Entender melhor a relação de velocidades de sua bike passa diretamente pelas partes que incluem o sistema de troca de marchas que possui. Lembre-se sempre de procurar entender essa relação de uma forma genérica antes de trazer para a realidade específica de cada conjunto.

O sistema de câmbio com 21 marchas, ou 7 marchas traseiras e 3 dianteiras é o que abordaremos neste artigo. O câmbio traseiro é responsável pela tensão da corrente e o alinhamento entre o cassete (conjunto de engrenagens traseira) e às coroas (conjunto de engrenagens dianteiras).

Para garantir que está comprando um bom câmbio traseiro e dianteiro, sempre adquira ambos da mesma marca e evite (se possível) aqueles que possuem, em sua composição, peças de plástico.

A escolha pelo de 21 marchas nada mais nada menos é por ser o mais utilizado no Brasil e englobar uma maior quantidade de leitores do blog. O número de marchas não quer dizer qualidade não, apesar de lhe dar mais opções de velocidade.

Neste tipo de caso, onde há muitas marchas, necessita também de um conhecimento sobre a relação de velocidades um pouco mais aprofundada, uma vez que a maioria dos ciclistas nem possui a real necessidade em quantidade.

Por exemplo, este de 21 marchas já é um exagero para ciclista de velocidade em terreno asfáltico, uma vez que ele não necessita das marchas reduzidas, pois não trabalhará muito com subidas.

 

Partindo do princípio

Como funciona essa troca de marchas? Bom inicialmente, vamos entender preceitos básicos da troca de marchas e os enumeramos para facilitar para o entendimento do leitor:

#1 Qual mão muda qual câmbio

O tradicional é a troca realizada na sua mão direita, trocar a marcha traseira. A mão esquerda é responsável pela troca da parte da frente. É bom para quem está aprendendo a trabalhar com um câmbio novo trocar somente as marchas do lado direito da bike, alterando somente a parte traseira, aumentando o número e sentindo o amolecer da pedalada e logo após diminuindo para sentir endurece-lo.

Esqueça a mão esquerda (câmbio da frente) por enquanto, foque em aprender bem essa relação de velocidade antes de utilizar as combinações entre um e outro.

#2 Sempre pedalando

Realize essa troca de marcha sempre pedalando, sempre pedalando, sempre pedalando. Ressaltamos isso para que preserve a vida útil da relação de velocidades, existem poucos sistemas que trocam sem que haja a constante pedalada, por isso é bom sempre estar de olho no manual de cada sistema.

#3 Câmbio de alavanca

Caso possua o câmbio de duas alavancas (ou thumb shift), a haste maior é responsável por enrijecer o pedalar e o menor para aliviar sua pedalada. Essa troca é feita com o polegar da mão.

#4 Evite olhar os números

Para um melhor controle sensitivo, até adquirir um controle absoluto da diferença entre uma marcha e outra, evite inicialmente se apegar aos números. Veja qual câmbio é mais eficiente para cada tipo de terreno e pedalar que possua antes de entrar para o pragmatismo de combinações.

Isso é bom para entender principalmente o momento correto para a troca de cada marcha, evita precipitações ou retardamento na hora da troca. Com esse feeling bem estabelecido fica muito mais fácil de entender a mecânica da sua relação de velocidades.

#5 Eu já tenho um câmbio qual é ele? Mountain ou Speed?

O que geralmente acontece é a compra antes do estudo. Caso este seja seu caso olhe atentamente para a maior engrenagem do K7. A última engrenagem (a maior), geralmente, tem 24-27 dentes nas linhas de câmbio speed e as linhas mountain possuem normalmente mais que isso, chegando a 34-37 dentes.

#6 Cuidados com a hora da troca

O que geralmente acontece no início de adaptação a um câmbio novo, é forçar demasiadamente o pedal na hora da troca de marchas, isso é um problema corriqueiro e que se não corrigido no início pode tornar-se um hábito. Continue com uma pedalada suave a troca acontece de forma espontânea, uma vez que não há a necessidade de força-lo.

#7 Câmbio dianteiro

Agora utilizando sua mão esquerda, trabalhe cuidadosamente com o câmbio dianteiro, principalmente se seu câmbio for do sistema Grip Shift aquele que é acoplado à manopla, que pode travar em movimentos mais abruptos.

Primordialmente, não passe mais de um número por vez no câmbio dianteiro (se possível não faça isso no traseiro também). Para iniciar os testes do câmbio esquerdo, coloque o câmbio traseiro na posição 3, para não deixar a corrente cruzada enquanto brinca com a troca.

 

#8 Entendendo o sistema de trocas

O que sempre surpreende quando estudamos afundo essa relação de velocidades é que realmente um câmbio de 21 marchas, não é desenvolvido para a utilização dessas 21 marchas.

Dividindo essa relação de velocidades a partir das marchas dianteiras, o aproveitamento ideal fica assim:

  • Na posição 1: o indicado é utilizar até a marcha traseira 3.
  • Na posição 2: entre a 2 até a 6
  • Na posição 3: 5, 6 e 7.

 

O que da um aproveitamento de 12 das 21 marchas ao todo e como já dito antes, até da para posicionar elas nessas posições, mas evite, pois a corrente vai ficar em uma posição cruzada, diminuindo seu desempenho e deteriorando o sistema de forma mais avançada.

 

#9 Volte a utilizar a sensibilidade

 

Novamente retorne a utilizar de forma sensitiva cada combinação, você verá que não é linear o endurecimento e amolecimento da troca de marchas. Existem combinações mais duras e outras nem tanto, faça o teste uma a uma e se possível em terreno plano.

 

#10 Como trocar em subida

 

Se não pode fazer pressão no pedal e nem diminuir a cadência da pedalada na hora da troca, como faço para realizar em subida esta troca? Simples, faça uma força extra antes da troca para poder aliviar a pedalada na hora da troca. Outro detalhe extremamente fundamental é não realizar esta troca de pé na bicicleta, pois seu peso fará com que a pressão nos pedais seja maior ainda.

 

Câmbio simples ou indexado?

 

O que é melhor um câmbio indexado ou simples? Aí vai depender do seu cuidado com a manutenção da bike. Vamos por partes, primeiro, o que são eles?

 

  • Simples:

É um câmbio o qual a passagem de marchas é regulada manualmente, como a marcha começa a arranhar se não estiver dentro das posições indicadas anteriormente. Como todo câmbio, ele desregula depois de um período de uso, que depende da qualidade dos materiais, mas é bem mais fácil de regular do que um indexado.

  • Indexado:

A marcha já muda para a posição correta automaticamente, normalmente são do tipo rapid-fire, e não há a necessidade do ajuste manual. O que é um mau negócio se é um ciclista iniciante ou que não tenha tanto zelo e manutenção regular. Um câmbio indexado desregulado é pior em relação a um simples desregulado, por motivos óbvios, tem vezes que as marchas simplesmente não entram.

Este artigo procurou elucidar as dúvidas mais frequentes sobre a relação de velocidade de uma bike. O intuito aqui não é minuciar cada característica e nem privilegiar marcas ou tipos de câmbio, mas sim mostrar preceitos básicos em uma relação universal entre eles.

Independente de marcas...

... opte sempre por materiais mais leves, como fibra de carbono, que não apresente partes plásticas, afinal estamos falando de um sistema delicado e que é demasiadamente exigido ao pedalar. Não se trata de preço, mas da qualidade dos materiais ok?

Manter a manutenção em dia é outro ponto importante para que não perca desempenho com o passar das semanas da prática esportiva. Essa relação de velocidades e as correntes devem ser prioridade na hora da manutenção e caso não esteja com dinheiro de sobra para levar a um especialista, procure no próprio site da marca como realizar a manutenção de seu câmbio de forma correta.

Seu relacionamento com a sua bike deve ser próximo, ela deve ser tratada como uma extensão de seu corpo e valorizada como tal. Você toma banho todos os dias, se alimenta todos os dias, escova o dente todos os dias e pedala todos os dias, então aproveite para fazer isso com sua bike. Mantenha ela limpa, lubrifique as correntes, coroas e K7’s e todas as engrenagens dela... verifique os aros e calibre os pneus sempre.

Além de demonstrar respeito por quem te carrega, você seu respeito pelo esporte de uma forma geral. Ciclistas que maltratam a bicicleta acabam recebendo de volta o mesmo tratamento, podendo ocorrer quedas pelo travamento das engrenagens ou mesmo pelo estourar da corrente.

Quem sabe até uma repaginada na pintura de sua bike não entre em questão! Não precisa comprar outro quadro, só de trocar a pintura já trás uma sensação nova...

... simples assim, cuide dela que ela cuida de você!

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