CONSENSO NO TEMPO-EVOLUÇÃO  (parte 3-final)

Vimos na parte segunda (2) de tais escritos que ‘Sua Voz’ faz séria advertência, no Capítulo 06 de “A Grande Síntese” (Pietro Ubaldi – 1937 - Fundapu), relativamente ao problema do transformar-se a força do pensamento cósmico em elementos da nossa cotidiana compreensão; alertava-nos a todos com os dizeres: 

“Atentai mais aos conceitos do que às palavras”. (Opus Cit.). 

Lembrando que o “transformar-se a força do pensamento cósmico em elementos da nossa cotidiana compreensão”, poderia e pode acarretar em distorções do seu pensamento, prejudicando e alterando sua essência fundamental. 

E, ‘Ubaldi/Sua Voz’, descrevia também no Capitulo 11: 

“Torna-se difícil reduzir à forma linear do vosso pensamento e de vossas palavras, a unidade global do Todo que sinto como uma esfera instantaneamente completa, sem sucessividade. Levai em conta, pois, a forma na qual me deva exprimir, que restringe e diminui o conceito; somente aquela faculdade da Alma, de que vos falei, poderia traduzi-lo para vós sem distorções”. (Opus Cit.). (grifos meus). 

Observemos que o próprio pensamento do Espírito comunicante, mesmo nas preparações do labor, da expectativa, pois, de se passar suas qualidades mentais ou intelectuais ao médium, adaptando sua estrutura global e completa a uma forma restringida e linear como a nossa, já, por aí mesmo, notemos que ele se contrai e se distorce, perdendo suas qualidades mesmas e adquirindo vícios interpretativos que, chegando ao médium e passando para uma forma intelectual inferior, como é do caráter mesmo da instrumentalidade mediúnica na matéria reencarnada, nela mesma, pois então, é que haverá de se contrair e de distorcer-se ainda mais, alterando, de alguma sorte, a forma e a estrutura primordial do pensamento transmitido pelo comunicante.

 

 

 

Recordemos que Kardec - algumas décadas antes de Ubaldi - como honesto e competente codificador, estivera igualmente forçado a corrigir certas páginas de cunho mediúnico em face dos mesmos problemas hoje encontrados com os nossos médiuns.

 

Mas o fato é que Ubaldi não se importava muito com a possibilidade de que algum equívoco pudesse verificar-se em suas páginas, consideradas como sendo da mais alta intuitividade já recepcionada por um instrumental mediúnico humano e que iam sendo divulgadas pela imprensa mundial provocando a admiração dos leitores que aguardavam ansiosamente por sua completa publicação em livro.

 

E que trabalho de fôlego, extraído do conúbio metafísico: humano-espiritual superior, e, portanto, de um Ser que nos transcende em tudo e de um homem com qualidades subconscienciais repletas de múltiplas experienciações, com seu saber, sua mais íntima riqueza e sabedoria de antanho. E que divina missão, que trabalho influenciado e dirigido por ‘Sua Voz’ e onde só os mais avançados Espíritos aqui reencarnados com tal missão conseguem dela se desincumbir. Na obra “Comentários” (Pietro Ubaldi – 1955 - Fundapu), está inserido um prefácio à segunda edição italiana, elaborado em 1939, com inúmeras considerações acerca de “A Grande Síntese”. Naquele prefácio, Ubaldi não se eximia de declarar com religiosa humildade que:

  

“Poder-se-á (da obra “A Grande Síntese”) discutir algum termo, algum pormenor, poder-se-á levantar a acusação de alguma inexatidão, mas já não se pode mais duvidar do conjunto, da profundidade da visão universal, de sua organicidade que corresponde à realidade do fenômeno, da sinceridade das intuições, da força da paixão, da bondade dos fins”. (Opus Cit.). (grifos meus).

 

Realmente, há nela toda, do primeiro ao último capítulo, algo que, de tão elevado e puro, nos comove a alma, nos induz a refletir seriamente sobre o seu conteúdo, sua essência que espelha o fato de sua autenticidade, obra inspirada por alta corrente noúrica, verdadeiramente supra-racional.

 

 

 

E é nisto que está o seu real valor: no fundo e não na forma, no espírito que lhe permeia e lhe fundamenta e não em supostas falhas ou erros decorrentes da filtragem mediúnica, pois que o conceito, a idéia nela concebida transcende a letra, transcende tudo.

 

Ora, como não adotar os novos princípios fundamentados na obra se eles se repetem e se confirmam por toda parte nas demais obras do autor, refletindo unidade de conceitos do início ao fim, que não se destoam, não se desmentem ou se contradizem em tempo algum? Com efeito, não se deve permitir haja confusões entre o pensamento cristalino, a impecável elegância, estilo e didática de um Kardec, por exemplo, com obras de caráter duvidoso, que apregoam a mentira em meio a verdade, o joio em meio ao bom grão.

 

Mas com relação a Ubaldi, entrementes, creio que um julgamento muito apressado antes de conhecê-lo melhor, poderá nos colocar na incômoda posição de criaturas ingênuas e insensatas perante as autoridades mais esclarecidas do nosso meio e perante àquele a quem se pretende julgar.

 

Cuidado meus irmãos de contenda... Cuidado meus irmãos polemistas que, em seu personalismo, e, ao invés do estudo sério e metódico querem aparecer e se fazer valer pela presunção, se impondo pela arrogância, imaginando saber o que não sabem, pressupondo conhecer o que desconhecem... Ora: nenhum grau de talento, por maior que seja, autoriza ao seu portador a falar daquilo que ele próprio desconhece; refiro-me, pois, a quem tenha algum grau de talento; e quanto àquele que muito pouco ou quase nada tem? Ora, Ubaldi é um Espírito de escol! 

Não se esqueçam de que Sócrates, outro grande Espírito, lá no seu tempo, já alertava: “Prudentes serás não admitindo saber o que não sabes”. A humildade, portanto, nunca fez mal a ninguém, pelo contrário, ela nos abre as portas do conhecimento e da sabedoria e nos conduzem ao céu das bem aventuranças consoante promessas do nosso Mestre Jesus. 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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