INTRODUÇÃO

Esse artigo tem como objetivo entender dos significados e conceitos sobre a verdade, os quais a sociedade julga como experiências praticadas e, também o que sentem em relação as suas vivencias. Deste modo pretende-se criar uma discussão sobre o assunto, como por exemplo, como surgiu? Como pode ser questionada e como decide-se que aquilo é verdade ou não.

 

DEFINIÇÃO

A ideia moderna de verdade foi erigida ao longo dos tempos, misturando-se com vários conceitos das culturas grega, latina e hebraica. Assim, verdade tem vários significados, de acordo com a cultura de cada sociedade.

Em grego, a verdade (aletheia) significa aquilo que não está oculto, o não escondido, manifestando-se aos olhos e ao espírito, tal como é, ficando evidente à razão[1].

Em latim, a verdade (veritas) é aquilo que pode ser demonstrado com precisão, referindo-se ao rigor e a exatidão. Assim, a verdade depende da veracidade, da memória e dos detalhes[2].

Em hebraico, a verdade (emunah) significa confiança, é a esperança de que aquilo que é será revelado, irá aparecer por intervenção divina. Em outras palavras, a verdade é convencionada pelo grupo que possui crenças em comum[3].

A junção dessas considerações fez com que São Tomás de Aquino terminasse definindo a verdade como expressão da realidade, sendo esse entendimento existente para as sociedades até hoje.

De acordo com o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, define-se verdade como “ [Lat. Veritate.] sf.  Conformidade com o real; Coisa verdadeira; Princípio certo.”

Assim verifica-se que, desde os tempos passados existe um grande estudo sobre a pergunta: o que é verdade?

Dessa forma ao partir desta questão criam-se novas perguntas e debates, ainda hoje, sobre a verdade. Por exemplo: cada pessoa tem suas próprias características, jeitos de pensar, modos de agir ou são manipuladas pela mídia que cria a verdade que interessa a determinada classe social, o que deixa as pessoas refém dessa “verdade”.

Desta forma, pode-se entender que verdade é um espelho daquilo que se vê, o grande problema, agora, é encontrar o cerne do que realmente as coisas são. Pois, para adquirir essa confiança certíssima sobre algo, pode gerar uma atitude autoritária.

O grande enigma é provar que a verdade pode ter vários segmentos diferentes, mas verdadeiros, conforme o entendimento e o pensamento de cada pessoa.

Uma ilustração desse entendimento é a Parábola Hindu – Os Cegos e o Elefante, onde vários sábios cegos descrevem um elefante[4].

– Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:

– Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…

– Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…
– Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…

– Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…

– Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.

E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.

Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

– É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!

 

Nota-se que ao mesmo tempo todos dizem a verdade e ao mesmo tempo estão errados. Falam a verdade pois cada um descreveu a parte que tocou e estão errados pois o elefante é algo totalmente diferente do descrito.

Junte-se a isso a verdade jurídica, onde no ordenamento jurídico brasileiro, principalmente no âmbito criminal, a pessoa não é obrigada a produzir prova com ela.

Artigo da Constituição que fala a respeito:

Art.  Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

 

Para completar o descrito a explanação do Ilustre Doutrinador Luiz Flavio Gomes[5]:

O cerne do direito de não autoincriminação reside (fundamentalmente) numa inatividade (o réu tem direito de não falar, se falar, direito de não falar a verdade, direito de não confessar, de não apresentar prova contra ele, de não participar ativamente da produção de uma prova incriminatória etc.).

 

Então, pode ser entendido que, verdade não possui um significado único, tampouco estático e definitivo, sendo influenciada por inúmeros fatores. Sendo que, todas as possibilidades (de ser verdade) são possíveis, desde que inexista incongruências já que, somente assim, essa anularia aquela.

 

DISCUSSÃO

Será imaginável chegar à verdade em uma sociedade globalizada, sobrepujada por um grande volume de informações. Onde muitas tentam moldar as opiniões alheias para servirem ao interesse do sistema. Sendo que, o significado de verdade leva diversos entendimentos.

Nesse sentido, a busca pela verdade encontra-se necessariamente com o debate sobre o dogmatismo, as crenças, onde um acontecimento sem contestação acaba virando verdade, mesmo não sendo. O que acarreta, muitas das vezes, o fanatismo.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda - Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa Coordenação Marina Baird Ferreira, Margarida dos Anjos – 5 ed. – Curitiba: Positivo, P.1350, 2010.

 

GOMES, Luiz Flávio. Princípio da não auto-incriminação: significado, conteúdo, base jurídica e âmbito de incidência. Disponível em http://www.lfg.com.br 26 janeiro. 2010.

 

 

RAMOS, Fábio Pestana. O que e verdade, retirado do site  http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/09/concepcao-filosofica-da-verdade.html, dia 09/09/2016.

 

 

 

[2] Idem 1

[3] Idem 1

[5] GOMES, Luiz Flávio. Princípio da não auto-incriminação: significado, conteúdo, base jurídica e âmbito de incidência. Disponível em http://www.lfg.com.br 26 janeiro. 2010.