A luta pela democracia e melhores condições de vida resultou em  lutas e reclamações o que levou a destituição dos militares do presidente egípcio eleito de forma democrática, mas se de um lado o apoio ao poder contou com a tendência islâmica = Qatar, que denunciou  algum tipo de golpe militar, as forças de oposição os seguidores do secular conservador = Arábia Saudita, vê nisso como uma correção do caminho da revolução, e entre estes e aqueles, um debate acalorado tomou posiçao sem fim nos horzontes.

Perguntando se o passo do militar, liderado pelo General Sisi é considerado como correção ou um golpe de Estado? Se isso é realmente um golpe militar, ou uma segunda revolução? Ou se trata apenas de uma vitória do movimento da insurgência? Ou então resulta de uma confrontaçao das forças ativas, levando o Egito  a viver a experiência turca?

A maioria das organizações islâmicas, dentro e fora do Egito consideram que o que aconteceu foi um golpe militar sobre a legitimidade do presidente eleito democraticamente,  internamente anota-se a  formação da Frente Nacional para a Defesa da legitimidade, chamando para  um sit-in nas praças do egito, condenando assim o golpe dos militares, e externamente  parece  a imagem do Partido  da Justiça e Desenvolvimento da Turquia e Ennahda  tunisina e a Frente da Salvação da Argélia,  o  Movimento de Unificação e Reforma ou ainda  JCO de Marrocos, além de uma série de organizações islâmicas e da União dos Eruditos Muçulmanos, que debatem sobre o Egito pelo motivo do golpe militar e as consequências sobre a legitimidade de um presidente eleito e de forma democrática,   regionalmente, a instabilidade levou á decisão da União Africano a suspender o Egito do acordo, acarretando muitas  divergências e posições do grupo de países europeus preocupados com a intervenção dos militares na vida política, denunciada pelos Estados Unidos e  Grã-Bretanha.

Mas o que chama atenção, na verdade, é o viés da Liga Árabe, mantido ao lado do poder da junta militar, considerando o que aconteceu como uma nova revolução, em apoio as mensagens de congratulações e suporte pela iniciativa e  novo passo do governo militar do Egito, contando entre estes países  Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Bahrein, além dos países da Europa Ocidental, como a Grã-Bretanha e a França que acreditam que  não é um golpe militar, comemorado no meio de um estado  de alegria e das massas de rebelião da juventude  egípcia , incuindo os famosos manifestantes de 30 de Junho da Praça Tahrir, alastrando para demais regiões do país, tendo apoio das organizações de direitos humanos e da sociedade civil, em oposição a Frente Nacional para a Defesa dos legítimos dos protestos que erguiram  cartazes contra os líderes anti-militares; em apoio á Irmandade Muçulmana, organizados de forma a manter uma pressão a favor de Mohamed Morsi, presidente legítimo eleito numa sufrágio universal, a luz dos observadores da legitimidade e ligalidade internacional e regional.

Nesse meio tempo, os principais jornais internacionais publicaram artigos sobre opinião cujas especialistas manipulam a cena egípcia e o futuro, num clima de guerra entre adversários e partidários do presidente, face a um conflito entre os  seguidores e facção oposta nos campos e na praça de Tahrir.

 Assim, Jonathan Marcus, repórter dos Assuntos diplomáticos no canal ABC britânico, publicou um artigo sobre esse incidente, assombrando os especialistas  políticos, onde o Ministro das Relações Exteriores de Grã-Bretanha, William Hague, comentando, dizendo que: "é  uma intervenção militar num sistema democrático, contando com um suporte popular».Marcos considerou ainda neste contexto, que o exército egípcio tem um grande papel na política desde a revolução de 25 de Junho, tal papel não vai desaparecer no curto prazo,   Sisi, general militar, portanto, não conseguiu manter suas tropas como espectadores sobre a situação política, ele obrigou-se a manter  fechado o quartel Geral, contra o perigo de intrusão dos supostos simpatisantes para lutar ao lado do presidente deposto.

Marcos acrescentou que a deportação do presidente democraticamente eleito pelo exército, aparente como um golpe de Estado, mas por outro lado, não se pode falar que o Egito conheceu  na era de Morsi um porcesso  da democracia.

O conhecido ciclo eleitoral, expressado pela popularidade, não fez do Egito uma democracia, a exemplo de muitos outros países que aspiram hábitos e comportamentos democráticos; contra os líderes políticos de Morsi, que não são suficientemente imbuídos no sistema da democracia.

Marcos caracterisou o golpe como uma mudança da democracia incompleta, chamando os especialistas, os  historiadores, os governos da região, bem como os diplomatas do mundo para lidar com a nova realidade do Egito.

Para Farid Zakaria, analista político do canal américano CNN, considerou revoltante a volta do exército egípcio para a vanguarda dos acontecimentos, apesar dos privilégios manipulados sob o poder de Sisi; considerdo o golpe do estado como uma estratégia inteligente, desvendando o fato de cercar o clero pela oposição como uma estratégia, para que  o mundo apoie um Estado democrático, a imagem do estado da Irmandade Muçulmana, transformando as desvantagens numa luta aberta para os rivais diante de um presidente eleito, mas foi incapaz de unir as forças e minorias ignoradas, causa dos protestos generalizados.

A luz disso  existem dois caminhos  para o Egito para sair do impasse, após esta intervenção militar, ou repetir a experiência do golpe militar de forma «tranquila» como aconteceu na Turquia, quando o militar derrobou o Governo islâmico porque ameaça o sistema secular da Turquia, antes de voltar atrás na decisão, mais tarde, resultando em novas eleições que levaram o Partido da Justiça e Desenvolvimento,  afastado do jogo político pelas forças seculares por desrespeitar os princípios de um Estado laico, outro caminho é o  Egito ir na direção de argelinos, cenário iniciado nos anos noventa, quando o exército cancelou o resultado da eleição, que a Frente Islâmica de Salvação liderou, resultando na luta sangrenta que  Argelia tenta ultrapassar  até hoje, salientando neste contexto para que qualquer um dos dois caminhos não se repeta, mas depende muito da reação da Irmandade Muçulmana e como reagir face a estes acontecimentos

Perante esta análise política isso nos deixa dizer que a acção militar  egípcia parece de um certo ponto de vista semelhante ao que aconteceu em alguns Estados onde é predominado o pólo político-militar (Argélia, Turquia, modelo da Venezuela). Tendo em conta estes experimentos políticos do regime militar, seus resultaos na prática variam os sangrentos (Argélia) e os da legalidade  (Turquia, Venezuela) enquanto a situação se agita e o cenário político egípcio situa-se entre os dois caminhos sem um outro, ou  pegar em armas e lutar contra á violência política, sustentando a tirania pacífica de alguns líderes da Irmandade Muçulmana, ou seja militares com maturidade pra atender as reveindicações do movimento rebelde anti islâmico.

 Este caminho é naturalmente depende do grau da reação e da capacidade de mobilizar mais público e criar tensão nos sitios principais, ao ponto de paralizar as instituições e privilégios  econômicos e políticos do país, levando a um colapso social e económico  e uma recessão num ponto em que será difícil o controledo  exército e da autoridade imposta. Assim, a queda de «Morsi» torna-se um golpe contra a legitimidade de um estado islâmico e da religião, considerada uma conspiração contra o Islã pelos lobbies do capitalismo internacional, visando estabelecer um Estado civil dependente da normalização das relações com estado de Israel e a posição contra a Palestina do Hamas.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor e pesquisador