Paracetamol, ou acetaminofeno, é uma composição encontrada em diversos medicamentos como Excedrin e Tylenol. Quando usado de forma adequada, combate as dores de cabeça e musculares, e, portanto, é considerado inofensivo.

Nos últimos tempos, a droga se tornou um dos principais remédios usados por mulheres grávidas para febres e dores. Porém, um recente estudo realizado pela Universidade da Califórnia (Los Angeles, EUA) juntamente à Universidade de Aarhus (Dinamarca), vem levantando preocupações sobre a ingestão do paracetamol durante a gestação.

O Estudo

As pesquisas mostram que usar a droga durante o período de gravidez está eleva o risco de o bebê desenvolver uma espécie de transtorno hipercinético, forma particularmente grave de hiperatividade com déficit de atenção (TDAH). Esse transtorno, o TDAH, é um dos distúrbios neurocomportamentais mais comuns no mundo, sendo caracterizado por aumento da impulsividade, hiperatividade, desorganização motivacional e emocional.

Os especialistas envolvidos no estudo resolveram analisar possíveis causas evitáveis, que poderiam estar desempenhando papel decisivo na doença. Parte dessa neuropatologia pode fazer-se presente no período do nascimento e a exposição durante a gestação ou infância.

Como o medicamento é o mais comum usado para combater a dor e a febre durante a gestação, os cientistas decidiram focar no mesmo.

O resultado

Durante seis anos, 64.322 mães e crianças foram estudadas. Por meio de entrevistas telefônicas, o medicamento foi apontado como o mais utilizado em até três vezes durante o período gestatório, além de seis a sete meses após o nascimento. Os pesquisadores descobriram que crianças, cujas mães usaram o paracetamol, apresentavam risco de 13 a 37% maior de receber diagnósticos hospitalares de distúrbio hipercinético.

Interessante que quanto mais tempo o medicamento foi ingerido, principalmente nos segundo e terceiro trimestres de gestação, as associações aos distúrbios foram mais fortes. Quando as mães haviam usado o analgésico por mais de 20 semanas com a criança se formando dentro delas, os riscos foram elevados para 50% ou mais.

Conclusão

Soube-se que, a partir dos dados obtidos, o paracetamol é, de fato, um disruptor hormonal, e, portanto, exposições hormonais anormais no período gestatório influenciam diretamente o desenvolvimento cerebral do feto.

Para que entendamos melhor, o paracetamol pode atravessar a barreira da placenta, podendo interromper o desenvolvimento cerebral do feto. Mas isso não é suficiente, conforme dizem alguns dos responsáveis pelo estudo. É preciso mais pesquisas para verificar os resultados, e se for totalmente comprovado, então o paracetamol não deverá mais ser considerado um remédio segura para o uso durante a gravidez.