Crítica sobre a importância de aprender a ler

Os alunos, de modo geral, confundem leitura com a simples decodificação de sinais gráficos, isto é, não estão habituados a encarar a leitura como processo mais abrangente, que envolve o leitor com o autor, não se empenham em prestar atenção, em entender e analisar o que lêem. Tal afirmativa comprova-se com um exemplo simples: é muito comum, em provas e avaliações, o aluno responderem uma questão, com acerto, mas sem correspondência com o que foi solicitado.

Aprender a ler não é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura critica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática.

Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores vêem o mundo, para entendê-los é indispensável não só penetrar em seu conteúdo básico, mas também ter sensibilidade, espírito de busca, para identificar, em cada texto lido, vários níveis de significação, várias interpretações das idéias expostas por seus autores.

Já se tornou antológica e obrigatória, quando se trata de leitura, ir mais além, já que de alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer de transformá-lo através de nossa prática consciente.

O processo de ler implica vencer as etapas da decodificação, da intelecção, para se chegar á interpretação e, posteriormente, à aplicação. A decodificação é uma necessidade óbvia, tarefa que qualquer pessoa alfabetizada pode empreender; pois consiste apenas na tradução dos sinais gráficos em palavras. A intelecção remete à percepção do assunto, ao significado do que foi lido. A interpretação baseia-se na continuidade da leitura do mundo, isto é, na apreensão e interpretação das idéias, nas relações entre o texto e o contexto. Vencidas as etapas anteriores, pode o leitor passar à aplicação do conteúdo da leitura, de acordo com os objetivos que se propôs.

Para penetrar no conteúdo, apreender as idéias expostas e a intencionalidade subjacente ao texto, é fundamental que o leitor estabeleça um diálogo com o autor, que se transforme, de certa forma, em co-autor, a fim de re-elaborar o texto, ou seja, reescrever o mundo, que ele tem dentro de si.

A leitura do texto, quando o leitor se transforma em sujeito ativo, é um manancial de significações e implicações que vão sendo descobertas a cada releitura, sendo que o importante é o aprendiz notar que cada nova leitura de um texto lhe permitirá desvelar novas significações, não detectadas nas leituras anteriores.


 
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