Qualquer indivíduo que não é exposto à estimulação auditiva nos primeiros anos de vida apresentará uma defasagem em seu desenvolvimento lingüístico. A prevenção da perda auditiva é uma forma de proteger e impedir que o indivíduo sofra as conseqüências da falta de estimulação auditiva sobre a função da linguagem.

Os primeiros anos de vida têm sido considerados como o período crítico para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Esse é o período de maior plasticidade neuronal da via auditiva, ou seja, quando a audição mais se desenvolve. Nesse período, o sistema nervoso auditivo central pode ser modificado de maneira positiva ou negativa, dependendo da quantidade e qualidade dos estímulos sonoros captados.

O diagnóstico audiológico realizado durante o primeiro ano de vida possibilita a intervenção médica e/ou fonoaudiológica, ainda nesse período crítico, permitindo um prognóstico mais favorável em relação ao desenvolvimento global da criança.

Em 1994, o Comitê Americano sobre Perdas Auditivas (Joint Committe on Infant Hearing), elaborou uma lista de fatores de risco para a deficiência auditiva para bebês, entre eles:

-antecedentes familiares de perda auditiva hereditária;

-consangüinidade materna;

-infecções congênitas (rubéoloa, sífilis citomegalovírus, herpes e toxoplasmose);

-peso de nascimento inferior a 1.500 gr.;

-hiperbilirrubinemia;

-medicação ototóxica (aminoglicosídos, associação com diuréticos, agentes quimioterápicos);

-meningite bacteriana;

-ventilação mecânica e permanência na incubadora por mais de 7 dias;

-alcoolismo materno ou uso de drogas pscicotrópicas na gestação, entre outros.

As crianças consideradas de risco para a deficiência auditiva devem ser submetidas a uma avaliação auditiva denominada Exame da Orelhinha. Este exame ainda não é oferecido pelo SUS, sendo realizado apenas em clínicas particulares. Mas dada a importância dele, já existe um projeto de lei onde solicita que ele se torne obrigatório assim como o Exame do Pezinho.

No Brasil, a deficiência auditiva tem sido detectada muito tardiamente, impedindo uma melhor qualidade de vida para a criança com deficiência auditiva. É necessário uma maior conscientização por parte dos profissionais, que entram em contato primeiramente com o recém-nascido, para que eles possam auxiliar na detecção precoce da deficiência auditiva, fazendo a identificação dos bebês de alto risco. Além disso, o fonoaudiólogo é o profissional capacitado e habilitado dentro dessa área, para poder ajudar essa criança no processo de aquisição de linguagem.