescente homossexual nesta fase que ocorre alterações de comportamento tanto social em sua formação de identidade moral e de valores, quanto no comportamento emocional, e a forte discriminação da sociedade pelo homossexualismo levando-o a comportamentos negativos como depressão, violência, uso de drogas, etc.

Segundo Lacerda, Torres e Garcia (2004), existirem no Brasil, leis que determinam a igualdade de direitos entre os cidadãos, o que se constata é a desigualdade em todos os níveis da sociedade (raça, gênero, etnia, classe). Observa-se, assim, que a lei não é garantia de igualdade. Para Lasch (1995), isto é compreensível na medida em que o princípio da igualdade não se estabelece pela criação de leis, mas sim pelo combate ao imperialismo de mercado que transforma as pessoas e os bens sociais em mercadorias. É diante deste contexto desumanizador que os homossexuais aparecem como um grupo vulnerável e diferenciado, exposto ao preconceito e a violência, segundo mostram as estatísticas. Nos últimos 12 anos foram catalogados 1.851 assassinatos devido à orientação sexual no Brasil, dos quais só 5% foram elucidados. Isto equivale a um homicídio a cada três dias. Vale lembrar que como estes dados foram coletados a partir de notícias de jornal, o número real de assassinatos deve ser o triplo.

A violência e o preconceito contra homossexuais no Brasil ficam ainda mais evidentes quando comparadas às estatísticas de países como os Estados Unidos, onde, entre 1992 e 1994, foram cometidos 151 “crimes de ódio” contra homossexuais, numa população de 250 milhões de habitantes. No Brasil, país com uma população de 160 milhões de habitantes, no mesmo período, mais de 180 homossexuais foram assassinados. Considerando-se a precariedade das estatísticas criminais, estes "crimes de ódio" estão, provavelmente, sub-notificados, Mott (2000), citado por (LACERDA, TORRES e GARCIA, 2004).

É dentro de um contexto predominantemente homofóbico, que pretendemos, neste trabalho, apresentar um conjunto de reflexões sobre o preconceito e a violência contra homossexuais. O marco teórico que norteará estas reflexões centra-se nos estudos só dos papéis masculinos, que estão ancoradas num conjunto de normas sociais que, por sua vez, têm suas origens no quadro das relações de poder entre os grupos que compõe o tecido social de uma dada sociedade.

Este trabalho pretende, portanto, discutir os significados da discriminação social de adolescentes homossexuais, ou seja, buscar subsídios teóricos capaz de definir, situar e refletir a Homossexualidade, sobretudo a masculina.

 

4 PROBLEMA

 

Como o adolescente homossexual enfrenta a discriminação social?

De que forma as atitudes, paradigmas, cultura ou imaginário social sobre o “homossexual”, influencia na construção da auto-imagem dos mesmos?

 


5 POPULAÇÃO ALVO

 

Adolescentes homossexuais (masculinos)

 

6 OBJETIVOS

 

6.1 Objetivo geral

 

-       Conhecer os significados causados pela discriminação enfrentada pelo adolescente homossexual.

 

6.2 Objetivos específicos

 

-       Averiguar a postura do homossexual diante dos comportamentos sociais observados em relação ao homossexualismo;

-       Analisar a postura do adolescente homossexual em relação à discriminação social.

 

7 MATERIAL E MÉTODOS

 

O presente estudo tem como objetivo conhecer os efeitos psicológicos causados pela discriminação enfrentada pelo adolescente homossexual e para a realização do mesmo será feita uma pesquisa qualitativa com enfoque fenomenológico conforme preconizada por Gomes (1998).

A técnica usada será entrevista fenomenológica como descrita por Gomes (1998). Segundo Gomes (1998) a experiência consiste em um ato comunicativo de um corpo situado em um determinado ambiente. A mensagem que expressa traz a peculiaridade de um mundo vivido. O interesse das nossas investigações é captar esta mensagem, este mundo vivido. É neste contexto que se introduz a entrevista como um convite à comunicação. Nosso interesse é saber como diferentes pessoas experienciam certa condição que é comum a elas.

A entrevista serve como veículo de comunicação. A entrevista é organizada em torno de um roteiro direcionado para certos temas, mas aberto para ambigüidades. A entrevista explora o mundo vivido do entrevistado, definido como experiência consciente, e está a procura do sentido que este mundo vivido tem para o entrevistado. Neste processo, a consciência do entrevistador, como expressa no roteiro da entrevista, modifica-se, amplia-se, atualiza-se na interação com o entrevistado.

Através da metodologia fenomenológica pode-se mostrar, descrever e compreender os motivos presentes nos fenômenos vividos, ou seja, é preciso liberar o nosso olhar para a análise do vivido tal como ele se mostra. Nessa análise, dar-se-á a significação intencional do vivido que, pela sua presença na pessoa, permite-nos ter uma intuição significativa e compreensiva.

Nesse sentido, considerando a modalidade do estudo, os depoimentos serão coletados através da entrevista. Esta serve como veículo de comunicação, explora o mundo vivido do entrevistado, definido como experiência consciente. A consciência do (a) entrevistador (a) modifica-se, amplia-se, atualiza-se na interação com o outro. A entrevista fenomenológica que é uma forma acessível ao cliente de penetrar a verdade mesma de seu existir, sem qualquer falseamento ou deslize.

O horário para a aplicação do questionário será estabelecido a priori com o consentimento dos entrevistados. Primeiramente serão apresentados aos participantes à intenção e o objetivo da pesquisa e enfatizado a preservação do anonimato, posteriormente será pedido o consentimento dos sujeitos para a participação na pesquisa. Os sujeitos que concordarem responderam então os questionários.

Segundo Motta (2005 p.63), citando Moreira, (2002) “a pesquisa qualitativa busca trabalhar com palavras oral e escrita, com sons, imagens, símbolos e etc., deixando de lado total ou quase totalmente as abordagens no tratamento dos dados”.

Em uma pesquisa qualitativa não se trabalha com hipóteses, o pesquisador deverá interrogar o sujeito para chegar ao significado do fenômeno através das situações vivenciadas pelo sujeito.

A pesquisa qualitativa preocupa-se com a interpretação, dá maior ênfase na subjetividade procurando ter uma flexibilidade no processo de conduzir uma pesquisa, foca-se para o processo e não para o resultado buscando o entendimento, preocupa-se com o contexto e reconhece que o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e é por ela também influenciado.

Motta (2005 p.64), citando Moreira (2002), ressalta que “o método fenomenológico enfoca fenômenos subjetivos acreditando que verdades sobre a realidade são baseadas na experiência vivida tentando fazer justiça aos aspectos vividos dos fenômenos humanos”.

 

O método fenomenológico é destinado a empreender pesquisas sobre fenômenos humanos e de como são vividos e experienciados por uma única pessoa. Esse processo se dá por meio de descrições de experiências dos sujeitos que vivenciaram os fenômenosem estudo. Apostura fenomenológica busca o fenômeno da consciência, visto que não se pode evitá-la, ela é o acesso a tudo que é dado, pois não se apresenta de forma “neutra” aos objetivos, pelo contrário, é doadora de significados (MOTTA, 2005, p.17 citando GIORGI, 1999).

 

O método fenomenológico consiste em três passos:

A descrição fenomenológica, que de acordo com Motta (2005, citando Gomes, 1998), “inclui a descrição ingênua dos significados da experiência vivida pelos sujeitos pesquisados”. O pesquisador nessa fase busca o “como”, para poder chegar à estrutura significativa. A estrutura significativa é composta pelos elementos variantes, onde o pesquisador irá confrontar o saber comum com o saber psicológico, e os elementos invariantes que são aqueles que trazem o significado.

O segundo passo é a redução fenomenológica, que segundo Motta 2005, citando Gomes 1998, é a construção das estruturas dos elementos significativos revelados analisando cada um deles no seu caráter variante e invariante.

E o terceiro passo é a interpretação fenomenológica, onde se analisam quais são os comportamentos existenciais que os componentes da experiência cristalizam.

 

7.1 Participante

 

Os participantes da pesquisa serão dois adolescentes homossexuais que tenham a faixa etária acima 18 anos, e que tenham disponibilidade em participarem do estudo.

 

7.2 Instrumentos

 

Entrevistas gravadas e transcritas posteriormente. Serão realizadas tantas quanto forem necessárias e terão duração de aproximadamente uma hora cada.

 

7.3 Procedimentos

 

Esta pesquisa será realizada na cidade de Rio Verde e pode ser caracterizada como um estudo de caso. Este estudo contará com a participação de dois adolescentes homossexuais. Teremos o primeiro contato, onde será solicitado aos adolescentes participar da pesquisa, logo em seguida, haverá a confirmação. Posteriormente a aceitação marcaremos os contatos com os participantes, onde estes deverão assinar os termos de livre consentimento.

Para aplicação dos instrumentos, participará uma pesquisadora. Nessa etapa, inicialmente, haverá apresentação da pesquisadora aos grupos de adolescentes, onde se explicitaram os objetivos da pesquisa e, posteriormente, iniciará a aplicação dos instrumentos de forma individual.

 

7.4 Análise dos dados

 

Para a análise será utilizada a avaliação qualitativa com enfoque fenomenológico conforme preconizada por Gomes (1998).

O conhecimento é visto como uma produção construtiva - interpretativa. A teoria não é considerada a priori, mas construída sistematicamente e expressada de acordo com o contexto sócio-cultural. Neste sentido, o empírico é fonte de conhecimento, pois irá gerar contradições e novas formulações de idéias e conteúdos, enriquecendo o processo de construção teórica. E só é possível mediante processo de interpretação e construção do investigador em relação ao aparecimento de indicadores no decorrer da pesquisa, sendo construídos na relação sujeito-objeto.

Todos os diálogos com o participante serão gravados, sendo autorizados pelo mesmo e posteriormente serão transcritos para facilitar a análise e levantar indicadores.

As respostas das entrevistas e dos diálogos serão relacionadas, e em seguida analisadas e interpretadas.

A coleta de dados será realizada entre agosto de 2007 e setembro de 2007. Serão realizadas entrevistas abertas e semi-estruturadas em profundidade com 2 participantes (2 homens), em local escolhido à priori ou em suas residências. Os participantes serão abordados e lhes será exposto os objetivos da pesquisa e assegurado o sigilo e privacidade das informações. As entrevistas serão realizadas seguindo um roteiro temático sobre: história de vida, concepções sobre a homossexualidade, sociabilidade e discriminação.

As entrevistas, serão realizadas até a saturação dos conteúdos, serão gravadas, transcritas integralmente e analisadas. Na transcrição das gravações, todos os nomes dos participantes serão substituídos por códigos: serão usadas letras ou apelidos, para os participantes.  As categorias resultantes da análise serão classificadas como: concepções locais sobre homo e heterossexualidade. A interpretação dos resultados baseará na análise de conteúdo de Gomes (1998).

 


7.5 Critérios de inclusão

 

Para participarem da pesquisa, os participantes devem ser adolescentes e homossexuais (masculino); com faixa etária acima 18 anos; residentes em Rio Verde.

 

7.6 Critérios de exclusão

 

Não poderão participar da pesquisa adolescentes (abaixo de dezoito anos), ou adolescentes que não forem homossexuais masculinos.

 

7.7 Aspectos éticos

 

De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde toda pesquisa deve atender às exigências éticas e científicas fundamentais, o que implica no consentimento livre e esclarecido dos indivíduos participantes. Desta forma, a pesquisa trata os seres humanos em sua dignidade, respeito pela sua autonomia e defesa da sua vulnerabilidade. Desta forma, a pesquisa só é realizada após o consentimento livre e esclarecido ser lido, compreendido e assinado pelos participantes da pesquisa e também pelos seus representantes legais, no caso desta pesquisa que envolve os adolescentes de doze a vinte anos. Este procedimento é sempre visando à dignidade e os direitos do participante da pesquisa, minimizando os dados e riscos e maximizando os ganhos e benefícios para o indivíduo, à sociedade e à ciência.

Este consentimento livre e esclarecido se faz importante, uma vez que esclarece sobre os objetivos, justificativa e procedimentos de realização da pesquisa, bem como sobre os riscos e benefícios esperados, além de ser uma garantia de esclarecimento, tanto antes, durante, quanto depois do curso da pesquisa. Da mesma forma, o sujeito da pesquisa ganha a liberdade de recusar a participar ou retirar o seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhuma penalização e prejuízo por isto. Através deste termo também é garantido o sigilo que assegura a privacidade dos participantes quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa, informando também sobre as formas de indenizações diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.

 


7.8 Confidencialidade

 

Todos os dados coletados, folhas de resposta, gravações de áudio  e transcrições, ao término da pesquisa, serão todos destruídos.

 

7.9 Riscos e benefícios

 

Não existe risco quanto a integridade física dos participantes da pesquisa, o que pode ocorrer é desconforto do adolescente em responder algum questionamento, se abalando emocionalmente, mas, caso isso ocorra, é assegurado a ele o direito ou não de responder à pergunta, bem como de cancelar a entrevista e realizá-la em outro momento, ou desistir da pesquisa, caso assim decidir.

Os benefícios, por sua vez, são amplos. Em primeiro lugar há o benefício para o próprio participante, com o seu auto-conhecimento através das entrevistas realizadas, tendo a possibilidade da tomada de consciência de determinados conteúdos antes inconscientes, o que pode auxiliá-lo na sua atual circunstância de vida.

Outro benefício é para a sociedade , que obterá dados e informações específicas sobre a sua própria realidade, podendo também, através das informações obtidas nesta pesquisa, estar modificando e/ou aperfeiçoando sua atuação e intervenção com estes adolescentes.

Além destes benefícios para os próprios adolescentes e a sociedade, esta pesquisa pode contribuir para esclarecer dúvidas relacionadas a orientação sexual  na comunidade e principalmente nas famílias.

Finalmente, cita-se a contribuição científica, uma vez que são dados novos que serão publicados, ampliando-se o conhecimento científico, e estes podem servir de base para a realização de novas pesquisas.

 


8 CRONOGRAMA

 

ATIVIDADES

2007

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Elaboração do projeto

X

 

 

 

 

 

 

 

 

 Pesquisa Bibliográfica

 

X

X

 

 

 

 

 

 

Formulação da Entrevista

 

 

 

X

 

 

 

 

 

Contato com o participante

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Aplicação da entrevista

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Análise das informações

 

 

 

 

 

X

X

X

 

Conclusão do Projeto

 

 

 

 

 

 

 

 

X

 

9 ORÇAMENTO

 

Item

Qtd.

Descrição

Vlr. Unit.

Total

Gasolina

18 litros

Transporte para Coleta de dados e encontros com Orientador

R$ 2,50

R$ 45,00

Papel A4

Resma

Papéis utilizados na impressão do trabalho escrito ao longo de todo o semestre.

R$ 15,00

R$ 15,00

Cartucho recarregado para Impressora

1

Cartucho utilizado para a impressão do trabalho escrito ao longo de todo o semestre.

R$ 30,00

R$ 30,00

Horas de Internet (Lan House)

50 horas

Utilização da internet para pesquisas bibliográficas e comunicação com orientador.

(hora)

R$ 1,50

R$ 75,00

Xerox

200 cópias

 

 

20,00

TOTAL                                                                                                                        R$ 185,00

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

BOCK, A. M. M. B. A perspectiva sócio – histórica de Leontiev e  a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cadernos CEDES. Campinas, v. 24, n. 62, março de 2004. Disponível em : 1.<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32622003000100007&script=sci_arttext =&tlng=pt>. Acesso em 12 de abril de 2007.

 

CAETANO, V. Turbilhão de sentimentos: as mudanças da adolescência trazem muitas dúvidas tanto para os jovens quanto para os próprios pais. Revista Superinteressante. Out. 2001. Disponível em: <paginas.terra.com.br/arte/359/47adolescentes.htm>. Acesso em: 16 de junho de 2005.

 

COSTA, Jurandir Freire. A Inocência e o Vício: estudos sobre o homoerotismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992, 195p.

 

FREUD, Sigmund (1905). Três ensaios sobre a sexualidade infantil. S.E., v. VII. Tradução de Paulo Dias Corrêa. Rio de Janeiro: Imago ed. 2002. 120p.

 

GOMES, W. B. A entrevista fenomenológica e o estudo da experiência consciente. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65641997000200015&script=sci_arttext.> Acesso em: 20/04/2007.

 

IVO, M. L.; PELIZARO, M. A. I. ZALESKI, E. G. F. Direitos do ser humano na opção sexual.  Periódico Simpósio Brasileiro Comunicação em  Enfermagem. ano 8, Ribeirão Preto, Maio,  2002.  Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000052002000200003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 09 de abril de 2007.

 

JÚNIOR, A. C. S. De sodomita a homoerótico – as várias representações para as relações entre iguais. Periódico: Morpheus. ano 3, n. 07, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://www.unirio.br//morpheusonline/numero07-2005/almerindo.htm>. Acesso: 09 de abril de 2007.

 

KEHL, M. R. A mínima diferença: masculino e feminino na cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

 

LACERDA, TORRES e GARCIA. As bruxas de hoje: o preconceito e a violência contra homossexuais no quadro das normas sociais e das relações de poder entre grupos. n. 6, março de 2004. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>. Acesso em 09/04/2007.

 

LASCH (1995), As bruxas de hoje: o preconceito e a violência contra homossexuais no quadro das normas sociais e das relações de poder entre grupos Marcos Lacerda Ana Raquel Torres Loreley Gomes Garcia. n.6, março de 2004. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>.

 

LIMA, L. T. O. Trabalho apresentado na mesa-redonda "Homossexualidade Hoje", no XVI Congresso Brasileiro de Psicanálise em Gramado, Rio Grande do Sul, de 1 a 3 de maio de 1997.

 

LIRA, Francisco Cardona. Etapas da adolescência. Aldeia. Disponível em:  2. http://educacao.aaldeia.net/etapasdaadolescencia.htm. Acesso em 09/03/2007 (s.d).

 

MOTTA, H. L.G. Significados das figuras parentais, femininas, do outro e com a própria sexualidade vivenciada por detentos condenados por estupro de crianças.  Parte da dissertação de mestrado da Universidade Católica de Goiás, ainda não publicada, 2005(pp. 63 à 74).

 

MONTEIRO, M. O pós-estruturalismo no estudo do gênero: Antropologia Gênero e Masculinidade. Campinas, 1997. Disponível em: <http://www.artnet.com.br/~marko/laymert.html>. Acesso: 09 de abril de 2007.

 

NASCIMENTO, Carlos. Em ISTO É OnLine, Seção "Comportamento".  n. 1586, 23 fev/2000, Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>. Acesso em 09/03/2007.

 

NETTO, S. P. Psicologia da adolescência. 5 ed. São Paulo: Ed. Pioneira, Brasília, 1976. p.3

 

PAPALIA, D. E. & OLDS, S. W. Desenvolvimento humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 307p.

 

RUITENBEEK, H. M. La homosexualidad en la sociedad moderna. Buenos Aires, SigloAires. 1973.p.19.

 

TIBA, I. Puberdade e adolescência: desenvolvimento biopsicossocial. 6 ed. São Paulo: Agora, 1986.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS


QUESTIONÁRIO

 

Pergunta disparo:

1) Quando você percebeu pela primeira vez que a sua preferência sexual era diferenciada dos demais?

Obs.: Através desta pergunta serão norteadas outras perguntas

FESURV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

FACULDADE DE PSICOLOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ADOLESCENTE HOMOSSEXUAL

 

 

 

 

 

 

CINARA MENDONÇA DE SOUSA

Orientadora: Prof. Ms. HINAYANA LEÃO MOTTA GOMES

 

 

 

Projeto apresentado à Faculdade de Psicologia da Fesurv – Universidade de Rio Verde, como parte das exigências para a obtenção do título de bacharelado em Psicologia.

 

 

 

 

 

 

 

RIO VERDE – GOIÁS

2007


SUMÁRIO

 

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................

2

2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................

2

2.1 Adolescência.........................................................................................................................................

3

2.1.1 Definição de adolescência...........................................................................................

3

2.2 Definição da homossexualidade...................................................................................

4

3 JUSTIFICATIVA..............................................................................................................

7

4 PROBLEMA.....................................................................................................................

8

5 POPULAÇÃO ALVO.......................................................................................................

9

6 OBJETIVOS.....................................................................................................................

9

6.1 Objetivo geral.................................................................................................................

9

6.2 Objetivos específicos.....................................................................................................

9

7 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................

9

7.1 Participante.....................................................................................................................

11

7.2 Instrumentos...................................................................................................................

11

7.3 Procedimentos................................................................................................................

11

7.4 Análise dos dados...........................................................................................................

12

7.5 Critérios de inclusão.......................................................................................................

13

7.6 Critérios de exclusão......................................................................................................

13

7.7 Aspectos éticos...............................................................................................................

13

7.8 Confidencialidade..........................................................................................................

14

7.9 Riscos e benefícios.........................................................................................................

14

8 CRONOGRAMA..............................................................................................................

15

9 ORÇAMENTO.................................................................................................................

15

REFERÊNCIAS...................................................................................................................

16

ANEXOS..............................................................................................................................

18

 

 


1 INTRODUÇÃO

 

Quando se trata da relação gênero/sexualidade, não se podem ignorar as inúmeras inquietações que permeiam as reflexões sobre relacionamentos, especialmente quando o foco recai sobre a homossexualidade, elemento este que, ainda de maneira muito sutil, vem representando o foco de estudo de acadêmicos de diversas áreas, cientes da necessidade de ampliação dos conceitos, valores e atitudes que permeiam as relações de gênero, incluindo-se o olhar sobre a homossexualidade. É justamente este o foco do estudo, que se justifica, no sentido de contribuir com as reflexões da temática, apontando a visão de um grupo geralmente excluído socialmente, em relação às questões sobre preconceito e discriminação, nas vivências no âmbito do lazer.

Será utilizada entrevista semi-estruturada, sobre os significados da discriminação social do adolescente homossexual e que não terá tempo pré-determinado para responder, sendo que sua duração será de aproximadamente uma hora.

Os benefícios desta pesquisa será a contribuição para o conhecimento sobre o adolescente homossexual da cidade de Rio Verde e este conhecimento poderá nortear outras pesquisas sobre este tema.

A entrevista oferece o mínimo de riscos e danos psicológicos, físicos e/ou morais. Quaisquer riscos ou danos que porventura acometer a aluna pesquisadora e a Fesurv se responsabilizarão por possíveis indenizações.

 

2 REVISÃO DE LITERATURA

 

Atualmente o homossexualismo na adolescência é um tema abordado em muitos estudos, que tentam encontrar as causas que justificam a opção de adolescentes por um relacionamento com indivíduos do mesmo sexo. Vivemos em uma sociedade, onde os valores dominantes referem a vínculos heterossexuais, repressões referentes à homossexualidade, resultando em um comportamento hipócrita em que o conceito de igualdade, enquanto cidadãos, é esquecido na prática, embora seja ardentemente defendido no discurso das pessoas.

Estamos iniciando um novo milênio. Assiste-se a uma crise humana global. O homem busca redefinições. E neste movimento, a pessoa torna-se impotente face a tantas informações.

 

2.1 Adolescência

 

2.1.1 Definição de adolescência

 

A adolescência dura quase uma década, aproximadamente dos 12 ou 13 anos até o início dos 20 anos. Não há definição clara para seu ponto de início ou fim (PAPALIA, 2000, p.310). Porém, Tiba (1986, p.37) diz que “o início da adolescência está nitidamente demarcado pela puberdade”.

A adolescência tem sido tomada, em quase toda a produção sobre o assunto, na psicologia, como uma fase natural do desenvolvimento, isto é, todos os seres humanos, na medida em que superam a infância, passam necessariamente por uma nova fase, intermediária à vida adulta, que é a adolescência. Inúmeros estudos dedicaram-se à caracterização dessa fase e a sociedade apropriou-se desses conhecimentos, tornando a adolescência algo familiar e esperado. Junto com os primeiros pêlos no corpo,crescimento repentino e o desenvolvimento das características sexuais, surgem as rebeldias, as insatisfações, a onipotência, as crises geracionais, enfim tudo aquilo que a psicologia, tão cuidadosamente, registrou e denominou de adolescência (BOCK, 2004).

De acordo com Bock (2004), foi Erickson (1976) quem institucionalizou a adolescência.

Erickson (1976, p.128, citado por Bock, 2004) afirmou que a adolescência é “(...) um modo de vida entre a infância e a vida adulta”. Podendo ser melhor caracterizado esse processo na citação a seguir:

 

A adolescência é uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que a pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura. (...) A adolescência é uma época de imaturidade em busca de maturidade. (LIRA, s.d).

 

A adolescência é este período no qual uma criança se transformaem adulto. Nãose trata apenas de uma mudança na altura e no peso, nas capacidades mentais e na força física, mas, também, de uma grande mudança na forma de ser, de uma evolução da personalidade (LIRA, s.d).

Com isso, Tiba (1986, p.37) tem a nos dizer que o adolescente “é um ser humano em crescimento, em evolução para atingir a maturidade biopsicossocial”.

 

O período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos). “Adolescência é o período de transição entre a infância e a fase adulta. É uma transformação saudável e natural, em que ocorrem mudanças físicas e psicológicas que preparam o adolescente para se tornar adulto”(CAETANO, 2001).

 

Os órgãos sexuais se desenvolvem, os pêlos pubianos começam a aparecer, a voz engrossa, as meninas menstruam pela primeira vez, surge uma barba rala nos meninos. É o período em que ocorre o estirão de crescimento (entre 11 e 12 anos para as meninas e entre 13 e 14 para os meninos), a cintura se afina e o quadril se alarga nas meninas e os meninos vêem mãos, pés e braços crescerem desproporcionalmente. São os hormônios agindo na transformação do corpo, que se prepara para uma futura vida sexual (CAETANO, 2001).

Portanto, faz-se possível notar que a adolescência é uma fase da vida, onde a transformação pode ser visivelmente percebida, dando-se esta por um processo de deixar de ser criança e passar a agir de uma forma mais madura e responsável.

 

2.2 Definição da homossexualidade

 

Pensar o gênero masculino e a identidade sexual remete-nos a questões intimamente ligadas ao padrão de comportamento sexual do brasileiro e suas representações sobre a sexualidade, que é diferente de região para região do país, de classe social para classe social, e sobretudo, de um momento histórico em relação a outro.

 

Quanto à homossexualidade, é preciso em primeiro lugar verificar de perto o sentido que tem esta palavraem psicanálise. Aeste propósito Stoller (1985) adverte que "o que é evidente é que o uso da palavra homossexualidade tem sido utilizado em tantas acepções que, se o autor não mostra claramente como a utiliza em determinado momento, todos os outros sentidos possíveis obscurecem sua compreensão” (LIMA, 1997).

 

Freud, a partir dos “Três Ensaios” (1905), foi em grande parte responsável por uma revolução que modificou o modo contemporâneo de pensar este tema. A Teoria da Bissexualidade Humana e a Teoria do Complexo de Édipo possibilitaram duas conseqüências. A primeira delas é teórica e desse ponto de vista a homossexualidade passa a ser uma dimensão universal da mente, portanto uma categoria, como masculino e feminino em psicanálise são categorias mentais e independentes do sexo biológico do indivíduo. Outra conseqüência é de ordem prática, verifica-se na clínica e diz respeito à homossexualidade manifesta, assimilada ou não pela personalidade do indivíduo e que pode ou não apresentar uma determinada ordem de problemas clinicamente relevantes. À categoria homossexualidade latente corresponde a produção de efeitos e a proliferação de sentidos na relação analítica, seja como tendência à repetição, como inibição de crescimento ou transformação criadora (LIMA, 1997).

 

Neste sentido a orientação da libido de uma pessoa em direção a um objeto do mesmo sexo, ou em direção a um objeto do sexo oposto, não tem diferença essencial qualitativa ou normativa, isto é, esta ou aquela orientação não é mais ou menos adequada, normal ou patológica do que outra. Escreve Freud (1905) nos Três Ensaios: "O afeto de uma criança por seus pais é sem dúvida o traço infantil mais importante que, após revivido na puberdade, indica o caminho para sua escolha de um objeto, mas não é o único. Outros pontos de partida com a mesma origem primitiva possibilitam ao homem desenvolver mais de uma linha sexual, baseadas não menos em sua infância, e a estabelecer condições muito variadas para sua escolha de objeto" (o grifo é meu). E acrescenta a este parágrafo, em nota de rodapé de 1915: "As inumeráveis peculiaridades da vida erótica dos seres humanos, assim como o caráter compulsivo do processo de apaixonar-se, são inteiramente ininteligíveis, salvo pela referência à infância e como efeitos residuais da infância" (LIMA, 1997, p. 236).

 

Freud tinha uma noção clara dessa questão e, não obstante as dificuldades e os aspectos, patológicos ou não, relacionados com os comportamentos sexuais, jamais considerou homossexualidade como algo patológicoem si. Pelocontrário, o que com ele a psicanálise desenvolveu, independente das várias escolas de pensamento analítico, foi uma visão que procurou, como em qualquer outro comportamento humano, relacionar sua raiz à origem corporal e material da mente, ou seja, ao mundo da infância (LIMA, 1997).

Abordaremos aqui, a respeito do ser humano, cuja orientação afetivo-sexual o faz sentir homossexual.

Ivo, Pelizaro e Zaleski(2002), citando Daniel e Baudry (1977), relatam que o termo “homossexualidade” formado de uma raiz grega (homos = semelhante) e de uma raiz latina (sexus) significa etimologicamente “sexualidade semelhante”, ou seja, “sexualidade partilhada com uma pessoa do mesmo sexo”. Foi criado, em 1869, por um sábio húngaro e substituiu pouco a pouco, no uso científico, todos os termos anteriores. Tem por certo o inconveniente de uma formação lingüística defeituosa (grego + latim), porém é relativamente libertado da canga dos conceitos religiosos e morais. Pode-se unicamente censurar-lhe de acentuar com relevante exclusividade, por sua própria etimologia, o elemento sexual.

O termo homofilia, cujo primeiro emprego remonta, ao que parece, a 1953, é formado das raízes gregas homos (semelhante) e philen (amar). Esta palavra significa, portanto, com muita precisão, “atração afetiva para com o seu semelhante”. Tornou-se o termo preferido pelos próprios homofilos; estes julgam que exprime melhor o conjunto de sua personalidade do que “homossexualidade”, segundo justificativas acima indicadas. Em princípio, deveria ser utilizado, sobretudo, quando se tratasse de insistir sobre o aspecto global da atração pelo mesmo sexo (física e afetivamente), reservando-se "homossexualidade" aos aspectos puramente físicos. Na prática, porém, estes dois termos são, muitas vezes, confundidos. Como é preciso admiti-lo - "homofilia" é menos conhecido do público que "homossexualidade" (poder-se-ia mesmo confundi-la com “hemofilia”, que é uma doença hereditária do sangue). Assim, prefere optar pelo uso do termo “homossexualidade” (IVO, PELIZARO e ZALESKI, 2002).

Kehl (1992), citando Costa ressalta que, o homossexualismo é uma palavra preconceituosa. Deve ser substituída pelo termo "homoerotismo", que indica a possibilidade de atração entre pessoas do mesmo sexo, sem que isso seja visto como perversão.

Segundo Júnior (2005), citando Costa (1992), afirma que a homossexualidade é lingüisticamente construída sendo historicamente circunscrita em seu modo de produção e conhecimento. Em determinadas épocas certas crenças conferem foros de realidade natural ou universal a certos discursos ou práticas sociais. A afirmação de determinadas crenças, o reconhecimento de certas teorias como verdades quase que absolutas vão reproduzir determinados termos para denominar a realidade homossexual.

Fliess e Freud apud Ruitenbeek (1973), deram um passo importante na aquisição do conhecimento mais profundo desta tendência instintiva da homossexualidade. Supõe-se que, na realidade, cada ser humano atravessa uma etapa fisicamente bissexual em seu desenvolvimento. O componente homossexual é reprimido, só uma pequena parte deste componente é resgatado em forma sublimada na vida adulta. A homossexualidade, fragilmente reprimida, pode futuramente, em certas circunstâncias, expressar-se sob a forma de sintomas neuróticos (IVO; PELIZARO e ZALESK, 2002).

Ao falar de escolha, porém, é importante considerar que em qualquer situação há fatores que influenciam a preferência por determinada pessoa ou prática.

O termo homossexual foi criado em 1869 pelo escritor e jornalista austro-húngaro Karoly Maria Kertbeny. Deriva do grego homos, que significa "semelhante", "igual". Em 1870, um texto de Westphal intitulado "As Sensações Sexuais Contrárias" definiu a homossexualidade em termos psiquiátricos como um desvio sexual, uma inversão do masculino e do feminino. A partir de então, no ramo da Sexologia, a homossexualidade foi erroneamente descrita como uma das formas emblemáticas da degeneração. Nos códigos penais, surgiram leis que proibiam as relações entre pessoas do mesmo sexo. Alguns historiadores da ciência afirmam que a homossexualidade é uma invenção recente, um termo que busca nomear uma forma de amor e relacionamento que existe desde os primórdios da humanidade.

Alguns estudiosos, sobretudo aqueles influenciados pela óptica da psicanálise, crêem que a conjunção do meio com a figura dominadora do genitor do sexo oposto são decisivos na expressão da homossexualidade. Para o criador da psicanálise Sigmund Freud, a homossexualidade seria um resultado da forma de como foi resolvido o complexo de Complexo de Édipo na infância.

Segundo Sigmund Freud, um dos fundadores da moderna psicanálise, há três fatores que parecem determinar a homossexualidade, sendo o primeiro fator a homossexualidade teria início devido a uma forte e incomum ligação com a mãe, o que impediria a pessoa de se relacionar afetivamente com outra mulher; o segundo fator o narcisismo, fazendo com que a pessoa sinta menos esforço ao se relacionar com pessoas do mesmo sexo do que ao se relacionar com o sexo oposto e o terceiro fator a assunção de atitude conformista, não-definida ou mal definida, para com a própria psicossexualidade.

O trabalho justifica-se em função da necessidade de se repensar não só as visões que envolvem a homossexualidade, como também as questões implicadas no contexto da história sexual dos participantes envolvidos no estudo. Neste sentido, julgamos de fundamental importância à análise das maneiras como se dá a escolha do objeto sexual em relação à construção da identidade, tendo como referência as categorias gênero e identidade sexual.

 

3 JUSTIFICATIVA

 

A proposta deste estudo é abordar sobre os significados advindos da discriminação social, em um adolescente homossexual diante das atitudes dos membros da sociedade, que podem influenciar no desenvolvimento do adolescente.

Nosso interesse em desenvolver esta pesquisa é primeiramente, por nos inquietar sobre a constituição da subjetividade do adolescente homossexual nesta fase que ocorre alterações de comportamento tanto social em sua formação de identidade moral e de valores, quanto no comportamento emocional, e a forte discriminação da sociedade pelo homossexualismo levando-o a comportamentos negativos como depressão, violência, uso de drogas, etc.

Segundo Lacerda, Torres e Garcia (2004), existirem no Brasil, leis que determinam a igualdade de direitos entre os cidadãos, o que se constata é a desigualdade em todos os níveis da sociedade (raça, gênero, etnia, classe). Observa-se, assim, que a lei não é garantia de igualdade. Para Lasch (1995), isto é compreensível na medida em que o princípio da igualdade não se estabelece pela criação de leis, mas sim pelo combate ao imperialismo de mercado que transforma as pessoas e os bens sociais em mercadorias. É diante deste contexto desumanizador que os homossexuais aparecem como um grupo vulnerável e diferenciado, exposto ao preconceito e a violência, segundo mostram as estatísticas. Nos últimos 12 anos foram catalogados 1.851 assassinatos devido à orientação sexual no Brasil, dos quais só 5% foram elucidados. Isto equivale a um homicídio a cada três dias. Vale lembrar que como estes dados foram coletados a partir de notícias de jornal, o número real de assassinatos deve ser o triplo.

A violência e o preconceito contra homossexuais no Brasil ficam ainda mais evidentes quando comparadas às estatísticas de países como os Estados Unidos, onde, entre 1992 e 1994, foram cometidos 151 “crimes de ódio” contra homossexuais, numa população de 250 milhões de habitantes. No Brasil, país com uma população de 160 milhões de habitantes, no mesmo período, mais de 180 homossexuais foram assassinados. Considerando-se a precariedade das estatísticas criminais, estes "crimes de ódio" estão, provavelmente, sub-notificados, Mott (2000), citado por (LACERDA, TORRES e GARCIA, 2004).

É dentro de um contexto predominantemente homofóbico, que pretendemos, neste trabalho, apresentar um conjunto de reflexões sobre o preconceito e a violência contra homossexuais. O marco teórico que norteará estas reflexões centra-se nos estudos só dos papéis masculinos, que estão ancoradas num conjunto de normas sociais que, por sua vez, têm suas origens no quadro das relações de poder entre os grupos que compõe o tecido social de uma dada sociedade.

Este trabalho pretende, portanto, discutir os significados da discriminação social de adolescentes homossexuais, ou seja, buscar subsídios teóricos capaz de definir, situar e refletir a Homossexualidade, sobretudo a masculina.

 

4 PROBLEMA

 

Como o adolescente homossexual enfrenta a discriminação social?

De que forma as atitudes, paradigmas, cultura ou imaginário social sobre o “homossexual”, influencia na construção da auto-imagem dos mesmos?

 


5 POPULAÇÃO ALVO

 

Adolescentes homossexuais (masculinos)

 

6 OBJETIVOS

 

6.1 Objetivo geral

 

-       Conhecer os significados causados pela discriminação enfrentada pelo adolescente homossexual.

 

6.2 Objetivos específicos

 

-       Averiguar a postura do homossexual diante dos comportamentos sociais observados em relação ao homossexualismo;

-       Analisar a postura do adolescente homossexual em relação à discriminação social.

 

7 MATERIAL E MÉTODOS

 

O presente estudo tem como objetivo conhecer os efeitos psicológicos causados pela discriminação enfrentada pelo adolescente homossexual e para a realização do mesmo será feita uma pesquisa qualitativa com enfoque fenomenológico conforme preconizada por Gomes (1998).

A técnica usada será entrevista fenomenológica como descrita por Gomes (1998). Segundo Gomes (1998) a experiência consiste em um ato comunicativo de um corpo situado em um determinado ambiente. A mensagem que expressa traz a peculiaridade de um mundo vivido. O interesse das nossas investigações é captar esta mensagem, este mundo vivido. É neste contexto que se introduz a entrevista como um convite à comunicação. Nosso interesse é saber como diferentes pessoas experienciam certa condição que é comum a elas.

A entrevista serve como veículo de comunicação. A entrevista é organizada em torno de um roteiro direcionado para certos temas, mas aberto para ambigüidades. A entrevista explora o mundo vivido do entrevistado, definido como experiência consciente, e está a procura do sentido que este mundo vivido tem para o entrevistado. Neste processo, a consciência do entrevistador, como expressa no roteiro da entrevista, modifica-se, amplia-se, atualiza-se na interação com o entrevistado.

Através da metodologia fenomenológica pode-se mostrar, descrever e compreender os motivos presentes nos fenômenos vividos, ou seja, é preciso liberar o nosso olhar para a análise do vivido tal como ele se mostra. Nessa análise, dar-se-á a significação intencional do vivido que, pela sua presença na pessoa, permite-nos ter uma intuição significativa e compreensiva.

Nesse sentido, considerando a modalidade do estudo, os depoimentos serão coletados através da entrevista. Esta serve como veículo de comunicação, explora o mundo vivido do entrevistado, definido como experiência consciente. A consciência do (a) entrevistador (a) modifica-se, amplia-se, atualiza-se na interação com o outro. A entrevista fenomenológica que é uma forma acessível ao cliente de penetrar a verdade mesma de seu existir, sem qualquer falseamento ou deslize.

O horário para a aplicação do questionário será estabelecido a priori com o consentimento dos entrevistados. Primeiramente serão apresentados aos participantes à intenção e o objetivo da pesquisa e enfatizado a preservação do anonimato, posteriormente será pedido o consentimento dos sujeitos para a participação na pesquisa. Os sujeitos que concordarem responderam então os questionários.

Segundo Motta (2005 p.63), citando Moreira, (2002) “a pesquisa qualitativa busca trabalhar com palavras oral e escrita, com sons, imagens, símbolos e etc., deixando de lado total ou quase totalmente as abordagens no tratamento dos dados”.

Em uma pesquisa qualitativa não se trabalha com hipóteses, o pesquisador deverá interrogar o sujeito para chegar ao significado do fenômeno através das situações vivenciadas pelo sujeito.

A pesquisa qualitativa preocupa-se com a interpretação, dá maior ênfase na subjetividade procurando ter uma flexibilidade no processo de conduzir uma pesquisa, foca-se para o processo e não para o resultado buscando o entendimento, preocupa-se com o contexto e reconhece que o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e é por ela também influenciado.

Motta (2005 p.64), citando Moreira (2002), ressalta que “o método fenomenológico enfoca fenômenos subjetivos acreditando que verdades sobre a realidade são baseadas na experiência vivida tentando fazer justiça aos aspectos vividos dos fenômenos humanos”.

 

O método fenomenológico é destinado a empreender pesquisas sobre fenômenos humanos e de como são vividos e experienciados por uma única pessoa. Esse processo se dá por meio de descrições de experiências dos sujeitos que vivenciaram os fenômenosem estudo. Apostura fenomenológica busca o fenômeno da consciência, visto que não se pode evitá-la, ela é o acesso a tudo que é dado, pois não se apresenta de forma “neutra” aos objetivos, pelo contrário, é doadora de significados (MOTTA, 2005, p.17 citando GIORGI, 1999).

 

O método fenomenológico consiste em três passos:

A descrição fenomenológica, que de acordo com Motta (2005, citando Gomes, 1998), “inclui a descrição ingênua dos significados da experiência vivida pelos sujeitos pesquisados”. O pesquisador nessa fase busca o “como”, para poder chegar à estrutura significativa. A estrutura significativa é composta pelos elementos variantes, onde o pesquisador irá confrontar o saber comum com o saber psicológico, e os elementos invariantes que são aqueles que trazem o significado.

O segundo passo é a redução fenomenológica, que segundo Motta 2005, citando Gomes 1998, é a construção das estruturas dos elementos significativos revelados analisando cada um deles no seu caráter variante e invariante.

E o terceiro passo é a interpretação fenomenológica, onde se analisam quais são os comportamentos existenciais que os componentes da experiência cristalizam.

 

7.1 Participante

 

Os participantes da pesquisa serão dois adolescentes homossexuais que tenham a faixa etária acima 18 anos, e que tenham disponibilidade em participarem do estudo.

 

7.2 Instrumentos

 

Entrevistas gravadas e transcritas posteriormente. Serão realizadas tantas quanto forem necessárias e terão duração de aproximadamente uma hora cada.

 

7.3 Procedimentos

 

Esta pesquisa será realizada na cidade de Rio Verde e pode ser caracterizada como um estudo de caso. Este estudo contará com a participação de dois adolescentes homossexuais. Teremos o primeiro contato, onde será solicitado aos adolescentes participar da pesquisa, logo em seguida, haverá a confirmação. Posteriormente a aceitação marcaremos os contatos com os participantes, onde estes deverão assinar os termos de livre consentimento.

Para aplicação dos instrumentos, participará uma pesquisadora. Nessa etapa, inicialmente, haverá apresentação da pesquisadora aos grupos de adolescentes, onde se explicitaram os objetivos da pesquisa e, posteriormente, iniciará a aplicação dos instrumentos de forma individual.

 

7.4 Análise dos dados

 

Para a análise será utilizada a avaliação qualitativa com enfoque fenomenológico conforme preconizada por Gomes (1998).

O conhecimento é visto como uma produção construtiva - interpretativa. A teoria não é considerada a priori, mas construída sistematicamente e expressada de acordo com o contexto sócio-cultural. Neste sentido, o empírico é fonte de conhecimento, pois irá gerar contradições e novas formulações de idéias e conteúdos, enriquecendo o processo de construção teórica. E só é possível mediante processo de interpretação e construção do investigador em relação ao aparecimento de indicadores no decorrer da pesquisa, sendo construídos na relação sujeito-objeto.

Todos os diálogos com o participante serão gravados, sendo autorizados pelo mesmo e posteriormente serão transcritos para facilitar a análise e levantar indicadores.

As respostas das entrevistas e dos diálogos serão relacionadas, e em seguida analisadas e interpretadas.

A coleta de dados será realizada entre agosto de 2007 e setembro de 2007. Serão realizadas entrevistas abertas e semi-estruturadas em profundidade com 2 participantes (2 homens), em local escolhido à priori ou em suas residências. Os participantes serão abordados e lhes será exposto os objetivos da pesquisa e assegurado o sigilo e privacidade das informações. As entrevistas serão realizadas seguindo um roteiro temático sobre: história de vida, concepções sobre a homossexualidade, sociabilidade e discriminação.

As entrevistas, serão realizadas até a saturação dos conteúdos, serão gravadas, transcritas integralmente e analisadas. Na transcrição das gravações, todos os nomes dos participantes serão substituídos por códigos: serão usadas letras ou apelidos, para os participantes.  As categorias resultantes da análise serão classificadas como: concepções locais sobre homo e heterossexualidade. A interpretação dos resultados baseará na análise de conteúdo de Gomes (1998).

 


7.5 Critérios de inclusão

 

Para participarem da pesquisa, os participantes devem ser adolescentes e homossexuais (masculino); com faixa etária acima 18 anos; residentes em Rio Verde.

 

7.6 Critérios de exclusão

 

Não poderão participar da pesquisa adolescentes (abaixo de dezoito anos), ou adolescentes que não forem homossexuais masculinos.

 

7.7 Aspectos éticos

 

De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde toda pesquisa deve atender às exigências éticas e científicas fundamentais, o que implica no consentimento livre e esclarecido dos indivíduos participantes. Desta forma, a pesquisa trata os seres humanos em sua dignidade, respeito pela sua autonomia e defesa da sua vulnerabilidade. Desta forma, a pesquisa só é realizada após o consentimento livre e esclarecido ser lido, compreendido e assinado pelos participantes da pesquisa e também pelos seus representantes legais, no caso desta pesquisa que envolve os adolescentes de doze a vinte anos. Este procedimento é sempre visando à dignidade e os direitos do participante da pesquisa, minimizando os dados e riscos e maximizando os ganhos e benefícios para o indivíduo, à sociedade e à ciência.

Este consentimento livre e esclarecido se faz importante, uma vez que esclarece sobre os objetivos, justificativa e procedimentos de realização da pesquisa, bem como sobre os riscos e benefícios esperados, além de ser uma garantia de esclarecimento, tanto antes, durante, quanto depois do curso da pesquisa. Da mesma forma, o sujeito da pesquisa ganha a liberdade de recusar a participar ou retirar o seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhuma penalização e prejuízo por isto. Através deste termo também é garantido o sigilo que assegura a privacidade dos participantes quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa, informando também sobre as formas de indenizações diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.

 


7.8 Confidencialidade

 

Todos os dados coletados, folhas de resposta, gravações de áudio  e transcrições, ao término da pesquisa, serão todos destruídos.

 

7.9 Riscos e benefícios

 

Não existe risco quanto a integridade física dos participantes da pesquisa, o que pode ocorrer é desconforto do adolescente em responder algum questionamento, se abalando emocionalmente, mas, caso isso ocorra, é assegurado a ele o direito ou não de responder à pergunta, bem como de cancelar a entrevista e realizá-la em outro momento, ou desistir da pesquisa, caso assim decidir.

Os benefícios, por sua vez, são amplos. Em primeiro lugar há o benefício para o próprio participante, com o seu auto-conhecimento através das entrevistas realizadas, tendo a possibilidade da tomada de consciência de determinados conteúdos antes inconscientes, o que pode auxiliá-lo na sua atual circunstância de vida.

Outro benefício é para a sociedade , que obterá dados e informações específicas sobre a sua própria realidade, podendo também, através das informações obtidas nesta pesquisa, estar modificando e/ou aperfeiçoando sua atuação e intervenção com estes adolescentes.

Além destes benefícios para os próprios adolescentes e a sociedade, esta pesquisa pode contribuir para esclarecer dúvidas relacionadas a orientação sexual  na comunidade e principalmente nas famílias.

Finalmente, cita-se a contribuição científica, uma vez que são dados novos que serão publicados, ampliando-se o conhecimento científico, e estes podem servir de base para a realização de novas pesquisas.

 


8 CRONOGRAMA

 

ATIVIDADES

2007

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Elaboração do projeto

X

 

 

 

 

 

 

 

 

 Pesquisa Bibliográfica

 

X

X

 

 

 

 

 

 

Formulação da Entrevista

 

 

 

X

 

 

 

 

 

Contato com o participante

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Aplicação da entrevista

 

 

 

 

X

 

 

 

 

Análise das informações

 

 

 

 

 

X

X

X

 

Conclusão do Projeto

 

 

 

 

 

 

 

 

X

 

9 ORÇAMENTO

 

Item

Qtd.

Descrição

Vlr. Unit.

Total

Gasolina

18 litros

Transporte para Coleta de dados e encontros com Orientador

R$ 2,50

R$ 45,00

Papel A4

Resma

Papéis utilizados na impressão do trabalho escrito ao longo de todo o semestre.

R$ 15,00

R$ 15,00

Cartucho recarregado para Impressora

1

Cartucho utilizado para a impressão do trabalho escrito ao longo de todo o semestre.

R$ 30,00

R$ 30,00

Horas de Internet (Lan House)

50 horas

Utilização da internet para pesquisas bibliográficas e comunicação com orientador.

(hora)

R$ 1,50

R$ 75,00

Xerox

200 cópias

 

 

20,00

TOTAL                                                                                                                        R$ 185,00

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

BOCK, A. M. M. B. A perspectiva sócio – histórica de Leontiev e  a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cadernos CEDES. Campinas, v. 24, n. 62, março de 2004. Disponível em : 1.<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32622003000100007&script=sci_arttext =&tlng=pt>. Acesso em 12 de abril de 2007.

 

CAETANO, V. Turbilhão de sentimentos: as mudanças da adolescência trazem muitas dúvidas tanto para os jovens quanto para os próprios pais. Revista Superinteressante. Out. 2001. Disponível em: <paginas.terra.com.br/arte/359/47adolescentes.htm>. Acesso em: 16 de junho de 2005.

 

COSTA, Jurandir Freire. A Inocência e o Vício: estudos sobre o homoerotismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992, 195p.

 

FREUD, Sigmund (1905). Três ensaios sobre a sexualidade infantil. S.E., v. VII. Tradução de Paulo Dias Corrêa. Rio de Janeiro: Imago ed. 2002. 120p.

 

GOMES, W. B. A entrevista fenomenológica e o estudo da experiência consciente. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65641997000200015&script=sci_arttext.> Acesso em: 20/04/2007.

 

IVO, M. L.; PELIZARO, M. A. I. ZALESKI, E. G. F. Direitos do ser humano na opção sexual.  Periódico Simpósio Brasileiro Comunicação em  Enfermagem. ano 8, Ribeirão Preto, Maio,  2002.  Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000052002000200003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 09 de abril de 2007.

 

JÚNIOR, A. C. S. De sodomita a homoerótico – as várias representações para as relações entre iguais. Periódico: Morpheus. ano 3, n. 07, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://www.unirio.br//morpheusonline/numero07-2005/almerindo.htm>. Acesso: 09 de abril de 2007.

 

KEHL, M. R. A mínima diferença: masculino e feminino na cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

 

LACERDA, TORRES e GARCIA. As bruxas de hoje: o preconceito e a violência contra homossexuais no quadro das normas sociais e das relações de poder entre grupos. n. 6, março de 2004. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>. Acesso em 09/04/2007.

 

LASCH (1995), As bruxas de hoje: o preconceito e a violência contra homossexuais no quadro das normas sociais e das relações de poder entre grupos Marcos Lacerda Ana Raquel Torres Loreley Gomes Garcia. n.6, março de 2004. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>.

 

LIMA, L. T. O. Trabalho apresentado na mesa-redonda "Homossexualidade Hoje", no XVI Congresso Brasileiro de Psicanálise em Gramado, Rio Grande do Sul, de 1 a 3 de maio de 1997.

 

LIRA, Francisco Cardona. Etapas da adolescência. Aldeia. Disponível em:  2. http://educacao.aaldeia.net/etapasdaadolescencia.htm. Acesso em 09/03/2007 (s.d).

 

MOTTA, H. L.G. Significados das figuras parentais, femininas, do outro e com a própria sexualidade vivenciada por detentos condenados por estupro de crianças.  Parte da dissertação de mestrado da Universidade Católica de Goiás, ainda não publicada, 2005(pp. 63 à 74).

 

MONTEIRO, M. O pós-estruturalismo no estudo do gênero: Antropologia Gênero e Masculinidade. Campinas, 1997. Disponível em: <http://www.artnet.com.br/~marko/laymert.html>. Acesso: 09 de abril de 2007.

 

NASCIMENTO, Carlos. Em ISTO É OnLine, Seção "Comportamento".  n. 1586, 23 fev/2000, Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/06-lacerda-torres-garcia.html>. Acesso em 09/03/2007.

 

NETTO, S. P. Psicologia da adolescência. 5 ed. São Paulo: Ed. Pioneira, Brasília, 1976. p.3

 

PAPALIA, D. E. & OLDS, S. W. Desenvolvimento humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 307p.

 

RUITENBEEK, H. M. La homosexualidad en la sociedad moderna. Buenos Aires, SigloAires. 1973.p.19.

 

TIBA, I. Puberdade e adolescência: desenvolvimento biopsicossocial. 6 ed. São Paulo: Agora, 1986.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS


QUESTIONÁRIO

 

Pergunta disparo:

1) Quando você percebeu pela primeira vez que a sua preferência sexual era diferenciada dos demais?

Obs.: Através desta pergunta serão norteadas outras perguntas