RESUMO

Os objetivos do presente trabalho foram, abordar de um modo geral a esquizofrenia, o seu curso, seu tratamento e seu prognóstico; enfatizando a assistência de enfermagem, tão quanto o relacionamento terapêutico do paciente com o profissional enfermeiro; e a relação da família frente ao indivíduo portador da doença mental esquizofrenia. A esquizofrenia é um dos principais problemas de saúde mental, e gera grande sofrimento para a família e para o portador desse transtorno. Existem 5 tipo de diagnósticos diferenciados dessa doença; a esquizofrenia desorganizada, catatônica, paranóide, residual e indiferenciada, que se distinguem por seus sinais e sintomas característicos. É fato que a intervenção familiar junto ao tratamento do paciente portador de doença mental, é indispensável para sua recuperação e readaptação ao convívio familiar e social. Devendo ser considerado que a família passa por um sofrimento muito grande, tendo muitas vezes que deixarem de cuidar de si próprios para cuidar exclusivamente do doente, levando em conta que nem todas sabem ou querem lidar com portadores de esquizofrenia. Os tratamentos são realizados de acordo com o tipo de esquizofrenia, e o estágio em que a doença se encontra. Conciliando o tratamento medicamentoso com o psicoterapeutico, devendo evitar-se ao máximo as internações prolongadas, que como comprovado, influenciam negativamente para a recuperação e readaptação do doente. A equipe de enfermagem tem desempenhado papel importante na recuperação e tratamento do paciente portador de doença mental. Ela pode atuar através de intervenções de enfermagem feitas exclusivamente para cada paciente, de acordo com suas peculiaridades e características. O cuidado de enfermagem pode se desenvolver através de visitas domiciliares, oficinas e outros, observando sempre os efeitos das medicações, as reações adversas que o paciente possa apresentar, acompanhando sempre o estado de saúde do paciente. Concluímos que a prática da enfermagem são ações que visam a melhora da vida do paciente e de sua família.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho trata-se de um estudo baseado em revisão bibliográfica, realizadas através de pesquisas em artigos científicos na base de dados: Scientific Electronic Library Online - Scielo e através de revisão bibliográfica de livros da biblioteca da FAP - Faculdade da Alta Paulista.

Escolhemos este tema esquizofrenia por ser uma ameaça tão grande a vida e a felicidade, e porque suas causas são um enigma não resolvido; portanto queremos estudá-la para orientar, como enfermeiros, os familiares de portadores da esquizofrenia, e prestar uma melhor assistência ao doente mental.

Dada a importância desse transtorno psiquiátrico, tanto para o paciente esquizofrênico quanto para a família, a sociedade e a saúde pública, esse trabalho de conclusão de curso tem como objetivo a revisão bibliográfica sobre o processo de enfermagem em esquizofrenia, permitindo assim um melhor aprendizado sobre esse tema tão pouco abordado e de extrema importância e relevância, para que seja ofertada uma melhor assistência aos pacientes portadores desse transtorno, e a reintegração do mesmo na sociedade, na retomada de seus afazeres e no convívio familiar.

2 DEFINIÇÃO DE ESQUIZOFRENIA

Esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico e um problema de saúde que afeta aproximadamente 1% da população, e causa grande sofrimento para o doente e para a família. Apresenta longa duração onde o paciente passa por vários períodos de crises e remissões, que geralmente causam deterioração do funcionamento do doente e da família. De acordo com Giacon e Galera (2006 p. 287) a esquizofrenia é um transtorno causado por fatores biopsicossociais, que apresentam longa duração, e períodos de crise e remissão, o que causa diversos danos e perdas, onde o paciente geralmente apresenta comportamentos típicos, porém seu curso não é típico, por apresentar vários episódios ao longo do tempo.

Entretanto Nogueira et al. (2002, p. 53), refere-se a esquizofrenia como sendo uma psicose grave, de evolução crônica, com início mais predominante entre 16 e 28 anos, que pode levar o indivíduo a vários graus de deterioração de personalidade, com riqueza de manifestações psicopatológicas e com desorganização de diversos processos mentais.

Dally e Harrington (1975, p. 158), definem a esquizofrenia como sendo um grupo de moléstias, caracterizado por perturbações mentais, afetivas e volitivas, com uma tendência a fugir da realidade.

Figura. 1

Figura 1: Paul Eugen Bleuler psiquiatra suíço notável pelas suas contribuições para o entendimento da esquizofrenia.

O termo esquizofrenia foi criado por Eugen Bleuler (Figura1), em 1911 que determinou que a desorganização de pensamento era o principal sintoma da patologia, e o nome usado significa: mente fendida ou dividida. Ele ainda dizia que "na esquizofrenia não há própriamente demência no sentido clássico, nem aparição da moléstia é fatalmente precoce, como ainda não é a sua evolução para demência terminal". (CAETANO, PESSOA E BECHELLI, 1993, p. 4)

A Classificação Internacional das Doenças (CID–10), da Organização Mundial da Saúde coloca os quadros de esquizofrenia na codificação F20, e os define como: "Distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção e por afeto inadequado ou embotado. (TEIXEIRA 2005, p. 171)".

A patologia dificilmente é diagnosticada logo no início e pode se manifestar de maneira lenta ou brusca.

Nogueira et al. (2002, p. 55), diz que o início insidioso da doença, a demora para se iniciar um tratamento, o isolamento social, o ambiente familiar desfavorável, a sexualidade pobre, a ausência de parceira conjugal, ser do sexo masculino, ser dotado de um nível baixo de inteligência, possuir herança predominante entre outros, são indicadores de um mau prognóstico.

2.1 TIPOS DE ESQUIZOFRENIA

Os autores e estudiosos concordam que, a esquizofrenia é basicamente dividida em 5 tipos, que são diferenciados através dos sinais e sintomas e comportamento do portador desse transtorno, sendo elas:

·Esquizofrenia Desorganizada ou Hebefrênica

·Esquizofrenia Catatônica

·Esquizofrenia Paranóide

·Esquizofrenia Residual

·Esquizofrenia Indiferenciada

2.1.1 Esquizofrenia Desorganizada ou Hebefrênica

De acordo com Nogueira et al. (2002, p. 58), esse é o tipo de esquizofrenia que possui maior chance de deterioração inicial, pois apresenta regressão acentuada a um comportamento primitivo. É caracterizado pelos sintomas de desorganização e transtorno de pensamento, incoerência e dissociação, afetividade e respostas sócio-emocionais inadequadas, aparência pessoal e contato com a realidade precários, comportamento hilário e bizarro, maneirismo e retraimento social. Existe nesse tipo de esquizofrenia um risco de heteroagressividade, distúrbios eróticos acentuados e geralmente vem seguido de um grau maior de deterioração.

CAETANO, Pessoa e Bechelli (1993, p. 12), dizem ainda que, "o quadro sintomatológico é geralmente acompanhado de retraimento social, personalidade pré-mórbida empobrecida, início precoce e insidioso e curso crônico sem remissões significativas".

2.1.2 Esquizofrenia Catatônica

A esquizofrenia Catatônica é caracterizada pelas alterações psicomotoras como: esturpor, rigidez, excitação, negativismo ou posturas bizarras, acompanhadas de estereotipias, maneirismos, mutismo e flexibilidades cérea. (CAETANO, PESSOA E BECHELLI, 1993, p. 12).

O paciente portador desse tipo de esquizofrenia deve estar sob atenta supervisão, pois podem apresentar agressividade a ponto de se ferirem e ferirem a outros, além de apresentar maior risco de desnutrição, exaustão e hiperpirexia.

2.1.3 Esquizofrenia Paranóide

A esquizofrenia Paranóide é o tipo mais ameno de evolução da esquizofrenia e de acordo com Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p.12 - 13), apresenta, como características associadas, a ansiedade, querência, violência, alucinações auditivas, delírios sistematizados e alterações das interações pessoais. Entretanto Nogueira et al (2002, p. 56), afirma que as principais características estão ligadas ao pensamento de grandeza e perseguição, acompanhadas de delírios e alucinações auditivas, surto agudo, ausência de sintomas catatônicos e desorganizados e menor abotamento afetivo; e completa que o portador apresenta grande risco suicida e de agressão devido aos delírios, alucinações e agitação.

2.1.4 Esquizofrenia Residual

A esquizofrenia residual caracteriza-se pela permanência de manifestações sintomáticas negativas após os surtos, afastamento social, comportamento excêntrico, embotamento emocional, pensamento ilógico, inadequação afetiva, apragmatismo, dissociação do pensamento e história anterior de pelo menos um surto de esquizofrenia que geralmente se torna crônico. (CAETANO, PESSOA E BECHELLI, 1993, p. 13).

2.1.5 Esquizofrenia Indiferenciada

De acordo com Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p. 13 - 14), a esquizofrenia indiferenciada é caracterizada pelos sintomas de delírios, alucinações, incoerência ou comportamento desorganizado. Entretanto Nogueira et al. (2002, p. 59), afirma que esse tipo é caracterizado pelos sintomas negativos evidenciados, e os dois concordam que a esquizofrenia indiferenciada apresenta ausência de outros sintomas que possam ser classificados em qualquer outro tipo de esquizofrenia.

Além dos sintomas, esse tipo de esquizofrenia apresenta deterioração do nível de funcionamento, ausência de alterações somáticas relevantes e duração contínua da doença por pelo menos seis meses.

2.2 ESQUIZOFRENIA EM SEU PRIMEIRO EPISÓDIO

A esquizofrenia é um dos principais problemas de saúde, e que causa grande sofrimento para a família e para o paciente, e apresenta vários graus de comprometimento. A intervenção imediata apresenta melhores resultados se realizada já no primeiro episódio da doença, portanto se houver demora em se procurar um tratamento o prognóstico se torna menos favorável. Assim é de grande importância que se procure ajuda no primeiro surto, para que se possa realizar uma boa intervenção de enfermagem, a fim de reduzir o sofrimento físico-emocional dos pacientes que apresentam esse episódio da doença. (GIACON E GALERA, 2006, p. 288).

3 ETIOLOGIA DA DOENÇA

De acordo com Kaplan, Sadock, Greeb (2006, p. 444), na esquizofrenia existem inúmeros transtornos que se manifestam com sintomas parecidos.

Esses sintomas podem ser por causas diferenciadas manifestando-se em portadores de todos os tipos.

De acordo com Dally e Harrington (1978, p. 164) as causas da esquizofrenia ainda não são conhecidas.

Entretanto, afirmam que existem duas teorias principais, onde uma reconhece que a mente sofre mudanças através de um distúrbio químico que interferem nos mecanismos integrativos centrais; e a outra ressalta que os problemas da mente têm causa puramente psicológica, dizendo ainda que "a esquizofrenia é o resultado da regressão a um nível infantil primário". (DALLY E HARRINGTON, 1978, p. 164)

Ainda dizem que, existem fatores que são capazes de contribuir para a esquizofrenia, sendo eles: os fatores genéticos, de personalidade, estrutura orgânica, relacionamento criança-pais, fatores sociais, anormalidades bioquímicas e endócrinas, fatores ambientais, drogas alucinógenas e fatores precipitantes.

Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p.143) explicam que a esquizofrenia seria uma conseqüência de um processo multifatorial poligênico, supondo que um grande número de fatores genéticos e ambientais interagem de forma aditiva para produzir os diferentes quadros clínicos da esquizofrenia, onde nenhum fator por si só seria suficiente para causa-lá.

3.1 FATORES BIOLÓGICOS

De acordo com Kaplan, Sadock e Greeb (2006, p. 445), várias pesquisas comprovam que áreas do cérebro, sistema límbico, córtex frontal e gânglios basais podem ser responsáveis pelo desencadeamento da doença.

Tendo em vista que essas áreas citadas acima são interligadas qualquer distúrbio em uma delas, as outras também podem ser atingidas.

O que pode acarretar a anormalidade pode ser causado por uma migração anormal dos neurônios pelas células gliais no período de desenvolvimento ou ainda pela degeneração dos neurônios após o desenvolvimento.

3.2 FATORES AMBIENTAIS

Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p. 142), ressaltam que, vários fatores ambientais, têm sido associados à esquizofrenia. Como exemplo, pessoas que nasceram em épocas frias do ano, que os faz supor que o inverno causaria intercorrências no feto ou no neonato, levando a complicações à saúde mental.

3.3 GENÉTICA

Estudos relatam que o fator genético contribui significativamente para o desenvolvimento da esquizofrenia.

De acordo com a tabela 1, elaborada através de estudos sobre seu conteúdo, um indivíduo que, em sua árvore genética tenha outros membros da família com esquizofrenia tenha maior probabilidade de adquiri-la.

Quando se trata de gêmeos monozigóticos o risco é ainda maior.

"Os estudos de gêmeos monozigóticos adotados mostram que os gêmeos criados por pais adotivos têm esquizofrenia na mesma razão que seus irmãos gêmeos criados pelos pais biológicos". (KAPLAN, SADOCK, GREEB, 2006, p. 450).

Por este motivo é bem provável que as causas genéticas sejam maiores para o risco de esquizofrenia do que outros fatores citados.

Tabela 1- Prevalência de Esquizofrenia em Populações Específicas

População

Prevalência %

População Geral

1,0

Irmão não-gêmeo de um paciente esquizofrênico

8,0

Criança com um dos pais esquizofrênicos

12,0

Gêmeo dizigótico de um paciente esquizofrênico

12,0

Criança com os dois pais esquizofrênicos

40,0

Gêmeo monozigótico de um paciente esquizofrênico

47,0

3.4 MODELO DE ESTRESSE - DIÁTESE

Este modelo etiológico se dá quando a pessoa é vulnerável a ambientes estressantes como situação de estresse familiar, por fatores biológicos ou ainda por uso de drogas ou trauma, fazendo com que o individuo desencadeie a patologia. (KAPLAN, SADOCK E GREEB, 2006, p. 445)

3.5 FATORES PSICOSSOCIAIS

Além de tratamentos medicamentosos sabe-se da importância que a família tem diante da patologia.

O fator psicossocial há muito tempo atrás, segundo Kaplan, Sadock e Greeb (2006, p. 450) está diretamente ligado ao aparecimento da patologia. "Se a esquizofrenia é uma doença do cérebro, ela provavelmente se equipara à doença de outros órgãos cujos cursos são afetados pelo estresse psicossocial". (KAPLAN, SADOCK E GREEB, 2006, p. 450).

4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A esquizofrenia se manifesta geralmente no final da adolescência ou no inicio da vida adulta, tanto em homens quanto em mulheres, porém nas mulheres se apresenta num curso mais leve, geralmente ela se manifesta nessa fase da vida por ser um período conturbado devido às várias transformações, onde podem surgir as psicoses.

Nos homens a doença é mais precoce em relação ao sexo feminino.

De acordo com Chaves (2005, p. 21) "Em geral, os homens têm um inicio em torno dos 18-25 anos e as mulheres em torno dos 25-35 anos".

Entretanto Nogueira et al. (2002, p. 53), afirma que essa psicose grave tem sua evolução crônica, iniciando-se dos 16 aos 28 anos.

Os pacientes portadores desse transtorno geralmente apresentam comportamentos típicos, que iremos citar logo a baixo, porém seu curso não é típico, fazendo assim com que o paciente apresente vários episódios ao longo do tempo, precisando às vezes de hospitalização breve. Normalmente os pacientes só procuram ajuda quando os sintomas são agudos, e normalmente nesse período eles já apresentam bastante deterioração, pois a esquizofrenia se inicia antes das manifestações clinicas dessa psicose.

Apesar dessa psicose ser de natureza grave, e de longa duração os indivíduos portadores apresentam melhoras progressivas com o decorrer do tempo e alguns até remissão total ou parcial dos sintomas.

Estudos comprovam que a idade em que o individuo apresenta os primeiros sintomas, até a procura de ajuda especializada, influenciam no prognóstico bom ou ruim do curso da doença. Assim, aqueles que procuram ajuda mais brevemente ou já nos primeiros surtos da doença possuem maiores chances de obterem um bom prognóstico.

4.1- SINAIS E SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA

De acordo com Nogueira et al. (2002, p. 54), Bleuler em 1911 criou o termo "autismo", como sendo um dos sintomas da esquizofrenia, e realizou uma divisão dos sintomas, subdividindo-os como sintomas primários ou fundamentais, e sintomas acessórios, que estão listados abaixo:

Sintomas primários de Bleuler:

-Embotamento Afetivo

-Distúrbios do curso do pensamento

-Ambivalência

-Autismo

-Afrouxamento das Associações

Sintomas acessórios:

-Erros sensoriais

-Idéias delirantes

-Alucinações

-Transtornos de memória

-Sintomas catatônicos

-Peculiaridades de linguagem

-Alterações de personalidade

Enquanto Kurt Scheider, de acordo com Nogueira et al. (2002, p. 53 - 54), subdividiu os sintomas, como sendo de primeira e segunda ordem, que estão listados logo abaixo:

Sintomas de Primeira Ordem de Kurt Schneider:

-Alucinações na Terceira Pessoa (vozes comentadoras)

-Eco do Pensamento

-Fenômenos de Influencia

-Percepção Delirante

-Inserção de Pensamentos

-Isolamento social

-Vivência de influência nos sentimentos, tendências e vontade

Sintomas de segunda ordem de Kurt Schneider:

-Desordens da percepção

-Perplexidade

-Intuição delirante

-Abulia

-Sentimentos de empobrecimento emocional

-Disposições de animo depressivas e maníacas

Devemos ressaltar ainda, que esses eram sintomas que não incluíam o aspecto evolutivo da doença, levando em consideração apenas o momento atual do doente.

De acordo com Caballo (2003, p. 591), a esquizofrenia caracterizada por dois tipos de sintomas, sendo eles positivos e negativos, onde os positivos referem-se ás cognições, experiências sensoriais e comportamentos presentes nos pacientes que normalmente estão ausentes nas pessoas sem o transtorno.

Exemplos comuns de sintomas positivos incluem alucinações (p. ex., ouvir vozes.), idéias delirantes (p. ex., acreditar que pessoas os perseguem) e o comportamento estranho (p. ex., manter uma postura estranha sem motivo aparente). Os sintomas negativos referem-se à ausência ou diminuição das cognições, emoções ou comportamentos, que normalmente estão presentes nas pessoas sem o transtorno. Exemplos comuns como: expressividade afetiva embotada ou plana (p. ex., diminuição da expressividade facial), pobreza da fala (p. ex., diminuição da comunicação verbal), anedonia (p. ex., incapacidade de experimentar prazer), apatia, retardo psicomotor (p. ex., lentidão ao falar) e inércia física. (CABALLO, 2003, p. 591)

Os sintomas positivos costumam oscilar ao longo do curso do transtorno, enquanto os negativos costumam ser estáveis ao longo do tempo se diferenciando e se encaixando cada um em um ou mais tipos de esquizofrenia.

A depressão, as idéias suicidas, ansiedade, idéias delirantes paranóides, ira, hostilidade são outros sintomas presentes nos pacientes esquizofrênicos.

Segundo Caballo (2003, p. 592), aproximadamente 10% das pessoas que possuem este transtorno, morrem por suicídio.

Os pacientes esquizofrênicos apresentam deterioração no funcionamento social, como manter relações interpessoais, incapacidade de trabalhar, dificuldades no auto cuidado.

Giacon e Galera (2006, p. 288) ressaltam que a doença tem como formas de início, a aguda e insidiosa, onde a forma insidiosa tem um inicio mais ameno, porém quando não tratada evoluiu para deterioração e exacerbação.

5 DEFINIÇÃO FAMÍLIA

Murta (2007, p. 311) relata que o conceito família sofreu variações de acordo com a evolução da humanidade, onde ocorreram mudanças até mesmo nos papéis dos integrantes de uma família. Nos tempos de hoje, a família é vista como responsabilizadora por mudanças sociais e morais, e como sendo essencial para a formação de valores, personalidade e de caráter. Considerando que o amor, o respeito e a afetividade entre os casais, é que dão suporte para a educação dos filhos.

Murta (2007, p. 312) ainda afirma que as trocas afetivas dentro da família podem exercer marcas nas pessoas, que poderão ser levadas ao longo da vida, influenciando positiva ou negativamente em seus comportamentos, relacionamentos e convívio, sejam dentro ou fora do ambiente familiar.

Por isso a família não pode ser considerada como uma entidade estática, devido a suas mudanças continua, de acordo com o passar dos anos, e considerando que cada uma é dotada de um conceito, uma raça ou crença.

Sendo assim Ferrari e Kaloustian apud Murta (2007, p. 313), preconizam que ela:

[...] é o espaço indispensável para a garantia de sobrevivência de desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que proporciona os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.

5.1- RELAÇÕES DA FAMÍLIA COM O PORTADOR DE ESQUIZOFRENIA

SegundoVillares, Redko e Mari (1999, p. 37) a esquizofrenia é uma doença que deixa o paciente impossibilitado de realizar suas atividades do cotidiano, e a função de realizá-las ficam aos familiares que convivem dia a dia com o mesmo.

É a família que deve proporcionar o contato entre o portador da esquizofrenia e os serviços de saúde disponíveis a este tipo de patologia, e isso faz com que os familiares saibam lidar melhor com as situações de crise do paciente e saibam quando é hora de procurar ajuda emergencial.

Muitos dos familiares de portadores não se encontram em condições emocionais e econômicas para lidar com o sofrimento que a doença causa.

De alguma forma, esse laço da família com o paciente permite novos entendimentos e soluções para doença.

A forma como a família é estruturada tem muito a ver com o desenvolvimento da doença, principalmente o relacionamento entre mãe e filho. A cultura familiar os valores e regras têm muita influência no prognóstico. "Os aspectos psicossociais mais estudados dentro do ambiente familiar são os fatores de estresse que influenciam o curso do transtorno, sendo as principais variáveis medidas dos desvios de comunicação". (VILLARES, REDKO e MARI, 1999, p. 37)

Os pacientes têm uma boa melhora com a terapia psicossocial quando as famílias fazem parte de algum grupo de apoio.

É a família quem fornece as informações do paciente, e por isso é de extrema importância essa intervenção, pois a cada dia que passa, a família vai estar cada vez mais entrosada com a equipe responsável pelo paciente, ficando cada vez mais fácil seu convívio com o doente, deixando a família mais à vontade a lidar com a situação deixando para trás comportamentos críticos.

Além de proporcionar melhora ao paciente, procura-se tratar a família como um todo, focando os problemas familiares que também podem ser a causa do desenvolvimento da esquizofrenia e ajudando, através das terapias, os membros da família a resolver ou achar outra maneira de lidar com os problemas.

É essencial que a família esteja sempre informada do estado real do paciente, e que os mesmos possam sempre esclarecer suas dúvidas sobre a patologia, pois uma vez que se conhece a patologia fica bem mais fácil o entendimento do comportamento tornando, assim, mais tolerantes as mudanças do estado mental.

Essas intervenções devem sempre ser acompanhadas, juntamente com o tratamento medicamentoso e com outros atendimentos clínicos.

De acordo com Teixeira (2005, p. 172), há inúmeros modelos de famílias, sendo que cada uma tem a sua própria maneira de viver, suas crenças e culturas.

É a família que forma os indivíduos, e é devido ao modelo de vida escolhido pelos integrantes, que em alguns desenvolvem a esquizofrenia. "Assim, a esquizofrenia é vista como uma doença que pode se manifestar em indivíduos biologicamente vulneráveis, nos quais um ambiente afetivo familiar pode colaborar para o início da doença ou para recaídas". (SCAZUFCA, 2008, p. 50).

Por este motivo, a família desempenha no decorrer do tratamento um papel fundamental, pois é dela que deve partir a iniciativa para o tratamento do portador de esquizofrenia.

Como relata o autor citado acima, quando o individuo de uma determinada família desenvolve a doença, todos os outros indivíduos da mesma são afetados.

Acontece uma mudança em todo seu cotidiano onde muitas vezes deixam de realizar suas atividades, para dedicarem integralmente seu tempo ao doente, fazendo com que acabem com o passar do tempo adoecendo junto ao individuo doente.

A vida das pessoas mais próximas ao doente torna-se inteiramente dedicada ao mesmo, principalmente se o cuidador for um filho ou conjugue, onde eles deixam suas vidas de lado e optam por cuidar do outro ao invés de si próprio.

Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p. 270), afirmam que o episódio esquizofrênico se desencadeia em uma crise. Sendo assim, suas conseqüências não são previsíveis, no entanto o modo em que a família lida com essa crise e com o portador do transtorno interfere positiva ou negativamente em seu prognóstico. Por isso a família não deve ser somente vista como um informante, ou coadjuvante do tratamento do doente, mas também deve ser tratada, expondo suas dificuldades, anseios, medos, angústias e ansiedades, realizando um acolhimento da família. Deve-se também levar em conta a constituição da família, a sua interação, comunicação e relacionamento, para que seja elaborado um plano de cuidados específico, e de acordo com a necessidade de cada família.

6 OS TRATAMENTOS DA DOENÇA MENTAL – ESQUIZOFRENIA

Para que o tratamento da esquizofrenia tenha um bom prognóstico, é imprescindível que, os sintomas estejam presentes a menos de um ano, que o paciente ainda apresente reação emocional, início agudo da doença, estrutura física do tipo pícnico, idade de início superior a vinte anos e presença de fortes fatores desencadeantes. (DALLY E HARRINGTON, 1978, p.166).

Caetano. Pessoa e Bechelli (1993, p. 58), citam como sinais de um bom prognóstico, fatores como, escolaridade, traços depressivos, consciência de enfermidade, excitação catatônica, pacientes com atividades conjugais e ocupacionais, presença de sintomas afetivos, distúrbios não-característicos do pensamento e despersonalização. Afirma ainda que, o prognóstico de pacientes do sexo feminino é mais favorável do que se comparado com os do sexo masculino.

Portanto Caetano. Pessoa e Bechelli (1993, p. 58) e Dally e Harrington (1978, p. 166), concordam que são fatores de prognóstico ruim: o início da doença antes dos vinte anos de idade; demora na procura de tratamento; sintomas presentes a mais de dois anos; início da doença com curso lento e insidioso.

Também enfatizam que ao cuidar de um paciente com esquizofrenia, se cuida de várias crianças, de várias idades e todas ao mesmo tempo. Sendo assim o paciente é simultaneamente criança e um adulto de acordo com a sua idade real.



Figura 2: O matemático norte-americano John Nash, que, em sua juventude, sofria de esquizofrenia, conseguiu reverter sua situação clínica e ganhar o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1994.(FONTE: WIKIPÉDIA)

A figura 2 representa um exemplo conhecido mundialmente, de um paciente esquizofrênico, que ao longo do curso de sua doença, apresentou altos e baixos, picos de melhora, picos de regressão total e agravo da doença, diagnosticado por esquizofrenia paranóica, seguida de depressão e baixa auto-estima.

Ao longo de seu tratamento ele fora internado várias vezes e submetido a vários tratamentos como as já escassas eletroconvulsoterapia e insulinoterapia. Chegou uma hora em que ele por si próprio decidiu não fazer mais usos de medicações, e passou a apresentar uma melhora gradativa da sua doença até a sua recuperação, chegando até ganhar um Prêmio de Nobel pela sua inteligência no desenvolvimento em uma de suas teorias.

Esse exemplo, apesar de não ser comum, nos permite ver que, o tratamento da esquizofrenia, se realizado de maneira correta, pode apresentar um bom resultado, evoluindo para remissão total dos sintomas, ou proporcionando uma reinclusão do paciente na vida social, afim de que ele tenha um convívio melhor com sua família e consigo mesmo. Lembrando que é essencial, como ocorreu no caso John Nash, que a família de aporte psicológico e apoio integral ao paciente, em todo o curso da doença.

É necessário realizar um diagnóstico para cada tipo de paciente esquizofrênico para avaliar o tipo de tratamento prestado.

A avaliação e a assistência devem ser feitas por uma equipe multiprofissional, composta no mínimo de médico psiquiatra, terapeuta ocupacional, enfermeira com especialização em psiquiatria e assistente social. (GIACON E GALERA, 2006, p. 288)

O atendimento para indivíduos que apresentam sintomas de psicose deve ser realizado em local especializado, e podem ser: farmacológicas, psicossocial e intervenções com a participação da família.

O tratamento farmacológico é feito através de uso de antipsicóticos, que podem causar efeitos irreversíveis se não usados de maneira correta, e deve ser mantido durante os dois primeiros anos da doença para controlar recaída. Os usos de antipsicóticos atípicos melhoram os sintomas positivos, que contribuem no tratamento de sinais negativos; porém esses medicamentos apresentam diversos efeitos colaterais, que o caso da Clozapina, que não é indicada para o inicio do tratamento devido aos efeitos colaterais agravantes.

A intervenção psicossocial consiste no tratamento do paciente através de atividades sociais e ocupacionais, e tem como objetivo promover recuperação e melhor aceitação da doença, onde o atendimento domiciliar é quase sempre a melhor alternativa.

A intervenção com participação da família é altamente indispensável para a recuperação e adaptação do paciente. A intervenção sistêmica deve ocorrer com encontros intervalados, devendo considerar o sofrimento da família e a maneira da mesma lidarem com o problema do paciente.

A enfermagem junto ao paciente tem se mostrado bastante eficaz, pois o paciente e a família são observados em todos os aspectos ajudando assim no engajamento junto à comunidade.

6.1 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

A ingestão de medicamentos antipsicóticos foi um dos primeiros passos para que o sujeito portador de esquizofrenia iniciasse seu tratamento fora do âmbito hospitalar.

Segundo Giacon e Galera (2006, p. 288) é comprovado que o tratamento rigoroso com antipsicóticos ajuda na melhora dos sintomas, mantendo o paciente tranqüilo e estável, evitando assim sua piora.

No tratamento farmacológico são utilizados os antipsicóticos os neurolépticos.

Eles estão divididos em antipsicóticos típicos ou convencionais e os atípicos.

Antipsicóticos típicos ou convencionais são antagonistas da dopamina que, embora eficientes na diminuição dos sintomas, causam efeitos colaterais, como o efeito estrapiramidais que são os tremores, rigidez e bradicinesia e os mais usados são o haloperidol e clopromazina.

Já os antipsicóticos atípicos inibem receptores de dopamina e serotonina, proporcionando uma diminuição nos sintomas positivos e negativos com menos efeitos extrapiramidais, mas, em contrapartida, existe um aumento em relação ao peso do doente tendo assim que ser sempre cautelosamente supervisionado pela equipe de enfermagem sendo os mais utilizados a clozapina, resperidona o e olanzapine.

Durante o inicio do tratamento as medicações citadas acima devem ser observadas principalmente nas oito primeiras semanas, pois a não resposta do tratamento implica na troca das medicações para que o tratamento seja eficaz. "O tratamento farmacológico deve ser mantido, pelo menos, durante os dois primeiros anos, após o primeiro surto, para controlar uma recaída mais violenta". (GIACON E GALERA, 2006, p. 289).

É de extrema importância que a família e o doente tenham uma boa orientação sobre as doses prescritas e sobre a super dosagem, pois isso pode acarretar a piora do paciente.

6.2 TRATAMENTO PSICOTERÁPICO

Os familiares de pacientes no primeiro episódio psicótico ocupam um lugar importante no tratamento e na recuperação de seus parentes em atendimento.

De acordo com Zanini (2008 p. 47) além do tratamento medicamentoso, outro método utilizado é a psicoterapia onde são utilizadas abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou dinâmicas visando recuperar o individuo no nível psíquico, interpessoal e social.

Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p. 250), enfatizam que "a psicoterapia isolada, é menos eficiente para pacientes esquizofrênicos".No entanto, autores estudados por eles afirmam que, é de extrema importância a utilização de tratamento psicoterápico, como forma auxiliar no tratamento da esquizofrenia.

Eles ainda ressaltam que o terapeuta deverá "ser uma ponte entre o paciente e a realidade, uma imagem real, não-virtual e o representante de uma realidade melhor". Caetano, Pessoa e Bechelli (1993, p. 250).

6.3 EXPECTATIVAS DO TRATAMENTO EM FAMILIARES DE PACIENTES COM TRANSTORNOS PSICÓTICOS

Quando uma pessoa da família apresenta um transtorno mental, os seus familiares manifestam variações emocionais, como, a raiva, a culpa e a negação da doença. Onde não é possível esperar que a família do indivíduo doente auxilie de imediato, dando apoio ao seu tratamento; porém, a maioria manifesta o desejo de se interar sobre o transtorno e suas formas de tratamento, com expectativas de que o paciente seja logo tratado e curado. Através desses anseios é possível perceber que os familiares de pacientes com transtornos mentais, apresentam muitas dúvidas sobre os transtornos psicóticos, e também como agir e lidar com os indivíduos enfermos. (CABRAL E CHAVES, 2005, p. 36).

7 PRECONIZAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

As doenças mentais fazem parte de uma grande área na saúde publica por causa da quantidade e do impacto que causa psicossocialmente.

Por esse motivo, o Congresso Nacional sentindo a necessidade de se criar uma lei, sancionou em 06 de agosto de 2001 a Lei nº 10.216, que relata sobre os direitos e proteção do paciente portador de doenças mentais reformulando o modelo de assistência prestada.Anexo1.

8 REFORMA PSIQUIÁTRICA

De acordo com MURTA (2007), "a reforma psiquiátrica foi instituída pela lei federal 10.216 em 6 de abril de 2001". Essa lei baseia-se na construção de um novo estatuto para portadores de doenças mentais, oferecendo aos portadores um modelo onde poderiam considerar-se cidadãos respeitados.

Essa reforma visava tratar o doente mental de forma igualitária tentando outros recursos que não precisassem mantê-los em clínicas longe da sociedade considerada com boa saúde mental.

O tratamento ao doente psiquiátrico era fundamentado em um modelo de saúde hospitalocêntrico. Manifestações contrárias surgiram nos anos 1970, constituindo o movimento de Reforma de Assistência Psiquiátrica no Brasil. (FERREIRA ET AL., 2007, p. 158).

A reforma psiquiátrica viabiliza um novo modelo no tratamento e no atendimento ao usuário, mudando o modelo da assistência prestada. Prevê maiores cuidados com pacientes de internação prolongada estimulando assim sua reabilitação. (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008, pág. 22).

Com essa reforma foi possível criar equipes multidisciplinares para dar suporte aos pacientes, fazendo com que novos espaços fossem adquiridos para a abertura de convênios proporcionando assim uma melhor convivência do doente na sociedade.

A reforma psiquiátrica nasceu com o objetivo de superar o estigma, a institucionalização e a cronificação dos doentes mentais. Para isso, é necessária a humanização do atendimento ao psicótico, a territorialização dos dispositivos e da atenção às práticas assistenciais, que devem potencializar a subjetividade, a auto estima, a autonomia e a cidadania. (ANDRADE, 2005, apud MURTA, 2007, p. 289)

9 A ENFERMAGEM NA EQUIPE DE SAÚDE MENTAL

De acordo com Potter e Perry (2004, p. 81). Baseando-se na teoria deHildegard Peplau de 1952 onde: "A enfermagem é um processo significativo, terapêutico e interpessoal" .

Esse processo permite um entrosamento entre enfermeira e paciente onde é possível fazer com que ele a e sua família tenha uma mudança de comportamento e um amadurecimento frente aos problemas da patologia.

A enfermeira dá suporte ao paciente podendo aconselhá-lo ajudando a suprir suas necessidades e a controlar seus medos e angustias acarretado pela doença.

A enfermagem psiquiátrica está fundamentada no relacionamento interpessoal enfermeira-paciente, através do qual observa os aspectos biopsicossociais do ser humano.No aspecto biológico, a enfermagem observa efeitos colaterais da medicação e acompanha a saúde geral do jovem paciente e de sua família. No campo psicossocial, pode se envolver em diversas atividades, tais como a visita domiciliária, a coordenação de grupos de pacientes em oficinas e outros temas. (GIACON E GALERA, 2006, p. 290).

A enfermagem tem como papel fundamental na equipe de saúde mental o relacionamento com o paciente e com a família do mesmo, além da observação dos efeitos colaterais e reações adversas aos medicamentos por ele utilizado.

Acompanhando sua saúde em geral, avaliando suas necessidades e aplicando as ações de enfermagem. O atendimento de enfermagem consiste em ações que visam a melhora da qualidade de vida do paciente e de sua família como um todo, de acordo com as características do paciente e da sua família, afim de colaborar para a sua reintegração social, controlar o surgimento de novos surtos, e tornar todos os envolvidos mais participativos no tratamento do paciente, cooperando e colaborando com o mesmo. (GIACON E GALERA, 2006, p. 290).

A cada dia que passa a enfermagem se encontra cada vez, mas envolvida em no desempenho de suas funções, tendo a possibilidade de expandir seus conhecimentos e melhorar a qualidade do atendimento ao paciente em seu âmbito profissional.

O atendimento prestado visa respeitar a problemática do paciente proporcionando a ele um tratamento igualitário como outro sujeito qualquer, e isso, depende muito da capacidade do enfermeiro em renovação em cuidados a cada cuidado prestado.

Dessa maneira, o enfermeiro desenvolve um importante papel, de modo a procurar entender os anseios do paciente como um todo, proporcionando uma boa convivência e ajudando a melhorar a qualidade de vida do paciente.

Segundo Murta (2007, p. 316) o enfermeiro é essencial na educação em saúde, e essencial à saúde do doente.

Sendo assim, o enfermeiro possui uma grande influência sobre o paciente, mais do que qualquer medicamento, tornando o relacionamento enfermeiro-paciente um aprendizado mútuo e experiência emocional para o doente, fazendo que ele torne o enfermeiro um exemplo, e estabeleça um elo de confiança e comunicação, sendo isso essencial para o tratamento e para uma assistência de enfermagem mais eficaz.

9.1 REDE HOSPITALAR

Atualmente a esquizofrenia faz parte das maiores causas de internação em hospitais psiquiátricos.

De acordo com Durão (2006, p. 587), aproximadamente 50% dos leitos são ocupados por pacientes com essa enfermidade, isso porque a cada ano surgem 50 novos casos de esquizofrenia para cada 100.000 de habitantes, o que representa no Brasil cerca de 75.000 novos doentes por ano.

Inicialmente, a internação serve para diagnosticar a esquizofrenia, proporcionar segurança ao paciente e para que os profissionais auxiliem nas atividades que o mesmo não consegue desempenhar sozinho como se vestir, se alimentar, por exemplo.

A doença é uma das mais complexas, o tratamento é utilizado para alivio dos sintomas e para proporcionar uma vida com mais qualidade ao paciente.

Cerca de 90% de pacientes portadores de doenças mentais graves estão desempregados, considerando-se que o trabalho é muito importante na recuperação do paciente.

De acordo com Kaplan, Sadock, Greeb (2006, p. 461) é necessário que se obtenha por parte da equipe medica, um planejamento sobre o tratamento da doença devendo-se sanar duvidas de familiares e do próprio paciente sobre seu período de hospitalização.

A estadia no hospital diminui o estresse do doente de modo a ajudar a retomar suas atividades cotidianas. Pelo qual esse período pode variar, de acordo com o grau da doença.

É importante que se tenha no hospital a rotina do dia a dia do paciente como se ele estivesse em sua residência.

9.2- REDE AMBULATORIAL

A rede ambulatorial engloba a realização de todos os métodos terapicos citados, visando prioritariamente, nos dias de hoje, a participação da família, e reinclusão social dos portadores de doença mental, a fim de diminuir as internações, que como vimos não é favorável ao paciente.

Na rede ambulatorial é que se desenvolvem as oficinas de terapia ocupacional, e atividades de grupo e integração do paciente.

10 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ESQUIZOFRENIA

De acordo com as taxonomias de Nanda (2005 - 2006, p. 259 – 271), os diagnósticos de enfermagem que se enquadram ao processo de saúde mental estão dispostos no Eixo 5 – Estado de saúde, se encaixando em vários domínios, como no Domínio 1 – Promoção da saúde; Domínio 6 – Autopercepção; Domínio 9 – Enfrentamento/Tolerância ao Estresse; Domínio 11 – Segurança/Proteção, sendo que em maior ênfase no Domínio 5 – Percepção/Cognição, onde a grande maioria de classes desse domínio podem ser identificadas nos diagnósticos realizados na saúde mental.

A assistência de enfermagem pode desenvolve-se através de visitas domiciliares, coordenação de grupos, oficinas e outros; com enfoque no sistema familiar, observando os efeitos das medicações e as reações, acompanhando a saúde do paciente.

De acordo com Giacon e Galera (2006, p. 290), a assistência de enfermagem inclui implementar avaliações biopsicossociais com atenção às características culturais do paciente, criar e implementar planos para melhorar as condições de saúde do paciente e de sua família, orientar paciente e família sobre as características da doença, do tratamento e sobre os recursos disponíveis, promover e manejar, dentro da saúde mental, os efeitos da doença através do ensino, da pesquisa, proporcionando adequado aconselhamento à família e ao paciente, manejar e coordenar sistemas de integração de cuidados que integrem as necessidades do paciente e da família, promovendo um entendimento e uma melhor aceitação da doença, o que leva à melhor adesão ao tratamento e uma melhor reabilitação social. Outra importante ação da enfermagem é a estimulação dos pacientes de primeiro surto esquizofrênico a usar recursos disponíveis na sociedade como trabalhos voluntários, atividades em grupos, exercícios físicos, lazer, entre outros:

-Aproximar-se de maneira calma e amigável.

-Quando o paciente estiver deprimido, permanecer ao seu lado o tempo todo.

-Administrar fármacos, antidepressivos prescritos.

-Observar efeitos e reações dos fármacos.

-Fazer comentários positivos sobre suas conquistas.

-Demonstrar interesse pelo paciente.

-Estimular alimentação.

-Registrar aceitação hídrica e alimentar.

-Observar e registrar eliminações. (DALLY, 1992, apud MURTA, 2007)

Segundo Murta (2007, p. 317) A assistência ao portador de doença mental, ocorra de acordo com as situações e particularidades de cada paciente. Diz ainda que o enfermeiro ou terapeuta se imagine como um doente mental, e a partir daí dê a sua assistência de forma humanitária, onde ele possa tratar o doente da maneira que gostaria de ser tratado se estivesse nesse papel.

Afirma ainda, que, pedidos e sugestões aos doentes funcionam melhor do que ordens e ameaças; portanto devemos primeiramente ouvir e dar atenção aos relatos e reclamações do paciente, fazendo com que ele nos respeite e façam as atividades, tomem os remédios e realizem todo o tratamento com boa vontade e interesse. Devemos também nunca fazer promessas, sermos sinceros e verdadeiros, para que possamos conquistar sua confiança, podemos também elogiá-los em seus feitos, e fazer comentários e observações a seu respeito quando o paciente estiver por perto. E, por fim, evitar ao máximo transparecer sentimentos como, medo, raiva, insegurança, compaixão e irritabilidade, e nunca compartilhar detalhes da sua vida pessoal.

10.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO VOLTADO COM A REDE DE APOIO PARA A FAMÍLIA, COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL A MANUTENÇÃO DA INTEGRAÇÃO SOCIAL

Apesar dos resultados obtidos, a inclusão dos familiares na intervenção ao paciente esquizofrênico, acontece muitas vezes de maneira falha, sendo pouco estudado, mostrando assim a necessidade de um planejamento mais elaborado.

Estudos comprovam que uma intervenção familiar associada a farmacoterapia, pode ser capaz de reduzir os índices de recaída em uma média anual de 40 a 53%, para uma média de 2 a 23%. (RODRIGUES E SILVA, 2006, p. 95)

A intervenção familiar é altamente indicada já no 1º episódio esquizofrênico.

A equipe multidisciplinar deve primeiramente conhecer a família, suas crenças, religião, medos, limitações, inseguranças, entre outros fatores, a fim de ajudar a família a se adaptar com a nova situação em que o paciente se encontra, ser orientado sob a maneira de agir, para que haja colaboração para o tratamento, estabilização e melhora do paciente, e o mesmo possa ter uma melhor inclusão, para uma melhor qualidade de vida da família como um todo.

No primeiro episódio indica-se uma intervenção familiar sistêmica, devendo promover a informação á família sobre a doença, seus sintomas, seu tratamento, sobre as crises, e outras dúvidas que a família venha ter, a fim de reduzir estigmas e preconceitos.

Sendo assim, Segundo Murta (2007, p. 313), afirma que a família é quem acompanha, avalia e supervisiona diariamente o tratamento de seus componentes doentes, onde ela mesma, na maioria das vezes, é quem expõe o problema do doente, o encaminha para um profissional. Pois quando há um indivíduo doente em uma família todos os outros membros são afetados.

Afirma também que a falta de assistência e informação à família e aos portadores de doença mental, gera tratamento ineficaz, que conseqüentemente evolui para internações desnecessárias.

11 CONCLUSÃO

O presente trabalho nos fez concluir que ainda existem poucos materiais para a pesquisa desse transtorno, assim como trabalhos científicos que dão enfoque na intervenção, e na presença da equipe de enfermagem no diagnóstico e tratamento da esquizofrenia.

Conseguimos identificar também, que a esquizofrenia sendo uma doença que atinge uma significante fração de população e tomando em consideração a sua gravidade e evolução, não é diagnosticado precocemente o que faz com que o tratamento e o prognóstico dos portadores desse transtorno não sejam eficazes.

Ficou bastante claro que, a doença mental, não tem ainda um tratamento eficaz na atenção básica de saúde mental, o que gera dificuldade, tanto para o portador da doença quanto para sua família, sobre opções de tratamento, escolha correta de terapias, durante o tratamento, gerando internações desnecessárias, que vai contra as prioridades da reforma psiquiátrica, causando complicações no tratamento, e muitas vezes levando os pacientes a regredirem em seu estado de saúde e doença.