Estudo sobre os novos clássico e Friedman

A crise decorrente da quebra da bolsa de Nova York em 1929 enfraqueceu o pensamento clássico da economia. A teoria de Keynes, baseada no desequilíbrio entre oferta e demanda, ganhou força.

Keynes dominou a macroeconomia até a década de 60. A grande inflação que surgiu na época, que não encontrava justificativas nessa teoria, a colocou em segundo plano e fortaleceu os novos clássicos.

Comum a todos os modelos novo-clássicos é a hipótese do equilíbrio contínuo dos mercados de trabalho e de produtos. Trabalhadores e empresas agem de forma desejada, mas a partir de informações incorretas, o que causaria os ciclos de negócios.

Modelo de percepção equivocada dos trabalhadores. As empresas e os trabalhadores nunca operam fora de suas respectivas curvas de oferta e demanda. Os ciclos de negócios, porém, existem porque os trabalhadores são mal informados. Eles percebem de maneira imprecisa o nível de preços.

O aumento de preços reduz o salário real (w/p). Os trabalhadores não percebem essa redução. Ao contrário, acreditam que a oferta é maior, já que o salário a partir do preço esperado (w/PE) é maior. Quando eles percebem que foram enganados, abandonam os empregos, as curvas novamente se ajustam no equilíbrio.

O ciclo é curto é causa uma taxa natural de desemprego, expressão que surgiu com Friedman.

Críticas: Friedman diz que as empresas têm maior percepção de preços por se focarem em preços de poucos insumos, ao contrário dos trabalhadores. O engano desses últimos, entretanto, é muito pouco provável. Primeiro, eles compram muitas mercadorias. Segundo, descobririam fácil em um ou dois meses. Terceiro, desconfiariam no próximo ciclo e mudariam suas expectativas.

Robert Lucas e as Expectativas Racionais

 

Três hipóteses básicas: equilíbrio de mercado, informações imperfeitas e expectativas racionais.

Expectativas racionais são quando as pessoas fazem as melhores previsões possíveis a partir dos dados que possuem. E não cometem os mesmos erros de previsão permanentemente.

Para vencer essas expectativas, e fazer com que as empresas produzam mais, só uma surpresa de preços.

Y = Yn + h(P – Pe). O PIB real é igual ao nominal somado à diferença entre o preço esperado e o real, multiplicado pelo coeficiente h, também chamado de reação da oferta. O h é alto em países com inflação estável, como os EUA, e baixo nos com histórico inflacionário, como o Brasil. Antes de Lucas, os clássicos acreditavam que a curva tinha a mesma inclinação em todos os países.

Lucas acredita que a mesma barreira de informação que existe para os trabalhadores existe também para os empresários. As empresas vendem em mercados competitivos e não tem controle sobre os próprios preços.   

A Hipótese de Ineficiência Política (HIP), também de Lucas, diz que, por conta das expectativas racionais, qualquer política monetária antecipada é ineficiente. Não pode alterar o PIB real. Empresas e famílias iriam desconfiar de qualquer política do Banco Central de estimular a economia. A HIP mataria a regra de retroalimentação de que o Governo conseguiria contornar ou minimizar recessões ou períodos de inflação.

Críticas: Lucas herdou de Friedman as teses de equilíbrio contínuo de mercado e informações imperfeitas. Estão erradas. Há muita informação circulando, o que não impede os ciclos de negócios.

Ciclo Real de Negócios

Explica que os ciclos de produto e emprego são provocados pela tecnologia e pelos choques de oferta, que podem ser negativos ou positivos. E esses choques são reais, não monetários. Eles podem incluir novas técnicas de produção, novos produtos, mau tempo, descoberta de novas fontes de matérias-primas, variação de preços das matérias-primas, entre outros.

No gráfico, as oscilações estão na oferta agregada, e não na demanda. 

Esses choques duram vários anos. Não são efêmeros, como o das informações imperfeitas. A economia reagiria aos choques, mantendo o equilíbrio contínuo de emprego e produção.

Para que esse equilíbrio funcione, a curva de oferta dos trabalhadores precisa ser positivamente inclinada, o que explica que uma menor produção, que abaixaria o nível de salário, resultaria em abandono de emprego. Se essa curva fosse vertical, o modelo conseguiria explicar os choques de produto, mas não os de emprego.

Substituição intertemporal: em tempos bons, com salários altos, os trabalhadores optam por trabalhar mais. Em tempos ruins, preferem o lazer. Saem do emprego, vão viajar, e só retornam quando a economia melhorar e lhe conceder um salário melhor.

“O elemento central do modelo CRN é que os trabalhadores e as empresas escolhem reduzir o emprego e a produção em tempos ruins e elevá-los em tempos bons. Essas escolhas são ideais, uma vez que os choques estão fora de seu controle”.   

O Governo só atrapalharia, já que qualquer ação contra ou a favor do choque deturparia a interpretação da realidade econômica por parte dos agentes.

Críticas: choques por retração de tecnologia são pouco plausíveis. O modelo não inclui, como no ISLM, um multiplicador para potencializar os efeitos de um choque, o que deixa a desejar nas explicações das grandes recessões.

Os preços também não acompanham os choques como deveriam. Ou seja, abaixam nas crises e aumentam nos bons momentos econômicos. O que indica que as crises são ocasionadas tanto pelos choques de demanda quanto de oferta. Os salários também sobem nas crises.

Os novo-keynesianos

 

Os keynesianos originais combinam uma teoria de deslocamentos de demanda agregada com oferta agregada (ISLM). Não defendem que o mercado se equilibre de forma contínua. O ajuste lento dos preços pode levar uma economia a um estado de desequilíbrio por anos.

O atrativo dessa teoria é a não satisfação de empresas e empregados durante a crise. Ambos estão fora da curva. Não tomam decisões voluntárias, como acreditam os clássicos. A teoria defende que há falhas de mercado que prejudicam os equilíbrios.

Diferente do modelo original, que defendia salários nominais fixos, os novos Keynes argumentam que ajuste lento tanto dos salários quanto dos preços. Uma abordagem que toma emprestado as expectativas racionais dos novo-clássicos. Para os NK, as empresas tentam maximizar o lucro e os trabalhadores o bem-estar. Uma busca microecnômica com reflexos macro.

Outra diferença está na distinção entre a rigidez nominal e a rigidez real.  Nominal é quando as empresas resistem em mudar preços e salários por não querer arcar com os chamados custos de menu  (Z), que leva em consideração concorrência, perda de cliente, ajuste de contrato, etc. Esses custos de menu, muitas vezes, não precisam ser grandes para impedir o ajuste, que renderia mais lucro para a empresa.

 Tanto os novos quando os velhos acreditam que as empresas, na busca pelo lucro, nem sempre produzem na quantidade excelente para a sociedade.

 Os novo-clássicos entendem as empresas como tomadoras de preço, já que existiria concorrência perfeita. Os NK já dizem que a maioria dos mercados é imperfeita, com empresas tomadoras.

 A perda da sociedade a partir da decisão da empresa de maximização dos lucros para não cortar o preço é chamada de externalidade macroeconômica. A empresa não paga os custos que sua decisão impõe à sociedade, assim como a poluição e ruído. A sociedade ganharia mais se todas as empresas cortassem os preços em conjunto. Se apenas uma o fizer, levará prejuízo. Eles não fazem isso, segundo Gordon, porque há uma falha de coordenação.

 Um dos motivos que leva as empresas a manter o preço é o grande número de mercados que ela depende. Uma empresa compra insumos de muitos fornecedores. Muitos mantém o preço, o que deixa os seus custos no mesmo patamar. É a abordagem insumo-produto que explicaria a ausência de indexação da economia. Agir sozinho abaixando os preços é o mesmo que falir.

 Datas para reajustamento de salários, os dissídios, contribuem para uma melhor absorção do mercado aos novos valores. No Japão, onde todas as categorias recebem a resposta no mesmo dia, essa absorção é mais fácil. Nos EUA e Brasil, em que as datas são diversas, é mais difícil.

 As empresas não diminuem os salários também por acreditar que o alto salário contribui para a eficiência do trabalhador. Seria uma forma de fiscalização mais barata, já que o trabalhador não fará corpo mole por tem medo de perder sua boa renda. Agindo assim, a empresa garante os bons profissionais, numa disputa com os seus concorrentes.

 Críticas: Há muitos motivos para explicar o desequilíbrio. A questão das negociações salariais, por exemplo, que não permitem a redução em momentos de crise, já existia na economia antes do fortalecimento dos sindicatos e organizações trabalhistas, que se deu na década de 30.