Instituto Brasileiro de Atuária: O IBA e a evolução da atuária no Brasil

Instituto Brasileiro de Atuária: O IBA e a evolução da atuária no Brasil

 

Aline de Araujo Oliveira, Robertha Cunha, Yasmim Madeira

 Acadêmicas do Curso de Graduaçãoem Ciências Atuariais- UFF

  

RESUMO:

Trata-se de um artigo de revisão, que apresenta um breve histórico das origens da profissão, objetivando destacar os desafios na atual formação, perfil, área de atuação e mercado de trabalho. Além disso, destaca a atuação do Instituto Brasileiro de Atuaria, seus objetivos, e a prova de habilitação para tornar-se um Membro do Instituto Brasileiro de Atuaria – MIBA. No que se refere ao perfil e mercado de trabalho, apresenta o profissional como habilitado para mensurar e administrar riscos, pontuando os diversos campos de ação, os desafios para o exercício da profissão, os altos salários e escassez desse profissional no mercado de trabalho, com a maior concentração dos atuários na região sudeste.

Palavra chave: Atuário – Formação – Mercado - IBA

INTRODUÇÃO

Para compreender a atuação do Instituto Brasileiro de Atuária – IBA é preciso conhecer um pouco da história, formação e atuação desse profissional.

Um profissional formado em ciências atuariais é um especialista em risco, um profissional responsável por mensurar valores de seguros, planos de previdência e outros produtos, definindo os valores que devem ser pagos para garantir o cumprimento de um contrato.

Embora as Ciências Atuariais seja considerada uma ciência recente, no que se refere à formação do profissional atuário, suas origens remontam às primeiras preocupações em se criar garantias aos indivíduos de uma sociedade e em se estudar quantidades de nascimento e morte das pessoas.

Historicamente observamos essa atuação datada de4.500 a.C. com o registro de um “caixa” que objetivava socorrer vítimas de infortúnios, como os sofridos por operários, na construção dos primeiros grandes templo judeus.

Segundo Brasil (1985) o estado cria a primeira proteção de seguro em 1.770 a.C. Brasil ressalta ainda que grupos de navegantes acordavam que se um deles perdesse a embarcação, outra seria construída e entregue ao proprietário. Se a perda da embarcação originasse de viagens a locais distantes, seria cessado o acordo do grupo e a culpa passava a ser do dono, anulando o acordo.

Já os primeiros passos para o desenvolvimento do “seguro de vida”, registram no período de753 a510 a.C, durante o Império Romano, com o estudo realizado por Domitius Ulpianos, prefeito de Roma, que analisou os registro documentais sobre “ nascimentos” e “mortes”.

 Segundo Azevedo (2008), no século X viagens e expedições de navios eram financiadas e a garantia do empréstimo era o próprio navio e a carga que transportava. No caso de algum sinistro, não haveria a obrigação de se pagar o empréstimo e, caso o navio chegasse ao destino, o empréstimo era pago acrescido de juros altíssimos, os chamado “juros náuticos”.

Ressaltando essa evolução histórica, Igor França Garcia professor e atuário MIBA/RJ 1959, em sua produção denominada Teoria geral do Seguro, ressalta que com a visão da coletividade, “para segurança de si e dos seus, o homem sentiu a necessidade de um sistema que viesse a protegê-lo dos infortúnios que a vida viesse a oferecê-lo”. Essa visão conduziu a processos e sistemas que deram origem a atuária.

No Brasil, a primeira publicação oficial surgiu no início de 1941, com o nome de “Revista Brasileira de Atuária”, mas foi em 1944 que os pesquisadores e matemáticos envolvidos com os temas e os trabalhos de natureza atuarial fundaram o Instituto Brasileiro de Atuária - IBA, uma sociedade civil sem fins lucrativos que busca a pesquisa, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da ciência dentre outros objetivos. Além disso, o IBA descreve de ação dos Atuários no Brasil, além de emitir parecer conclusivo quanto ao registro profissional de atuário, necessário para o exercício da profissão.

Com base nessas informações, fica fácil entender que trata-se de uma profissão que requer a capacidade de concentração para lidar com altos valores. Sendo assim, objetivando fornecer informações que melhor esclareçam a atuação desse profissional e do IBA, este artigo apresentará informações e dados que conduzirão o leitor a uma breve imersão na evolução da atuária no Brasil e a fundação do Instituto Brasileiro de Atuária e suas diversas atribuições.

DESENVOLVIMENTO

O Instituto Brasileiro de Atuária – IBA

O INSTITUTO BRASILEIRO DE ATUÁRIA - IBA é uma sociedade civil sem fins lucrativos que tem por objetivos: incentivar e proporcionar a pesquisa, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia dos fatos aleatórios de natureza econômica, financeira e biométrica, em todos os seus aspectos e aplicações; colaborar com as instituições de seguro, saúde e capitalização, previdência social e complementar, organizações bancárias e congêneres; e, cooperar com o Estado, no campo de atuação do profissional de atuária e na implementação da técnica atuarial. http://www.atuarios.org.br

Dentre os diversos objetivos do IBA, destacam-se:

• Incentivar e proporcionar a pesquisa, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia dos fatos aleatórios de natureza econômica, financeira e biométrica, em todos os seus aspectos e aplicações;
• Colaborar com as instituições de:

ü  Seguro, que trabalham com a fiscalização do trabalho técnico na área, ficando responsável pelos cálculos de prêmios e indenizações, além de cálculos de probabilidades;

ü  Saúde e capitalização, que trabalham com a pesquisa de fundos de investimentos, a elaboração de planos e políticas de investimento, com a gestão desses fundos, com aconselhamento e consultoria no mercado financeiro e a medição dos possíveis riscos;

ü  Previdência social e complementar, que podem trabalhar gerenciando os cálculos de fundos a serem criados para a cobertura de compromissos futuros, além de produzir relatórios de avaliação e mensuração do alcance da previdência e de possíveis riscos;

ü  Organizações bancárias e congêneres

• Cooperar com o Estado, no campo de atuação do profissional de atuária e na implementação da técnica atuarial.

O IBA possui comissões técnicas, que objetivam promover encontros entre seus membros, com o foco no desenvolvimento e discussão de trabalhos de interesse profissional e de satisfazer as necessidades de seus clientes ou seu consumidor. Essas comissões são coordenadas por profissionais especializados em cada área abordada, que se subdividem em:

ü  Comissão de Benefícios Pós-Emprego.

ü  Comissão de Formação Continuada.

ü  Comissão de Certificação.

ü  Comissão de Criação Conselho Federal foi renomeada para Comissão Institucional

ü  Comissão de Eleições e Revisão de Estatuto

ü  Comissão de Entidades Abertas, Seguros, Resseguros e Capitalização

ü  Comissão de Entidades Fechadas

ü  Comissão de Eventos e Congresso

ü  Comissão Graduação

ü  Comissão Internacional – IAA

ü  Comissão Normas Técnicas para Entidades Fechadas

ü  Comissão de Regimes Próprios

ü  Comissão de Riscos de Saúde

Sócio Membro (MIBA) e a Prova de Habilitação

Para se tornar um membro do IBA, ou seja, um MIBA é necessário que o profissional, além da formação em curso de graduaçãoem Ciências Atuariais, reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC seja aprovado no Exame de Admissão oferecido anualmente pelo IBA, desde 2005.

Esse exame é realizado por atuários graduados e por estudantes de Ciências Atuariais que estejam no período final, em vias de se graduar. Os que obtiverem avaliação positiva, ou seja, obtiver o mínimo de 50% de acertos sobre o total geral das disciplinas, e cumprirem os requisitos necessários são admitidos, recebendo o título de MIBA, como indicado em regulamento publicado pela Escola Nacional de Seguros – 2013.

Art 2º - O Exame de Admissão do Instituto Brasileiro de Atuária de 2013 poderá ser realizado por alunos que estejam cursando o penúltimo ou ultimo período do Curso de Graduaçãoem Ciências Atuariaiscom possibilidade de conclui-lo até a data da realização do próximo Exame de Admissão do IBA, e por aquelas pessoas que, graduadasem Ciências Atuariais, não possuam ainda o registro de Membro do Instituto Brasileiro de Atuária – MIBA, podendo também ser realizado pelos demais alunos de graduaçãoem Ciência Atuariais.

Parágrafo Primeiro – A admissão no Instituto Brasileiro de Atuária, em 2013, estará condicionada à aprovação do aluno ou do graduado em Atuária no Exame.

O Exame é composto por 4 (quatro) módulos disciplinares:

Módulo	Disciplinas
1º Módulo – Atuária	Matemática Atuarial; Gestão Atuarial
2º Módulo – Estatística	Probabilidade e Estatística; Modelagem Estatística
3º Módulo – Contabilidade/ Economia/ Finanças	Matemática Financeira; Gestão de Risco de Investimento; Contabilidade e Economia
4 Módulo – Legislação e Profissionalismo	Legislação e Profissionalismo

Escola Nacional de Seguros – 2013

O registro profissional é realizado pelo IBA, junto ao Ministério do Trabalho e Emprego. Após o registro profissional definitivo, o profissional receberá a carteira de atuário, válida em todo o território nacional. O seu nome e número de registro serão divulgados no site enquanto suas obrigações junto ao IBA estiverem regulares.

O Mercado

No Brasil há cerca de 850 atuários habilitados, ou seja, considerados atuários pelo fato de terem realizado a prova de habilitação. Desse quantitativo de profissionais habilitados, dois terços trabalham em Fundos de Pensão ou Seguradoras.

Atualmente, há 11 cursos de graduação reconhecidos pelo Ministério da Educação - MEC, que formam 200 atuários por ano. Dados do Instituto Brasileiro de Atuaria, de 2007, mostram que existe cerca de 350 vagas disponíveis por ano, concentradas no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, indicando maior procura do que oferta de profissionais, observando-se uma escassez de profissionais nessa área do mercado, que tem o salário inicial próximo a R$ 2.000,00, chegando a R$10.000,00 para quem possui experiência.

Em pesquisa apresentada pela Revista Exame, a profissão é considerada em alta, com profissionais que chegam a receber R$ 50.000,00, principalmente para os profissionais especializados na administração de seguros e pensões, que são requisitados, por seu perfil, para atuarem no mercado de fundos financeiros, asseguradoras, mercados de ações e corretoras de bolsas de valores. O dia a dia do profissional é estabelecer previsões financeiras de aposentadoria, pensões e reposição de imóveis, automóveis e produtos assegurados, utilizando-se de cálculos e análise dos riscos. www.exame.abril.com.br

O estatuto do IBA descreve o campo de ação dos atuários no Brasil.

São estes:

• Fundos de Pensões
• Instituições Financeiras
• Companhias de Seguros
• Empresas de Capitalização
• Órgãos Oficiais de Previdência (Municipal, Estadual e Federal)
• Entidades de Previdência Aberta sem fins lucrativos
• Entidades de Previdência Aberta com fins lucrativos
• Empresas de Assessoria e Consultoria em Atuária
• Órgãos de Fiscalização
• Previdência Social
• Perícia Técnica-Atuarial, atuando em processos judiciais que envolvem o cálculo atuarial.
• Auditoria Atuarial
• Planos de Saúde

          Segundo o cadastro feito no MIBA em 2006, encontra-se a devida quantidade de atuários no Brasil:

 Distribuição geográfica de atuários no Brasil

  Baseado no Cadastro MIBAS agosto/2006

 Considerando os dados informados pelo IBA, há carência de profissionais das ciências atuárias nas regiões Norte e Nordeste do país. O exposto pela revista VOCE S/A, mostra que a profissão de atuário é uma das profissões mais promissoras do mercado de trabalho brasileiro nas últimas décadas, a concepção de que umas instituições de seguro ou de previdência fazem parte do mercado financeiro, fez crescer a necessidade de um maior treinamento na área administrativa e financeira, especialmente no que tange a riscos financeiros e econômicos. Entretanto, não são encontrados muitos profissionais nesse ramo nas regiões citadas.

Conclusão

Vimos que, embora o reconhecimento profissional das Ciências Atuarias, seja considerado recente, a profissão é exercida a milhares de anos. Com sua oficialização pelo Ministério da Educação, na formalização do currículo, a profissão passou a ter uma estrutura e critérios para o exercício profissional.

O estudante formado em atuária deve ser aprovado no exame de habilitação do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), tornando-se um membro do IBA, tona-se um MIBA, com os direitos assegurados no exercício de sua profissão. A maior parte desses profissionais reside e atua na região Sudeste, com maior carência profissional nas regiões Nordeste e Norte. Parte dessa carência deve-se a pouca visibilidade que se tem sobre a profissão, que é pouco divulgada, e pela baixa oferta de vagas nas universidades e faculdades do país, embora a procura por profissionais pelo mercado seja maior que a oferta.

Para que essa realidade mude, será necessária uma ação conjunta, tanto por parte do mercado, na solicitação desse profissional, como do MEC, no aumento de vagas e até mesmo do IBA na divulgação da profissão. É um mercado promissor e uma profissão nova, que exige do profissional uma boa formação e posicionamento frente ao mercado de trabalho.

Referências

Azevedo, Gustavo Henrique W. de Azevedo. Seguros, Matemática Atuarial e Financeira – uma abordagem introdutória. São Paulo- SP, Editora Saraiva, 2008, 2. Ed.

BRASIL, Gilberto. O ABC da Matemática Atuarial e Principios gerais de Seguro. Rio de Janeiro, - RJ. Editora Funenseg, 2011, 6. Ed.

Garcia, Igor França. Ciências Atuariais -http://www.atuarialconsultoria.com.br/PROF%20IGORGARCIA/APOSTILAATUARIA.

IBGE www.ibge.gov.br.

http://www.ufpe.br/nip/Atuaria_Atuario.html

http://www.fea.usp.br/conteudo.php?i=212

http://www.atuarios.org.br/iba

http://guiadoestudante.abril.com.br

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/dia-do-atuario/dia-do-atuario.php

http://pt.wikipedia.org/

http://wikipedia.org/wiki/instituto_Brasileiro_de_Atuaria

http://conceitoseconselhosatuariais.blogspot.com.br/2011/10/iba-instituto-brasileiro-de-atuaria.html