DROGAS - O Mal do Século XXI

       De acordo com BRAUN,¹ há muito tempo, diversos tipos de plantas eram utilizadas para satisfazer determinadas necessidades do homem. Por meio dessa prática, verificavam-se efeitos distintos, que variavam de acordo com as substâncias, podendo ser depressoras, estimulantes ou alucinógenas. Por exemplo, plantas depressoras ou alucinógenas poderiam ser utilizadas com o objetivo de suavizar dores; plantas com efeitos estimulantes poderiam servir para potencializar a resistência física, o que seria muito útil numa caça ou, ainda, para atravessar regiões muito distantes à procura de água.

        Mas, se naquela época fazia-se o uso de drogas apenas em algumas situações, o mesmo não se dá quando falamos da sociedade moderna. Ao se referir à dependência química, costuma-se falar sobre o "mal das drogas" ou o "problema das drogas". Não se pode atribuir às drogas tais qualificações, já que as mesmas apenas podem existir frente à natureza humana. Os problemas estão no homem. Assim sendo, o uso das drogas é uma consequência de uma série de fatores sociais, familiares e pessoais não resolvidos.²

        A droga produz uma sensação de prazer e bem-estar. O que se espera é que essa sensação seja imediata, capaz de desfazer quaisquer desconfortos físicos e psíquicos que o usuário pensa existir. Usar drogas como revoltas a satisfações políticas ou familiares é um consenso geral entre os usuários. Nessa ânsia por liberdade e mudança, entretanto, existe um paradoxo, pois, ao se protestar e rebelar contra isso, pode-se ficar dependente e submisso às drogas. Troca-se a submissão à família e à sociedade pela submissão à droga.³

        A droga torna-se atrativa à medida que dá prazer e alivia a dor. Assim, ela passa a ocupar um espaço dentro das pessoas, culminando em uma dependência. Com isso, diminui ainda mais a capacidade do homem de tolerar problemas e frustrações.

        AQUINO4 relata que a curiosidade pela droga acontece a partir do momento em que as pessoas se deparam cotidianamente com o assunto. Normalmente a sociedade tem muito preconceito ao tratar desse tema, frisa a proibição e os males que as drogas podem causar, não havendo, geralmente, mais esclarecimentos sobre o assunto, apenas uma forma de amedrontar a população. Os meios de comunicação abordam a todo instante a ação do tráfico e a ação policial. Os usuários, por outro lado, contam suas experiências, boas ou ruins. É natural que as pessoas, principalmente os jovens, diante de tantos dados, sintam curiosidade em experimentar e obter sua própria opinião sobre os efeitos das drogas. É exatamente neste ponto que está o cerne da questão. Esta infeliz curiosidade, formada pela mídia e pelos próprios dependentes, tem levado milhares e milhares de jovens a sua própria destruição, pois o caminho das drogas é, quase sempre, um caminho sem volta.

        Como se pode notar, a dependência química não é um problema novo. Porém, hoje ela é considerada por especialistas no assunto como o mal do século XXI. Um tema muito discutido atualmente, diante do crescente uso de substâncias psicotrópicas, é a legalização do uso de drogas. Em alguns países, esse assunto já é fato. Há a descriminalização do uso e de certa forma de venda, como para uso medicinal ou em lugares restritos.5

        Há uma grande divergência quando se trata desse assunto, pois existem pessoas que são a favor da total e rigorosa proibição do uso de entorpecentes e pessoas que defendem a liberação do uso de toda e qualquer droga. Há, ainda, aqueles que defendem o uso apenas para fins medicinais e outros que concordam com a liberação de determinadas drogas apenas, como a maconha, por exemplo, considerada de efeitos mais brandos.6

        A escritora e pesquisadora Carolina Godinho Retondo7 afirma que existem atualmente quatro sistemas de controle sobre o uso de drogas:

  1. 1.      O sistema norte-americano (proibicionismo), adotado pela ONU, que proíbe o uso a qualquer custo;
  2. 2.      O sistema radical liberal, pouco comum, que se orienta pelo livre-arbítrio;
  3. 3.      O sistema europeu (redução de riscos), que trata o uso de drogas como uma questão de saúde pública, que o Estado deve regulamentar;
  4. 4.      O sistema de Justiça Restaurativa, em que o Estado deve permitir o uso de todas as drogas, fiscalizando e organizando para que as pessoas sejam orientadas e atendidas caso haja alguma consequência.

       Outro estudioso desse tema, Frederico G. Graef,8 diz que, no Brasil, a nova Lei de Tóxicos (Lei n. 11. 343/2006) trata de forma mais tolerante os usuários de tais substâncias. Houve uma atenuação das penas no que se refere às pessoas que apenas fazem o uso pessoal de drogas, que, em nenhuma hipótese, podem sofrer penas restritivas de liberdade. As penas destinadas aos usuários e dependentes químicos objetivam educá-los. Há, portanto, uma tentativa de reinseri-los na sociedade, e não de puni-los propriamente. Já para os traficantes, as penas foram majoradas.

        Apesar da atenuação das penas para os usuários, a questão da descriminalização ainda causa polêmicas. Muito se discute se deve ou não ser legalizado o uso das drogas. Tal discussão envolve inúmeros fatores, tais como a saúde e a segurança públicas. Não sabemos se nosso país está preparado para dar um salto como esse nem se isso é realmente necessário. O tema esbarra em questões muito delicadas como religião, problemas familiares e valores morais, motivo pelo qual ainda não temos uma posição firmada em relação a isso.9

        Ainda temos que amadurecer a respeito de uma questão que gera tantas controvérsias e polêmicas; precisamos de tempo para firmar um posicionamento sobre o assunto, pois não estamos preparados e não sabemos ao certo que consequências a liberação do uso de drogas pode nos proporcionar.

        Sob meu ponto de vista e à luz dos ensinamentos registrados nas Escrituras, posso afirmar que tudo aquilo que é pernicioso para a saúde, além de ser contra a vontade permissiva de Deus, é desaconselhável e incorreto. Certamente que liberar ou legalizar o uso de entorpecentes, como a maconha, por exemplo, fere os princípios da doutrina cristã e os princípios de saúde.

Texto do livro:

DROGAS – O Mal do Século XXI”, páginas 13/17, do teólogo Rubens Britto. Verifique essa obra no link abaixo e leia uma prévia:

http://www.bookess.com/read/20223-drogas-o-mal-do-seculo-xxi/

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 1 - BRAUN, Ivan Mário. Drogas: Perguntas e Respostas. 1 ed. São Paulo: Summus Editorial, 2009.

2 - RETONDO, Carolina Godinho. Trajetória Complexa: Aspectos Científico e Educacionais do Abuso de Drogas. 1 ed. São Paulo: Editora Alínea e Átomo, 2009.

3 - BRAUN, Ivan Mário. Op. cit.

4 - AQUINO, Julio Groppa. Drogas na Escola: Alternativas Teóricas e Práticas. 1 ed. São Paulo: Summus Editorial, 2010.

5 - Ibidem.

6 - BRAUN, Ivan Mário. Op. cit.

7 - RETONDO, Carolina Godinho. Op. cit.

8 - GRAEF, Frederico G. Drogas Psicotrópicas e seu Modo de Ação. 2 ed. São Paulo: Editora EPU, 2010.

9 - GIGLIOTTI, Analice. Op. cit.