O mercado de crédito é acompanhado por várias instituições diferentes: Banco Central, Serasa Experian, Telecheque, ACSP, etc. Além disso, cada uma apresenta uma metodologia de pesquisa diferente, o que às vezes dificulta o acompanhamento da inadimplência.

Contudo, em todas as pesquisas se verifica uma tendência de melhora do calote no país. Se não um recuo, pelo menos um crescimento moderado.

A seguir apresentamos os resultados de levantamentos sobre a inadimplência divulgados em 15 de maio de 2009:


Consultas ao crédito
As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registraram em abril queda tanto nas vendas à vista (SCPC/Cheque) como a prazo (SCPC).

O movimento de consultas ao crediário caiu 19,1%, de 1,8 milhão em abril de 2008 para 1,4 milhão no mês passado, e as consultas relativas às vendas à vista baixaram 10%, de 2 milhões para 1,8 milhão, na comparação com abril de 2008. De acordo com a instituição, o resultado foi puxado pelos impactos da crise financeira mundial e pelos feriados acumulados no mês de abril.

O indicador revela um desaquecimento na concessão de crédito, já que a consulta é feita antes de empréstimos, abertura de crediários ou aceitação de cheques. Os dados são do SPC e do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) de 2.118 municípios brasileiros.

Em relação a março deste ano, período em que a crise já se refletia no mercado brasileiro, a retração no número de consultas foi menor. As quedas nas vendas a prazo e à vista foram de 15,9% e 8,8%, respectivamente.


Inadimplência segundo a ACSP
Ainda de acordo com dados do levantamento, a inadimplência no setor cresceu de forma moderada em comparação com abril do ano passado e caiu em relação a março de 2009. O atraso no pagamento de carnês no mês passado aumentou 1,8% ante abril de 2008, mas apresentou queda de 3,3% em relação a março deste ano.

Já o número de pedidos de falência apresentou crescimento de 61,8% ante abril de 2008. A ACSP justifica o aumento de pedidos de falência à maior dificuldade na concessão de crédito para as micro, pequenas e médias empresas.

Na opinião da ACSP, a expectativa para o mês de maio é de um resultado mais animador na quantidade de consultas, uma vez que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em itens de linha branca e materiais de construção deve impulsionar o mercado interno. "É fundamental que os empresários do comércio continuem fazendo promoções com ofertas que revertam esse quadro".

Ainda segundo a associação, a expectativa é de uma reversão gradativa desses números ao longo deste ano, com a ajuda de promoções, queda da Selic e desonerações. Esses dados que mostram uma queda no crédito não deverão interferir na confiança e capacidade do empresário brasileiro para enfrentar os problemas deste momento. "Além do que as atuais condições econômicas e financeiras do País ajudarão a vencer os obstáculos impostos pela crise mundial".

 
Inadimplência segundo a Serasa Experian
O desemprego está fazendo a inadimplência aumentar, como consequência da crise financeira global e da menor atividade econômica no país, segundo pesquisa da Serasa Experian também divulgada no dia 15 de maio.

O indicador de pessoa física da entidade aponta uma elevação de 10,8% na inadimplência dos consumidores no acumulado de janeiro a abril de 2009, na comparação com o mesmo período do ano passado. Também houve alta de 8,9% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2008.

O Indicador Serasa ressalta, porém, que as elevações são menores que em março, quando a inadimplência cresceu 16,6% sobre o mesmo período de 2008 e atingiu 11,4% a mais no trimestre de janeiro a março, em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Isso porque houve redução de 9,5% na inadimplência da pessoa física em abril, comparado a março.

Foi o maior recuo mensal registrado pela Serasa desde junho de 2006, atribuído em parte ao efeito calendário, pois abril teve 20 dias úteis, contra 22 dias de março.

Além disso, os analistas envolvidos na pesquisa lembram que abril marca o fim do período mais crítico de despesas para o consumidor, às voltas com pagamentos de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e despesas escolares.

Eles concluíram que a inadimplência do consumidor continua crescendo, mas em ritmo menor que nos primeiros meses de 2009, e dizem que a expansão é devida, em grande parte, ao desemprego em elevação, por causa da menor atividade econômica doméstica, provocada pela crise global.


Ranking da inadimplência segundo a Serasa Experian
De acordo com o estudo da Serasa, o maior endividamento de parte da população, sobretudo no longo prazo, e a utilização intensiva do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito, também estariam criando problemas no equilíbrio do orçamento doméstico.

Nos quatro primeiros meses de 2009, o ranking da inadimplência das pessoas físicas foi liderado pelas dívidas com os bancos, com 43,5% de participação no indicador. No mesmo período do ano anterior, esta representação foi de 43,1%. Em segundo lugar, estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, que no primeiro quadrimestre de 2009 representaram 37,1% da inadimplência dos consumidores. De janeiro a abril de 2008, tal participação foi de 31,5%.

Em seguida aparecem os cheques devolvidos, com 17,5% de representação no indicador, nos quatro primeiros meses deste ano. Em 2008, em igual período, este percentual foi de 23,1%. Fecham o ranking os títulos protestados, que de janeiro a abril de 2009 tiveram uma representatividade de 1,9%, abaixo dos 2,3% obtidos no mesmo acumulado do ano anterior.

O valor médio das dívidas com cartões de crédito e financeiras caiu 13,5% para R$ 374,91 nos quatro primeiros meses de 2009, ante o mesmo período de 2008. Quanto às dívidas com os bancos, o valor médio obtido de janeiro a abril deste ano foi de R$ 1.333,15, com um recuo de 2,4% na mesma comparação.

Os títulos protestados, por sua vez, registraram um valor médio de R$ 1.042,81 nos quatro primeiros meses de 2009, representando assim um aumento de 14% sobre o mesmo acumulado do ano anterior. Os cheques sem fundos, de janeiro a abril de 2009 registraram um valor médio de R$ 844,69, resultando em 32,6% de crescimento, se comparado com igual período de 2008.


Como está a demanda por crédito
A demanda por crédito no País aumentou em abril e está próxima dos níveis pré-crise, enquanto as taxas de juros caíram pelo terceiro mês consecutivo, mostram levantamentos realizados pela Serasa Experian e a Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).
 
O indicador da Serasa mostra que a procura por recursos subiu 10,8% em abril ante março no País, na segunda ampliação mensal seguida. Segundo a Serasa, há uma evolução rumo à recuperação do nível de demanda dos consumidores que estava em vigor antes da piora da crise econômica mundial.

Já a taxa de juros média para a pessoa física caiu 0,06 ponto porcentual, para 7,33% ao mês em abril, atingindo o menor patamar desde maio de 2008. Para as empresas, a queda nos juros foi a mesma, levando a taxa média a 4,21% ao mês.

Entre as taxas para a pessoa física, apenas a do cartão de crédito ficou estável no mês, em 10,68%. Os juros do cheque especial caíram para 7,66% ao mês, a menor taxa desde dezembro de 2007. Já os juros do CDC de Bancos caíram para 2,88% ao mês, a menor da série histórica.


Comparação anual dos dados
Mas, mesmo com o aumento em abril, no confronto anual (contra o mesmo mês de 2008) a demanda dos consumidores sustenta-se negativa, com queda de 11,4% em abril ante mesmo mês de 2008. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2009, a procura dos consumidores por crédito ficou 6,3% menor que o patamar observado nos primeiros quatro meses de 2008.

Na pesquisa regional, o maior aumento da busca por crédito em abril foi notado na Região Norte (alta de 15%), acompanhada de perto pelas Regiões Sul (+11,9%) e Sudeste (+11,5%). Em seguida, vêm as Regiões Nordeste (+9,2%) e Centro-Oeste (+4,9%).

No Norte, a expressiva reabilitação da demanda, de cerca de 20% nos últimos dois meses (5,4% em março e 15% em abril), restaurou índice ao mesmo nível de setembro, quando a crise econômica se agravou. O processo de retomada também é verificado nas demais regiões, mas com menor força.

Todavia, no acumulado do primeiro quadrimestre, todas as regiões ainda mostram queda na demanda dos consumidores por crédito. A menor queda é observada na Região Norte (-2,1%), seguida por Centro-Oeste (-2,8%), Sudeste (-5,3%), Sul (-7,3%) e Nordeste (-11,5%).

O aumento da demanda por crédito em abril foi homogênea no que se refere à renda pessoal mensal. Essa elevação foi de 10,3% (consumidores com rendimento mensal entre R$ 1 mil e R$ 2 mil) e 12,1% (renda acima de R$ 10 mil). Conforme a empresa, essa homogeneidade é um sinal que beneficia a consistência desse processo de recuperação.

Mas, no acumulado do primeiro quadrimestre, a baixa renda (consumidores com ganhos mensais de até 500 reais) lidera a queda na procura por crédito (recuo de 11%). As demais faixas de renda oscilam entre variações negativas de -5% (renda entre R$ 5 mil e R$ 10 mil) a -6,4% (entre R$ 1 mil e R$ 2 mil). O Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito, lançado em 17 de março, é calculado com base numa amostra dos cerca de 11,5 milhões de Cadastros da Pessoa Física (CPF) consultados mensalmente na base de dados da empresa.


Bibliografia:
Jornal O estado de São Paulo de 16 de maio de 2009
Site www.estadão.com.br em 12 de maio de 2009
Site www.dci.com.br em 15 de maio de 2009
Site www.monitormercantil.com.br em 15 de maio de 2009
Site oglobo.com.br em 15 de maio de 2009
Site www.uai.com.br em 15 de maio de 2009
Site noticias.bol.uol.com.br em 15 de maio de 2009
Site economia.dgabc.com.br em 15 de maio de 2009
Site br.noticias.yahoo.com.br em 15 de maio de 2009